Elpídio Donizetti define como: Coação é a violência psicológica ou
física que força o agente a emitir uma declaração de vontade que não emitiria se não temesse sofrer um dano.
Já o professor Sebastião Neto: Ocorre coação, quando a
declaração de vontade emana de uma ameaça grave ao paciente, de forma a lhe incutir fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens.
Nelson Rosenvald: Entende-se como coação capaz de viciar o
consentimento toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar.
a) O Código Civil trata, portanto, da chamada vis compulsiva, ou seja, a
violência moral, que se caracteriza pela ameaça grave e concreta.
b) Quando se tratar de violência física, hipótese em que o agente se
encontra não em situação de iminência de dano, mas de atualidade de dano à sua pessoa, a doutrina a denomina de vis absoluta. NOTA: Alguns doutrinadores defendem a ideia de que, se falta a manifestação da vontade, não existe negócio jurídico, podendo esta inexistência, ser passível de nulidade, e ser declarada de ofício, com efeitos ex tunc e sem possibilidade de convalidação pelas partes. 1.ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA COAÇÃO
A ameaça, para constituir coação, deve ser:
a)Ameaça injusta – A ameaça, para caracterizar a coação,
deve corresponder à manifestada intenção do coator de causar ao paciente dano injusto e iminente. Por isso se o dano prometido não for iminente, ou for sabidamente impossível de se concretizar, não se caracteriza a alteração substancial da liberdade na declaração de vontade do agente, a ponto de implicar a invalidade do negócio.
b)Ameaça de dano dirigida à pessoa do paciente, à sua
família ou aos seus bens: Como se vê, a coação pode decorrer de ameaça de dano material ou pessoal.
c)Ameaça capaz de incutir no paciente o fundado temor de
dano: Se no caso, o juiz verificar que a ameaça feita pelo coator não é capaz de incutir no paciente um temor real de que o dano vá ocorrer, não se reconhece a coação.
2.AMEAÇA DE EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E TEMOR
REVERENCIAL (ART. 153 CC)
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do
exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
A ameaça deve ser séria e capaz de influenciar a liberdade
na declaração de vontade. Na primeira parte do artigo “Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito”, exemplo: a promessa feita pelo credor ao devedor de que, em não sendo paga a dívida, aquele ajuizará a ação judicial cabível. Diferentemente, se ocorrer ameaça de exercício abusivo de um direito, podendo ser caracterizado como coação o seguinte exemplo: o credor promete ao devedor que, se não adimplido o débito, divulgará na imprensa a inadimplência, o que refoge às finalidades econômicas e sociais do direito de cobrança.
Também pelo mesmo motivo, não se considera coação a
realização do ato em função do temor reverencial do agente, segunda parte do artigo “nem o simples temor reverencial”. O temor reverencial se caracteriza pelo receio do agente de desagradar os pais ou outra pessoa a quem se deve respeito, como outros familiares, sacerdotes ou pessoas do convívio íntimo.
3.COAÇÃO EXERCIDA POR TERCEIRO
Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela
tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a quem aproveite, e esta responderá solidariamente com aquela por perdas e danos, art. 154:
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por
terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
➢ LESÃO
CONCEITO e CARACTERIZAÇÃO
É o prejuízo resultante da desproporção existente entre as
prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes. Importante notar que, na lesão ao contrário do estado de perigo, (como veremos adiante), não se exige, para a sua caracterização e geração do direito à anulação ou revisão do negócio, o chamado dolo de aproveitamento por parte do agente a quem o desequilíbrio entre as prestações favorece.
O dolo de aproveitamento pode ser:
a)Subjetivo – Quando se refere à ciência do agente quanto a elementos atinentes à pessoa da outra parte, como premente necessidade de realizar o negócio ou inexperiência.
b)Objetivo – Quando decorre da intenção do agente de se
locupletar de forma exagerada à custa do desequilíbrio manifesto entre a prestação por ele suportada (pequena) e a da outra parte (grande).
A lesão no entanto, pode ser subjetiva (especial) ou objetiva
(simples).
A lesão é:
a)Objetiva ou simples – Quando exige, para a anulabilidade do
ato, apenas a manifesta desproporção entre as prestações das partes contratantes.
b)Subjetiva ou especial – Quando, além da desproporção,
exige também características especiais das partes contratantes, como inexperiência, necessidade.
Parte inexperiente pode ser aquela que, embora maior, ainda
conte com pouca idade ou aquela em que viva em ambiente e condições socioeconômicas diversas das presentes no local em que se deu a contratação, exemplo: Analfabetismo. Premente necessidade é qualquer circunstância que indique que, sem a realização do negócio, a parte sofrerá grave prejuízo em seus bens e direitos. A lei exige uma ou outra dessas circunstâncias.
❖ Efeitos da invalidade do negócio pela lesão:
A lesão nem sempre acarretará a anulação do ato, pois é
possível adequá-lo, com o suplemento da prestação, pela parte privilegiada, ou através da aceitação, pela mesma parte, da redução do seu proveito. A essa situação se dá o nome de revisão voluntária do negócio.