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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO


CAMPUS RIBEIRÃO PRETO

UNIVERSIDADE DE DIREITO “LAUDO DE CAMARGO”


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO CIVIL III – REAIS I

Nome: Carlos Gustavo Monteiro Cherri Código: 764943

ETAPA: 5º SALA:29B PERÍODO: noturno

Ribeirão Preto

2/2020
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A Função Da Propriedade E A Posse


RESUMO
O presente texto tem como objetivo esclarecer o que se entende por posse e função social da
propriedade. Nesse sentido, recorrendo a julgados jurisprudenciais e a doutrina que se debruça
sobre o tema, a abordagem de tal conceito será realizada, mesmo sabendo o assunto aqui não
se esgota, em virtude da ampla variação de obras e decisões reiteradas dos Tribunais
brasileiros.

INTRODUÇÃO

A função social da propriedade, além de desempenhar os poderes exercidos pelo


proprietário, deve, também, exercer uma função social, a qual deve ser efetivada a fim de
evitar subutilização da propriedade que possa vir a causar descontentamentos sociais.
O art. 5º, inciso XXII, da CF, refere-se ao direito de propriedade individual. É
relevante salientar que a Constituição dispõe, de forma específica, nos incisos XXVII a
XXXI, a proteção ao direito autoral, à propriedade industrial e de marcas e ao direito de
herança. No mesmo artigo, o inciso XXIII afeta a propriedade individual ao cumprimento de
sua função social. Por fim, no art. 170, II e III, a Constituição Federal amplia a concepção de
função social da propriedade, positivando-a também como princípio da ordem econômica.
Os critérios para o cumprimento da função social são apresentados em outros
trechos da Constituição, e diferem para cada tipo de propriedade. Por exemplo, o art. 182, que
estabelece os requisitos para o cumprimento da função social da propriedade urbana, em
conformidade com o plano diretor municipal. Por sua vez, o art. 186, disciplina as exigências
para o cumprimento da função social da propriedade rural, tais como o aproveitamento
racional e adequado, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente, a observância das disposições que regulam as relações de trabalho e a
exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Partindo dos pressupostos constitucionais, apoiado em doutrina e jurisprudência, o
presente trabalho tem como finalidade esclarecer as reflexões acerca da função social da
propriedade partir do crivo da posse.
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A Função social da Propriedade e a Posse

Quando se fala de posse e a função social, o tema deve ser abordado de maneira
mais cautelosa, já que a posse não determina a propriedade, assim como a propriedade não
assegura a posse. Nesse sentido, essa relação, quase que totalmente, se encontra disciplinada
pelo Código Civil, com o auxílio de leis especiais que regulamentam a posse. O art. 1.196
conceitua o possuidor no sentido de que ele não é o proprietário, mas daquele que detém
alguns dentre os poderes que configuram o proprietário ou como aquele que exerce
determinadas características que também estão presentes no direito de propriedade. Diz o
dispositivo que: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. Basta o exercício de um dos atributos do
domínio para que a pessoas seja considerada possuidora. Ilustrando, o locatário, o
usufrutuário, o depositário e o comodatário são possuidores, podendo fazer o uso das ações
possessórias, ou seja de recursos para a defesa de sua propriedade que não se encontra em sua
posse.
Para Flavio Tartuce, não há necessariamente domínio material na posse, podendo
decorrer de mero exercício de direito. Como a primeira ilustração, no caso do contrato de
locação, as duas partes envolvidas são possuidoras, assim, afirma o doutrinador que “o
locatário é possuidor direto, tendo a coisa consigo e o locador é proprietário e possuidor
indireto, pelos direitos que decorrem do domínio” (TARTUCE, 2014, p.862). Mas para
esclarecer essa posição se faz necessário esclarecer os conceitos de possuidor direto e
possuidor indireto.
A posse direta, também conhecida como posse imediata é a que decorre daquele
que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de contrato, por exemplo, a posse
do locatário, que a exerce por concessão do locador , nos termos do art. 1.197, do CC., que
disciplina da maneira seguinte: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela
foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”. O locatário, por
exemplo, exerce o que se chama de jus utendi, ou seja, o direito de usar, a faculdade atribuída ao
proprietário da coisa de utiliza-la de maneira desejada, sem lhes alterar a substância. Mas
antes de explicar o que são as formas de defesa da posse, primeiramente é preciso esclarecer o
que se conhece por posse indireta.
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No caso da posse indireta ou mediata, se origina daquele que cede o uso do bem,
por exemplo, do locador. Nesse momento, ocorre o fenômeno do desdobramento da posse.
Essa situação de desdobramento não provoca a anulação de uma a outra, pois não se propõe o
problema da qualificação da posse, porque as duas são posses jurídicas, isto é, jus possidendi,
(posses tituladas) conferido ao portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular
de outros direitos reais e têm o mesmo valor. O locador exerce o que se chama de jus fruendi-
ou direito de gozar ou usufruir, ou seja, é o poder de receber os frutos civis e naturais além de
aproveitar de forma econômica o seu produto
A vantagem dessa divisão é que o possuidor direto e o indireto podem invocar a
proteção possessória contra terceiro, mas só o segundo isto é, o indireto pode adquirir a
propriedade em virtude da usucapião. O possuidor direto jamais poderá adquiri-la por esse
meio, por faltar-lhe o ânimo de dono, ou seja, só o possuidor indireto terá o direito de
prescrição aquisitiva, a usucapião, desde que preencha todos os requisitos exigidos pela lei.
Para tal acontecimento, das duas uma, imagine que o titular abstém-se de defender
os seus direitos e a inércia vai consolidando a posição do possuidor, que acabará,
eventualmente, por ter um direito à aquisição da própria coisa possuída, por meio da
usucapião; ou o verdadeiro titular não se conforma e exige a entrega da coisa, pelos meios
judiciais que a ordem jurídica lhe faculta, que culminam na reivindicação e permitem a sua
vitória. Enquanto não o fizer, o possuidor continuará a ser protegido. Assim, se o titular do
direito não toma a iniciativa de solicitar a intervenção do Poder Judiciário, as finalidades
sociais são suficientemente satisfeitas com a mera estabilização da situação fundada na
aparência do direito. Nesse sentido, se faz necessário observar o seguinte julgado do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. LIMINAR PARA
DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. POSSE DE FORÇA VELHA. NECESSIDADE DE
DILAÇÃO PROBATÓRIA E COGNIÇÃO EXAURIENTE. FUNÇÃO SOCIAL DA
POSSE E DIREITO CONSTITUCIONAL À MORADIA. REFORMA DA DECISÃO.
Recurso contra decisão que deferiu liminar de reintegração de posse, em favor dos
agravados. Prova dos autos que demonstra, em sede de cognição sumária, que a
Agravante é possuidora de boa-fé por aproximadamente 19 anos. Fato incontroverso que
torna certa a necessidade de manutenção da posse por força da aplicação dos paradigmas
da função social da propriedade (art. 5º XXIII CF/88), que nesse momento processual
deve ser privilegiada. Manutenção do status possessório durante o andamento do
processo de origem que se impõe. Recurso provido.
(TJ-RJ - AI: 00347280420198190000, Relator: Des(a). RICARDO COUTO DE
CASTRO, Data de Julgamento: 28/04/2020, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 2020-05-06)

No entanto, partindo do pressuposto que o proprietário saísse da inércia e tomasse os


procedimentos judiciais para a defesa de sua posse, antes que se configurasse os requisitos
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necessários para o possuidor dela se apropriar. Não configurando o abandono de posse, o


proprietário tem direito não só à sua defesa, como também à manutenção de propriedade, já
que não deixou de cumprir a sua função social. Nesse sentido, O tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul decidiu:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. PROVA QUE
DEMONSTRA O EXERCÍCIO DA POSSE DO AUTOR. ABANDONO NÃO
CARACTERIZADO. FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE AFASTADA. REQUISITOS
IMPLEMENTADOS. SUCUMBÊNCIA RECURSAL. Tratando-se de ação possessória, é
necessária a comprovação do exercício anterior da posse e da prática do esbulho, nos
termos do art. 561, I, do Código de Processo Civil. Resta demonstrada nos autos a posse
anterior exercida pela parte autora, consubstanciada na propriedade do imóvel, bem como
o esbulho praticado pela parte ré, o que confere o direito à reintegração de posse. A prova
dos autos demonstra que o autor não abandonou a área em litígio, o que justificaria a
invasão ocorrida. Sentença mantida. O art. 85, § 11º, do CPC/15 estabelece que o
Tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal. Sucumbência recursal reconhecida
e honorários fixados em prol do procurador da parte demandante majorados. NEGARAM
PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70076971027, Décima Nona Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo João Lima Costa, Julgado em
26/07/2018).
(TJ-RS - AC: 70076971027 RS, Relator: Eduardo João Lima Costa, Data de Julgamento:
26/07/2018, Décima Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
30/07/2018)

Se alguém, instala-se em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de


ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito a proteção. Tal direito é
chamado jus possessionis ou posse formal, derivado de uma posse autônoma,
independentemente de qualquer título, A decisão do Julgado do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro se baseia nesse entendimento, ou seja, posse autônoma, sem título. Somente essa
situação de fato é que se considera, para que se obtenha os efeitos jurídicos que a lei lhe
confere. A lei socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de
coisas e se sobreleve como dominante. O jus possessionis persevera até que o jus possidendi o
extinga, tal como ocorreu no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
Porém, vale ressaltar que são possíveis desdobramentos sucessivos da mesma
posse acarretando que só terá posse direta apenas aquele que tiver a coisa consigo, a saber, o
último integrante da cadeia dos desdobramentos sucessivos. Os demais integrantes da cadeia
terão, todos, posse indireta, em gradações sucessivas. Tais desdobramentos sucessivos da
posse podem também ocorrer por atuação do possuidor indireto, quando, por exemplo,
constitui, antes dele, na graduação de posses indiretas, outro possuidor indireto, sem alterar a
posse direta, ou ainda quando o possuidor indireto intercala entre si e o possuidor direto outro
possuidor indireto.
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A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, bem como
porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito. É, assim, uma situação de fato
protegida pelo legislador. Mas isso não quer dizer que todas as formas de posse são
amparadas pelos dispositivos legais, já que a posse também pode ser fruto de má-fé, de
violência ou clandestina. A posse é violenta quando se adquire por ato de força ou ameaça. A
violência física supõe a ausência de vontade daquele que foi usurpado. Por sua vez, a posse é
clandestina quando se adquire via processo de ocultamento em relação àquele contra quem é
praticado o apossamento. Nesse sentido, a jurisprudência firma o seguinte entendimento:
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE. ESBULHO. FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1. No caso dos autos, restou comprovado que a parte apelante, mediante
esbulho, passou a exercer a posse injusta do imóvel de propriedade da apelada. Portanto,
correta a sentença que julgou procedente o pleito de reintegração de posse. 2. Não é
cabível a discussão sobre a função social da posse em ação de reivindicação de posse,
onde não se discute se a propriedade não cumpre sua função social, mas apenas os
requisitos para manutenção ou não da posse. 3. Recurso conhecido e improvido.
(TJ-PI - AC: 00062736320158180140 PI, Relator: Des. Fernando Lopes e Silva Neto,
Data de Julgamento: 30/01/2018, 4ª Câmara Especializada Cível)

A ação de reintegração de posse também chamada de “ação de esbulho” é o remédio


processual cabível quando o possuidor é despojado do bem possuído, prática esta denominada
esbulho. O Código Civil, em seu art.1228, determina; “O proprietário tem a faculdade de usar,
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem querer que injustamente a
possua ou detenha.”. O Tribunal de Justiça do Piauí decidiu que, nesse caso, não há que se
falar em função social da propriedade, visto que a maneira adequada para que se concretize tal
direito não foi a adotada.
Existem outras formas para defender a posse além da ação de reintegração, tais
como a ação de manutenção de posse e o interdito proibitório. A ação de manutenção na posse
visa proteger o possuidor que tem o seu exercício da posse dificultado por atos materiais do
ofensor denominados de atos de turbação. Neste caso, o possuidor não perde a disposição
física sobre o bem. Trata-se, portanto, de uma ofensa de menor intensidade em relação ao
esbulho. O interdito proibitório, por sua vez, consiste na defesa a partir da simples ameaça de
esbulho ou turbação, mesmo que embora tais atos não tenham sido praticados, o ofensor se
encontra na iminência de levá-los a efeito. Entretanto, o Código civil, em seu art. 1.208,
estabelece que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade”. A posse, quando injusta, não é amparada pela lei, mas
somente quando reúne os requisitos que a tornam legítima.
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Quando o possuidor se acha presente e é turbado no exercício de sua posse, pode


reagir, fazendo uso da defesa direta, agindo, então, em legítima defesa. A situação se
assemelha à da excludente prevista no Código Penal. Se, entretanto, a hipótese for de esbulho,
tendo ocorrido a perda da posse, poderá fazer uso do desforço imediato. O código Civil,
excepcionalmente, em seu art. 1.210, § 1º, disciplina, “o possuidor turbado, ou esbulhado,
poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de
defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da
posse”. Aqui se verifica uma das raras condições de legítima defesa desvinculadas do Código
Penal, na qual se precípua a defesa da propriedade, amparada pelo Código Civil.
O princípio da fungibilidade das ações possessórias está disposto no art. 554 do
Código de Processo Civil, que assim regulamenta, “a propositura de uma ação possessória em
vez de outra (possessória) não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção
legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados”. Desse modo, se a ação
cabível for a de manutenção de posse, e o autor ingressar com ação de reintegração, ou vice-
versa, o juiz conhecerá do pedido da mesma forma e determinará a expedição do mandado
adequado aos requisitos provados.
Mas isso não quer dizer que ingressar simplesmente com uma das formas de ação
possessória, como a ação de manutenção de posse, o interdito proibitório ou a ação de
reintegração de posse, o esbulho, asseguram a defesa da propriedade, pois não é difícil
encontrar nos Tribunais brasileiros decisões que não reconhecem o esbulho:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
ESBULHO. ABANDONO DO IMÓVEL. FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE. MELHOR
POSSE. 1.Autor alegou que imóvel de sua propriedade sofreu esbulho praticado pelos
réus, há menos de ano e dia. 2.Não ficou demonstrado nos autos a ocorrência do esbulho,
apesar da parte autora demonstrar a propriedade do bem em seu nome e o pagamento dos
referidos impostos, no curso do feito. 3. Sentença julgou improcedente o pedido autoral.
Apelação do autor. Sentença mantida. 4. Em ação possessória, discute-se apenas a
situação jurídica de posse relativa às partes em litígio, sendo, por isso, vedada qualquer
discussão que remeta à propriedade, o que é possível apenas quando ambos os litigantes
discutem a posse com base na propriedade. 5.O autor admitiu que não reside no imóvel e
que nele não erigiu qualquer construção. Abandono do bem está configurado, já que o
autor não se manteve como possuidor do referido bem ao longo dos anos. Ausência de
destinação econômica do imóvel, descumprindo o bem a sua função social. 6.A prova
oral produzida demonstrou que os requeridos têm permanecido na posse do imóvel, ao
menos por 10 anos, desde antes da data da propositura da presente ação. Descaracterizada
a hipótese de esbulho possessório. 7. Honorários sucumbenciais fixados em 12% sobre o
valor atribuído à causa, a teor dos §§ 2º e 11, do art. 85, do CPC. 8. Recurso conhecido e
não provido.
(TJ-RJ - APL: 00019879320048190077, Relator: Des(a). JDS RICARDO ALBERTO
PEREIRA, Data de Julgamento: 15/05/2019, VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL)

É preciso entender que a propriedade é considerada uma das bases do sistema socioeconômico
do Estado e sua importância está relacionada ao âmbito dos direitos individuais, visando
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também a ordem econômica e social, o que torna plenamente compreensível o entendimento


de que a propriedade deve atender aos anseios não só do proprietário quanto da sociedade.

Considerações finais

Sabendo que o tema aqui não se esgota, mesmo assim, o objetivo a que se propôs
tal trabalho cumpriu a sua finalidade. Muito se discute sobre a função social propriedade e
também sobre as maneiras de aquisição da posse e ampla doutrina discute o assunto e nem
sempre as posições se encaminham no mesmo sentido. Certo é que a orientação
jurisprudencial em boa parte das questões acerca do tema já pacificou o entendimento. No
entanto, o andamento da sociedade e as transformações que a assolam, não permite afirmar
que tudo está consolidado, já que novas exigências sociais, novas posturas políticas podem
alterar os caminhos do entendimento sobre o assunto.
Contudo, hoje é possível contar com instrumentos e recursos jurídicos tanto para a
defesa da propriedade ou da posse quanto para assegurar seus meios de aquisição. De nada
adianta defender a propriedade se esta não cumpre sua função social e aumenta ainda mais a
diferença social e a insatisfação da sociedade. Ao passo que não é frutífero defender modos
injustos de aquisição, como posse clandestina e violenta, seja pelo descumprimento da lei,
seja pelo desvio moral de tais ações.
A propriedade deve cumprir a sua função social e a posse deve ser justa. Quem no
futuro no futuro será possível viver numa sociedade mais igualitária e pacífica? Parece um
sonho distante, mas se a covardia de lutar por esse ideal só encaminha a sociedade para o
abismo e a desesperança. Os ideais movem as pessoas. As pessoas transformam o mundo. E
assim o mundo poderá ser lugar mais, justo, seguro e melhor.
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REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 5: Direito das Coisas. 12. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017.

TARTUCE, Flávio Manual de direito civil: volume único. 10. ed. São Paulo: MÉTODO,
2020.

TJ-PI - AC: 00062736320158180140 PI, Relator: Des. Fernando Lopes e Silva Neto, Data
de Julgamento: 30/01/2018, 4ª Câmara Especializada Cível.

TJ-RJ - APL: 00019879320048190077, Relator: Des(a). JDS RICARDO ALBERTO


PEREIRA, Data de Julgamento: 15/05/2019, VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL

TJ-RJ - AI: 00347280420198190000, Relator: Des(a). RICARDO COUTO DE CASTRO,


Data de Julgamento: 28/04/2020, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 2020-
05-06

TJ-RS - AC: 70076971027 RS, Relator: Eduardo João Lima Costa, Data de Julgamento:
26/07/2018, Décima Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
30/07/2018

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