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Plano da Existência
No plano da existência encontram-se os requisitos mínimos do negócio. Sem
eles torna-se inexistente o negócio jurídico. Esses requisitos formam os
pressupostos de existência. Esse plano engloba agente, objeto, vontade e forma
do negócio jurídico.
Plano da Validade
Quando os requisitos do primeiro degrau forem satisfeitos, pode-se passar para
o plano da validade. O que é necessário para a validade do negócio:
1. O agente deve ser capaz;
2. O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável;
3. A forma deve ser prescrita ou não defesa em lei;
4. E, por último, a vontade deve ser livre, consciente e voluntária.
O Código Civil adotou o plano da validade em seu ordenamento, uma vez que o
art. 104 pressupõe o mesmo:
“A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
Uma vez que for ferido algum desses requisitos, o negócio se tornará nulo ou
anulável.
NULO (art. 166, Código Civil) ANULÁVEL (art. 171, Código Civil)
Celebrado por absolutamente incapaz Agente relativamente incapaz
Ilícito, impossível ou indeterminável seu Erro (art. 138)
objeto
Motivo determinante ilícito Dolo (art.145)
Não revestir forma prescrita em lei Coação (art. 151)
Preterida solenidade que a lei considere Estado de perigo (art.156)
essencial para a validade
Objeto de fraudar lei imperativa Lesão (art. 157)
A lei o declarar nulo ou proibir a prática Fraude contra credores (art. 158)
Natureza do ato negocial - o agente pretende praticar certo ato, mas realiza
outro. Exemplo: uma pessoa faz um empréstimo para outra pessoa que acredita
estar recebendo uma doação.
Objeto principal da negociação - Exemplo: um comprador pensa estar
adquirindo um quadro de Renoir, mas é de outro artista. Ou pensa estar
comprando um lote bem localizado e a localização é péssima.
Qualidades essenciais do objeto - Exemplo: a pessoa acredita estar
comprando um celular novo, mas é usado; ou compra pérolas naturais, mas
recebe que são pérolas artificiais.
Identidade ou qualidade essencial da pessoa - Exemplo: uma pessoa que cria
uma empresa sem saber que seu sócio já cometeu crimes empresariais.
Motivo único ou principal do negócio - Exemplo: a importação de um produto
que teve seu comércio recentemente proibido; compra de um lote de terra cuja
negociação foi proibida por lei municipal.
Dolo: intenção maliciosa de uma parte que leva a outra a emitir uma
vontade que não emitiria. É um ato espontâneo, no sentido de a vítima se
enganar sozinha, ou seja, ocorre participação direta do lesado.
“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.”
- Espécies:
Dolus malus: é revestido de gravidade, exercido com o propósito de ludibriar e
de prejudicar o agente. Essa modalidade se divide em dolo principal e acidental.
Dolo principal: configura-se quando o negócio é realizado porque houve
induzimento malicioso de uma das partes. Somente o dolo principal, como causa
determinante do negócio jurídico, vicia no negócio jurídico.
Dolo acidental: este seria realizado independente da malícia empregada pela
outra parte ou por terceiro, porém em condições favoráveis ao agente. Por essa
razão, o dolo acidental não vicia o negócio jurídico e “só obriga à satisfação das
perdas e danos.”
“Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é
acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro
modo.”
Dolus bonus: é destituído de gravidade suficiente para viciar a manifestação de
vontade. É comum no comércio em geral, onde é considerado normal, e até
esperado, uma vez que é muito utilizado como técnica de publicidade. Não torna
anulável o negócio jurídico.
Dolo positivo ou comissivo: acontece a partir de uma atuação comissiva, como
exemplo de atuação comissiva, o autor Venosa diz que “é comissivo o dolo do
fabricante de objeto com aspecto de ‘antiguidade’ para vendê-lo como tal”.
Dolo negativo ou omissivo: aquele ocorrido por omissão dolosa, pelo silêncio
intencional de uma das partes sobre fato ou qualidade não conhecidos pela outra
parte, os quais, se conhecidos, o negócio não teria se realizado.
“Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.”
Dolo de terceiro: proveniente de outro contratante ou de terceiros, estranho ao
negócio. Só pode configurar a anulação do negócio jurídico se alguma das partes
tiver conhecimento deste.
“Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas
as perdas e danos da parte a quem ludibriou.”
Dolo de representante legal e representante convencional: o representante
legal é aquele a quem a norma jurídica confere poderes para administrar bens
alheios. O dolo do representante legal só obriga o representado a responder
civilmente até a importância do proveito que teve. O representante convencional
é o que recebe mandato outorgado pelo representado, neste caso o
representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
“Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se,
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos.”
Dolo bilateral: é o dolo proveniente de ambas as partes. Ambas tiveram a
intenção e a má-fé de prejudicar a outra, motivo pelo qual nenhuma poderá
alegar o dolo da parte contrária com o objetivo de anular o negócio jurídico, nem
de pedir perdas e danos.
“Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo
para anular o negócio, ou reclamar indenização.”
- Espécies
a. Coação absoluta ou física e coação relativa ou moral: na coação
absoluta não ocorre qualquer consentimento ou manifestação da vontade,
a vantagem pretendida pelo coator é obtida mediante o emprego de força
física. Trata-se de hipótese de inexistência do negócio jurídico, devido à
ausência da declaração de vontade. Já na coação relativa, deixa-se uma
opção ou escolha à vítima. Esta é anulável.
Plano da Eficácia
Por fim, no plano da eficácia, os principais elementos, chamados de acidentais,
são:
1. Condição;
2. Termo; e
3. Encargo.
São cláusulas que se acrescentam ao negócio jurídico com o objetivo de
modificar um ou alguns dos seus efeitos.
Condição: é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia
do negócio jurídico.
“Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.”
Elementos da condição
- Voluntariedade das partes: as partes devem querer e determinar o evento. É
criada pela vontade das partes, fruto da autonomia privada.
- Evento futuro: não há como subordinar o negócio jurídico a fato passado. Se
o fato ocorrer, o negócio se desenvolverá plenamente. Será existente, válido e
produtor de efeitos.
- Evento incerto: pode ocorrer ou não.