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DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

(vontade manifestada de forma viciada)

Imperfeições na formação da vontade ou na sua declaração.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: consiste na desavença entre a vontade real e a


vontade declarada. A manifestação de vontade não corresponde com a
verdadeira intenção do agente.
- erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo.

VÍCIOS SOCIAIS: A vontade desvia-se da lei e da boa fé, infringindo direitos e


prejudicando terceiros intencionalmente.
- simulação e fraude contra credores.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO
(art. 171 o negocio será taxado de anulável)

Ação anulatória prazo de 4 anos

ERRO

- Falsa representação (percepção) da realidade. O agente engana-se sozinho e


celebra negócio que não celebraria se tivesse conhecimento exato e verdadeiro.

- noção errada (inexata, falsa) sobre alguma coisa, objeto ou pessoa.

Ex: compra do relgocio  acredita –se ser de ouro mas não é

Espécies de erro:
Erro substancial ou essencial, erro acidental, erro escusável, erro real

1) Erro substancial ou essencial

- é o erro que recai sobre aspectos determinantes do negócio jurídico, de tal


importância que, sem ele, o ato não se realizaria. Se o agente conhecesse a
verdade, não manifestaria a vontade de concluir o negócio jurídico.
- pode gerar a invalidação do negócio jurídico celebrado.

Características do erro substancial


a) Erro sobre a natureza do negócio:
- a parte manifesta sua vontade pensando celebrar um negócio e, na verdade,
está celebrando outro. É um erro sobre a categoria jurídica.

Art. 139. O erro é substancial quando:


I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma
das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do negócio jurídico.
b) Erro sobre o objeto principal:
- a manifestação de vontade recai sobre um objeto diverso do pretendido. O
objeto sobre o qual recai o negócio jurídico não é o pretendido pelo agente.

c) Erro sobre qualidades essenciais do objeto:


- o motivo determinante do negócio é a suposição de que o objeto possui
determinada qualidade que, posteriormente, verifica-se inexistente.

d) Erro sobre a identidade / qualidade da pessoa :


Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração
de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

- o negócio jurídico se realiza baseado na identidade física ou moral de uma das


partes. Negócios intuito personae.

e) Erro de direito:
- o agente emite sua vontade acreditando que procede como a lei. O agente tem
falso conhecimento, ignora, ou tem uma compreensão equivocada da lei.

2) Erro Acidental.

- refere-se a circunstâncias de menos importância, questões secundárias e


acessórias dos negócios jurídicos, não ocasionando a anulação deste. Se
conhecida a realidade, o negócio teria sido praticado da mesma forma.
- não gera a invalidação do negócio jurídico realizado.

3) Erro Escusável

- é o erro justificável, desculpável. Qualquer outra pessoa cometeria o mesmo


erro. É o erro que passa despercebido por qualquer pessoa em diligência normal.
- gera a invalidação do negócio jurídico celebrado.

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade


emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.

4) Erro Real.
- é aquele que causa efetivo prejuízo ao declarante, é aquele que gera
conseqüências danosas para a parte interessada.
- gera a invalidade do negócio jurídico realizado.

 Conclusão: para gerar a invalidade do negócio


jurídico, o erro deve ser substancial (essencial),
escusável e real.
Regras gerais.

Falso motivo – art. 140/CC.


- o negócio jurídico poderá ser anulado se aquele motivo que foi a razão
determinante, expressamente declarada pela parte no instrumento, na realidade
não aconteceu, ou aconteceu de forma diversa.

Transmissão errônea da vontade – art. 141/CC.


- se o declarante se vale de pessoa interposta ou de um meio de comunicação, e a
transmissão da vontade não se faz com fidelidade, estabelecendo-se uma
divergência entre a intenção e o que foi transmitido erroneamente, tem-se um
vício que propicia a anulação do negócio jurídico.

Convalescimento do erro – art. 144/CC.


- princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos: evitando anular-se o
negócio, as partes executam o negócio conforme real vontade do declarante.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como
razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos
mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a
quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante

DOLO:

- uma pessoa induz a outra, intencionalmente, a agir de forma prejudicial a si


mesmo e benéfica ao autor do dolo. É o artifício astucioso, aplicado para induzir
alguém a prática de ato que o prejudica, e cria vantagens indevidas ao autor do
dolo ou a terceiro.
- diferença entre dolo e erro.

Espécies de Dolo:

Dolo principal
- é aquele que atua como principal causa do negócio jurídico. A parte somente
realizou o negócio jurídico porque foi enganada, caso contrário, jamais teria
manifestado sua vontade no sentido de concluir o negócio jurídico. O negócio só é
realizado porque houve o induzimento malicioso de uma das partes.
- o dolo principal anula o negócio jurídico.

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.

Requisitos para o dolo principal: (se tiver todos os requisitos anula)

a) deve existir a intenção de induzir o declarante a realizar o negócio jurídico;


b) deve ocorrer prejuízo para a vítima;
c) os artifícios fraudulentos são graves, beneficiando a quem os alega;
d) os argumentos sejam a causa determinante da declaração de vontade (negócio
jurídico);
e) o argumento deve proceder do outro contratante ou ser deste conhecido, caso
provenha de terceiro. (ex: chama o perito que está combinado para enganar)

Dolo acidental
- não diz respeito a aspectos essenciais do negócio jurídico. O negócio jurídico
seria realizado independentemente da atitude maliciosa de uma das partes, não
afetando a declaração de vontade.
 - o dolo acidental não ocasiona a anulação do negócio jurídico, mas gera direito à
indenização pelas perdas e danos. O prejuízo que a parte sofreu deverá ser
ressarcido, mas o negócio jurídico continua sendo válido.

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

** não invalida, mas pode pedir indenização

Dolo positivo ou comissivo.


- manifesta-se através de ações, atitudes que enganam o declarante e o levam a
concluir o negócio jurídico. Existe o uso de artifícios positivos.

** determinante do negocio anula

Dolo negativo ou omissivo


- é a omissão de um fato. Ocorre quando uma das partes oculta informação que a
outra deveria saber e que, se soubesse, não teria realizado o negócio jurídico.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes
a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Ex: esconder informação

Dolo de terceiro
- o dolo pode ser proveniente de um terceiro, estranho ao negócio jurídico.
Somente anulará o negócio se a parte a quem ele aproveitou tivesse ou devesse
ter conhecimento do artifício doloso utilizado pelo terceiro.
- caso a parte não tenha conhecimento do artifício doloso utilizado pelo terceiro,
somente este será responsabilizado, devendo pagar uma indenização ao
declarante que foi ludibriado.

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas
as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

Dolo bilateral – artigo 150/CC.


- se ambas as partes atuarem com dolo, ocorre a compensação, sendo vedado a
qualquer delas alegar conduta dolosa para anular o negócio jurídico ou receber
indenização. O negócio é tido como válido, ficando um dolo compensado pelo
outro.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização.
COAÇÃO
(medo/pavor de alguém)

-é toda ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra sua
vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio jurídico. O que a caracteriza é o
emprego de violência psicológica para viciar a vontade.

- a coação moral é vício de consentimento, a física não. Na coação física, a


manifestação da vontade inexiste, inexistindo também o negócio jurídico.
Ex: seqüestro, tem uma saída, mesmo que horrivel

Requisitos

a) a coação deve ser a causa determinante do negócio jurídico;


b) temor justificado – artigo 152/CC;
c) dano iminente;
d) ameaça a pessoa, família ou bens.

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam
influir na gravidade dela.

Exclusão da coação

a) ameaça de exercício regular de direito;


b) temor reverencial.

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,


nem o simples temor reverencial.

Coação por terceiro.

Com conhecimento da parte


- além de anular o negócio jurídico, a parte e o terceiro responderão
solidariamente pela indenização devida à vítima.

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.

Sem conhecimento da parte – artigo 155/CC:


- não será anulável o negócio jurídico se a parte beneficiada desconhecer que o
terceiro coagiu o declarante.
- o terceiro coator deverá indenizar a vítima.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

ESTADO DE PERIGO: artigo 156/CC.


(medo da situação: medico, salva vida)

- é a situação de extrema necessidade que conduz a pessoa a celebrar negócio


jurídico em que assume uma obrigação desproporcional e excessiva.

- o declarante assume a obrigação para salvar-se, ou salvar pessoa de sua família,


de grave dano conhecido pela outra parte.

- Diferença entre estado de perigo e coação.

Requisitos:

a) situação de necessidade (necessidade de salvar a si mesmo ou pessoa de sua


família);
b) iminência de dano atual e grave;
c) nexo causal entre a declaração e o perigo de dano;
d) ameaça de dano sobre a pessoa ou sua família;
e) conhecimento do perigo pela outra parte;
f) obrigação excessivamente onerosa.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido
pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante,
o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

LESÃO
(é difícil de ser provado)

- é o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um


contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente
necessidade patrimonial ou inexperiência de uma das partes.

- diferença entre lesão e estado de perigo.

Requisitos:

Subjetivo:
- Necessidade patrimonial ou inexperiência.

Objetivo:
- desproporção entre a obrigação assumida e a prestação oposta;
- desequilíbrio contratual desde o nascimento do negócio jurídico.
Ex: moedas, vender imóvel bem mais barato

Convalidação
(preservar – as partes concordam em ajustar)
- Princípio da conservação dos contratos.

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao
tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

VÍCIOS SOCIAIS

FRAUDE CONTRA CREDORES

- existe a fraude contra credores quando o devedor insolvente aliena, gratuita ou


onerosamente, bens de seu patrimônio, reduzindo assim a garantia de seus
credores.

- credores quirografários e reais.

** insolvente: falência a pessoa física, mais divida que patrimônio


** quirografários: não tem garantia
** reais: tem garantia de bens

Elementos Constitutivos.

 Objetivo (insolvência).

 Subjetivo (presunção de conluio fraudulento – conseqüências).


**pressumi má fé do comprador

Negócios passíveis de fraude:

 Transmissão gratuita de bens ou remissão de dívidas – artigo 158/CC.


Atos de Transmissão onerosa – artigo 159/CC.
Pagamento Antecipado de dívida – artigo 162/CC.
Concessão Fraudulenta de garantias – artigo 163/CC.

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os


praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos
seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor
insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida
do outro contratante.
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento
da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias
de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Ação Pauliana ou Revocatória.

 Legitimidade Ativa (credor ao tempo da FCC).


Legitimidade Passiva – artigo 161/CC (devedor e terceiro que recebeu o bem).

Fraude não ultimada –


artigo 160/CC (aquele que recebeu o bem paga o preço diretamente aos credores,
e não ao devedor).

Validade dos negócios jurídicos ordinários

– artigo 164/CC (manutenção de estabelecimento comercial e subsistência).

Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o
em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá
depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial,
ou à subsistência do devedor e de sua família.

SIMULAÇÃO
(punida com sanção mais grave)

- produto do conluio dos contratantes, que fingem celebrar um negócio jurídico


com o objetivo de produzir efeito diverso do aparente.
1.1. Efeito.
- Nulidade absoluta do negócio jurídico.
Ex: liberar FGTS, declarar valor de venda menor

Características:
a) é uma falsa declaração bilateral de vontade;
b) é uma declaração deliberadamente desconforme da intenção dos agentes;
c) é realizada com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei.

Espécies de Simulação.

 1. Simulação absoluta (as partes fingem contratar). ** contrato não existe


 2. Simulação relativa (um negócio simulado acoberta o real) ** ex: vendeu para
terceiro par depois passar para o filho

Hipóteses legais de simulação – artigo 167, parágrafo 1º/CC.

- Inciso I: interposição de pessoa;


- Inciso II: ocultação da verdade;
- Inciso III: falsidade de data.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou,
se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às
quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

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