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5. EMBARGOS DE TERCEIRO (arts.

674 a 681 do CPC):

- ação especial que protege a posse ou a propriedade de bens


atingidos por ato judicial de constrição oriundo de um
processo do qual a pessoa atingida na faz parte (é terceiro
prejudicado);
Atenção: essa ação também protege a posse, mas a
diferença dos embargos de terceiro em relação às ações
possessórias é o fato de que a turbação ou esbulho da posse
sobre o bem advém de medidas judiciais (decisão judicial,
acórdão ou sentença proferida em processo em curso).
- Veja a súmula 84 do STJ, segundo a qual “é admissível a
oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel,
ainda que desprovido do registro”.
- pode ser preventivo (ameaça de constrição de bens) ou
repressivo (o bem já foi atingido por ato judicial)
 Veja o que diz o CPC:
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o
ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.
- requisitos processuais para utilização dos embargos de
terceiro:

• Existência de processo judicial em tramitação;


Art. 676. Os embargos serão distribuídos por
dependência ao juízo que ordenou a constrição e
autuados em apartado.
Ou seja, a competência para o julgamento dos embargos
de terceiro é do mesmo Juízo que ordenou a constrição
do bem no processo principal;

• Ato judicial de constrição de bens – rol exemplificativo -


arresto, sequestro, bloqueio, depósito, penhora, restrição
de circulação, restrição de transferência, etc...

• Terceiro prejudicado que não é parte no processo;

- Finalidade: inibição, desfazimento ou cancelamento do ato


judicial de constrição do bem;
- Legitimidade ativa: O parágrafo 2º do art. 674 do CPC
esclarece quem seria o terceiro (possuidor ou proprietário)
que tem legitimidade ativa para usar dos embargos para atacar
ato judicial:

1. o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse


de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o
disposto no art. 843 do CPC (bem indivisível);

Atenção: Na pendência de julgamento de embargos de


terceiro opostos por ex-cônjuge meeira, até que se decida
sobre a eventual responsabilidade pela dívida do devedor
primário, o bem indivisível somente poderá ser
alienado se o valor da alienação for suficiente para
assegurar ao coproprietário 50% do valor de avaliação
do bem, respeitando-se as regras do parágrafo 2º do
artigo 843 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015.

2. o adquirente de bens cuja constrição decorreu de


decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução;
Veja a Súmula 195 do STJ que estabelece que “em
embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude
contra credores”.

3. quem sofre constrição judicial de seus bens por força de


desconsideração da personalidade jurídica, de cujo
incidente não fez parte;
4. o credor com garantia real para obstar expropriação
judicial do objeto de direito real de garantia, caso não
tenha sido intimado, nos termos legais dos atos
expropriatórios respectivos.

- Legitimidade passiva dos embargos de terceiro (Atenção: a


ação não é contra o juiz que determinou a constrição do bem)
 Veja o que diz o CPC:
Art. 677, §4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato
de constrição aproveita, assim como o será seu adversário
no processo principal quando for sua a indicação do bem
para a constrição judicial.
- Prazo para utilizar os embargos de terceiro:
O terceiro pode opor embargos:

 no processo de conhecimento: a qualquer tempo


enquanto não transitada em julgado a sentença;

 no cumprimento de sentença e no processo de


execução: até 5 dias depois da adjudicação, da
alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta (ato se
torna perfeito e irrevogável).

- Procedimento:
- Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua
posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro,
oferecendo documentos e rol de testemunhas. Pedido de
cancelamento, anulação ou inibição do ato judicial de
constrição do bem;
Atenção: quando se proteger apenas a posse, o valor da
causa na petição inicial deve considerar a expressão
econômica da posse, que não obrigatoriamente coincide com o
valor da propriedade;
- O embargante pode fazer requerimento de liminar (tutela de
urgência) para permanecer com o bem constrito até o
julgamento da ação;
- havendo dúvida sobre a prova da posse, o juiz poderá
designar de audiência preliminar (de justificação de posse –
prova apenas testemunhal);
- A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio
ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas
sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a
manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o
embargante a houver requerido. (O Juiz pode determinar a
prestação de caução - garantia pelo embargante)
- citação do embargado (na pessoa do advogado constituído
na ação principal; a citação será pessoal se não tiver adv na
ação principal);
- Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15
(quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.
- Fase probatória;
- julgamento - sentença:
 julga procedente o pedido: o ato de constrição judicial
indevida será cancelado, com o reconhecimento do
domínio, da manutenção da posse ou da reintegração
definitiva do bem ou do direito ao embargante.
 julga improcedente o pedido: mantém a constrição
judicial sobre o bem (o embargante perde a posse ou
propriedade sobre a coisa)

 Teste seu conhecimento:


Os embargos de terceiro são ações cujos contornos foram
significativamente alterados pelo Código de Processo Civil de
2015. Com base nessa legislação, assinale a alternativa
correta.

a) Julgado procedente o pedido inicial, o ato de constrição


judicial indevida será cancelado, sendo, todavia, vedado o
reconhecimento do domínio do bem ou do direito em prol do
embargante.
b) Os embargos de terceiros destinam-se à defesa da posse
decorrente de constrição ou ameaça de constrição sobre bens
que possua, não tendo legitimidade o terceiro proprietário.
c) A decisão que reconhecer estar provado o domínio ou a
posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre
os bens litigiosos objeto dos embargos, e também, se o
embargante assim houver requerido, a manutenção ou a
reintegração provisória da posse.
d) Tem legitimidade para opor embargos o credor com garantia
real, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos
expropriatórios respectivos, podendo o embargado alegar em
sua defesa qualquer matéria que lhe aproveite.

Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou


ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro. Considera-se terceiro para efeitos da
lei o seguinte:

a) quem sofre constrição judicial de seus bens por força de


desconsideração da personalidade jurídica, que tenha sido
parte no incidente.
b) o credor sem garantia para obstar expropriação judicial do
objeto de direito real de garantia, caso tenha sido intimado, nos
termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
c) O devedor que figura no processo de execução como
executado.
d) o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão
que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução.

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