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Resumo – Direito Civil II

As pessoas, ao desenvolverem suas atividades na sociedade, podem gerar


consequências jurídicas e esses efeitos são denominadas fatos jurídicos.
 Espécies de fatos jurídicos
Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em:
a) Fatos naturais ou fatos jurídicos stricto sensu e;
b) Fatos humanos ou fatos jurídicos lato sensu.

 Os fatos naturais (stricto sensu) decorrem de simples manifestação da


natureza, pois não tem ação direta do homem. Dividem-se em:

a) Ordinários: geram sempre consequências jurídicas como o


nascimento e a morte, que constituem o termo inicial e final da
personalidade, bem como a maioridade.

b) Extraordinários: estes, nem sempre irão gerar uma consequência


jurídica. São os casos de força maior ou caso fortuito.

 Os fatos humanos (lato sensu) decorrem da atividade do homem e são


ações que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos. Dividem-
se em:

a) Ilícitos: são considerados ilícitos por serem praticados contrariando o


ordenamento jurídico. Não causam direitos, mas sim deveres, como o de
reparar danos.
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.”
b) Lícitos: São praticados em conformidade com o ordenamento jurídico,
produzindo efeitos voluntários, ou seja, queridos pelo agente. Divide-se
em:

 Ato jurídico em sentido estrito: é um ato praticado pelo agente, com


manifestação da vontade, predeterminado pela norma. A ação humana
resume-se a uma mera intenção de praticar o ato prescrito na lei.
Exemplo: reconhecimento de filho, uso de coisa, confissão, etc.
 Atos-fatos jurídicos: alguns autores qualificam certas ações que não
são frutos da vontade, nem da intenção do autor, mas que geram
consequências tipificadas pela norma como atos-fatos jurídicos.
Exemplo: uma pessoa, que sem a intenção, acha um tesouro. A pessoa, nesta
hipótese, não tinha qualquer intenção de adquirir a metade do que encontrou,
mas a norma confere-lhe a propriedade.
 Negócios jurídicos: são manifestações de vontades que buscam no
ordenamento jurídico uma composição de interesses. O negócio jurídico
é um ato de autonomia de vontade, com a qual o particular regula por si
os próprios interesses. Assim, é baseado na autonomia da vontade
reconhecida pelo ordenamento jurídico.
Exemplo: contrato de compra e venda, fazer um testamento, locar uma casa, etc.
Na visão de Pontes de Miranda, o negócio jurídico é dividido em três planos,
denominado por parte da doutrina como “escada ponteana”. São os seguintes
planos:

Plano da Existência
No plano da existência encontram-se os requisitos mínimos do negócio. Sem
eles torna-se inexistente o negócio jurídico. Esses requisitos formam os
pressupostos de existência. Esse plano engloba agente, objeto, vontade e forma
do negócio jurídico.

Plano da Validade
Quando os requisitos do primeiro degrau forem satisfeitos, pode-se passar para
o plano da validade. O que é necessário para a validade do negócio:
1. O agente deve ser capaz;
2. O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável;
3. A forma deve ser prescrita ou não defesa em lei;
4. E, por último, a vontade deve ser livre, consciente e voluntária.
O Código Civil adotou o plano da validade em seu ordenamento, uma vez que o
art. 104 pressupõe o mesmo:
“A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
Uma vez que for ferido algum desses requisitos, o negócio se tornará nulo ou
anulável.
NULO (art. 166, Código Civil) ANULÁVEL (art. 171, Código Civil)
Celebrado por absolutamente incapaz Agente relativamente incapaz
Ilícito, impossível ou indeterminável seu Erro (art. 138)
objeto
Motivo determinante ilícito Dolo (art.145)
Não revestir forma prescrita em lei Coação (art. 151)
Preterida solenidade que a lei considere Estado de perigo (art.156)
essencial para a validade
Objeto de fraudar lei imperativa Lesão (art. 157)
A lei o declarar nulo ou proibir a prática Fraude contra credores (art. 158)

 Defeitos do negócio jurídico

Segundo o art. 171 do Código Civil, torna-se anulável o negócio jurídico:


“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.”
De acordo com o art. 178 do Código Civil, o prazo decadencial é de 4 anos para
pleitear a anulação do negócio jurídico, contado:
- Coação – no dia em que ela cessar,
- Erro, dolo, estado de perigo, lesão e fraude contra credores – do dia em que se
realizou o negócio jurídico.

 Classificação dos defeitos do negócio jurídico

- Vícios de consentimento: defeitos do negócio jurídico que geram contradição


entre a vontade manifestada (vontade externa) e a vontade interna (real intenção
do agente). São eles:

 Erro: é o defeito do negócio jurídico em que o agente engana-se sozinho,


não sendo levado a erro pela outra parte ou por terceiro (caso do dolo). É
a opinião errada sobre alguma coisa.
- Espécies:
Erro substancial ou essencial: é o que recai sobre as circunstâncias e
aspectos relevantes do negócio. É causa determinante, ou seja, se a realidade
fosse conhecida, o negócio não seria celebrado. Assim, se o agente conhecesse
a verdade, não manifestaria vontade de concluir o negócio jurídico.
Erro de cálculo ou acidental: é o erro que se opõe ao substancial, porque se
refere às circunstâncias de menor importância e que não contribuem para o
efetivo prejuízo. Ou seja, se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria
celebrado.
Somente será considerado defeito do negócio se o erro for substancial, por faltar
algum elemento essencial quanto ao sujeito, vontade ou objeto do ato.
“Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.”

- Exemplos de erro substancial

Natureza do ato negocial - o agente pretende praticar certo ato, mas realiza
outro. Exemplo: uma pessoa faz um empréstimo para outra pessoa que acredita
estar recebendo uma doação.
Objeto principal da negociação - Exemplo: um comprador pensa estar
adquirindo um quadro de Renoir, mas é de outro artista. Ou pensa estar
comprando um lote bem localizado e a localização é péssima.
Qualidades essenciais do objeto - Exemplo: a pessoa acredita estar
comprando um celular novo, mas é usado; ou compra pérolas naturais, mas
recebe que são pérolas artificiais.
Identidade ou qualidade essencial da pessoa - Exemplo: uma pessoa que cria
uma empresa sem saber que seu sócio já cometeu crimes empresariais.
Motivo único ou principal do negócio - Exemplo: a importação de um produto
que teve seu comércio recentemente proibido; compra de um lote de terra cuja
negociação foi proibida por lei municipal.

 Dolo: intenção maliciosa de uma parte que leva a outra a emitir uma
vontade que não emitiria. É um ato espontâneo, no sentido de a vítima se
enganar sozinha, ou seja, ocorre participação direta do lesado.

“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.”
- Espécies:
Dolus malus: é revestido de gravidade, exercido com o propósito de ludibriar e
de prejudicar o agente. Essa modalidade se divide em dolo principal e acidental.
Dolo principal: configura-se quando o negócio é realizado porque houve
induzimento malicioso de uma das partes. Somente o dolo principal, como causa
determinante do negócio jurídico, vicia no negócio jurídico.
Dolo acidental: este seria realizado independente da malícia empregada pela
outra parte ou por terceiro, porém em condições favoráveis ao agente. Por essa
razão, o dolo acidental não vicia o negócio jurídico e “só obriga à satisfação das
perdas e danos.”
“Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é
acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro
modo.”
Dolus bonus: é destituído de gravidade suficiente para viciar a manifestação de
vontade. É comum no comércio em geral, onde é considerado normal, e até
esperado, uma vez que é muito utilizado como técnica de publicidade. Não torna
anulável o negócio jurídico.
Dolo positivo ou comissivo: acontece a partir de uma atuação comissiva, como
exemplo de atuação comissiva, o autor Venosa diz que “é comissivo o dolo do
fabricante de objeto com aspecto de ‘antiguidade’ para vendê-lo como tal”.
Dolo negativo ou omissivo: aquele ocorrido por omissão dolosa, pelo silêncio
intencional de uma das partes sobre fato ou qualidade não conhecidos pela outra
parte, os quais, se conhecidos, o negócio não teria se realizado.
“Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.”
Dolo de terceiro: proveniente de outro contratante ou de terceiros, estranho ao
negócio. Só pode configurar a anulação do negócio jurídico se alguma das partes
tiver conhecimento deste.
“Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas
as perdas e danos da parte a quem ludibriou.”
Dolo de representante legal e representante convencional: o representante
legal é aquele a quem a norma jurídica confere poderes para administrar bens
alheios. O dolo do representante legal só obriga o representado a responder
civilmente até a importância do proveito que teve. O representante convencional
é o que recebe mandato outorgado pelo representado, neste caso o
representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
“Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se,
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos.”
Dolo bilateral: é o dolo proveniente de ambas as partes. Ambas tiveram a
intenção e a má-fé de prejudicar a outra, motivo pelo qual nenhuma poderá
alegar o dolo da parte contrária com o objetivo de anular o negócio jurídico, nem
de pedir perdas e danos.
“Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo
para anular o negócio, ou reclamar indenização.”

 Coação: é uma pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, os bens


ou a honra de um contratante para obrigá-lo a efetivar um negócio jurídico.
“Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta
ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.”

- Espécies
a. Coação absoluta ou física e coação relativa ou moral: na coação
absoluta não ocorre qualquer consentimento ou manifestação da vontade,
a vantagem pretendida pelo coator é obtida mediante o emprego de força
física. Trata-se de hipótese de inexistência do negócio jurídico, devido à
ausência da declaração de vontade. Já na coação relativa, deixa-se uma
opção ou escolha à vítima. Esta é anulável.

b. Coação principal e coação acidental: a coação principal atinge a


essência do negócio e constitui causa de anulação do negócio; a coação
acidental não atinge a causa determinante do negócio, mas apenas as
condições do acordo, somente obriga ao ressarcimento do prejuízo.
Coação exercida por terceiro: vicia o negócio jurídico, causando sua
anulabilidade, se dessa coação teve ou devesse ter conhecimento o contratante
que dela se aproveitou.
“Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse
ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.”
“Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem
que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o
autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado
ao coagido.”

 Estado de perigo: ocorre quando alguém assume obrigação


excessivamente onerosa, se prejudicando, pressionado por situação de
extrema necessidade de salvar a si mesmo ou a pessoa de sua família de
grave dano, sendo este conhecido pela outra parte do negócio. Tratando-
se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá
segundo as circunstâncias.
Exemplo: pessoa que se vê obrigada a efetuar depósito para conseguir
internação ou atendimento de urgência de cônjuge ou de parente em perigo de
vida.
“Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido
pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante,
o juiz decidirá segundo as circunstâncias.”

 Lesão: é o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre


as prestações de um contrato no momento de sua celebração,
determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das
partes.
“Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao
tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.”

- Vícios sociais: as vontades dos agentes são as mesmas, mas se exteriorizam


com a intenção de prejudicar terceiros, ou seja, credores. São eles:

 Fraude contra credores: é a prática de um negócio jurídico que reduz o


patrimônio de um devedor insolvente prejudicando, assim, os seus
credores desde antes existentes. O negócio pode ser anulável.
Dois elementos compõe a fraude contra credores: o objetivo, ou seja, a própria
insolvência, que constitui o ato prejudicial ao credor; e o subjetivo, que é a má-
fé do devedor.
“Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida,
se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles.”
“Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor
insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser
conhecida do outro contratante”
Ação pauliana ou revocatória: a ação anulatória do negócio jurídico celebrado
em fraude contra credores é chamada de pauliana ou revocatória. É a ação pela
qual os credores contestam os atos fraudulentos do devedor. Seu objetivo é
conservar o patrimônio do devedor insolvente, mantendo-o como garantia dos
demais credores.
“Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.”
Efeitos da ação pauliana: revoga o negócio lesivo, repondo o patrimônio do
devedor que responderá a todos os credores, e não só àquele que intentou a
ação pauliana.
Credor quirografário: é aquele que não possui um direito real de garantia, pois
seu crédito está representado por títulos oriundos de uma obrigação, como, por
exemplo, o cheque e a nota promissória. São chamados “quirografários” pois
tudo o que existe (teoricamente) para provar juridicamente a dívida é algo
assinado.

 Simulação: a simulação não é considerada pelo Código Civil como um


defeito do negócio jurídico, e sim um vício social. Está presente no art.
167, o qual faz parte do Capítulo V, que trata da invalidade do negócio
jurídico. Segundo Pablo Stolze, na simulação celebra-se um negócio
jurídico que tem aparência normal, mas que em verdade não pretende
atingir o efeito que juridicamente deveria produzir.
“Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou,
se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às
quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes
do negócio jurídico simulado.”

Plano da Eficácia
Por fim, no plano da eficácia, os principais elementos, chamados de acidentais,
são:
1. Condição;
2. Termo; e
3. Encargo.
São cláusulas que se acrescentam ao negócio jurídico com o objetivo de
modificar um ou alguns dos seus efeitos.
 Condição: é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia
do negócio jurídico.
“Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.”
Elementos da condição
- Voluntariedade das partes: as partes devem querer e determinar o evento. É
criada pela vontade das partes, fruto da autonomia privada.
- Evento futuro: não há como subordinar o negócio jurídico a fato passado. Se
o fato ocorrer, o negócio se desenvolverá plenamente. Será existente, válido e
produtor de efeitos.
- Evento incerto: pode ocorrer ou não.

Classificação das condições


- Condição suspensiva: quando ocorre dá início aos efeitos do negócio.
Suspende tanto o exercício quanto a aquisição do direito. Não gera direito
adquirido, mas apenas expectativa de direito. (INÍCIO)
- Condição resolutiva: quando ocorre finaliza os efeitos do negócio. A aquisição
do direito ocorreu com a formação do negócio jurídico e este produzirá efeitos
enquanto a condição não acontecer. (FIM)
- Lícitas: são as condições que não são contrárias à lei, aos bons costumes e à
ordem pública.
“Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de
uma das partes.”
- Ilícitas: são todas que se atentarem contra proibição do ordenamento jurídico,
a moral ou os bons costumes.
- Meramente (ou simplesmente) potestativa: depende da vontade das duas
partes - será válida. Exemplo: te dou uma BMW se você vier de roupa branca
amanhã.
- Puramente potestativa: depende apenas da vontade de uma das partes, de
seu único arbítrio - será nula. Exemplo: amanhã te darei a BMW se eu quiser.
- Condição possível: há de ter possibilidade física e jurídica. Exemplo: te dou
um celular se você correr 2 Km.
- Condição impossível: aquela que não pode ser cumprida, seja no aspecto
físico, seja no aspecto jurídico. Exemplo: te dou uma casa se você colocar toda
a água do rio Gorutuba em um copo.
- Condição juridicamente impossível: é a que se esbarra em proibição
expressa do ordenamento jurídico ou fere a moral e os bons costumes.
- Condição perplexa ou incompreensível: priva o negócio jurídico de qualquer
efeito. Chama-se contraditória pois cria uma contradição entre a declaração de
vontade e a situação de fato.

 Termo: é o dia ou momento em que começa ou se extingue a eficácia do


negócio jurídico, podendo ter como unidade de medida a hora, o dia, o
mês ou o ano. O termo subordina a eficácia do negócio a evento futuro e
certo.
“Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.”
Espécies de termo
- Termo convencional: é adicionado pela vontade das partes.
- Termo de direito: é o que decorre da lei.
- Termo essencial: o efeito pretendido deve ocorrer em momento preciso,
sob pena de, se ocorrer depois, não tem mais valor. Exemplo: aluguel de
vestido ou terno para cerimônia.
- Termo de graça: é o aumento de prazo concedido ao devedor.

 Prazos: é um período legalmente determinado para as partes realizarem


seus negócios jurídicos. Arts. 132 a 134.
“Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os
prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo
até o seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou
no imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.”

 Encargo ou modo: trata-se de “cláusula acessória” às liberalidades,


como na doação e no testamento, pela qual se impõe um ônus ou
obrigação ao beneficiário. Ela é imposta pelo doador, geralmente
restringindo a liberdade do beneficiário no que diz respeito à forma de
utilização do bem ou do valor doado. É admissível também em
declarações unilaterais da vontade, como na promessa de recompensa.
Se o encargo não for cumprido, pode-se pedir a revogação da liberalidade
judicialmente.
Exemplo: Passo meu terreno para a prefeitura para que construa uma escola,
desde que a construa em 2 anos.
“Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como
condição suspensiva.”
- Ilicitude ou impossibilidade física ou jurídica do encargo: leva a considera-
lo como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquer restrição. Dessa
forma, é necessário que o encargo seja lícito e possível. Se fisicamente
impossível ou ilícito, tem-se como inexistente. Exemplo: uma doação de imóvel
no qual se estabelecesse a obrigação de usá-lo para o tráfico de drogas,
constituindo encargo ilícito, e, portanto, inválido.
“Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível salvo se
constituir o motivo determinante e da liberalidade, caso em que se invalida o
negócio jurídico.”

Vícios do negócio jurídico


Erro Anulável
Dolo Anulável
Coação Anulável
Lesão Anulável
Estado de perigo Anulável
Fraude contra credores Anulável
Simulação Nulo

“A persistência é o caminho do êxito”– Charles Chaplin.

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