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Efeito prático...
REsp 588714 / CE
-Limitação de medidas do locador em
face do locatário inadimplente
Referência:
STJ. REsp 588714 / CE. Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima. 5ª. Turma. DJ: 29/05/2006
RECURSO ESPECIAL. CIVIL.
LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO
AJUIZADA POSTERIORMENTE AO
ABANDONO DO IMÓVEL PELA
LOCATÁRIA. POSSIBILIDADE.
OBJETIVO: EXTINÇÃO DA RELAÇÃO
JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Celebrado o contrato de locação,
opera-se o fenômeno do desdobramento
da posse, pela qual o locador mantém
para si a posse indireta sobre o imóvel,
transferindo ao locatário a posse direta,
assim permanecendo até o fim da
relação locatícia.
2. Enquanto válido o contrato de locação,
o locatário tem o direito de uso, gozo e
fruição do imóvel, como decorrência de
sua posse direta. Nessa condição, pode o
locatário, sem comprometimento de seu
direito, dar ao imóvel a destinação que
melhor lhe aprouver, não proibida por lei
ou pelo contrato, podendo, inclusive, se
assim for sua vontade, mantê-lo vazio e
fechado.
3. As ações de despejo têm natureza
pessoal, objetivando a extinção do
contrato de locação, em razão do fim de
seu prazo de vigência, por falta de
interesse do locador em manter o
vínculo porque o locatário inadimpliu
qualquer de suas obrigações ou ainda
porque é de seu nteresse a retomada do
imóvel, por uma das causas previstas em
lei.
4. Hipótese em que, não existindo nos autos
prova de que o contrato de locação foi
rescindido, deve prevalecer a presunção de
sua validade, sendo vedado à locadora
retomar a posse do imóvel por sua livre e
espontânea vontade, ainda que a locatária
estivesse inadimplente no cumprimento de
suas obrigações, sob pena de exercer a
autotutela. O remédio jurídico, em tal caso,
nos termos do art. 5º da Lei 8.245/91, é o
ajuizamento da necessária ação de despejo.
Informativo nº 0412
19 a 23 de outubro de 2009.
Os recorrentes celebraram compromisso de
compra e venda de imóvel que ainda estava
financiado e hipotecado. Pagaram, então, o ágio e
se comprometeram a continuar a quitar as
prestações restantes. Contudo, havia cláusula, no
pacto, que permitia aos promitentes vendedores
continuar residindo no imóvel por mais dois anos.
Sucede que, após a celebração do compromisso e
antes que fosse levado ao registro, a recorrida
obteve a constrição do imóvel mediante penhora
em processo de execução referente à locação
afiançada pelos promitentes vendedores. Nesse
contexto, é necessário definir se os promitentes
compradores podem manejar embargos de
terceiro, nos termos da Súm. n. 84-STJ.
Anote-se que o Tribunal a quo reconheceu haver
posse indireta dos recorrentes, o que faz pressupor
uma transmissão ficta da posse mediante uma
espécie de constituto possessório, o que não pode
ser afastado sem reexame de prova ou cláusulas
contratuais (Súmulas ns. 5 e 7 do STJ).
conclui-se admissível a oposição dos embargos de
terceiros sob alegação de posse indireta referente a
compromisso de compra e venda sem registro.
Mostra-se inadequado acolher uma interpretação
mais restritiva do texto da citada súmula com o fim
de resguardar-se de eventual má-fé, visto que ela
pode ser adequadamente combatida pelo Poder
Judiciário. Precedentes citados: REsp 573-SP, DJ
6/8/1990; REsp 421.996-SP, DJ 24/2/2003; REsp
68.097-SP, DJ 11/9/2000, e REsp 64.746-RJ, DJ
27/11/1995. REsp 908.137-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/10/2009.
CC, Art. 1.267. A propriedade das coisas não
se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição
quando o transmitente continua a possuir
pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa,
que se encontra em poder de terceiro; ou
quando o adquirente já está na posse da
coisa, por ocasião do negócio jurídico.
Tipos de posse e
vícios da posse
Classificações
Posse direta e indireta
Posse de boa-fé e de má-fé
Posse justa e injusta
Posse nova e velha
Aspectos subjetivos
Posse de boa-fé: ignora o obstáculo
que lhe impede a aquisição da coisa
“Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o
possuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que impede a aquisição da
coisa.
Parágrafo único. O possuidor com
justo título tem por si a presunção
de boa-fé, salvo prova em contrário,
ou quando a lei expressamente não
admite esta presunção”.
Intentada a ação respectiva, a
presunção é atingida
Sebastião
Salgado
Crítica: Como é possível considerar que a
posse seja justa por não repugnar a ordem
jurídica, ao mesmo tempo em que é
exercida de forma a viabilizar a obtenção
do direito que atualmente pertence a
outro e independentemente (ou mesmo
contra) da vontade dele?
* Contraria ao direito?
posse obtida por meio de um negócio jurídico
nulo ou anulável, bem como no da aquisição a
non domino, hipóteses nas quais poder-se-ia
dizer que não há propriamente “vício”, mas
tampouco uma posse escorreita
- Imissão na posse*
Posse ad interdicta
Posse ad usucapionem
TJPR - 17ª Câmara Cível. Apelação n. 1409386-0.
Rel.: Francisco Jorge. DJ. 09.03.2016)
“como cediço em nosso ordenamento civil, a
posse, associada ao tempo de exercício, é requisito
fundamental para a declaração de domínio por
usucapião. Imperativa, porém, é a sua
caracterização posse como ad usucapionem,
exigindo a lei, para tanto, em primeiro lugar, a
comprovação do ânimo de dono, ou seja, a atitude
ativa no sentido do exercício dos poderes
inerentes à propriedade, comportando-se o autor
ostensivamente -- perante terceiros -- como se
comportaria o proprietário,
mesmo pela atitude passiva deste, ou de quem
figura como tal, exigindo-se, também, o exercício
manso e pacífico da posse, sem oposição ou
interrupções.
José encontrou um cadeado, que impedia acesso a
sua casa, posteriormente, a apenas um quarto. Há
esbulho ou turbação? E agora José, Qual ação
promover?
TJMG. Apelação Cível n. 10058150025706002 MG,
Relator: Kildare Carvalho. 16ª Câmara Cível, DJ:
07/07/2017.
- Naturais
- Civis: rendimentos
- Industriais
Quem faz jus à percepção?
- Possuidor de boa-fé
tem direito aos frutos
Necessárias
Úteis
Voluptuárias
Menor importância
Possuidor de má-fé
- Indenização
- retenção
CCB, “Art. 1.219. O possuidor de
boa-fé tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se
não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da
coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis”.
Oficina mecânica tem posse de boa-fé? Pode
exercer retenção?
(STJ. REsp 1628385/ES, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA. 3ª. Turma. DJe 29/08/2017)
1. A controvérsia a ser dirimida no recurso especial
reside em definir se a oficina mecânica que
realizou reparos em veículo, com autorização de
seu proprietário, pode reter o bem por falta de
pagamento do serviço ou se tal ato configura
esbulho, ensejador de demanda possessória. 2. O
direito de retenção decorrente da realização de
benfeitoria no bem, hipótese excepcional de
autotutela prevista no ordenamento jurídico
pátrio, só pode ser invocado pelo possuidor de
boa-fé, por expressa disposição do art. 1.219 do
Código Civil de 2002.
3. Nos termos do art. 1.196 do Código Civil de
2002, possuidor é aquele que pode exercer algum
dos poderes inerentes à propriedade,
circunstância não configurada na espécie. 4. Na
hipótese, o veículo foi deixado na concessionária
pela proprietária somente para a realização de
reparos, sem que isso conferisse à recorrente sua
posse. A concessionária teve somente a detenção
do bem, que ficou sob sua custódia por
determinação e liberalidade da proprietária, em
uma espécie de vínculo de subordinação.
5. O direito de retenção, sob a justificativa de
realização de benfeitoria no bem, não pode ser
invocado por aquele que possui tão somente a
detenção do bem.
"Nem todo o estado de fato que se exerce sobre
uma coisa, ou que revela exercício de poderes
sobres as coisas, pode ser considerado como
relação possessória plena. Muitas situações
ocorrem, nas relações materiais com as coisas, que
não refletem realmente uma forma de uso
ou fruição do bem com poder pleno, ou a intenção
de exercer um determinado direito real. Existe um
certo poder sobre a coisa. Há uma relação
de disponibilidade, mas em nome alheio, ou sob
outra razão. Tal relação denomina-se detenção.
(RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Coisas. 8ª ed, Rio
de Janeiro: Editora Forense, 2016. p. 51-52)
Benfeitorias
voluptuárias
Auto tutela
Desforço necessário
CC, Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido
na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver
justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá
manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na
posse a alegação de propriedade, ou de outro
direito sobre a coisa.
Detenção x posse
Acrescenta-se que a empresa responsável pelos
reparos na máquina tem mera detenção do bem
móvel a ela entregue, não podendo retê-lo como
meio coercivo para pagamento do valor.
Autorizar esta prática seria fomentar o exercício da
autotutela, que é vedado pelo ordenamento. Ora, o
prestador de serviços não está autorizado a reter o
bem do devedor com o objetivo de coagi-lo a pagar o
débito - salvo raras exceções previstas em lei,
nenhuma aplicável aos autos. (TJMG - AC:
10499150006231001 MG, Relator: Juliana Campos
Horta, 12ª CÂMARA CÍVEL, Dje 13/06/2017)
Tempo
Tempo
Demolição de muro divisório entre dois imóveis
seguida da construção de um novo. Muro anterior
que estaria invadindo a propriedade dos réus-
nunciados, tendo a obra sido realizada para corrigir
de forma unilateral, e sem concordância da titular do
imóvel lindeiro, a divisão entre os terrenos.
Descabimento. Exercício do direito ao desforço
imediato e ao uso da autotutela em termos
inadmissíveis. Muro construído há mais de quinze
anos. Posse da autora consolidada no tocante à
parte do imóvel supostamente invadida. Corréu
Warner que não esteve, em momento algum, na
posse dessa área.
Tempo
Inadmissibilidade assim da utilização de força
própria para o ingresso na posse da porção do
terreno que entende lhe pertencer. Inteligência do
art. 1.210, § 1º, do Código Civil. Necessidade de
acionamento dos mecanismos jurisdicionais
pertinentes. Demanda procedente. Sentença
confirmada. Apelação do corréu Warner não provida,
por maioria de votos, em julgamento ampliado,
contra o voto da Relatora sorteada.
Ex. depositário
Desforço possessório
ESBULHO JUDICIAL
Embargos de terceiro caso típico –
exigência de boa-fé
Forma derivada
- Tradição efetiva – cessão da posse
- Tradição simbólica – ato representativo da
transferência
Aquisição da posse