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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).

Aluno Olivia Oliveira Guimarães


DIREITO PROCESSUAL CIVIL CPF - 04326633123
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS

EXECUÇÃO OU TUTELA EXECUTIVA

CONCEITO

Execução é a atividade jurisdicional que visa à satisfação de um crédito estampado num título
executivo judicial ou extrajudicial.
Enquanto a fase processual de conhecimento tem em mira a busca de uma sentença que
reconheça a existência do direito material, na fase executiva o direito já esta reconhecido, em
sentença ou outro título executivo, e, por isso, o seu escopo é por em ação os atos materiais
previstos em lei para a satisfação do direito material.
Noutras palavras, execução é a atividade jurisdicional que visa compelir o devedor a efetuar o
pagamento, isto é, o cumprimento da prestação devida.

TERMINOLOGIA

A execução de título judicial denomina-se cumprimento de sentença. O título executivo


judicial pode consistir em sentença, acórdão e decisão interlocutória.
A execução de título extrajudicial denomina-se processo de execução.

INSTAURAÇÃO DA EXECUÇÃO

Execução mediata é a que se instaura através de um processo autônomo. Exige petição inicial
e citação pessoal do devedor. É o que ocorre com a execução de título extrajudicial.
Execução imediata é a segunda fase do processo sincrético. Esta execução é denominada
cumprimento de sentença. Instaura-se por simples requerimento, intimando-se o devedor, através
do seu advogado, de modo que não há citação, pois esta já ocorreu na fase de conhecimento. É o
caso da execução de título judicial.
As principais diferenças são que o processo autônomo exige petição inicial e citação, ao passo
que a fase de cumprimento de sentença é instaurada sem essas duas formalidades. Outra diferença
é que no cumprimento de sentença de dívida em dinheiro, o devedor é intimado para cumprir a
obrigação em 15 (quinze) dias, ao passo que no processo autônomo de execução de título
extrajudicial ele é citado para cumprir a obrigação no prazo de 3 (três) dias.
Conforme se verá adiante, o cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa, de
fazer ou não fazer, pode ser instaurado de ofício pelo juiz, mas quando se tratar de obrigação de
pagar quantia certa, a execução não pode ser instaurada de ofício, pois se exige requerimento do
credor. Quanto à execução de título extrajudicial, também não pode ser instaurada de ofício pelo
juiz.

MULTA DIÁRIA OU COMINATÓRIA OU ASTREINTES

É a imposta pelo juiz, para o caso de descumprimento da obrigação de dar, fazer ou não fazer.
O juiz pode impor essa multa de ofício. Com efeito, dispõe o art. 537 do CPC: “A multa independe
de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou
na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que
se determine prazo razoável para cumprimento do preceito”.

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De acordo com o § 1o do art. 537, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o


valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa
para o descumprimento.
Quando o valor da multa estiver fixado na sentença ou no título executivo extrajudicial, creio
que o juiz não poderá majorá-la, por força da coisa julgada. Igualmente se o valor estiver fixado em
título executivo extrajudicial, pois são as partes que a fixaram em determinado patamar,
prevalecendo o princípio da autonomia da vontade. Em ambas as hipóteses, o juiz poderá reduzir o
valor da multa se for excessivo (parágrafo único do art. 814 do CPC).

A redução, pode ser feita a qualquer tempo, pois a lei não lhe impõe limite temporal,
justamente para evitar o enriquecimento sem causa e o abuso de direito do credor que opta em
deixar a multa fluir em vez de pedir a conversão da obrigação em perdas e danos, mesmo ciente da
ineficácia da multa.
O valor da multa será devido ao exequente (§ 2o do art. 537 do CPC). Portanto, esta multa não
é revertida para o Estado.
A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em
juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte
(§ 3o do art. 537 do CPC). Pendente qualquer recurso, a multa ainda não poderá ser levantada.
A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá
enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado (§ 4o do art. 537 do CPC). A súmula 410
do Superior Tribunal de Justiça dispõe que: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui
condição necessária para a cobrança da multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer”.
O eventual agravo de instrumento, em regra, não tem efeito suspensivo, de modo que não
impede a cobrança da multa. Todavia, na ação civil pública (art. 12, § 5º, da Lei 7.347/1985), no
Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 243, § 3º, da Lei 8.069/90) e no Estatuto do Idoso (art.
83, § 3º, da Lei 10.741/2003), a multa só pode ser exigida após o trânsito em julgado da decisão que
a fixou.
A finalidade dessa multa é coercitiva, pressionar o devedor a cumprir a obrigação. Não tem
finalidade ressarcitória, tanto é que é cumulativa com as perdas e danos. O valor da multa não é
previsto na lei, fica ao prudente arbítrio do juiz, podendo inclusive ultrapassar o valor da própria
obrigação. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, no Juizado Especial, a multa não se limita
ao teto de quarenta salários mínimos.
O beneficiário da multa, conforme já dito, é o credor, e não o Estado. O Superior Tribunal de
Justiça admite a aplicação dessa multa à Fazenda Pública, e não ao agente público, pois este não
figura como parte no processo.

PARTES NA EXECUÇÃO

LEGITIMIDADE ATIVA

A execução, que abrange tanto o processo executivo autônomo quanto a fase de


cumprimento da sentença, pode ser promovida:
a) pelo credor a quem a lei confere título executivo, seja a obrigação de dar, fazer ou não
fazer. Por força do art. 23 da Lei 8.906/94, o advogado pode executar, em nome próprio, os

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honorários advocatícios arbitrados pela sentença, tendo também a opção de incluir essa verba no
cálculo do exequente.
b) espólio, herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante título executivo. Trata-se de legitimidade ordinária por sucessão
causa mortis. Se o credor morrer antes de iniciar a execução, os sucessores devem comprovar a
legitimidade ativa. Se a morte ocorrer no curso da execução, suspende-se o processo para que haja
a habilitação dos sucessores. Em princípio, a execução é movida ou prosseguida pelo espólio,
representado pelo inventariante legal, mas os herdeiros podem ingressar como assistentes. Se
ainda não houver inventariante, a representação do espólio é pelo administrador provisório
(pessoa que está na posse dos bens da herança), caso também não haja, o espólio será
representado por todos os herdeiros em litisconsórcio necessário. Quando o inventariante for
dativo, o espólio será representado pelo inventariante em litisconsórcio necessário com todos os
herdeiros e sucessores do falecido (art. 75 do CPC).
Após a partilha dos bens, extingue-se o espólio, portanto, o legitimado para a execução será o
herdeiro ou legatário a quem couber o crédito que é objeto da execução.
c) pelo cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato
inter vivos. O cessionário, isto é, adquirente do crédito, é legitimado ordinário por sucessão inter
vivos, pois ele substitui o credor na obrigação.
d) pelo sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
e) pelo Ministério Público, nos casos que a lei o autoriza.
Nas hipóteses de sucessão inter vivos e de sub-rogação, a sucessão no polo ativo da execução
independe do consentimento do executado (§2º do art. 778 do CPC). Note-se que, na fase de
conhecimento, o sucessor inter vivos só pode substituir o cedente mediante concordância da parte
contrária (§1º do art. 109 do CPC). Tanto na fase de conhecimento quanto na de execução, nada
obsta que o processo prossiga com o credor anterior, que cedeu o seu crédito no curso da ação,
que passa a atuar como substituto processual do cessionário.

LEGITIMIDADE PASSIVA

De acordo com o art. 779 do CPC, são sujeitos passivos da execução:


a) o devedor que figura no título executivo.
b) o espólio, herdeiros ou sucessores do devedor do morto, até as forças da herança. Antes da
partilha, o executado morto é substituído pelo espólio e após a partilha pelos herdeiros que
respondem, de forma divisível, até o limite do que herdaram na dívida.
c) o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do
título executivo. Trata-se da assunção da dívida, instituto que mantém intacta a obrigação,
operando-se, no entanto, a troca do devedor. Na novação subjetiva passiva, há também a troca do
devedor, mas a dívida anterior é extinta com o consentimento do credor, sendo, pois, causa de
extinção da execução, mas outra pode ser movida contra o novo devedor, ao passo que na
assunção de dívida a execução prossegue, substituindo-se o executado pelo terceiro que assumiu o
débito com a anuência do credor.
d) o fiador do débito. Se for título executivo judicial, o fiador, para ser executado, deve ter
participado do processo de conhecimento (art. 513, §5º, do CPC e súmula 268 do STJ). Se for título
executivo extrajudicial, o fiador pode ser executado se figurar no título como tal (art. 779, IV, do
CPC).
e) o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito. Trata-se
da garantia real fornecida por terceiro. Exemplos: hipoteca e penhor.

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f) o responsável tributário.

CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES

O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes,
quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e
idêntico o procedimento (art. 780 do CPC).
A cumulação de execuções depende de três requisitos:
I) que o executado seja o mesmo;
II) que o juízo seja competente para todas as execuções;
III) que o procedimento seja idêntico para todas elas.
Assim, diante da diversidade de procedimentos, não se pode cumular a execução de pagar
quantia certa com a execução de obrigação de dar, fazer ou não fazer. Também não se pode
cumular execução de título judicial com a execução de título extrajudicial, pois os procedimentos
são distintos.

COMPETÊNCIA PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A competência, no cumprimento de sentença, pode ser absoluta ou relativa, conforme o


critério tenha sido ou não imposto por normas de ordem pública. Vale lembrar que a competência
absoluta é analisada de ofício pelo juiz.
De acordo com o art. 516 do CPC, a competência para o cumprimento de sentença será:
a) dos tribunais, nas causas de sua competência originária. A única exceção é a homologação
de sentença estrangeira, que é da competência originária do STJ, mas cuja execução é na justiça
federal de primeiro grau, por força do art. 109, X da CF. Quanto aos atos materiais da execução, o
tribunal pode delegar ao juízo de primeiro grau, mas as decisões não.
b) do juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. Este juízo de primeiro grau,
ainda que a condenação seja através de recurso, é o competente para a execução. Mas essa
competência é concorrente, pois o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram
bens sujeitos à expropriação ou pelo atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos
autos será solicitada ao juízo de origem (parágrafo único do art. 516 do CPC). Trata-se de exceção
ao princípio “perpetuatio jurisdicionis”. Para uma corrente, a competência, conquanto funcional, é
relativa, mas o STJ a trata como competência absoluta de foros concorrentes, logo se a ação for
proposta fora desses três locais, o juiz, de ofício, reconhecerá a incompetência. Nos alimentos,
além dessas três competências concorrentes, o cumprimento de sentença pode ainda ser
instaurado no domicílio do exequente (alimentado), conforme §9º do art. 528 do CPC.
c) do juízo cível competente, quando se tratar de execução de sentença penal condenatória,
de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. O juízo cível competente, segundo o parágrafo
único do art. 516 do CPC, é concorrente, pois o exequente poderá optar pelo juízo do atual
domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo
juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a
remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. Nessas hipóteses, a competência
não é funcional, portanto, é relativa. A competência será do juízo cível que seria o competente para
o processo de conhecimento que não foi ajuizado. Quanto à sentença arbitral, a competência para
a execução é relativa e pode ser definida inclusive em cláusula contratual, isto é, foro de eleição.

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Referentemente à sentença penal, a execução será no juízo cível do local do delito ou domicílio do
exequente (art. 53, V, do CPC). A sentença penal condenatória da justiça federal é executada no
juízo cível estadual, salvo quando presente as hipóteses do art. 109 da CF, que prevê a competência
da justiça federal. Já a sentença penal estrangeira, após ser homologada pelo STJ, é executada no
juízo de primeiro grau da justiça federal (art. 109, X, da CF). Igualmente, a sentença arbitral
estrangeira.

COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

De acordo com o art. 781 do CPC, a execução fundada em título extrajudicial será processada
perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante
do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer
deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta
no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no
foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que
ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.

INSOLVÊNCIA CIVIL

A execução coletiva contra devedor insolvente, segundo o STF, é da competência da justiça


estadual, ainda que haja o ingresso da União ou outros entes federais. O fundamento é o art. 109, I
da CF que prevê, para ação de falência, a competência da justiça estadual, sendo, pois, aplicada por
analogia à insolvência civil. A competência territorial é a comarca do domicílio do devedor,
conforme art. 760 do CPC anterior, que cuida da auto- insolvência requerida pelo próprio devedor,
mas que, por analogia, é aplicada quando requerida por credor.
Note-se que o procedimento de execução contra o devedor insolvente continua sendo regido
pelo CPC anterior, por força do art. 1.052 do CPC atual.
Trata-se de competência da justiça estadual, ainda que haja o ingresso da União, conforme
art. 109, I, da CF, que prevê esse critério para a falência e é aplicado por analogia à insolvência civil.

PROTESTO DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL

Conforme art. 517 do CPC, a decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a
protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no
art. 523. Note-se que só é cabível o protesto na obrigação em dinheiro.

NEGATIVAÇÃO DO NOME

De acordo com § 3o do art. 782 do CPC, a requerimento da parte, o juiz pode determinar a
inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes. Este efeito é possível seja
execução de título extrajudicial ou execução definitiva de título judicial, sendo vedada a medida no
cumprimento de sentença provisória, que versa sobre decisões ainda não transitadas em julgado (§

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5o do art. 782 do CPC).


A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a
execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo (§ 4 o ).

AVERBAÇÃO EM REGISTRO PÚBLICO DO ATO DA PROPOSITURA DA EXECUÇÃO

O exequente tem o direito de proceder à averbação em registro público do ato de propositura


da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros (art. 799, IX, do
CPC).
Quando se tratar de imóveis, a averbação será providenciada junto ao cartório de registro de
imóveis. No caso de veículos, a averbação é feita no certificado de registro do veículo.
É possível se averbar tanto a propositura da execução quanto a penhora, com o objetivo de dar
publicidade à terceiros.

RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

CONCEITO

Responsabilidade patrimonial é o fato de os bens do devedor ou terceiro sujeitarem-se ao


adimplemento de determinada obrigação.

RESPONSÁVEIS PATRIMONIAIS

Dispõe o art. 789 do CPC:


“O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de
suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”.
A expressão devedor está em sentido amplo, para abranger todos os responsáveis pelo
cumprimento da obrigação, como fiadores, avalistas, endossantes, etc, e não apenas o devedor
principal.
O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde
por elas na proporção da parte que na herança Ihe coube (art. 796 do CPC).
O fiador, quando executado, tem benefício de ordem, isto é, poderá nomear à penhora
bens livres e desembargados do devedor na mesma comarca. Os bens do fiador ficarão, porém,
sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor (art. 794
do CPC).
O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo (§§
2º e 3º do art. 794 do CPC).

De acordo com o art. 790 do CPC, ficam também sujeitos à execução os bens:
I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou
obrigação reipersecutória.
II – do sócio, nos termos da lei. Em regra, a responsabilidade dos sócios é subsidiária ou
secundária, os seus bens só respondem por dívidas sociais após o exaurimento dos bens da
sociedade. Enquanto a sociedade tem bens, não se pode penhorar bens dos sócios. Quando a
sociedade se torna insolvente, os sócios passam a responder de forma limitada, ilimitada ou mista,
conforme o tipo societário

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III – do devedor, ainda que em poder de terceiros. Assim, os bens de propriedade do devedor
sujeitam-se à execução, ainda que na posse de terceiros.
IV – do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação
respondem pela dívida. Bens próprios são os que não se comunicam ao outro cônjuge.
Os bens próprios ou da meação do cônjuge respondem pelas dívidas do outro em três
hipóteses. A primeira refere-se a compra, ainda que sem a autorização do outro das coisas
necessárias à economia doméstica, ou do empréstimo para a aquisição dessas coisas. A segunda
consiste nas obrigações por ato ilícito contraídas por um dos cônjuges durante o casamento,
comunicam-se ao outro no regime da comunhão universal de bens, mas no regime da comunhão
parcial só se comunicam se reverter em prol do casal (súmula 251 STJ). A terceira são as dívidas
anteriores ao casamento, que, em regra, não se comunicam, mas quando se tratar de aprestos para
o casamento ou reverter em proveito comum do casal, comunicam-se se o regime for o de
comunhão universal de bens (art. 1.668, III, do CC). Nessas hipóteses, para que o bem ou meação
do cônjuge se sujeite à execução, é mister que tenha sido citado na fase de conhecimento, por
força dos limites subjetivos da coisa julgada.
V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Considera-se fraude de
execução a alienação ou oneração de bens feita pelo devedor insolvente no curso de um processo,
seja na fase de conhecimento ou de execução. Se ainda não é insolvente, haverá também fraude a
execução quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria-lhe ação judicial capaz de reduzi-lo à
insolvência. A súmula 375 do STJ dispõe que: “O reconhecimento da fraude à execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”. O fato de o
terceiro ter possibilidade de saber da insolvência, ainda que efetivamente não saiba, é suficiente
para a caracterização da má-fé. A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao
exequente (§ 1o do art. 792 do CPC). O ato não será anulado, mas sim declarado ineficaz perante o
exequente. Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que,
se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias (§ 4 o do art.792 do CPC).
Esta norma visa preservar o princípio do contraditório.
Sobre o momento em que se configura a fraude de execução, em regra, ocorre quando o bem
é alienado pelo insolvente após o ajuizamento de uma ação de conhecimento ou de execução.
Entretanto, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se
a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar (§ 3 o do art. 792 do CPC).
Há presunção absoluta da má-fé do terceiro adquirente do bem, se o processo pendente
contra o alienante insolvente encontrava-se averbado no registro público. Igualmente quando
adquirir bem com penhora averbada no registro de imóveis. No caso de aquisição de bem não
sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias
para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e
no local onde se encontra o bem ( § 2o do art. 792 do CPC). Portanto, mesmo sem o registro da
execução ou da penhora, presume-se a má-fé do terceiro adquirente, mas a presunção é relativa,
pois admite prova em contrário.
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores. O reconhecimento contra fraude
contra credores depende da propositura da ação pauliana. Procedente esta ação, o bem alienado
fraudulentamente sujeita-se à execução.
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. A
desconsideração da personalidade jurídica faz com que os sócios respondam diretamente pelas
dívidas da sociedade, e não apenas subsidiariamente. Todavia, para a desconsideração da

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personalidade jurídica é obrigatória a instauração do incidente específico, previsto nos arts. 133 a
137 do CPC.

CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA OU EXECUÇÃO PROVISÓRIA

CONCEITO

O cumprimento de sentença pode ser:


a) definitivo: é o que se realiza após o trânsito em julgado.
b) provisório: é o que se realiza antes do trânsito em julgado, na pendência de recurso sem
efeito suspensivo. Exemplos: sentenças do §1º do art. 1.012 do CPC; acórdãos
impugnados por recurso especial ou extraordinários; decisões que concedem tutela
antecipada, etc.

Quanto à execução de título extrajudicial, é sempre definitiva, ainda que pendente a apelação
contra sentença que julgou improcedente os embargos (súmula 317 do STJ). Não há, destarte,
execução provisória de título executivo extrajudicial.

REGRAS DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

De acordo com o art. 520 do CPC, o cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento
definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for


reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido.
Enquanto a execução definitiva de sentença, em algumas hipóteses, é instaurada de ofício
pelo juiz, em outras requer simples requerimento do exequente, a provisória depende da iniciativa
do exequente, através de petição inicial.
O exequente, se a sentença for reformada, é obrigado a reparar os danos sofridos pelo
executado, independentemente do dolo ou culpa. Sua responsabilidade é objetiva, baseada na
teoria do risco-proveito.

II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da
execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos
mesmos autos.

III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em


parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.

IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem


transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa
resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano
pelo juiz e prestada nos próprios autos.

Note-se que, para a instauração de execução provisória, não há necessidade de caução, isto é,

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garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) ou fidejussória (fiança, aval, cheque, caução, etc).
A caução só é imprescindível nas seguintes situações:
a) levantamento de dinheiro;
b) atos que referentes a transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro
direito real. Exemplos: arrematação ou adjudicação.
c) atos que possam resultar grave dano ao executado. Enquanto as duas hipóteses anteriores
se referem à execução de pagar quantia certa, essa terceira pode abranger qualquer execução,
inclusive entrega de coisa, fazer ou não fazer.
Consoante art. 521 a caução poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem.

II - o credor demonstrar situação de necessidade;

III - pender o agravo do art. 1.042, em qualquer dos seus incisos. Trata-se do agravo
interposto contra decisão que não admitiu recurso especial ou extraordinário.

IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade
com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.

Em todas as hipóteses acima, a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa
resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação (parágrafo único do art. 521
do CPC).

TÍTULO EXECUTIVO

INTRODUÇÃO

Os títulos executivos podem ser judiciais e extrajudiciais, conforme emanem ou não do


Estado-Juiz.
Abre-se exceção à sentença arbitral, que é título executivo judicial, por força do art. 515, VII,
do CPC, embora não tenha se formado no âmbito do Poder Judiciário.
O título executivo é o documento representativo de uma obrigação líquida, certa e exigível,
autorizado por lei a servir de fundamento para o início de um processo de execução autônoma ou
da fase executiva do processo sincrético.

CARACTERÍSTICAS

O título executivo, seja judicial ou extrajudicial, para ostentar esse atributo, necessariamente
deve representar uma obrigação certa, líquida e exigível.
Quanto ao requisito da certeza da obrigação, refere-se à sua existência válida. Se o
documento representa uma obrigação extinta ou nula, ele será um falso título executivo,
porquanto a execução será julgada extinta. A obrigação, para existir, depende da declaração da
vontade e do objeto (bem ou serviço). Um título elaborado exclusivamente pelo credor, sem a
assinatura do devedor, não é título executivo extrajudicial. Com efeito, dispõe a súmula 233 do STJ:
“O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é

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título executivo”. Nesse caso, o valor é apurado por ato unilateral do banco, não há declaração de
vontade do devedor concordando com essa apuração. A validade, por sua vez, requer agente capaz,
objeto lícito, possível e determinado ou determinável e a forma prescrita ou não defesa em lei.
Esses requisitos de existência e validade devem acompanhar tanto o título quanto a obrigação que
ele representa, segundo a teoria mista.
A liquidez, por sua vez, é a determinação do montante do débito ou a sua quantificação
através de simples cálculo aritmético. A necessidade de realização de simples cálculo aritmético não
retira a liquidez do título executivo, seja ele judicial ou extrajudicial (parágrafo único do art. 786 do
CPC).
O último requisito é a exigibilidade, que depende do vencimento e da pretensão. Dívida
vincenda não é passível de execução. Dívida condicional ou a termo, só pode ser executada
mediante prova pré-constituída do implemento do termo ou condição. Obrigação natural não
admite execução judicial, é destituída de pretensão, que é o poder de exigir judicialmente o direito.
Dívida oriunda de contrato bilateral, que impõe obrigações para ambas as partes, com, por
exemplo, prestação de serviço, exige, para a execução do preço, a prova documental da efetiva
prestação do serviço. De fato, nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro (art. 476 do CC). Assim, o credor
de contrato bilateral, para iniciar a execução, deve comprovar de antemão que cumpriu a sua
obrigação. Esta comprovação deve ser feita através de prova documental. Uma corrente mais
rigorosa sustenta que a prova do cumprimento da obrigação deve estar contida no próprio título
executivo, mas outra corrente admite a prova em documento separado. Caso não tenha essa prova
documental, terá que mover ação de conhecimento.
A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o
credor de promover‐lhe a execução (§1º do art.784 da CPC).

TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

De conformidade com o disposto no art. 515 do CPC, são títulos executivos judiciais:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa.
Note-se que o termo decisão judicial abrange: sentenças, acórdãos e decisões interlocutórias.
Assim, é também título executivo a decisão que concede tutela antecipada.
Não se exige o trânsito em julgado para ser título executivo, basta que o recurso não tenha
efeito suspensivo, viabilizando-se, desde logo, a execução provisória. Caso o recurso tenha efeito
suspensivo, o título executivo ainda não se constituirá.
O preceito em análise não exige expressamente que se trate de decisão condenatória, mas
uma corrente, com base no art. 523, do CPC, que ainda faz menção à condenação do devedor, só
admite como sendo título executivo a decisão condenatória em sentido amplo, termo que também
abrange as decisões executivas lato sensu e as mandamentais. Portanto, a supressão da expressão
“condenatória” se deu para deixar claro que as executivas lato sensu e as mandamentais também
são títulos executivos.
Uma segunda corrente admite também a execução de decisões meramente declaratórias,
representativas de obrigações certas, líquidas e exigíveis, porquanto onde a lei não distingue ao
intérprete não é lícito distinguir.
O STJ adota essa corrente na súmula 461: “O contribuinte pode optar por receber, por meio
de precatório ou por compensação, o débito tributário certificado por sentença declaratória

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transitada em julgado”. Trata‐se de sentença prolatada na ação de inexigibilidade de débito


tributário. A hipótese é extensiva também às ações declaratórias de inexistência de débito, ainda
que de natureza não tributária, julgadas improcedentes, nesses casos o réu pode executar a
sentença no tópico que declara que a dívida existe em determinado valor.
Quanto às sentenças constitutivas, a rigor, não são títulos executivos, a própria decisão, por si
só, satisfaz a pretensão do autor. Entretanto, no capítulo que contém condenações às custas e
despesas processuais, honorários advocatícios e outras verbas acessórias, caracteriza‐se como
título executivo judicial.

II - a decisão homologatória de autocomposição judicial.


A autocomposição abrange o reconhecimento do pedido, a transação e a renúncia.
A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação
jurídica que não tenha sido deduzida em juízo (§ 2o do art. 515 do CPC).

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza.


Trata-se do acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente. Essa
hipótese é de pouca aplicação prática, pois o documento particular, desde que assinado por duas
testemunhas, é título executivo extrajudicial, independentemente de homologação judicial,
conforme art. 784, III, do CPC. A homologação é através do procedimento de jurisdição voluntária e
pode se revelar interessante para deixar claro o cumprimento das obrigações do credor,
evitando‐se que, em sede de execução, prospere a alegação do executado de “exceptio non
adimpleti contractus”, prevista no art. 476 do CC. Para a homologação não se exige que o
documento seja assinado por duas testemunhas.

IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos


herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
O formal e a certidão de partilha são títulos executivos judiciais apenas em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. O formal de partilha só
é expedido após o trânsito em julgado da sentença de partilha. Se, nessa sentença, constou alguma
obrigação certa, líquida e exigível, de pagamento em dinheiro ou entrega de coisa, a pessoa que
figura como devedora, poderá ser executada. Todavia, nesse título, só pode constar como
devedores o inventariante, herdeiros e sucessores a título universal ou singular. Se o bem estiver
em poder de outras pessoas, é preciso processo de conhecimento. Sobre a certidão de partilha, é
um documento mais simples, que o juiz expede no lugar do formal de partilha, quando o quinhão
hereditário não exceder a 5 salários mínimos (parágrafo único do art. 655 do CPC).

V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem


sido aprovados por decisão judicial.
As custas e emolumentos são devidos ao Estado e não aos serventuários da justiça. Nesse
aspecto, o dispositivo é inócuo. Os honorários desses profissionais, quando arbitrados por decisão
judicial, e não pagos previamente, podem ser objeto de execução.

VI ‐ a sentença penal condenatória transitada em julgado.


Nesse caso, exige-se o trânsito em julgado para a constituição do título executivo. Referida
sentença não é, em regra, dotada de liquidez, e, por isso, só será título executivo após a sentença
cível de liquidação pelo procedimento comum. O juiz penal, no entanto, pode fixar o valor mínimo
da condenação, com base no art. 387, IV, do CPP, sendo, até esse montante, executável,

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independentemente da liquidação, que, nesse caso, só se fará necessária para a execução da


diferença indenizatória.
Só pode ser executado o réu que foi condenado no processo‐crime. Outros eventuais
responsáveis pela dívida só poderão ser cobrados em processo de conhecimento, por força dos
limites subjetivos da coisa julgada.

VII ‐ a sentença arbitral.


Por opção do legislador, a sentença arbitral é título executivo judicial, embora não emane do
Poder Judiciário. Não precisa ser homologada pelo juiz. Caso seja ilíquida deverá primeiro passar
pelo processo de liquidação da sentença, para se apurar o “quantum debeatur”.

VIII ‐ a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.


Na homologação, o STJ não examina o mérito, apenas os requisitos formais (contraditório,
citação, etc). Esses vícios formais não poderão ser alegados em sede de execução, porquanto o
acórdão homologatório do STJ tem eficácia de coisa julgada material.
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória
pelo Superior Tribunal de Justiça.

TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

De acordo com o art. 784 do CPC, são títulos executivos extrajudiciais:

I‐ a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque.


Quanto à letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata, a execução do devedor
principal e respectivo avalista dispensa o protesto. Mas para executar avalistas, endossantes e o
sacador da letra de câmbio, o protesto é necessário, sob pena de extinção do processo sem
resolução do mérito. No cheque, o protesto pode ser substituído pela declaração da insuficiência de
fundos lançada pelo banco‐sacado ou câmara de compensação (art. 47, II, da lei 7357/85).
O prazo de apresentação do cheque é de trinta ou sessenta dias, conforme se trate do cheque
da mesma praça ou de praça diferente. Mas cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas,
ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação
cambiária (súmula 600 do STF).
A duplicata mercantil que não é devolvida ou não é aceita pelo sacado, pode também ser
executada, desde que protestada e acompanhada com o comprovante de entrega da mercadoria. A
duplicata de serviço, que não é devolvida ou não é aceita, para ser executada deve vir
acompanhada do protesto, do contrato escrito e do comprovante de prestação de serviço.
Referentemente às debêntures, são títulos emitidos por sociedades anônimas ou sociedades
em comanditas por ações representativos de uma parcela de um contrato de mútuo em que o
debenturista figura como credor.

II ‐ a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.


Documento público é o emanado pelo funcionário publico, no exercício de suas funções, com
observância das formalidades legais. Escritura publica é a lavrada pelo tabelião de notas, contendo
aquilo que é dito pelas partes. É, pois, uma espécie de documento público.

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Os documentos públicos, para serem títulos executivos, dispensam a presença de


testemunhas para serem títulos executivos, mas é essencial que contenha a assinatura do devedor.
Todavia, a escritura pública sem assinatura do devedor é também título executivo se o tabelião
declarar na referida escritura que o devedor declarou a vontade naquele sentido. Não se admite
outra exegese, diante da fé pública do tabelião.

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 testemunhas.


O documento particular, por sua vez, para ser título executivo exige a assinatura do devedor e
de duas testemunhas. Dispensa-se, como se vê, a assinatura do credor. Exemplo: confissão da
dívida assinada pelo devedor e duas testemunhas.

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria


Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal.
Estes instrumentos dispensam testemunhas.
O instrumento de transação assinado pelos transatores e referendado por seus advogados,
numa interpretação literal, precisaria de um advogado para cada parte, mas a interpretação
teleológica permite a exegese que admite um único advogado para ambas as partes. Se uma das
partes for analfabeta ou não puder assinar, é preciso que o documento seja assinado por
procurador constituído por instrumento público e poderes expressos. Note-se que a lei não exige a
autenticação das assinaturas das partes ou das testemunhas.

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução.
Bastaria a lei ter dito contrato de caução.
O contrato de caução ou garantia é o que visa assegurar o cumprimento de outra obrigação.
Pode ser:
a) contrato de caução real: é o garantido por penhor, hipoteca ou anticrese. Note-se que,
entre as partes, o negócio é válido sem registro, que só é necessário para constituição do direito
real, que dá ao direito força perante terceiros (eficácia erga omnes);
b) contrato de caução pessoal ou fidejussória. Exemplos: fiança, abono, caução del credere,
etc.
Referidos contratos, assim como o de seguro de vida, são títulos executivos extrajudiciais
independentemente da presença de duas testemunhas. Quanto aos demais contratos particulares
de seguro, como os de seguro de acidentes pessoais, só serão títulos executivos se assinados por
duas testemunhas.

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte.


Sobre o contrato de seguro de vida, a petição inicial deve vir instruída com a certidão de óbito
e a prova escrita da existência do contrato, que pode ser um recibo detalhado assinado pela
seguradora, dispensando-se a apólice.

VII - o crédito decorrente do foro e laudêmio.


A hipótese refere-se ao direito real de enfiteuse.

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem


como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.

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O locador, para executar o locatário, não precisa ter contrato escrito, basta que comprove,
mediante prova escrita, a existência da locação e dos valores que pretende cobrar. Não é preciso
que haja a assinatura de duas testemunhas.
A execução pode abranger os aluguéis e todos os demais acessórios decorrentes do contrato
(água, luz, telefone, esgoto, condomínio, multa moratória, etc). A multa por danos no imóvel não
pode ser executada, pois exige-se dilação probatória para a comprovação do fato que a gerou.
O condomínio nada pode cobrar do locatário, pois entre eles não há vínculo contratual, mas
pode mover ação de execução contra o condômino para cobrar a taxa de condomínio e outras
despesas. Se, no entanto, o contrato de locação atribui ao locatário a responsabilidade pela taxa de
condomínio, o locador pode mover-lhe a execução, sem prejuízo de o condomínio também mover,
em face do locador, a ação de execução.

IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.
Além desses entes públicos, a autarquia também pode expedir certidão da dívida ativa (art. 1º
da Lei 6.830/80). Quanto às empresas públicas e sociedades de economia mista, não desfrutam
dessa regalia.
Certidão da dívida ativa é o documento que contém o valor do débito tributário ou de outra
natureza, em dinheiro, acrescido de correção monetária, multa, juros e demais encargos legais ou
contratuais.
Não pode abranger obrigações de entregar coisa, de fazer ou de não fazer.
É o único título executivo extrajudicial que é formado sem a participação do devedor ou
terceiro, mas que goza de presunção relativa de veracidade.

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio


edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas.
O condomínio só poderá mover a execução em face do proprietário, que é o sujeito passivo
da obrigação propter rem de pagar as contribuições condominiais. O título executivo só abrange
créditos previstos na convenção de condomínios ou aprovados em assembleia geral.

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei.
Trata-se das serventias extrajudiciais: cartório de notas, cartório de registro de imóveis,
tabelionato de protestos, cartório de registro civil das pessoas naturais e cartório de registro civil
das pessoas jurídicas.

XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
Trata-se de uma norma de encerramento, que sinaliza a existência de outros títulos
executivos, desde que previstos em lei federal, sendo, pois, vedado o pacto executivo, isto é, títulos
executivos criados pelas partes sem respaldo na lei.
Dentre os diversos títulos executivos previstos em leis extravagantes, vale à pena citar o
crédito da OAB contra os inscritos, as cédulas de crédito (rural, industrial e comercial), cédula
hipotecária, etc, previstos nas Leis 8.960/94, 6.840/1980 e Decretos Leis 167/1967, 413/1969 e
70/1966. O contrato de honorários advocatícios, ainda que sem testemunhas, é também título

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executivo extrajudicial (art. 24 da lei 8.960/2004). Já os honorários de sucumbência arbitrados na


sentença é título executivo judicial.

OUTRAS DISPOSIÇÕES

A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o
credor de promover-lhe a execução (§ 1o do art. 784 do CPC).
Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de
homologação para serem executados (§ 2o do art. 784 do CPC). Assim, quanto aos títulos executivos
extrajudiciais formados no exterior, não dependem da homologação do STJ para serem executados
no Brasil, mas precisam satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua
celebração e indicar o Brasil como sendo o lugar de cumprimento da obrigação (§ 3o do art. 784 do
CPC).

Por fim, a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo
processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial (art. 785 do CPC). Trata-se de
uma norma estranha, pois a rigor não há interesse de agir para a ação de conhecimento. Todavia,
diante da clareza da lei, o juiz não poderá extinguir o processo sem resolução do mérito.

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

INTRODUÇÃO

O pedido deve ser certo e determinado (arts. 322 e 324 do CPC). Quando o autor tiver
formulado pedido certo e determinado, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida (art. 492 do
CPC). Todavia, dispõe a súmula 318 do STJ: “Formulado pedido certo e determinado, somente o
autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença ilíquida”.
O pedido genérico, isto é, ilíquido é exceção, só é possível nas hipóteses do §1º do art. 324 do
CPC, a saber:

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar os bens demandados. Exemplo: ação
de petição de herança.

II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato.
Exemplo: ação de indenização por ato ilícito, cuja doença indenizável encontra-se em evolução.

III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu. Exemplo: sentença que condena o réu a indenizar os serviços que ele não conseguir fazer.

Entretanto, nessas situações excepcionais em que se admite o pedido genérico, o art. 491 do
CPC impõe que a decisão definirá desde logo o valor da obrigação. Noutras palavras, ainda que o
pedido seja ilíquido, a sentença deverá ser líquida, salvo quando não for possível determinar de
modo definitivo o montante devido ou quando a apuração do valor devido depender de prova de
realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. Portanto,
apenas nessas situações de sentenças ilíquidas é que se fará necessária a instauração subsequente
do procedimento de liquidação de sentença.

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No juizado especial, também é proibida a prolação de sentença ilíquida, ainda que genérico o
pedido (art. 38, parágrafo único da Lei 9.099/95).

Quanto ao título extrajudicial ilíquido não pode ser objeto de liquidação, e sim de ação
cognitiva da cobrança, salvo quando a apuração do valor devido depender de mero cálculo
aritmético. Nesse caso, viabiliza-se, desde logo, o processo de execução, juntando-se o cálculo com
a petição inicial.

ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO

A liquidação de sentença pode ser pelo procedimento comum e por arbitramento.

A rigor, a liquidação por cálculo aritmético não é propriamente liquidação, pois autoriza-se
desde logo o início do processo de execução ou fase de cumprimento de sentença, conforme seja
título executivo extrajudicial ou judicial.

NORMAS COMUNS ÀS ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

O processo de liquidação pode se instaurar de duas formas:

a) requerimento: quando a sentença for prolatada na fase de conhecimento do processo


sincrético. Nesse caso, a segunda fase será a de liquidação e a terceira de execução.Desenvolvem-
se no mesmo processo sincrético essas três fases.

b) petição inicial, com os requisitos do artigo 319 do CPC: quando se tratar de liquidação de
sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença estrangeira homologada pelo Superior
Tribunal de Justiça. Instaura-se, para uma corrente, um processo autônomo de liquidação da
sentença, enquanto outros sustentam corretamente que o processo é sincrético, a única diferença
é que a liquidação integra a primeira fase e a execução a segunda fase. Não se trata de um processo
autônomo, pois ele não se extingue com a definição do quantum debeatur.

c) competência. Nos casos em que a liquidação figura como a segunda fase do processo
sincrético, a competência é a do juízo que prolatou a sentença ilíquida. Trata-se de competência
funcional, portanto, absoluta, não se aplica à liquidação de sentença os foros concorrentes da
execução, previstos no parágrafo único, do art. 516 do CPC.
Abre-se exceção à sentença coletiva, cuja liquidação, se for requerida individualmente, pode
se realizar no domicílio do liquidante.
Quanto às demais sentenças, a competência para a liquidação é a do juízo que seria o
competente para a fase de conhecimento, porquanto na liquidação objetiva-se definir o quantum
debeatur, isto é a determinação do pedido, que ao lado do an debeatur (certeza do pedido),

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relaciona-se à tutela cognitiva, à medida que, na fase de execução, a obrigação deve ser certa,
líquida e exigível.

d) liquidação provisória. É a requerida na pendência de recurso com ou sem efeito


suspensivo. Com efeito, dispõe o art. 512 do CPC: “A liquidação poderá ser realizada na pendência
de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante
instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes”.
Ainda que o recurso tenha efeito suspensivo, é possível a liquidação provisória que, ao lado
da hipoteca judiciária, revela-se como sendo um dos efeitos secundários da sentença. Mas, após a
liquidação, a execução provisória só poderá se iniciar quando o recurso pendente não tiver efeito
suspensivo.

e) princípio da fidelidade ao título. Dispõe o §4º do art. 509 do CPC:


“Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou”.
O princípio da fidelidade do título executivo comporta exceção na súmula 254 do Supremo
Tribunal Federal:
“Incluem-se juros moratórios na liquidação, embora omissa o pedido inicial ou a
condenação”.
Outrossim, em relação à correção monetária e custas processuais, cujos valores podem ser
inclusos na liquidação.
f) recursos. Finalmente, o art. 1.015, parágrafo único, do CPC estipula que caberá agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença.

LIQUIDAÇÃO POR MERO CÁLCULO ARITMÉTICO DO CREDOR

A liquidação por mero cálculo aritmético á a que depende apenas de uma operação
matemática para a apuração do valor devido.
O cálculo é feito pelo próprio credor e não pelo contador.

LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

Liquidação por arbitramento é a feita por perícia, que aponta o valor do débito. Exemplo:
sentença que manda arbitrar do valor do aluguel, referente aos seis meses em que o réu morou no
imóvel.
Só é cabível quando não houver a necessidade de se apurar fato novo.
Na liquidação por arbitramento, todos os fatos estão provados, restando apenas a perícia
para apurar o quantum debeatur. Se, além da perícia, for preciso a alegação e comprovação de fato
novo, a liquidação será pelo procedimento comum.

LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM

Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum, quando, para determinar o valor da


condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509, II, do CPC).
Só é cabível quando não for possível a liquidação por cálculo aritmético ou por arbitramento.
É, pois, a última ratio das liquidações.
Fato novo é o que ainda não foi decidido. Pode consistir num fato anterior ou superveniente à
sentença.

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Através da liquidação pelo procedimento comum se visa comprovar o fato ou fatos novos e,
por consequência, o valor devido. Pode ser que haja também a necessidade de realização de
perícia, mas isso não a transforma em liquidação por arbitramento.

PENHORA

CONCEITO

Penhora é o ato judicial de constrição que individualiza o bem sobre o qual recairá a
execução.
Antes da penhora, todo o patrimônio do devedor responde pelo débito. A partir da penhora,
apenas os bens penhorados se vinculam ao pagamento do débito.

EFEITOS PROCESSUAIS

A penhora produz os seguintes efeitos processuais:


a) garantia do juízo, isto é, viabiliza o prosseguimento da execução.
b) individualiza o bem que suportará a execução. Assim, a penhora libera o devedor a alienar
os demais bens que integram o seu patrimônio.
c) direito de preferência ao exequente. Se houver pluralidade de penhoras em execuções
diferentes, isto é, se o bem for penhorado por mais de um credor, o que primeiro penhorou tem o
direito de preferência. É o princípio prior tempore, potior jure. Ainda que o bem seja levado a hasta
pública em execução movida por um credor, outro credor pode levantar o dinheiro, caso a sua
penhora seja anterior. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, a prioridade é calculada pela
data da penhora, e não pela data da execução, nem pela data do registro da penhora. Abre-se
exceção ao credor hipotecário e pignoratício, eles têm preferência sobre os demais credores que
penhoraram o bem primeiro, por força do direito de sequela. É claro que a preferência é restrita ao
bem que é objeto da garantia real. O princípio prior tempore, potior jure também não é aplicado
quando o devedor for insolvente, nesse caso, instaura-se o concurso universal de credores, isto é, a
execução coletiva, cuja preferência segue critérios distintos, que nada têm a ver com a primazia da
penhora.
O direito de preferência existe independentemente do registro da penhora, cuja finalidade é
apenas dar publicidade ao ato. Se antes da penhora, houve arresto, a data do arresto marca o início
do direito de preferência. De acordo com a doutrina o raciocínio é correto apenas para o arresto
executivo, que tem natureza de pré-penhora, mas o Superior Tribunal de Justiça estende também o
direito de preferência ao arresto cautelar.

EFEITOS MATERIAIS

A penhora gera os seguintes efeitos materiais:


a) o executado perde a posse direta do bem, salvo se o juiz o nomeou depositário da coisa
penhorada. Quanto à propriedade, perdê-la-á apenas com a arrematação ou adjudicação. Antes
disso, o executado, desde que informe o adquirente, pode alienar o bem penhorado, mas a
penhora não é desfeita, permanece intacta, salvo se houver boa-fé e erro escusável do terceiro em
casos de alienação onerosa.
b) ineficácia, perante o exequente, dos atos de alienação ou oneração do bem penhorado. Se,

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no entanto, o terceiro de boa-fé adquirir o bem onerosamente, sem saber da penhora e ainda
incidindo em erro escusável, o seu direito prevalecerá sobre o incauto exequente, que deixou de
registrar a penhora. Note-se que, após o registro, não se pode mais alegar boa-fé.

BENS IMPENHORÁVEIS

Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis (art.
832 do CPC).
A impenhorabilidade é matéria de ordem pública, o juiz, de ofício e a qualquer tempo, deve
barrar a penhora que recair sobre bens impenhoráveis. O devedor também pode alegar o fato
através de simples petição, não há necessidade de apresentar as defesas típicas (embargos à
execução e impugnação), mas nada obsta que as apresente para discutir o assunto.
De acordo com o art. 833 do CPC, são absolutamente impenhoráveis:

I- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução. Por
força de lei, os bens públicos são inalienáveis e impenhoráveis. Quanto aos bens particulares a
inalienabilidade ou impenhorabilidade depende de ato de vontade, mas ainda assim só é possível a
cláusula de inalienabilidade quanto aos bens doados ou deixados por testamento, outrossim, no
bem de família do Código Civil. O bem que serve de garantia do pagamento de alimentos
ressarcitórios, isto é, devidos em razão de homicídio ou lesão corporal, também é inalienável e
impenhorável, por força do §1º do art. 533 do CPC. A inalienabilidade gera automaticamente a
impenhorabilidade e incomunicabilidade do bem (art.1911 do CC). Podem ser penhorados, à falta
de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis ( art. 834 do CPC). Quanto ao bem de
família legal, previsto na Lei 8.009/90, é alienável, mas não pode ser penhorado. A propósito,
dispõe a Súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também
o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
II – os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou que os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida. A impenhorabilidade desses bens móveis, que
inicialmente era prevista apenas do locatário, e ao titular do bem de família, nos termos da lei
8009/90, tornou-se extensiva a todas as pessoas. Bens que visam assegurar um médio padrão de
vida, o que inclui evidentemente alguns destinados ao lazer, em atenção ao direito social previsto
no art. 6º da CF, são impenhoráveis. Portanto, não se visa apenas garantir a impenhorabilidade dos
bens essenciais à vida doméstica.
III – Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de
elevado valor. A aliança de casamento e retratos de família, que evidentemente são bens de
conotação pessoal, podem ser penhorados quando forem de elevado valor.
IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o §2 o . Em resumo, é
impenhorável a verba destinada ao sustento do devedor e de sua família, pouco importa se o
devedor é funcionário público, empregado, militar, trabalhador autônomo, pensionista,
aposentado, etc. Os honorários de profissionais liberais são também impenhoráveis. Todas essas
verbas, no entanto, podem ser penhoradas para pagamento de prestação alimentícia, conforme
ressalva expressa no §2º do art.833 do CPC. Note-se que, ainda que essas verbas sejam altas,
impõe-se a impenhorabilidade.

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V- os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens


móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado. O rol é meramente
exemplificativo, o que importa, para a impenhorabilidade, é que se trata de bem móvel necessário
ou útil ao exercício de qualquer profissão. Assim, por exemplo, os livros da biblioteca do advogado,
que não são necessários ou úteis à profissão, podem ser penhorados. Em suma, os bens supérfluos
ao exercício profissional podem ser penhorados. A súmula 451 do STJ prevê que “é legítima a
penhora da sede do estabelecimento comercial”. Tem razão, pois se trata de bem imóvel. Incluem-
se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as
máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto
quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio
jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária (§ 3 o
do art. 833 do CPC).
VI – o seguro de vida. O caráter alimentar dessa verba justifica a impenhorabilidade.
VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas.
Se a obra é impenhorável, o material de construção, que é acessório, também será. Se, no entanto,
a obra for penhorável não haverá obstáculo para a penhora do material de construção.
VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família. Pequena propriedade rural é a que tem entre um e quatro módulos fiscais (art. 4º, II, a, da
Lei 8.629/1993). A dimensão da área do módulo fiscal varia conforme a região, sendo, pois, definida
pelo INCRA. A única exigência para a impenhorabilidade é que o imóvel seja trabalhado pelo
devedor ou sua família. Não se exige a moradia. A proteção é ampla, pois a impenhorabilidade é
para qualquer dívida, e não apenas para débitos decorrentes da atividade produtiva. Aliás, o art. 5º,
XXVI, da CF, ao proibir a penhora da pequena propriedade rural para débitos decorrentes da sua
atividade produtiva sinalizou pela impenhorabilidade que qualquer dívida. Nesse sentido a norma
do art. 649, VIII, do CPC, conferiu à Constituição Federal a interpretação mais ampla possível.
IX- os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social. Assim, os recursos públicos recebidos pelas ONG’s, por
exemplo, são impenhoráveis.
X- a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-
mínimos. É uma norma que visa estimular o investimento em caderneta de poupança através da
proteção ao pequeno poupador.
O STJ tem, porém, decidido que são impenhoráveis os saldos inferiores a 40 salários-mínimos
depositados em caderneta de poupança e em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente,
conferindo assim maior abrangência ao citado dispositivo legal (REsp 1.812.780).
XI- os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da
lei. Apenas os recursos públicos são impenhoráveis, outras verbas podem ser penhoradas por
dívidas do partido político.
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação
imobiliária, vinculados à execução da obra. Trata-se de uma proteção que visa garantir a conclusão
da obra.
Em todas as hipóteses acima, admite-se a penhora do bem, conforme § 1o do art. 833 do CPC,
em duas hipóteses:
a) execução de dívida relativa ao próprio bem. Exemplo: IPTU. Outro exemplo: condomínio.
b) execução de dívida contraída para a aquisição do bem.

AVERBAÇAO DA PENHORA E DO ARRESTO

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A penhora pode ser averbada no registro público competente. Esta averbação pode ser
realizada por meio eletrônico, independentemente de ordem judicial, basta requerimento do
exequente, seja bem móvel ou imóvel (art. 837 do CPC).
A função da averbação é gerar a presunção absoluta de que a penhora é conhecida por todas
as pessoas. A alienação do bem penhorado após a averbação gera a presunção absoluta de fraude
de execução. Alienado o bem penhorado, cuja penhora não havia sido averbada, o terceiro
adquirente ainda poderá excluir a fraude de execução, desde que comprove a boa-fé e o erro
escusável.

INTIMAÇÃO DA PENHORA

São intimados da penhora:


a) o executado. É intimado através do seu advogado ou da sociedade de advogados a que
este pertença. Caso não tenha advogado, será intimado pessoalmente, pelo correio. Dispensa-se a
intimação em duas hipóteses. Primeira, quando a penhora é realizada na sua presença. Segunda,
quando mudar de endereço sem comunicar o juízo.
b) cônjuge do executado, quando a penhora recair sobre imóveis ou direitos reais sobre
imóveis, salvo no regime da separação absoluta de bens. Ainda que o bem pertença exclusivamente
ao devedor, o seu cônjuge deve ser intimado. Ele deve ser ainda intimado quando se penhorou
exclusivamente a meação do devedor. O cônjuge pode apresentar embargos à execução, caso
pretenda discutir o débito e defender assim o patrimônio do seu consorte ou então embargos de
terceiro na hipótese de querer apenas excluir a sua meação. Diante da possibilidade de ingressar
com embargos à execução, força convir que se trata de uma citação que a lei rotula de intimação.
Dispensa-se a intimação do cônjuge, se o casamento for no regime de separação de bens.
c) credor com garantia real (penhor, hipoteca, anticrese, usufruto, uso, superfície, enfiteuse,
alienação fiduciária, habitação, compromisso de compra e venda, concessão de uso especial para
fins de moradia e concessão de direito real de uso). É necessária essa intimação quando a penhora
recair sobre o bem onerado. Sem a intimação, a alienação do bem será ineficaz perante o titular do
direito real.
d) sociedade. Quando se penhorar quotas ou ações de sociedade anônima fechada. A
intimação é para que a sociedade comunique os demais sócios, assegurando-lhes o direito de
preferência na aquisição.

LUGAR DA PENHORA

Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a
guarda de terceiros (art. 845 do CPC).
Vê-se assim que a penhora é realizada ainda que o bem esteja em poder de terceiros.
A penhora, avaliação e alienação de bens localizados fora da comarca é feita no juízo
deprecado. É, pois, necessária a expedição de carta precatória.
Entretanto, dispensa-se a carta precatória, podendo realizar-se a penhora em qualquer lugar,
nas seguintes hipóteses:
a) penhora sobre imóvel cuja matrícula encontra-se nos autos.
b) penhora de veículo automotor cujo certificado de sua existência encontra-se nos
autos.
c) penhora online de dinheiro.

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PENHORA COM ORDEM DE ARROMBAMENTO

Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de
justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento (art. 846 do CPC).
Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e
móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será
assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência (§1o).

DISPENSA DA PENHORA

Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução (art. 836 do CPC).

SUBSTITUIÇÃO DO BEM PENHORADO

Substituição do bem penhorado é a sua troca por outro. Pode ser requerida tanto pelo
exequente quanto pelo executado. O prazo para requerer a substituição é de 10 (dez) dias a contar
da intimação da penhora. O executado deverá ainda comprovar cabalmente que a substituição não
trará prejuízo ao credor e será menos onerosa para ele devedor.

O art. 848 do Código de Processo Civil prevê as causas que autorizam o pedido de
substituição.
Independentemente da presença de uma das causas acima, qualquer penhora, inclusive a que
recai sobre dinheiro, pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em
valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. Esta hipótese,
prevista no parágrafo único do art. 848 do CPC, pode ser deferida, segundo o Superior Tribunal de
Justiça, mesmo sem a concordância do exequente.
É também possível a substituição, sem a concordância do exequente, e mesmo fora das
hipóteses legais, quando o executado se propuser a trocar por dinheiro o bem penhorado.

PENHORA DE DINHEIRO EM DEPÓSITO BANCÁRIO

Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a


requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às
instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do
sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do
executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução (art. 854 do CPC).
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o
cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição
financeira em igual prazo (§ 1o).
Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de
seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente (§ 2o).

AVALIAÇÃO

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A avaliação será feita, em regra, pelo oficial de justiça (art. 870 do CPC). O juiz só nomeará
avaliador, quando for necessário conhecimento especializado, fixando-lhe prazo não superior a 10
(dez) dias para entrega do laudo, portanto, a sumariedade do procedimento levou o Superior
Tribunal de Justiça a decidir pela desnecessidade da formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico, pois, a rigor, a avaliação não é propriamente uma perícia. O exequente deve
adiantar os honorários do avaliador, mas ele poderá incluir esse valor no cálculo do débito.
Na avaliação feita por oficial de justiça, o laudo de avaliação integrará o auto de penhora (art.
872 do CPC).
As partes podem impugnar a avaliação.
Dispensa-se a avaliação nas seguintes hipóteses:

I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra. Nesse caso, a avaliação poderá ser
realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem.
II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por
certidão ou publicação no órgão oficial;
III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito
negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou
publicação no órgão oficial;
IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa
ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda
divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de
comprovar a cotação de mercado.

De acordo com o art. 873 do CPC, é admitida nova avaliação quando:


I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo
do avaliador;
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do
bem;
III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação.
Após a penhora e avaliação, inicia-se a fase de expropriação do bem penhorado.

EXPROPRIAÇÃO

CONCEITO

Expropriação é o ato judicial, posterior à penhora, que retira do devedor a propriedade do


bem penhorado.

ESPÉCIES

São três as espécies de expropriação:


a) adjudicação;
b) alienação por iniciativa particular;
c) alienação em leilão judicial.
Assim, a primeira medida preferencial é a adjudicação, caso o credor queira adjudicar, pois
ela se realiza sem qualquer despesa. Se não houver interesse na adjudicação, procede-se a

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alienação por iniciativa particular. Caso não haja também interesse, resta a alienação em leilão
judicial, que é a mais onerosa.

ADJUDICAÇÃO

a) Conceito

Adjudicação é o fato de o exequente ou outros legitimados adquirir a propriedade do bem


penhorado como forma de extinção da obrigação. A adjudicação pode recair sobre bem móvel ou
imóvel.
A adjudicação é a forma preferencial de expropriação e pode ocorrer enquanto não houver a
alienação judicial do bem.
A adjudicação não pode ser feita por valor inferior ao da avaliação.

b) Espécies

Se o valor da avaliação do bem for inferior ao da execução, o exequente poderá prosseguir na


execução para receber a diferença. Fala-se em adjudicação satisfativa. Se o valor da avaliação for
superior ao da execução, fala-se em adjudicação-venda, pois o exequente terá que depositar
imediatamente em juízo a diferença.

c) Momento para requerer a adjudicação

Sobre o momento inicial em que a adjudicação pode ser requerida, há duas correntes:
1ª – após a penhora e avaliação;
2ª – após o prazo de 15 dias para interposição dos embargos ou da impugnação. Interpostos
os embargos ou a impugnação será também possível a adjudicação, salvo se os embargos ou a
impugnação forem recebidos com efeito suspensivo.

d) Legitimidade para adjudicar

Além do exequente, são ainda legitimados a adjudicar:


a) credor com garantia real sobre o bem;
b) proprietário do terreno sobre o qual incide o direito real de enfiteuse, superfície,
concessão de uso, uso e compromisso de compra e venda;
c) credores concorrentes que também hajam penhorado o mesmo bem;
d) cônjuge, companheiro, descendentes e ascendentes do executado. Eles não são intimados
da penhora e, por isso, devem intervir voluntariamente;
e) União, Estado-Membro, Distrito Federal e Município, quando se tratar de bem tombável;
f) sócio e acionista de sociedade anônima fechada, quando a penhora recair sobre quota ou
ação. Nesse caso, a sociedade é intimada para comunicar os sócios ou acionistas que eles têm
direito de preferência na aquisição da quota ou ação penhorada.

e) Direito de preferência para adjudicar

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Se houver mais de um pretendente legitimado para adjudicar, proceder-se-á a


licitação entre eles, tendo preferência, em caso de igualdade de oferta, o cônjuge, o
companheiro, o descendente ou o ascendente, nessa ordem (§ 6o do art. 876 do CPC).

f) Momento do aperfeiçoamento da adjudicação

A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz,
pelo adjudicante, pelo escrivão ou chefe de secretaria e, se for presente, pelo executado,
expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou ordem de entrega ao adjudicante, se bem
móvel. A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e
registros, a cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão.
A carta de adjudicação autoriza o adjudicante a registrar o imóvel em seu nome, mas só será
expedida mediante quitação do imposto de transmissão inter vivos.

g) Remição

Remição é o pagamento efetuado pelo executado para impedir a adjudicação do bem.


No caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto
de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação (§ 3o do art. 877 do CPC).
Na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição
previsto no § 3o será deferido à massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente
recusar o preço da avaliação do imóvel (§ 4o do art. 877 do CPC).

h) Distinção entre adjudicação e arrematação

Sobre a diferença entre arrematação e adjudicação, cumpre salientar que a primeira exige
leilão judicial, sendo que qualquer interessado pode ser arrematante, ao passo que na segunda o
bem não é posto em leilão judicial, sendo que somente o credor e outros legitimados podem figurar
como adjudicantes.
A arrematação pode ser feita por valor inferior ao da avaliação, desde que não seja preço vil.
Já a adjudicação sempre se realiza pelo valor da avaliação.

ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR

A alienação por iniciativa particular é a feita por intermédio do exequente ou corretor ou


leiloeiro público credenciado perante a autoridade judiciária.
O corretor ou leiloeiro deve estar em exercício profissional há pelo menos três anos, mas nas
localidades em que não houver corretor ou leiloeiro credenciado, a indicação será de livre escolha
do exequente.
O exequente é o único legitimado a requerer ao juiz a alienação por iniciativa particular.
O juiz fixará:
a) o prazo em que a alienação deve ser efetivada;
b) o preço mínimo;
c) as condições de pagamento e as garantias;
d) a comissão, quando for intermediada por corretor ou leiloeiro. Se a alienação for feita pelo
próprio exequente, não há comissão;

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e) forma de publicidade.

ALIENAÇÃO EM LEILÃO JUDICIAL

a) Cabimento

A alienação em leilão judicial só é feita quando não for requerida a adjudicação nem a
alienação particular do bem penhorado.
Arrematação é a aquisição do bem que foi alienado em leilão judicial.
O CPC anterior, usava a expressão hasta pública, que subdividia-se em:
a) praça: alienação de imóveis;
b) leilão: alienação de móveis.
O CPC/2015 emprega o termo leilão tanto para bens móveis quanto para imóveis.

b) Legitimidade para realizar o leilão judicial

Em regra, o leilão é realizado por leiloeiro público. Abre-se exceção aos valores mobiliários
das sociedades anônimas, cujo leilão é realizado por corretores da bolsa de valores.
Cabe ao juiz a designação do leiloeiro público, que poderá ser indicado pelo exequente.
O leiloeiro recebe uma comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz, cujo pagamento
deve ser efetuado pelo arrematante do bem.

c) Formas de leilão judicial

O leilão judicial pode ser eletrônico e presencial.


Leilão eletrônico é o realizado pela internet. O leilão eletrônico têm preferência sobre o
presencial. É regulado pelas normas do CNJ. No referido leilão as propostas poderão ser
apresentadas durante um certo período.
Leilão presencial é o que se realiza no local designado pelo juiz, em data e horários
determinados. O leilão prosseguirá no dia útil imediato, à mesma hora em que teve início,
independentemente de novo edital, se for ultrapassado o horário de expediente forense
(art. 900 do CPC).

d) Lances

No edital, o juiz deve fixar o preço mínimo pelo qual o bem pode ser arrematado. Se não fixar,
será aceito qualquer lance, exceto o lance que ofereça preço vil.
Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não
tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da
avaliação (parágrafo único do art. 896 do CPC).
Abre-se exceção ao imóvel de incapaz, cuja arrematação não poderá ser por preço inferior a
80% (oitenta por cento) do valor da avaliação (art. 896 do CPC).

e) Pagamento

Em regra, o pagamento deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, por depósito
judicial ou por meio eletrônico.

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Abrem-se, no entanto, as seguintes exceções:


a. decisão judicial que autoriza o pagamento não imediato.
b. arrematação feita pelo próprio exequente quando este for o único credor. Se o exequente
arrematar os bens e for o único credor, não estará obrigado a exibir o preço, mas, se o
valor dos bens exceder ao seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença, sob
pena de tornar-se sem efeito a arrematação, e, nesse caso, realizar-se-á novo leilão, à
custa do exequente (§ 1o do art. 892 do CPC).
c. pagamento em prestações.
Com efeito, de acordo com o art. 895 do CPC, “o interessado em adquirir o bem penhorado
em prestações poderá apresentar, por escrito:
I - até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem por valor não inferior ao da
avaliação;
II - até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem por valor que não seja
considerado vil”.
A proposta conterá, em qualquer hipótese, oferta de pagamento de pelo menos vinte e cinco
por cento do valor do lance à vista e o restante parcelado em até 30 (trinta) meses, garantido por
caução idônea, quando se tratar de móveis, e por hipoteca do próprio bem, quando se tratar de
imóveis (§1o ).

EMBARGOS À EXECUÇÃO

NATUREZA JURÍDICA

Trata-se de ação cognitiva incidental ao processo de execução, tanto é que os embargos são
distribuídos por dependência e autuados em separado. Note-se que a autuação não é apenso e,
sim, em apartado.
A petição inicial dos embargos à execução deve preencher os requisitos dos art. 319 do CPC.
Os embargos são cabíveis nos processos autônomos de execução de título extrajudicial. Nos
casos de cumprimento de sentença, não se pode interpor embargos, mas sim impugnação.

PRAZO

Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 dias, contados da data da juntada aos autos do
mandado de citação (art. 915 do CPC ).
Perceba-se que os embargos podem ser oferecidos independentemente de penhora ou outra
garantia do juízo como caução ou depósito, assim, ainda que não hajam bens à penhora é possível
os embargos à execução. Em contrapartida, via de regra, não tem efeito suspensivo.
Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a
partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros,
quando será contado a partir da juntada do último mandado (§ 1º do art. 915 do CPC).
Assim, cada litisconsorte passivo tem seu prazo contado autonomamente, a partir da juntada
do mandado de citação. Não é preciso, para fluir o prazo, que se aguarde a juntada do último
mandado de citação, nem que todos tenham sido citados.
Se, no entanto, os executados forem cônjuges ou companheiros, o prazo para os embargos se
conta da juntada do último mandado citatório cumprido.
Nas execuções por carta precatória ou rogatória ou de ordem, a citação do executado será

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imediatamente comunicada pelo juízo deprecado ao juízo deprecante, por meios eletrônicos.
Nessas execuções por carta precatória, rogatória ou de ordem, o prazo para embargos que
versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação de bens,
que são problemas ocorridos no juízo deprecado, contará da juntada, na carta, da certificação da
citação, não há, pois, necessidade de se aguardar o retorno ou juntada da carta precatória; mas
quando os embargos versarem sobre outras questões, o prazo será contado da juntada da carta,
devidamente cumprida, ao juízo deprecante (§2º do art. 914 do CPC).
Aos embargos do executado não se aplicam o disposto no art. 229 do CPC (§3º do art. 914 do
CPC). Assim, em havendo litisconsortes passivos com procuradores diferentes, o prazo não será em
dobro. Durante o procedimento, para outros atos que não seja a interposição dos embargos, o
prazo será em dobro quando os executados tiverem diferentes advogados, segundo ensina Cândido
Rangel Dinamarco.

COMPETÊNCIA

Os embargos do devedor devem ser apresentados no juízo da execução e distribuídos por


dependência. Trata-se de competência funcional. Portanto, a competência é absoluta.
Na execução por carta, a competência para o julgamento dos embargos é do juízo
deprecante, mas se os embargos versarem exclusivamente sobre atos praticados no juízo
deprecado, como penhora, avaliação e alienação dos bens, este será o competente, conforme
súmula 46 do STJ e §2º do art. 914 do CPC).
Na execução por carta precatória ou de ordem, os embargos podem ser apresentados, isto é,
protocolados tanto no juízo deprecante quanto no juízo deprecado, mas a competência para o
julgamento segue o critério acima.

MORATÓRIA LEGAL

Moratória legal é o fato de a lei conceder um prazo para o devedor pagar a dívida.

Com efeito, dispõe o art. 916do Código de Processo Civil:

“No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito


de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês”.

O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos


do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias (§ 1o ).
Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas
vincendas, facultado ao exequente seu levantamento (§ 2o ).
Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos
executivos (§3º ).
Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será
convertido em penhora ( § 4o ).

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O § 5o do art. 916 acrescenta que o não pagamento de qualquer das prestações acarretará
cumulativamente:
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o
imediato reinício dos atos executivos;
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não
pagas.
A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor
embargos (§ 6o ).

Esse pedido de parcelamento é um direito potestativo do devedor, que independe da


concordância do credor, o juiz não poderá indeferir, salvo por falta dos requisitos formais
(tempestividade, reconhecimento do crédito, depósito de 30% e proposta de parcelamento do
restante em no máximo seis vezes). Não é essa, entretanto, a opinião do Superior Tribunal de
Justiça, que dá plena liberdade para o juiz indeferir o pedido quando revelar-se injusto ao caso
concreto.

Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exequente levantará a quantia depositada e serão
suspensos os atos executivos, mas a penhora, caso tenha sido realizada, não é desfeita.

O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento


antecipado das subsequentes e o prosseguimento do processo, além de multa de 10% sobre o valor
das prestações não pagas, sendo ainda vedada a oposição de embargos (§5º do artigo 916 do CPC).
É, no entanto, possível os embargos para discussão de matérias alheias ao valor do título, como,
por exemplo, penhora incorreta ou avaliação errônea.

O pedido de parcelamento gera o reconhecimento do débito e, por isso, inviabiliza os


embargos à execução, em face da renúncia tácita. Alguns autores falam em preclusão lógica, mas a
preclusão gera efeitos apenas dentro do processo. O pedido de parcelamento surte efeitos
panprocessuais, impede que o devedor discuta o débito em embargos à execução ou ação
autônoma. É, pois, mais que preclusão. Trata-se de renúncia.

O pedido de parcelamento só é previsto para a execução por quantia certa baseada em título
extrajudicial, não se aplica ao cumprimento da sentença (§7º do artigo 916 do CPC).

REJEIÇÃO LIMINAR DOS EMBARGOS

Rejeição liminar dos embargos é a sua extinção sem que se tenha ordenado a intimação do
embargado.

De acordo com o art. 918 do CPC, o juiz rejeitará liminarmente os embargos:


I - quando intempestivos;
II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido;
III - manifestamente protelatórios.

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No caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, em favor do exequente,


multa ao embargante em valor não superior a 20% do valor em execução, a qual será revertido em
proveito do exequente (parágrafo único do art. 774 do CPC). Esta multa é devida em razão do
parágrafo único do art. 918 do CPC considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o
oferecimento de embargos manifestamente protelatórios.

O ato judicial que rejeita liminarmente os embargos tem natureza jurídica de sentença e,
portanto, o recurso cabível é a apelação sem efeito suspensivo (art. 1.012, §1º, III, do CPC). Se, no
entanto, a petição inicial tem mais de um pedido e apenas um deles for indeferido liminarmente, o
recurso será o agravo de instrumento.
A intempestividade dos embargos, que foram oferecidos fora do prazo legal, não inviabiliza a
propositura da ação autônoma, para se discutir o direito material que se pretendia discutir nos
embargos, pois a preclusão temporal gera apenas efeitos endoprocessuais, isto é, dentro do
processo.
Tratando-se de matérias de ordem pública, não obstante a intempestividade, o juiz deverá
conhecer de ofício, convertendo os embargos intempestivos em petição de defesa, em vez de
indeferi-lo liminarmente.
Quando a petição inicial for inepta, o juiz, caso o vício seja sanável, antes de indeferi-la, deve
dar oportunidade para o embargante emendá-la em 15 (quinze) dias, conforme art. 321 do CPC.

CONTEÚDO DOS EMBARGOS

De acordo com o art. 917 do CPC, poderá o executado- embargante alegar:

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação.


II - penhora incorreta ou avaliação errônea.
III – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções.
De acordo com o § 2º do art. 917 do CPC, há excesso de execução quando o exequente
pleiteia quantia superior à do título. Nesse caso, o embargante deverá declarar na petição inicial o
valor que entende correto, apresentando a memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos
embargos ou de não conhecimento desse fundamento.

IV – retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de
coisa certa. Esses embargos à execução também se denominam embargos de retenção por
benfeitorias. Direito de retenção é a faculdade concedida ao possuidor de boa-fé de manter-se na
posse do bem até ser indenizado das benfeitorias necessárias e úteis. Esses embargos só são
cabíveis na execução para entrega de coisa certa. Na petição inicial, o embargante deve descrever
as benfeitorias e os respectivos valores. O exequente-embargado, na contestação, poderá requerer
a compensação do valor das benfeitorias com os frutos ou danos que o executado- embargante
causou no bem. Diante dessa alegação, o juiz deverá nomear perito para apurar o valor dos frutos,
dos danos e das benfeitorias. Procedente os embargos, a execução se suspende até que o
exequente preste caução ou deposite o valor das benfeitorias. Assim, procedente os embargos, o
exequente poderá a qualquer tempo ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou
depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação.
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução.
VI - qualquer matéria que lhe seja lícito deduzir como defesa em processo de
conhecimento. Não há, portanto, restrição às matérias que podem ser objetos de embargos.

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Qualquer matéria pode ser alegada, pois é a primeira oportunidade de defesa do executado, tendo
em vista a inexistência de um processo de conhecimento anterior. Assim, poderá, por exemplo,
alegar as objeções processuais do art. 337 do CPC. Portanto, o rol das matérias previstas no art. 917
é meramente exemplificativo.

EFEITO SUSPENSIVO

Os embargos do executado, em regra, não têm efeito suspensivo (art. 919 do CPC).
A atribuição de efeito suspensivo é medida excepcional, que depende de decisão judicial,
mediante o preenchimento dos seguintes requisitos cumulativos, conforme se depreende do § 1º
do art. 919 do CPC, a saber:
a) requerimento expresso do embargante. O juiz não pode, de ofício, conceder efeito
suspensivo. Esse requerimento pode constar na petição inicial dos embargos ou ser apresentado
em qualquer fase do processo, portanto, não há preclusão para se requerer o efeito suspensivo.
b) presença dos requisitos para a concessão da tutela provisória, isto é, que o prosseguimento
da execução possa manifestamente causar ao executado dano grave de difícil ou incerta reparação.
c) que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
A decisão relativa ao efeito suspensivo dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser
modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias
que a motivaram (§ 2º do art. 919 do CPC).
O § 5º do art. 919 do CPC reza que:
“A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de
reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens”.
Assim, o juiz poderá determinar o reforço da penhora e a avaliação por avaliador, ainda que
pendentes os embargos à execução com efeito suspensivo.
O efeito suspensivo, no entanto, impede a alienação judicial do bem penhorado e o
levantamento do dinheiro penhorado.
Da decisão que concede ou não efeito suspensivo aos embargos é cabível o recurso de agravo
de instrumento.

SENTENÇA DOS EMBARGOS

Os embargos serão julgados por sentença, que pode ser terminativa (art. 485 do CPC) ou
definitiva (art. 487 do CPC).
Da sentença que julga os embargos é cabível o recurso de apelação sem efeito suspensivo
(art. 1.012, §1º, III, do CPC).
Ainda que se tenha recebido os embargos com efeito suspensivo, sendo ele julgado
improcedente, a execução prosseguirá na pendência da apelação.

IMPUGNAÇÃO

Impugnação é o nome da defesa cabível no cumprimento de sentença.


De acordo com o art. 525, §1º, do CPC, a impugnação somente poderá versar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia. Se
não obstante a falta ou nulidade da citação na fase de conhecimento, o réu compareceu

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voluntariamente ao processo, arguindo ou não o vício, a matéria estará preclusa com o trânsito em
julgado da sentença. Se, no entanto, além da falta ou nulidade da citação, o processo correu à
revelia, o vício pode ser alegado através da impugnação de sentença, ação rescisória, ação
autônoma de querela nullitatis insanabilis e ainda exceção de pré-executividade.
II – ilegitimidade das partes. Exemplo: o fiador que não foi citado na fase de conhecimento é
parte ilegítima na fase de cumprimento de sentença.
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação. A inexequibilidade do título
ocorre quando a sentença for ilíquida ou então líquida mas pendente de recurso com efeito
suspensivo. Considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo STF, ou fundado em aplicação ou interpretação de lei ou ato
normativo tidos pelo STF como incompatíveis com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso (art. 552, §12, do CPC). É a chamada coisa julgada
inconstitucional. Nessa hipótese, a decisão prolatada na impugnação tem efeito similar ao acórdão
da ação rescisória. A referida decisão do Supremo Tribunal Federal deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda, pois se for proferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal (§§ 13 e 14 do art. 525 do CPC).
A obrigação, por sua vez, é inexigível quando sujeita a termo ou condição ou ainda quando o
exequente, em contrato bilateral, não houver cumprido a sua prestação.
IV – penhora incorreta ou avaliação errônea.
V- excesso de execução ou cumulação indevida de execuções. Quando o executado alegar
que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior á resultante da sentença,
cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa
impugnação (§5º do art. 525 do CPC). Se houver apenas excesso de penhora, não é necessária a
impugnação, pois o executado pode postular a qualquer tempo a redução da penhora.
VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução.
VII– qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como o pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. O rol desse inciso é
meramente exemplificativo. Se o fato já existia antes da sentença e não foi alegado na fase
cognitiva, não poderá ser objeto de impugnação, por força da eficácia preclusiva da coisa julgada,
que abrange também as matérias que poderiam ser alegadas. Quando o juiz reconhece a
procedência da impugnação, acolhendo essas matérias do inciso VII, a execução é extinta, portanto,
nessas hipóteses, o ato judicial que acolhe essas alegações tem natureza de sentença.
O rol das matérias acima é taxativo, salvo quanto às matérias de ordem pública, que inclusive
o juiz deve reconhecer de ofício. Assim, há restrições às matérias que podem ser alegadas na
impugnação.
A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148, portanto,
deve ser arguida em petição autônoma (§ 2o do art. 525 do CPC).
Frise-se, por fim, que as matérias que poderiam ser alegados na fase de conhecimento e não
foram encontram-se preclusas, não poderão ser deduzidas na impugnação do cumprimento de
sentença.

O prazo para a impugnação é de 15 (quinze) dias, contado a partir do término do prazo,


também de 15 (quinze) dias, para pagamento voluntário previsto no art. 523 do CPC.
Com efeito, dispõe o art. 525, caput, do CPC:
“Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de
15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,

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apresente, nos próprios autos, sua impugnação”.


Vê-se assim que a impugnação pode ser apresentada independentemente de penhora. Findo
o prazo de 15 (quinze) dias para pagamento voluntário, começa a fluir automaticamente o prazo
para a impugnação, independentemente de nova intimação.
Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229 (§ 3o do art. 525 do CPC). Portanto, os
litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão
prazo em dobro, salvo nos processos em autos eletrônicos.
A impugnação, em regra, não tem efeito suspensivo.
Excepcionalmente, o juiz pode atribuir-lhe esse efeito, desde que presentes os seguintes
requisitos:
a) requerimento do executado. O juiz não pode, de ofício, conceder o efeito suspensivo;
b) relevantes fundamentos;
c) que o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado
grave dano de difícil ou incerta reparação;
d) garantia do juízo, através de penhora, caução ou depósitos suficientes.
A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de
reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens (§ 7o do art. 525 do CPC).
Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e
idônea a ser arbitrada pelo juiz.
Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto
da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não
suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao impugnante.
As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos
atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em
qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da
comprovada ciência do fato ou da intimação do ato (§11 do art. 525 do CPC).
A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo,
quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. Exemplo: acolhimento da
alegação de pagamento, prescrição, novação, etc.
Quando se alegar a falta ou nulidade da citação na fase cognitiva e o juiz acolher o
argumento, a fase executiva será extinta, anulando-se o processo desde o momento em que a
citação deveria ser realizada. Note-se que a fase executiva é extinta, mas o processo prosseguirá,
na fase cognitiva, bastando intimar o réu, na pessoa do advogado. Nesse caso, o recurso cabível
também é a apelação, pois a execução foi extinta.
Quanto aos honorários advocatícios, dispõe a súmula 519 do STF:
“Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença não são cabíveis
honorários advocatícios”.
Saliente-se, contudo, que se não houver pagamento voluntário e, por consequência,
instaurar-se a fase de cumprimento da sentença, incidem honorários advocatícios.
Com efeito, preceitua a súmula 517 do STF:
“São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação,
depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do advogado
da parte executada”.

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O §1º do art. 523 do CPC prevê expressamente honorários de advogado de 10% (dez por
cento) se o pagamento voluntário não for efetuado no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
intimação para pagamento do débito.
Frise-se, no entanto, que, caso haja impugnação ao cumprimento de sentença, não haverá,
caso haja sua rejeição, novos honorários advocatícios, conforme súmula 519 do STF, que tem por
objetivo evitar o “bis in idem” dos honorários advocatícios.
Acolhida a impugnação, para se extinguir total ou parcialmente a execução, deverá o
exequente ser condenado aos honorários advocatícios.

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Exceção de pré- executividade é a defesa apresentada pelo executado, através de simples


petição, sem necessidade de prévia penhora, para se alegar matérias de ordem pública ou fatos
comprovados por documento.
Na exceção de pré-executividade só é possível alegar:
a) matérias de ordem pública: são as objeções que o juiz deveria ter conhecido de ofício. A
doutrina, nessas hipóteses, sugere o nome de objeção de pré-executividade. Exemplo: prescrição.
De acordo com o STJ, se houver necessidade de dilação probatória, não caberá a exceção de pré-
executividade, devendo a matéria ser alegada em impugnação ou embargos, conforme o tipo de
execução. Sobre o assunto dispõe a súmula 393 do STJ. “A exceção de pré-executividade é
admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem
dilação probatória”. O raciocínio é o mesmo para as demais execuções.
b) matérias não apreciáveis de ofício, que se encontram comprovadas por documentos. A
doutrina, nessas hipóteses, sugere o nome de exceção de pré-executividade. Exemplo: pagamento.
Se houver necessidade de dilação probatória, isto é, prova pericial ou testemunhal, o juiz extingue a
exceção de pré-executividade, sem decidi-la no mérito, mas a questão poderá ser debatida, através
da impugnação. Tal ocorre, por exemplo, quando o exequente, ao se defender na exceção de pré-
executividade que se fundamentava em pagamento, sustenta que é falsa a sua assinatura
constante no recibo.
Via de regra, os embargos à execução e a impugnação não têm efeito suspensivo. Por isso, o
efeito suspensivo à exceção de pré-executividade é excepcional, aplica-se somente nos casos de
relevante fundamento e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
De acordo com o STJ, ela será indeferida liminarmente quando os fatos alegados dependerem
de dilação probatória.
Da decisão que a rejeita liminarmente ou a julga improcedente, é cabível agravo de
instrumento.
Já a decisão que acolhe a exceção de pré-executividade, caso gere a extinção da execução, é
impugnável por apelação, mas se a execução prosseguir, como, na hipótese de prescrição de
apenas algumas parcelas da dívida, o recurso será o agravo de instrumento.
Acolhida a exceção de pré- executividade, para se extinguir total ou parcialmente a execução,
deverá o exequente ser condenado aos honorários advocatícios. Mas a decisão que rejeita a
exceção de pré-executividade, não arbitra honorários advocatícios (STJ).

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