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FACULDADE DE DIREITO E CIÊNCIAS SOCIAIS DO LESTE DE MINAS

FADILESTE

Bárbara Ferreira Lopes


7º Período
Prof. Marcus Satler Rocha

SUJEITOS PROCESSUAIS

Bárbara Ferreira Lopes


7º Período
Prof. Marcus Satler Rocha
FACULDADE DE DIREITO E CIÊNCIAS SOCIAIS DO LESTE DE MINAS

Reduto/MG
2023

Medidas Assecuratórias
Uma das principais funções do processo penal é a de assegurar uma proteção
a todos os direitos da vítima, dentre os quais o de ver realizada a justiça penal e o de
ter reparados todos os seus prejuízos decorrentes da infração penal. À vista disso,
cresce muito em importância o estudo das chamadas medidas assecuratórias.
Medidas assecuratórias são providências cautelares de natureza processual,
urgentes e provisórias, determinadas com o fim de assegurar a eficácia de uma
futura decisão judicial, seja quanto à reparação do dano decorrente do crime, seja
para a efetiva execução da pena a ser imposta.
Portanto, são medidas de caráter instrumental, uma vez que têm como
finalidade impedir o prejuízo que teria em virtude da demora na conclusão da ação
penal.
Existem três espécies de medidas assecuratórias: o sequestro, a hipoteca
legal e o arresto:

I. Sequestro
Trata-se de medida destinada a efetuar a constrição dos bens imóveis ou móveis
adquiridos com os proventos da infração penal, ou seja, o proveito do crime.
Art. 125.  Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo
indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido
transferidos a terceiro.

O sequestro cautelar destina-se a evitar que o acusado, aproveitando-se da


natural demora na prestação jurisdicional, dissipe esses bens durante o processo
criminal, tornando impossível o futuro confisco. Tecnicamente, sequestro é a
retenção de um objeto específico, cuja propriedade se discute, recaindo sobre bem
determinado.
De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), o sequestro pode ser
decretado tanto na fase do inquérito policial quanto ao longo da ação penal, art. 127
do CPP.
Art. 127.  O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial,
poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda
antes de oferecida a denúncia ou queixa.
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Para requisitar o sequestro não se exige prova plena, sendo suficiente a


demonstração de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, já que nessa
fase vigora o princípio do in dubio pro societate. Podemos entender como tal a
probabilidade séria de que o bem tenha proveniência ilícita.
Além disso, o sequestro poderá ser decretado somente pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou do ofendido, bem como, mediante
representação da autoridade policial. Após efetividade a medida assecuratória o art.
128 do CPP, ordena sua inscrição do Registro de Imóveis, a fim de tornar pública a
restrição, garantir a eficácia do provimento condenatório final, assim como, proteger
o interesse de terceiro contra uma possível evicção.
Art. 128.  Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua
inscrição no Registro de Imóveis.

Nos termos do art. 131 do CPP, o sequestro poderá ser levado, ou seja, o
sequestro como se trata de uma medida acautelatória poderá ser revogada ou
substituída, quando apresentar qualquer das hipóteses expressas no art. 131 do
CPP.

Art. 131.  O seqüestro será levantado:

I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias,


contado da data em que ficar concluída a diligência;

II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens,


prestar caução que assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b,
segunda parte, do Código Penal;

III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por


sentença transitada em julgado.

O sequestro, por ser uma medida cautelar, pode ser revogado ou substituído
a qualquer tempo.

Tendo havido sequestro de bens imóveis ou móveis e transitado em julgado a


sentença condenatória sem que tenham sido levantados, o juiz, de ofício ou a
requerimento do interessado, ainda que estranho à ação penal, determinará a
avaliação e a venda dos bens em leilão público. Descontadas as despesas, será o
produto que couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé a ele entregue, recolhido o
saldo, se houver, ao Tesouro Nacional. A competência para tais diligências é do
juízo criminal. Não havendo licitante, o bem pode ser adjudicado à vítima.

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz,


de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público,
determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo
perdimento tenha sido decretado.     (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que


não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.     (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
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§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário


Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial.

Por fim, deve-se salientar quanto ao sequestro de bens móveis, é necessário


bastante atenção, pois quando os bens forem produtos diretos do crime não caberá
o sequestro, mas sim a medida de busca e apreensão prevista no art. 240 do CPP.
Porém se for considerado provento da infração, estará sujeito ao sequestro.

Além disso, ressalte-se que caberá o recurso de apelação para a sentença


que concede ou negue o sequestro.

II. Hipoteca Legal

Hipoteca legal é o direito real em virtude do qual um bem imóvel, que continua
em poder do devedor, asseguro ao credor, precipuamente, o pagamento da
dívida. Essa medida assecuratória tem finalidade diversa do sequestro. Aqui não
se busca a constrição cautelar de bens de origem ilícita, ao contrário, a medida
recai sobre o patrimônio lícito do réu ou indiciado, visando à futura reparação do
dano ex delicto.

Ou seja, a hipoteca legal, visa assegurar a indenização do ofendido pela


prática do crime, bem como ao pagamento das custas e defesas processuais.

Conforme preceitua o Código Penal, em seu art. 91, I, é efeito automático e


genérico de toda e qualquer condenação criminal tornar certa a obrigação de
reparar o dano cível resultante da infração penal.

A hipoteca legal é prevista também no Código Civil brasileiro em favor do


ofendido ou seus herdeiros sobre os imóveis do delinquente necessários para
garantir a satisfação do dano causado pelo delito e o pagamento de custas art.
1.489, III, CC. Para efetivá-la, a parte fará um requerimento especificando qual a
estimativa do valor da responsabilidade civil e os imóveis que deseja ver
registrados no Cartório de Registro de Imóveis com esse ônus real. Tal
requerimento é chamado de “especialização da hipoteca legal” e está previsto no
art. 135 e parágrafos do CPP. Deve ser autuado em apartado para não tumultuar
o processo, já que o juiz deverá determinar a avaliação dos imóveis que se quer
especificar e o valor provável da futura indenização.

De acordo com o art. 134 do CPP, a hipoteca legal é uma medida processual,
ou seja, é cabível apenas na fase processual, uma vez que sua redação dispõe:
“a hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo
ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e
indícios suficientes da autoria”. Nesse ponto, é importante destacar uma crítica à
confusão contida no texto legal do referido dispositivo, pois se utiliza o termo
indiciado, quando o correto seria réu, já que trata-se de uma medida tipicamente
processual.

A hipoteca pode ser requerida em qualquer fase do processo.


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O requerimento de inscrição da hipoteca, em que a parte deve mencionar o valor


da responsabilidade civil e designar e estimar o imóvel ou imóveis que terão de ficar
hipotecados, deve ser instruído com as provas ou indicações de provas em que se
funda o pedido, com a relação dos imóveis que o responsável possuir, além dos que
tenham sido indicados para a inscrição, com os documentos comprobatórios do
domínio. A avaliação do imóvel ou imóveis deve ser feita pelo avaliador judicial ou,
na falta deste, pelos peritos nomeados pelo juiz. Após este procedimento, o juiz
concede às partes o prazo, que corre em Cartório, de dois dias para se
manifestarem. O requerente, o réu e o Ministério Público devem ser ouvidos, pois a
medida cautelar se destina a garantir o pagamento das sanções penais pecuniárias
e das despesas processuais. Não se determinará a inscrição se o réu oferecer
caução na forma descrita pelo art. 135 do Código de Processo Penal.
Da decisão que manda inscrever, ou não, a hipoteca legal cabe recurso de
apelação.

III. Arresto

Trata-se de medida semelhante à hipoteca legal, com as mesmas


características e finalidades, apenas com uma diferença: recai sobre bens
móveis. Ou seja, o arresto consiste na retenção de qualquer bem do acusado,
com a finalidade de assegurar à vítima o ressarcimento do dano, evitando-se a
dissipação do patrimônio do acusado.

Arresto previsto no art. 136 do CPP, uma vez que, embora este último
também vise a garantir a futura indenização pelo dano ex delicto, seu objeto são
bens imóveis, a serem, dentro do prazo subsequente de 15 dias, inscritos em
hipoteca legal.

As coisas arrestadas saem do poder do proprietário e são entregues a terceiro


estranho à demanda, a quem cabem, consequentemente, o depósito e a
administração. Determina-se, porém, que das rendas dos bens móveis deverão
ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz para a manutenção do indiciado ou
réu de sua família.

O processo de especialização do arresto, bem como, o da hipoteca legal


correrão em auto apartado (art. 138 do CPP). Quanto ao levantamento ou
cancelamento do arresto, ocorrerá em virtude da absolvição do réu ou extinção
da punibilidade por sentença irrecorrível. Passando em julgado a sentença
condenatória os autos tanto da hipoteca quanto do arresto serão remetidos ao
juiz cível.

O Ministério Público tem legitimidade para promover a especialização da


hipoteca legal sobre bens imóveis, já do arresto sobre bens móveis, nos casos
em que houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e
requerer (art. 142 do CPP).
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Bibliografia

CURSO DE PROCESSO PENAL, FERNANDO CAPEZ, 2022;

MEDIAS ASSECURATÓRIAS E PROVAS NO ÂMBITO DO PROCESSO PENAL,


Medidas assecuratórias e provas no âmbito do processo penal - Jus.com.br | Jus Navigandi.

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