Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Material feito por Taciana Rocha baseado nas aulas do prof. Salomão
ASPECTOS INICIAIS
Parte 01
A usucapião é uma das formas que o Código Civil traz de aquisição da
propriedade e precisa ir ao registro.
Em uma escritura pública de compra e venda, a propriedade é adquirida com o
registro, nos termos do artigo 1.245 do Código Civil:
O registro, nesse caso, é apenas declaratório, para eficácia erga omnes (para
todos).
POSSE
→ Domínio – é quem tem o direito de usar, gozar, dispor, mas não está
registrado na matrícula e, assim, não possui o direito de sequela. O
Código Civil traz a palavra domínio e propriedade como sinônimos muitas
vezes.
Para ser possuidor é preciso estar na coisa, usando-a, tendo um dos elementos
da propriedade ou todos eles. É preciso fazer um caminho através da posse para
chegar à propriedade, com registro no registro de imóveis. O tempo irá depender
do tipo de usucapião.
A posse não vai para a matrícula, posse é fato. EXCEÇÕES: quando o Estado
desapropria um bem particular; procedimento de REURB, com o título CRF
(certidão de regularização fundiária).
Parte 02
Cessão da posse - que pode ser cessão onerosa (equivale a compra e venda)
ou gratuita (equivale a doação). Pode ser feita por documento particular ou
escritura pública (alguns tabeliães fazem e outros não). Uma solução é pedir ao
tabelião para fazer uma ata notarial da posse, atestando esse fato, para depois
ceder.
Essa cessão pode ser somada ao tempo da posse para o novo posseiro.
Atos de mera detenção NÃO CONFIGURAM POSSE. Exemplo: caseiro que está
cuidando do bem a pedido do proprietário.
A posse para fins de usucapião deve ter o animus domini (intenção de ser dono
e se comportar como tal).
Bens públicos NÃO PODEM SER USUCAPIDOS (art. 102, CC; arts.191,
parágrafo único e 183, § 3º da Constituição Federal).
Súmula 340 STF: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como
os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Súmula 619 do STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por
acessões e benfeitorias.
Parte 03
Lembrando que permissão e tolerância não induzem posse (art. 1.208, CC) para
usucapião e no caso de usucapião de herdeiros fica difícil saber se há apenas
tolerância ou permissão.
Existe a possibilidade? SIM, quando há posse exclusiva e ele rompe com os
outros herdeiros. Resp. 10978/RJ:
USUCAPIÃO. CONDOMINIO. PODE O CONDOMINO
USUCAPIR, DESDE QUE EXERÇA POSSE PROPRIA SOBRE
O IMOVEL, POSSE EXCLUSIVA. CASO, PORÉM, EM QUE O
CONDOMINO EXERCIA A POSSE EM NOME DOS DEMAIS
CONDOMINOS.
IMPROCEDENCIA DA AÇÃO (COD. CIVIL, ARTS. 487 E 640).
2. ESPÉCIE EM QUE NÃO SE APLICA O ART. 1.772,
PARAGRAFO 2. DO COD. CIVIL.
3. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
(REsp n. 10.978/RJ, relator Ministro Nilson Naves, Terceira
Turma, DJ de 9/8/1993, p. 15228.)
Ainda sobre bem público – que não pode ser usucapido – há o Resp. 556271/DF:
EMBARGOS DE TERCEIRO - MANDADO DE
REINTEGRAÇÃO DE POSSE - OCUPAÇÃO IRREGULAR DE
ÁREA PÚBLICA - INEXISTÊNCIA DE POSSE - DIREITO DE
RETENÇÃO NÃO CONFIGURADO.
1. Posse é o direito reconhecido a quem se comporta como
proprietário. Posse e propriedade, portanto, são institutos que
caminham juntos, não havendo de ser reconhecer a posse a
quem, por proibição legal, não possa ser proprietário ou não
possa gozar de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
2. A ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser
reconhecida como posse, mas como mera detenção.
3. Se o direito de retenção depende da configuração da posse,
não se pode, ante a consideração da inexistência desta, admitir
o surgimento daquele direito advindo da necessidade de se
indenizar as benfeitorias úteis e necessárias, e assim impedir o
cumprimento da medida imposta no interdito proibitório.
4. Recurso provido.
(REsp n. 556.721/DF, relatora Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJ de 3/10/2005, p. 172.)
E quando o imóvel não tem matrícula? Não quer dizer que o imóvel seja público.
Resp. 674558/RS:
O REGISTRO DE IMÓVEIS
É no cartório de registro de imóveis do local do imóvel que ocorre todo o
procedimento da usucapião extrajudicial – não é no tabelionato de notas. No
tabelionato de notas será lavrada a ata de posse para fins da usucapião, que
será um dos documentos apresentados ao registrador, mas não é o título. Da
mesma forma, o tabelião competente é o do local do imóvel (exceção à livre
escolha do tabelião).
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
TABELIÃO