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DIREITO DAS RELAÇÕES PRIVADAS III

DIREITO DAS COISAS

AULA 01

- o Direito das Coisas tem como característica a realização do registro, só será proprietário
aquele que apresentar o registro (contra todos); diferente do que ocorre no direito de pessoas
(efeito inter partes).
- o rol do Direito das Coisas é taxativo (não posso criar algo além), ou seja, não cabe às partes
criarem novos direitos reais – diferente dos direitos pessoais, que permitem a criação de
novos direitos conforme art. 425, CC.

● Direito das Coisas:


- conjunto de normas presentes no Direito Civil que buscam a proteção da propriedade de bens
corpóreos e incorpóreos independentemente da identificação dos sujeitos envolvidos;

● Princípios:
- o direito das coisas possui alguns princípios norteadores:
a) taxatividade (os bens/coisas são previstos em sua totalidade no nosso ordenamento
jurídico);
b) os bens imóveis e móveis poderão ser adquiridos por usucapião, criando um novo
proprietário através do registro;
c) havendo o compartilhamento de um bem, aquele que decidir se desfazer do mesmo, deverá
abrir preferência de aquisição por outros;
d) os bens podem ser abandonados pelo seu legítimo proprietário; e) pelo direito de sequela o
proprietário poderá perseguir o bem, reaver o bem independentemente de onde e com quem
esteja;
f) oponibilidade erga omnes possibilita que o proprietário do bem possa defender seu direito
de propriedade contra sujeitos públicos ou privados.

AULA 02

● Instituto da posse:
- art. 1.196, CC;
- posse é diferente de propriedade. Propriedade é mais ampla que posse e com maior
quantidade de poderes – o possuidor é aquele que tem conduta de proprietário sob o bem
(paga IPTU, condomínio, recebe correspondência…) mas não é proprietário, pois não dispõe
do bem;
- o proprietário sempre será possuidor, mas a recíproca não é a mesma.
- o art. 1.197, CC estabelece uma diferença entre posse direta e indireta. O possuidor direto é
aquele que se encontra no uso do bem, enquanto que o indireto é o legítimo proprietário;
- para evitar o abuso de poder, o possuidor direto pode defender o bem;
- para evitar a possibilidade de um sujeito adquirir um bem pelo simples fato de exercer função
laboral, nasce a figura do detentor. Conforme o art. 1.198, o detentor não é possuidor e logo,
para ele, não existe posse e, por consequência, não podemos falar em usucapião. O detentor
deve estar vinculado ao proprietário por uma subordinação: econômica, empregatícia…
- é importante ressaltar que o detentor perde o seu status a partir do momento em que ocorre o
rompimento do vínculo, transforma-se em possuidor e inicia-se o prazo para aquisição por
usucapião da propriedade – parágrafo único do art. 1.198, CC.
- o detentor deverá cuidar da posse, mas não será possuidor;
- qual momento em que se adquire uma posse? O CC não estabelece condição, situação e
hipóteses específicas – posse pode ocorrer por um contrato (locação) ou de maneira
incidental, sendo lícita ou ilícita, não necessitando de formalidade específica (art. 1.204 e
1.205).

AULA 03 (cont. da 2º)

- a posse pode ser transmitida para os herdeiros;


- se o possuidor falecer, o sucessor pode continuar o bem

● Presunção dos bens da posse


- art. 1.209, CC;
- a posse de um bem imóvel faz presumir, de maneira relativa (pode ser contrariada), a
possibilidade de utilização de todos os bens móveis que estão dentro da coisa – logo, o
aluguel de uma casa de praia permite que o possuidor use todos os bens, salvo previsão em
contrato estipulado pelo proprietário.

● Tolerância
- art. 1.208, CC;
- conceito indeterminado, ou seja, caberá ao juíz em cada caso concreto determinar se estamos
diante de um ato de tolerância ou de posse.
- a tolerância normalmente é identificada por um ato de solidariedade, voluntariedade e
reciprocidade.

AULA 04

● Efeitos da posse:
- a partir do art. 1.200/CC, vamos encontrar uma série de efeitos possessórios para o possuidor.
Já estudamos 2: o primeiro é o efeito de uso de bem, é básico e está presente em todas as
posses; o segundo é a possibilidade de usucapir o bem – tornar-se proprietário.
OAB: os efeitos da posse dependerão do status do possuidor: de boa-fé ou de má-fé.
- o possuidor de boa-fé é justo, lícito, não contém vício, não prejudica o bem e, na maioria das
vezes, conhece o proprietário – contrato de locação. O possuidor de má-fé é violento,
clandestino, injusto – invasor.
- o terceiro efeito da posse é a relação do possuidor com as benfeitorias. O possuidor de boa-fé
recebe todas as benfeitorias, se não receber, poderá reter o bem até o seu pagamento.
O pagamento deve ser feito pelo valor atual.
- por outro lado, o possuidor de má-fé receberá pelas benfeitorias necessárias, não tem direito à
retenção e o pagamento será feito no valor que o proprietário escolher;
- o quarto efeito da posse é quanto aos frutos. O possuidor de boa-fé terá direito a receber e ser
indenizado por todos os frutos que estiverem no bem, por aqueles pendentes e, até mesmo, os
antecipados pagando somente as despesas ao proprietário, conforme art. 1.214, CC. O
possuidor de má-fé não terá direito a nada dos frutos, somente o direito de despesa que
realizou, conforme art. 1.216, CC.

AULA 05

- o último efeito da posse em relação ao seu sujeito, é quanto à deterioração. O art. 1.217, CC e
1.218, CC estabelecem as consequências para com o possuidor de boa-fé e de má-fé.
Se de boa-fé e sem culpa, não responderá pela deterioração acidental, a obrigação é resolvida.
Se de má-fé, a regra é responder por tudo, inclusive caso fortuito e força maior, salvo se
provar que o prejuízo aconteceria mesmo estando de boa-fé ou se o proprietário estivesse no
bem – é ônus do possuidor provar a impossibilidade de evitar o dano.

● Defesa da posse e ações possessórias:


- iniciamos o estudo material da defesa da posse. Está prevista a partir do art. 1.210, CC.
A defesa pode ser judicial ou administrativa.
A perda pode ser total ou parcial.
- interdito proibitório: impedir que alguém ameace o bem
- o CC estabelece 3 relações: …….

AULA 06 (PENDENTE/FALTEI)

AULA 07

- a propriedade dos bens móveis ou imóveis poderá ser adquirida em algumas situações, A mais
usual é a via negocial pelo contrato (compra e venda ou doação); é também possível pela via
legal, onde a lei estabelece a hipótese – herança. Pela via judicial, quando depende da
autoridade do juíz por sentença.
- a propriedade móvel poderá ser adquirida pelo instituto da descoberta. Está previsto no art.
1.233, CC. Aquele que descobre algo, deverá restituir o bem ao seu legítimo proprietário;
caso não o encontre, haverá de entregar o bem à autoridade competente.
- por outro lado, se encontrar o legítimo proprietário, terá direito de exigir deste as seguintes
condutas: pagamento de pelo menos 5% do valor do bem encontrado – e das indenizações
comprovadamente apresentadas. Esta indenização deve ser calculada conforme o parágrafo
único do art. 1.234, CC.
- logo, leva em consideração o esforço, o transporte e todos .os meios utilizados para encontrar
o proprietário.
- OAB 1: se preferir, pode abandonar o bem e o descobridor será o proprietário.

- se o descobridor não encontrar o dono, entregará à autoridade. Feito edital, venderá o bem,
indeniza o descobridor e o restante do valor devolve ao município.
- OAB 2: se a venda foi infrutífera e o bem não interessa ao município, abandona-se e o
descobridor vira proprietário.

AULA 08

● Tradição:
- a 2º possibilidade de aquisição de bens móveis é a tradição, está prevista no art. 1.267, CC.
Os bens imóveis só são adquiridos pelo registro em cartório, é ato formal e solene para sua
aquisição. Por outro lado, os bens móveis não precisam de solenidade, será proprietário na
entrega do bem, quando o vendedor transferir a coisa surge a propriedade com a tradição –
OAB: tudo que ocorrer no bem móvel antes da sua entrega é de responsabilidade do
vendedor, é o chamado “res perit domino”.
O artigo 1.267, CC relata que, mesmo celebrado o negócio jurídico, a propriedade só ocorre
com a tradição.

● Achado de tesouro:
- a 3º possibilidade de aquisição, é o chamado achado de tesouro, previsto no art. 1.264, CC.
Não se confunde com a descoberta, pois nesta a perda é recente, o proprietário está
procurando a mesma, o bem é atual. No achado, o proprietário não lembra do bem,
desconhece o dono, normalmente é vinculado aos seus ancestrais e se o terceiro encontrar,
deve, em regra, dividir o seu valor.
- o art. 1.265, CC estabelece 3 hipóteses, são elas:
a) se o funcionário encontrar o bem, deve ser dividido;
b) se o funcionário for contratado para encontrar o bem, será do proprietário da terra;
c) se o sujeito está de má-fé e não autorizar, será do dono da terra.

● Usucapião:
- instituto civil/constitucional, pois tem previsão nestes 2 ordenamentos.
A usucapião não ocorre de maneira automática, necessita de um pedido específico na via
judicial (em regra) e a sentença do juíz;
- os bens públicos não são passíveis de usucapião;
- é aquisição de propriedade originária, pois o sujeito interessado não possui relação com o
proprietário;
- a usucapião é aplicada, levando em consideração a função social da propriedade.

AULA 09

● Usucapião extraordinária
- a usucapião apresenta uma série de espécies que irão variar em seus requisitos, levando em
consideração a boa-fé ou má-fé do possuidor.
A 1º é chamada de usucapião extraordinária, prevista no art. 1.238, CC.
Seu prazo é, em regra, de 15 anos;
É ininterrupto e sem oposição, leia-se o possuidor continua no bem e existe a inércia do
proprietário;
O possuidor está de má-fé – violento, injusto, clandestino;
Necessita de declaração judicial ou sentença e registro no cartório de imóveis;
Deve garantir ao proprietário ampla defesa e contraditório;
O legislador se preocupou não com o tamanho da propriedade, a área dela, sua localização,
quem é o dono e sim se ela é produtiva (função social), prova disto é o prazo reduzido para 10
anos, quando o possuidor estabelecer sua morada ou realizar serviços que tornem o bem
produtivo.

● Usucapião por abandono de lar


- Seu prazo é de 2 anos ininterruptamente e sem oposição;
Aplicado nos imóveis urbanos de até 250m²;
Cabe quando houver abandono de lar por ex-cônjuge ou ex-companheiro, desde que o sujeito
não possua propriedade de outro imóvel urbano ou rural;
OAB: o cônjuge ou ex-companheiro que estiver no bem, pode usá-lo para sua moradia ou de
sua família;

● Usucapião ordinária
- a 3º modalidade de usucapião é a chamada usucapião ordinária; está prevista no art. 1.242,
CC.
Não há grandes diferenças quanto ao fato de ser contínua e sem oposição;
Seu prazo inicial é de 10 anos;
Nesta, haverá a boa-fé e o justo título (documento) que comprovam a intenção do agente;
O prazo será diminuído para 5 anos se provada a moradia e o exercício produtivo;
Ela independe de área ou localização;
Seu possuidor precisará de sentença judicial declaratória.

AULA 10

- a CF acrescentou 2 outras possibilidades de usucapião. São elas: especial urbana e especial


rural.
Em ambas, o prazo é de 5 anos. Na primeira, só ocorrerá em área urbana com imóvel até
250m², enquanto que a segunda, em área rural de até 50hect.

- DICAS P/ PROVA:
a) analisar a boa-fé ou má-fé; se de má-fé, já pode ser extraordinária;
b) se for proveniente de separação, já será de abandono de lar;
c) se for urbano, analisar o tamanho do imóvel, pois pode ser ordinária, extraordinária, especial
urbana ou abandono de lar;
d) se for rural, só caberá extraordinária com má-fé, ordinária com imóvel acima de 50hect. e
especial com imóvel abaixo da 50hect.

- a propriedade também poderá ser adquirida por ação humana ou pela natureza. Nesta última,
o fenômeno da natureza possibilita o aumento da propriedade e, consequentemente, o valor
dela, sem qualquer participação humana.
a) formação de ilhas, conforme art. 1.249, CC. Será proprietário da ilha, os ribeirinhos
de cada lado da margem e, se nascerem no meio, serão divididos.
b) Pelo abandono de álveo, previsto no art. 1.252, se houver a mudança do percurso do
rio e, por consequência a seca na outra parte, esta será adquirida pelo proprietário.
c) O aluvião: o aumento da propriedade se dá de maneira imperceptível, por depósitos e
aterros naturais ao longo da margem. Não se reconhece o antigo dono e,
consequentemente, não há indeização.
d) Pela avulsão: prevista no art. 1.251, CC a incorporação ocorre por força natural, mas
violenta. Se conhece o antigo proprietário e logo, haverá indenização ou a permissão
para a remoção da parte acrescida. O prazo para pleitear é de 1 ano.
AULA 11

● Servidão
- iniciamos o estudo do instituto da servidão; está previsto no art. 1.378, CC.
A palavra servidão vem de servir e, neste caso, um imóvel servirá ao outro, para que este
último possa alcançar suas necessidades e utilidades.
Temos um imóvel dominante e um serviente.
A servidão poderá ser realizada de maneira onerosa ou gratuita, a depender da exigência de
pagamento.
Na servidão não haverá aquisição de propriedade, mas sim a concessão de uso gratuito ou
oneroso.

- A servidão poderá ser criada pela vontade das partes através de um ato negocial, é a maneira
comum. Por outro lado, em algumas situações, é necessário o ajuizamento de uma ação para
que o juíz determine a instituição da servidão. Por fim, o poder público também pode
interferir e impor a criação da servidão com fundamento da supremacia do interesse público
sobre o privado.
A servidão pode ser aparente ou oculta a depender da sua visualização; a servidão só
produzirá efeito para todos depois de registrada, caso contrário, só valerá entre as partes e,
assim, o sujeito que comprar um imóvel com servidão só obedecerá aquela que estiver
registrada.

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