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DIREITO DAS COISAS

REINTEGRAÇÃO E MANUTENÇÃO DE POSSE

1. CARACTERÍSTICAS

- Embora apresentem semelhantes, a ação de manutenção de posse é


cabível na hipótese em que o possuidor sofre turbação em seu exercício, mas
continua na posse dos bens. Em caso de esbulho, em que o possuidor vem a
ser privado da posse, adequada é a de reintegração de posse.

2. REQUISITOS

- Posse: a prova da posse é o primeiro requisito para a propositura das


referidas ações. Quem nunca a teve não pode valer-se dos interditos.

- Turbação: é todo ato que embaraça o livre exercício da posse. Deve


também ser provada pelo autor. Só pode ser de fato, e não de direito, pois
contra atos judiciais cabem embargos e outros meios próprios de defesa.

- Esbulho: acarreta a perda da posse contra a vontade do possuidor.


Resulta de violência, clandestinidade ou precariedade. O esbulho resultante da
precariedade é denominado esbulho pacífico.

- Data da turbação ou do esbulho: a prova da data da turbação ou do


esbulho determina o procedimento a ser adotado. Se praticado há menos de
ano e dia do ajuizamento, será o especial, com pedido de liminar. Passado
esse prazo, será adotado o rito comum, não perdendo, contudo, o caráter
possessório (CPC, art. 558, parágrafo único).

- Continuação ou perda da posse: na ação de manutenção de posse, o


autor deve provar que, apesar de ter sido molestado, ainda a mantém. Se não
mais conserva a posse, por ter sido esbulhado, terá de ajuizar ação de
reintegração de posse.

3. PROCEDIMENTO

- Petição inicial: deve atender os requisitos estabelecidos pelo CPC.

- Liminar inaudita altera parte: será concedida se a inicial estiver


devidamente instruída com prova dos fatos mencionados no art. 561 do CPC:
posse, turbação ou esbulho ocorridos há menos de ano e dia etc.

- Liminar após justificação prévia: caso a inicial não esteja devidamente


Instruída, poderá ser deferida após a realização de audiência de justificação
prévia.

- Liminar contra pessoa jurídica de direito público: somente pode ser


deferida depois de ouvido o seu representante judicial (CPC, art. 562,
parágrafo único), ainda que devidamente provados os requisitos do art. 561.

- o recurso cabível contra decisão que concede ou denega medida


liminar, de natureza interlocutória, é o agravo de instrumento (CPC, art. 1.015).

- Contestação e rito comum: Concedida ou não a liminar, deverá o autor


promover, nos cinco dias subsequentes, a citação do réu, para que ofereça
contestação (CPC, art. 564). Se for realizada a justificação prévia, com citação
do réu, o prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que
deferir ou não a liminar (parágrafo único).

INTERDITO PROIBITÓRIO

1. CARACTERÍSTICAS
- É a terceira ação tipicamente possessória. Tem caráter preventivo, pois
visa a impedir que se concretize uma ameaça à posse.

2. REQUISITOS

- Posse atual do autor.

- ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu

- justo receio de ser efetivada a ameaça.

3. COMINAÇÃO DE PENA PECUNIÁRIA (MULTA)

- O interdito proibitório assemelha-se à ação cominatória, pois prevê,


como forma de evitar a concretização da ameaça, a cominação ao réu de pena
pecuniária, caso transgrida o preceito. Se a ameaça vier a concretizar-se no
curso do processo, o interdito proibitório será transformado em ação de
manutenção ou de reintegração de posse, concedendo -se a liminar apropriada
e prosseguindo-se no rito comum.

DEMAIS EFEITOS DA POSSE

1. FRUTOS

- Os frutos devem pertencer ao proprietário, como acessórios da coisa.


Essa regra, contudo, não prevalece quando o possuidor está possuindo de
boa-fé, isto é, com a convicção de que é seu o bem possuído.

- Os frutos são acessórios, pois dependem da coisa principal.


Distinguem-se dos produtos, que também são coisas acessórias, porque não
exaurem a fonte, quando colhidos. Reproduzem-se periodicamente, ao
contrário dos produtos. Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente
produz.

- Espécies: a) quanto à origem (naturais, industriais e civis); b) quanto ao


estado (pendentes, percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos e
consumidos).

- o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos


percebidos.

- possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,


bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em
que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

2. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORIZAÇÃO DA COISA

- o possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da


coisa, a que não der causa, ou seja, se não agir com dolo ou culpa. O
possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na
posse do reivindicante.

3. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS

- O possuidor tem o direito de ser indenizado pelos melhoramentos que


introduziu no bem. As benfeitorias podem ser: a) necessárias (tem por fim
conservar o bem); b) úteis (que aumentam ou facilitam o uso do bem) e c)
voluptuárias (de mero deleite ou recreio).

- “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias


necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem
pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis”
(CC, art. 1.219).
- “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem
o de levantar as voluptuárias” (art. 1.220).

- “As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao


ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem” (art. 1.221).

- “O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de


má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor
de boa -fé indenizará pelo valor atual” (art. 1.222).

4. DIREITO DE RETENÇÃO

- Consiste o ius retentionis num meio de defesa outorgado ao credor, a


quem é reconhecida a faculdade de continuar a deter a coisa alheia, mantendo-
a em seu poder até ser indenizado pelo crédito, que se origina, via de regra,
das benfeitorias ou de acessões por ele feitas.

- Via de regra, o direito de retenção deve ser alegado em contestação


para ser reconhecido na sentença.

PROPRIEDADE

1. CONCEITO

- Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos


reais e o núcleo do direito das coisas. O art. 1.228 do CC não oferece uma
definição de propriedade, apenas enunciando os poderes do proprietário.
2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

- direito de usar (jus utendi).

- direito de gozar ou usufruir (jus fruendi).

- direito de dispor da coisa (jus abutendi);

- direito de reaver a coisa (rei vindicatio).

3. AÇÃO REIVINDICATÓRIA

- Pressupostos: a) a titularidade do domínio, pelo autor, da área


reivindicanda; b) a individuação da coisa; c) a posse injusta do réu (desprovida
de título).

- Natureza jurídica: Tem caráter essencialmente dominial e por isso só


pode ser utilizada pelo proprietário, por quem tenha jus in re. É, portanto, ação
real que compete ao senhor da coisa.

- Legitimidade ativa:

a) compete a reivindicatória ao senhor da coisa, ao titular do domínio;


b) não se exige que a propriedade seja plena. Mesmo a limitada, como
ocorre nos direitos reais sobre coisas alheias e na resolúvel, autoriza
a sua propositura;
c) cada condômino pode, individualmente, reivindicar de terceiro a
totalidade do imóvel (CC, art. 1.314);
d) o compromissário comprador, que pagou todas as prestações, possui
todos os direitos elementares do proprietário e dispõe, assim, de
título para embasar ação reivindicatória.
- legitimidade passiva:

a) a ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou detém a


coisa, sem título ou suporte jurídico;
b) a boa-fé não impede a caracterização da injustiça da posse, para fins de
reivindicatória;

3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE

- direito exclusivo (no condomínio, recai sobre a parte ideal).

- direito ilimitado (pleno) ou absoluto.

- direito irrevogável ou perpétuo, pois não se extingue pelo não uso.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

1. HIPÓTESES LEGAIS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

- usucapião.

- registro do título de transferência no Registro do Imóvel.

- acessão.

- direito hereditário.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS MODOS AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL


- Quanto à causa ou procedência da aquisição: a) originária: não há
transmissão de um sujeito para outro, como ocorre na acessão natural e na
usucapião; b) derivada: a aquisição resulta de uma relação negocial entre o
anterior proprietário e o adquirente.

- Quanto ao objeto: a) a título singular: quando tem por objeto bens


individualizados, particularizados; b) a título universal ou coletivo: quando a
transmissão da propriedade recai num patrimônio, como ocorre na sucessão
hereditária (única forma admitida pelo nosso direito).

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