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1.

A respeito das características fundamentais dos direitos reais, é correto afirmar:

Os direitos reais acarretam sujeição universal ao dever de abstenção sobre a


prática de qualquer ato capaz de interferir na atuação do titular sobre o objeto,
podendo ser classificados como poderes jurídicos, pois concedem a seu titular uma
verdadeira situação de dominação sobre um objeto. VERDADEIRA – Doutrina
Rosenvald, p. 33.
A preferência decorre do caráter erga omnes dos direitos reais, pois se posso exigir
de todos um dever de abstenção, nada me impede de retirar o bem do poder daquele que
viola tal comando. Relaciona-se ao princípio da inerência ou aderência, no sentido de o
direito real aderir à coisa e representar um privilégio do seu titular em obter o
pagamento de um débito com o valor do bem. FALSA – Isso é sequela. Doutrina
Rosenvald, p. 38.
Não pode qualquer direito real ser reconhecido juridicamente se não houver norma
que sobre ele faça previsão. Portanto, inseridos em regime de ordem pública, os direitos
reais são “numerus clausus”, de enumeração taxativa, localizados exclusivamente no rol
pormenorizado do Código Civil. FALSA - Os direitos reais também encontram previsão
em leis específicas diversas. Doutrina Rosenvald, p. 41.
Nos direitos reais [no direito obrigacional] o titular do crédito necessariamente
dependerá da colaboração do devedor para a sua satisfação, ao passo que, nos direitos
obrigacionais [nos direitos reais], o titular age direta e imediatamente sobre o bem,
satisfazendo as suas necessidades econômicas sem o auxílio ou intervenção de terceiros.
FALSA – Doutrina Rosenvald, p. 35.

2. A respeito das formas de aquisição, transmissão e perda da posse, é incorreto o que se


afirma em:
A posse pode ser adquirida pelo próprio sujeito que a apreende, desde que capaz;
por seu representante legal ou convencional; ou até por terceiro que não tenha mandato,
desde que haja confirmação posterior, com efeitos “ex tunc” ou retroativos.
VERDADEIRA – Doutrina Tartuce – p. 865
Há formas de aquisição originárias, em que há um contato direto entre a pessoa e a
coisa; e formas de aquisição derivadas, em que há uma intermediação pessoal. Como
forma originária, o exemplo típico se dá no ato de apreensão de bem móvel quando a
coisa não tem dono (res nullius) ou for abandonada (res derelictae). VERDADEIRA –
Doutrina Tartuce – p. 865.
A faculdade conferida ao sucessor singular de somar ou não o tempo da posse de
seu antecessor não significa que, ao optar por nova contagem, estará livre do vício
objetivo que maculava a posse anterior. VERDADEIRA – Enunciado 494 da V Jornada
de Direito Civil, ipsis litteris.
A tradição ficta ocorre quando há um ato representativo da transferência da
coisa da coisa. É o que se dá na “traditio longa manu”, em que a coisa a ser
entregue é colocada à disposição da outra parte. FALSA – A tradição simbólica que
é aquela em que há um ato representativo da transferência da coisa. A tradição ficta se
dá por presunção (traditio brevi manu). O possuidor possuía em nome alheio e passa a
possuir em nome próprio.
3. “A densidade social da posse, como modo revelador da necessidade básica do homem
de apropriar-se de bens primários, justifica que não seja ela reduzida a mero
complemento da tutela da propriedade, mas sim em instrumento concreto de busca pela
igualdade material e justiça social” (FARIAS, ROSENVALD, NETTO, 2018). Acerca
das ações possessórias, assinale a alternativa incorreta:
A proteção possessória é deferida a qualquer possuidor, independentemente da
qualidade de sua posse, seja ela direta ou indireta, natural ou civil, nova ou velha,
originária ou derivada, de boa-fé ou de má-fé (?). Para que o possuidor possa defender
sua posse, o sistema jurídico estabelece uma variada série de remédios processuais de
que pode lançar mão o ofendido. VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 207.
A proteção possessória não poderá ser invocada em favor do possuidor que
obteve o bem de forma injusta, pelo que não será deferida a tutela processual
contra terceiros alheios à sua aquisição ilícita e que pretendam agredi-la, haja vista
a presença de um dos vícios referidos no artigo 1.200 do Código Civil. FALSA –
Doutrina Rosenvald, p. 207. Até mesmo o possuidor que adquiriu a posse de forma
injusta pode invocar a proteção possessória. A injustiça poderá ser alegada por aquele
que foi vítima do esbulho.
Considerando que a legitimidade “ad causam” para a propositura das ações
possessórias é ampla, bastando a afirmação do autor de ser o possuidor, não se deve
ignorar que o constituto possessório também poderá ser invocado como causa de
aquisição da posse. VERDADEIRA – Vale lembrar que constituto possessório é forma
de aquisição da posse pela tradição. Doutrina Rosenvald, p. 207.
Em ordem crescente de hostilidade, a agressão pode derivar de uma ameaça,
ensejando a adoção do interdito proibitório; intensifica-se por meio de uma turbação,
que autoriza o ajuizamento da ação de manutenção de posse; e, em máxima escala, a
agressão conduz ao esbulho, facultando ao possuidor excluído da coisa a via da
reintegração de posse. VERDADEIRA – art. 1.210, CC – Doutrina Rosenvald, p. 209.

4. Suponha que Caio tenha proposto ação de manutenção de posse, quando o correto
seria a propositura de uma ação de reintegração de posse. Neste caso, assinale a conduta
que deverá ser adotada pelo juiz:
conhecer do pedido e outorgar a proteção legal correspondente. VERDADEIRA
– Fungibilidade das ações possessórias. Art. 554, CPC. A propositura de uma ação
possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.

julgar extinta a ação por falta de interesse processual.


julgar extinta a ação por falta de possibilidade jurídica.
conhecer do pedido para julgá-lo improcedente.

5. A origem da posse é historicamente justificada no poder físico sobre as coisas e na


necessidade do homem de se apropriar de bens. Considerando as disposições e
conceitos próprios aplicados ao instituto, assinale a alternativa incorreta:
A detenção é uma posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento
vigente. O detentor não poderá manejar ações possessórias e nem tampouco alcançar a
propriedade pela via da usucapião. VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 124.
No que tange ao direito autoral, ou ao uso de marca e patente, todos são
suscetíveis de propriedade, [e posse] mas não são objetos de posse, pelo que se pode
afirmar que, para além da titularidade, não se admite a posse sobre direitos
autorais. O mesmo raciocínio se aplica ao universo das patentes, software e demais
criações da inteligência humana [há propriedade e posse!]. FALSA – Doutrina
Rosenvald, p. 112.
A par de a composse ser um paralelo de propriedade comum no mundo fático, não
há obrigatória existência conjunta de ambos. São situações independentes que
ocasionalmente podem repercutir em uma mesma situação. Certo é que pode existir
composse em propriedade exclusiva e posse exclusiva em condomínio. VERDADEIRA
– Doutrina Rosenvald, p. 123.
O desdobramento da posse apenas verifica-se quando faculdades que integram o
domínio são transferidas a outra pessoa, para que a utilize como decorrência de relação
jurídica de direito real ou obrigacional. Todas as vezes que um bem sai das mãos do
proprietário em razão de uma relação jurídica, cria-se uma posse derivada.
VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 114.

6. Suponha que na cidade de Três Lagoas/MG, a Lei Municipal n.º 1, de 10/1/2001,


estabeleça que os lotes de imóveis urbanos não podem ter área inferior a 300 m2. Nesse
mesmo município, uma nova Lei Municipal, publicada um ano após a primeira, em
12/01/2002, estabelece a área mínima de parcelamento de imóvel urbano como sendo
360 m2. O seu cliente Joanésio, em 02/03/2001, vendeu para Carlos e Augusto, imóvel
com 620 m2, fracionado para cada um em 310 m2, tendo sido abertas novas matrículas
no cartório de registro de imóveis do município em 05/05/2001. O valor total da venda
foi de R$170.000,00, conforme consta da escritura pública de compra e venda.

Considerando a situação hipotética, assinale alternativa correta:


(3 Pontos)
A escritura pública, assinada e lavrada no cartório de registro de imóveis da comarca
de Três Lagoas, poderá ser registrada junto ao cartório de notas de qualquer cidade de
Minas Gerais, nos termos da Lei de Registros Públicos. FALSA Art. 169 - Todos os
atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no Cartório da situação do
imóvel.
A alienação poderia ter sido realizada sem a necessidade de lavratura da
escritura pública de compra e venda, já que no lote não constam edificações que
agregam valor ao bem. FALSA - Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e
Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: 5º) os contratos de compra e
venda em prestações, com reserva de domínio ou não, qualquer que seja a forma de que
se revistam, os de alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de
alienação fiduciária;

Com a publicação da nova lei municipal em 12/01/2002, o imóvel não poderia ter
sido objeto de fracionamento, haja vista que a constituição de imóveis com área menor a
360m² caracteriza parcelamento irregular do solo urbano. FALSA – Caracteriza
DEPOIS da Lei.
Caso a escritura tivesse sido lavrada quando da alienação, em 02/03/2001 e
registrada somente após a publicação da Lei de 12/02/2002, o fracionamento da
área em dois lotes não poderia ser realizado, sob pena de ofensa à legislação
municipal. VERDADEIRA

7. A partir do desdobramento dos poderes dominiais é que brotam os direitos de fruição,


garantia e aquisição. Assim, é correto afirmar:

O direito real de aquisição, enquanto direito sobre coisa própria, resulta da


decomposição dos diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial, representando
uma manifestação facultativa e derivada dos direitos reais, pois resulta da decomposição
dos diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial. FALSA – Doutrina
Rosenvald, p. 50.
A propriedade é o único direito real sobre coisa própria, de manifestação
obrigatória em nosso sistema jurídico. É a expressão primária e fundamental dos
direitos reais, detendo um caráter complexo em que os atributos de uso, gozo,
disposição e reivindicação se reúnem. VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 49.
Os direitos reais sobre coisa alheia estão compartimentados em três grupos, dentre
os quais os direitos reais de garantia, em que se transmite a outrem os atributos de gozar
ou fruir a coisa, com maior ou menor amplitude, até que haja o falecimento do seu
respectivo titular.
Prova de que o direito brasileiro admite a pluralidade de domínios é a possibilidade
de o titular do direito de propriedade fracionar os poderes do domínio em favor de um
credor hipotecário e de um usufrutuário, simultaneamente. FALSA – No Direito
Brasileiro não se admite a pluralidade de domínios.

8. Analise as assertivas abaixo:

I – De acordo com entendimento doutrinário majoritário, a desapropriação judicial


privada [usucapião por posse-trabalho] não se aplica aos imóveis públicos, uma vez que
tais bens não são usucapíveis, por força constitucional. VERDADEIRA

II - O locatário é considerado “fâmulo da posse", pois possui a posse de forma precária,


exercendo-a em nome do efetivo proprietário. FALSA – O locatário é possuidor
indireto. Fâmulo da posse, por sua vez, relaciona-se com possuidor precário, isto é,
aquele que estava exercendo detenção da coisa e, quando solicitado, não a devolveu ao
legítimo possuidor.

III - A posse precária tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou à apropriação


indébita, sendo também denominada esbulho pacífico, como a que ocorre com o
locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do contrato.
VERDADEIRA – Doutrina Tartuce p. 846.

IV - Aplica-se à usucapião as causas suspensivas e interruptivas da prescrição.


VERDADEIRA – Usucapião é uma prescrição aquisitiva, portanto, a ela aplica-se o
disposto nos arts. 197 a 202 do Código Civil.

Marque a alternativa correta:


(3 Pontos)
A assertiva I está correta e a assertiva III está incorreta.
A assertiva IV está correta e a assertiva II está incorreta.
A assertiva II está correta e a assertiva I está incorreta.

A assertiva III está correta e a assertiva IV está incorreta.

9. Nos termos do que discorre autorizada doutrina, em um Estado Democrático de


Direito, a Constituição Federal garante não apenas a propriedade em termos de tutela
das posições jurídicas de direito privado já existentes, mas também a possibilidade de
aceder a elas. Considerando a estrutura do direito de propriedade, assinale a alternativa
incorreta:

Muitas vezes a faculdade de usar perde a característica de um poder e se converte


em um dever jurídico para o proprietário. Isso porque a falta de utilização da coisa
privará alguém do direito de propriedade, quando se mostrar antissocial.
VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 294.
A faculdade de fruir como relevante aspecto de exercício de poder por parte do
titular do direito real consiste na exploração econômica da coisa, mediante a extração de
frutos e produtos. VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 295.
O poder de reivindicar representa a pretensão do titular do direito subjetivo de
excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário
mantenha a sua dominação sobre o bem, realizando verdadeiramente a almejada atuação
socioeconômica. VERDADEIRA – Doutrina Rosenvald, p. 297.
A faculdade de usar, atribuída ao proprietário, confere-lhe o direito de servir-
se da coisa de acordo com a sua destinação econômica. Por sua própria natureza, o
uso somente poderá ser direto [ou indireto, conforme o proprietário conceda a
utilização pessoal do bem ou em prol de terceiro] estando descaracterizado na
hipótese de o proprietário conceder a utilização em prol de terceiro. FALSA –
Doutrina Rosenvald, p. 294.

10. Carlos decidiu renovar as cercas que circundam a sua propriedade rural, na qual
reside, e ao fazê-lo, constatou que parte da fazenda havia sido invadida por um vizinho,
de nome Flávio, que por sua vez acreditava que a área lhe pertencia [não tinha
conhecimento de que a posse era injusta], já que as cercas, anteriormente existentes,
haviam sido destruídas em razão da má conservação. Em razão da invasão, ainda que de
boa-fé, Carlos moveu ação de reintegração de posse, na qual não foi concedida liminar.
Mesmo depois de citado [passou a ter conhecimento?], em 15/6/2014, Flávio continuou
exercendo atos possessórios e, no dia 20/6/2014, colheu as amoras que estavam
maduras, bem como recebeu, pelo arrendamento da outra parte da área, na ordem de R$
1.000,00 por mês, com vencimento no dia 30 de cada mês vencido, até 30 de setembro
de 2014, porque, tendo Carlos obtido liminar por força de agravo de instrumento, foi ele
reintegrado na posse em 01/10/2014. Nesse caso, indique abaixo qual a proporção em
que Flávio deverá indenizar Carlos:
(3 Pontos)
Somente do que recebeu a título de arrendamento, após a decisão que deferiu a
liminar de reintegração de posse.
Quinze dias do valor do arrendamento, no mês de junho e da integralidade dos
meses subsequentes, bem como do valor correspondente às amoras colhidas em
15/06/2014, se não puder entregá-las em espécie. VERDADEIRA – Art. 1.201, 1.202,
1.214 e 1.216, CC. Passou a ter ciência do vício a partir da citação, isto é, com a citação,
deixou de existir a presunção de boa-fé.
Tudo o que recebeu a título de arrendamento e do que colheu, desde a data em que
ingressou indevidamente na área vizinha.
Somente das amoras que colheu após a citação, se não puder entregá-las em espécie,
mas não dos valores recebidos a título de arrendamento, os quais terão de ser cobrados
do arrendatário, que pagou a quem não era proprietário do imóvel.

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