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DIREITO PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO

E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Prof.ª Carine Cruz


Advogada
Especialista em Direito Processual Civil
DA EXECUÇÃO EM GERAL
• 27/02 Introdução à Execução e Cumprimento de Sentença (Teórico)

• 06/03 Da legitimidade à responsabilidade patrimonial dos títulos


Executivos Judiciais (Teórico)

• 13/03 Do processo de execução à aplicação do Tribunal Multiportas


dos títulos executivos judiciais
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
• 20/03 Das tutelas na Execução por Quantia Certa (Teórico)

• 27/03 As tutelas: ressarcitória, específica e inibitória da Execução


por Quantia Certa (Teórico)

• 03/04 Do Cumprimento à Liquidação da Sentença (Teórico)

10/04 1º AVALIAÇÃO
Teoria geral da execução
Executar é satisfazer uma prestaçã A execução pode ser espontânea ou forçada.
o devida; é cumprir uma
prevista em um título executivo.
obrigação O processo de execução se diferencia do
processo de conhecimento.

A execução objetiva adotar medidas à satisfação do direito. Para que o


CERTEZA
credor possa mover o cumprimento de sentença ou o processo de
execução, deverá possuir um título executivo judicial ou extrajudicial.
LIQUIDEZ
O RESULTADO DA EXECUÇÃO É A SATISFAÇÃO DA PRETENSÃO DO
CREDOR, IMPLEMENTANDO-SE O RESULTADO PRÁTICO ANOTADO
NO TÍTULO EXECUTIVO. EXIGIBILIDADE
Teoria geral da execução
Para iniciar uma execução é necessário o título executivo JUDICIAL
CONDITIO SINE QUA NON • Art. 515/CPC

EXTRAJUDICIAL
• Art. 784/CPC
A execução baseada em título executivo judicial ocorrerá no
mesmo processo em que se formou o título exequendo.

Não existe processo autônomo


– início imediato da execução.

O processo autônomo será necessário quando a atividade


executiva se basear em título executivo extrajudicial. Necessária a iniciativa da parte |
petição inicial e protocolo.
Ne procedat judex ex officio
Características da execução
Na execução, a atuação do Estado-juiz para o cumprimento da obrigação prevista no
Substitutividade título judicial substitui a atividade da parte, aplicando-se meios coercitivos e sub-
rogatórios para o cumprimento a obrigação.

Efeito da coisa julgada material da sentença proferida em sede de execução. Existe


Definitividade um mérito julgado na execução, não permitindo a rediscussão da matéria.

Admite-se a aplicação subsidiária das regras do processo de conhecimento à execução


Subsidiariedade (autônoma ou como fase posterior à sentença) – art. 771/CPC.
Princípios da execução | Theodoro Júnior
Responsabilidade patrimonial |
art. 789/CPC Os atos executivos recaem sobre o patrimônio, e não sobre a pessoa do executado.
Satisfatividade A execução atuará sobre o patrimônio do executado até o limite do crédito devido.
Utilidade A execução deve ser manejada de forma útil ao exequente, sendo vedado o seu uso para proporcionar prejuízos
ao executado (art. 836, caput, 891 e 899/CPC.

Economia da execução A execução deve satisfazer o crédito do exequente no meio menos gravoso possível ao executado.

Especificidade O processo deve propiciar ao exequente a exata prestação que ele obteria caso a obrigação tivesse
sido normalmente adimplida.
Ônus da execução
A execução corre às expensas do executado (principal, juros, correção monetária e honorários (art.
Dignidade humana 395 e 401/CC e 826 e 829/CPC.

Disponibilidade da execução A execução não deve levar o executado a uma situação incompatível com a dignidade da pessoa
humana (bens impenhoráveis, por exemplo | art. 832 e 833/CPC).

O credor tem a livre disponibilidade do processo | escolhe ajuizar a ação ou dela desistir
(art. 775/CPC).
Princípios da execução | Humberto Dalla
Princípio da cartularidade: É o “bilhete de
ingresso”. A sua ausência gera nulidade.

O título executivo é formalmente um documento e,


materialmente, consubstancia um crédito oriundo de uma relação jurídica.

Dar/restituir coisa
certa/incerta
A execução deve dar a quem tenha um direito tudo aquilo que ele tenha o
direito de conseguir | fazer jus ao contido no título | restituir as coisas ao
seu estado anterior por meio da chamada execução específica. Fazer/não fazer/emitir
declaração de vontade

Obrigação pecuniária
contra devedor
solvente/insolvente
Princípios da execução | Humberto Dalla
Princípio da execução menos gravosa ao executado (art. 805/CPC). Quando
a execução puder ser realizada de diversas maneiras, o juiz determinará que
ela se processe pela forma menos onerosa possível ao devedor.

A EXECUÇÃO NÃO PODE SER UTILIZADA COMO


INSTRUMENTO DE VINGANÇA PELO EXEQUENTE.

Princípio do contraditório. No cumprimento de sentença o contraditório é limitado


a alguns aspectos formais ou processuais. Existe a blindagem da coisa julgada. Na
execução de título extrajudicial, o executado poderá alegar questões processuais,
inclusive vício de consentimento.

Princípio do desfecho único. A execução existe para a


satisfação dos direitos do credor. Trata-se da outorga
da tutela executiva ao credor.
Jurisprudência aplicada | penhora
O princípio da dignidade humana e a impenhorabilidade das verbas alimentares

Constituição Federal
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)
III.- a dignidade da pessoa humana;”
Código de Processo Civil
“Art. 833. São impenhoráveis: (...)
IV.- os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º
; (...)
2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais,
devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º .”
O princípio da dignidade humana e a
impenhorabilidade das verbas alimentares
Penhora de percentual de salário – dignidade do devedor – ponderação
“1. Em que pesa a tendência de mitigação do art. 833, inciso IV, §2º do CPC, orientando-se no sentido de ampliar a
eficácia das normas fundamentais do processo civil, sobretudo para possibilitar o cumprimento das obrigações, com a
penhora de conta salário e também do próprio salário, os pedidos devem ser analisados caso a caso, ponderando-se
com os demais princípios sensíveis. 2. No caso concreto, a penhora requerida possui a potencialidade de afrontar
direitos fundamentais do devedor, como a dignidade da pessoa humana, uma vez que o valor recebido pelo devedor
não é de grande monta, refletindo inclusive no valor efetivamente penhorado em sua conta, que se revela
insignificante diante da dívida cobrada. (...). Caso fosse deferido o bloqueio, é possível que a quantia seja até mesmo
inferior aos encargos da dívida, de modo que não haveria amortização, mas um bloqueio no salário do devedor de
forma indefinida. 4. O CPC estabelece em seu artigo 836 que não será efetivada a penhora se o custo da execução for
superior aos bens arrecadados. De tal forma, uma interpretação sistemática da norma processual leva à conclusão de
que a penhora só será realizada caso exista efetividade na sua consolidação e não coloque em risco a dignidade do
devedor, não sendo o caso dos autos.”
(Acórdão 1149903, 07218775620188070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
07/02/2019, publicado no DJe: 13/02/2019.)
O princípio da dignidade humana e a
impenhorabilidade das verbas alimentares
Superendividado com salário vultoso – mitigação da impenhorabilidade
"Consoante entendimento do STJ, é possível, em situações excepcionais, a mitigação da impenhorabilidade dos
salários para a satisfação de crédito não alimentar, desde que observada a Teoria do Mínimo Existencial, sem prejuízo
direto à subsistência do devedor ou de sua família, devendo o magistrado levar em consideração as peculiaridades do
caso e se pautar nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. No caso dos autos, caracteriza-se a
excepcionalidade do endividado uma vez que ostenta, simultaneamente, um super salário, apurando-se a
necessidade de análise particularizada, eis que a base de cálculo é tão extensa que, mesmo após a incidência de
descontos obrigatórios altíssimos, ainda é capaz de manter o mínimo existencial do devedor. (...) Assim, considerando
que a remuneração básica do agravado oscila em torno de 40 (quarenta) salários mínimos, mas que após os
descontos não-obrigatórios, decorrentes de dívidas diversas, ainda recebe uma quantia líquida de cerca de 12 (doze)
salários mínimos, verifico que está preservado mínimo existencial e, simultaneamente, satisfeito o direito do credor,
que receberá o pagamento em parcelas mensais de R$ 2.000,00 (dois mil reais). "
(Acórdão 1179533, 07213154720188070000, Relatora: CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, data de julgamento:
19/06/2019, publicado no PJe: 24/06/2019)
O princípio da dignidade humana e a
impenhorabilidade das verbas alimentares
Penhora de pró-labore – natureza alimentar – impossibilidade
“1. O pró-labore é a remuneração devida ao sócio pela gerência da sociedade, ou seja, decorre do labor
realizado pelo devedor e, consequentemente, reveste-se de natureza alimentar, não comportando a penhora.
2. A impenhorabilidade de que cuida o artigo 833 do Código de Processo Civil é absoluta. Tem por objetivo
maior a garantia da dignidade da pessoa humana, de modo a assegurar o mínimo existencial ao devedor, razão
pela qual não há se falar em penhora nem mesmo de 10% de valores decorrentes do pro-labore, por se tratar
de verba de natureza alimentar.”
(Acórdão 1153826, 07191701820188070000, Relator: CARLOS RODRIGUES, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
21/02/2019, publicado no DJe: 07/03/2019)
Medidas executivas atípicas
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação
pecuniária;
Correspondentes CPC 73 – Arts. 125, 461, § 5º e 798.
Medidas executivas atípicas
Inclusão do nome do devedor em cadastro de inadimplentes – execução de título extrajudicial
“2. O processo de execução é voltado à efetiva satisfação do crédito do exequente, na forma dos artigos 4º, 6º, 789 e
797, do CPC. A medida pretendida tem previsão no artigo 139 II e IV, do CPC, e traduz um poder geral de efetivação,
permitindo a aplicação de medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem judicial, inclusive em
execução. 3. Nos termos do art. 139, II e IV, do CPC c/c disposição expressa do art. 782, §3º, do CPC, o juiz, a
requerimento da parte, pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes. Tal medida
tem por escopo inibir a inadimplência do devedor, que usa o trâmite judicial com a finalidade de procrastinar a
satisfação do débito. Possibilidade.”
Acórdão 1275593, 07155121520208070000, Relator: ALFEU MACHADO, Sexta Turma Cível, data de julgamento:
19/8/2020, publicado no DJE: 1/9/2020.
Restrição de circulação de veículo – cumprimento de sentença
“3. Verificada a existência de patrimônio expropriável do devedor e que a restrição de transferência existente sobre o
bem não tem sido suficiente para assegurar a realização da penhora, a adoção de medida coercitiva atípica mostra-se
cabível. 4. No caso, a medida excepcional de restrição de circulação do bem por intermédio do sistema RENAJUD mostra-
se adequada e proporcional, ainda mais porque força o comparecimento do devedor aos autos.”
Acórdão 1280057, 07081860420208070000, Relator: JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS, Quinta Turma Cível, data de
julgamento: 2/9/2020, publicado no DJE: 15/9/2020.
Das Partes na execução | Noções
Na execução, o conceito de parte cinge-se à teórica identificação
das pessoas legalmente tituladas à demanda executória, ou seja,
examina-se a presença de dois requisitos:
CREDOR + TÍTULO – INADIMPLEMENTO?
REQUISITOS
CREDOR + INADIMPLEMENTO - TÍTULO?
Inadimplemento
do devedor Título executivo RESPOSTAS?
art. 783/CPC
art. 786/CPC
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a
obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.

Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de


obrigação certa, líquida e exigível.
Legitimação ativa | execução
•Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
•§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao
•exequente originário:
I.- o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II.- o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do
título executivo;
III.- o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por Caso a execução seja ajuizada pelo credor, terá
legitimidade ordinária, visto que o credor é o
Ato entre vivos. próprio titular do direito material que vai a
juízo em nome próprio defender seus direitos.
IV-- o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado
Art. 346 a 351 CC | Ex: Fiador que paga a
dívida do afiançado.
Antes da sentença de partilha o legitimado Cessão de crédito | art. 286 CC
Ação popular | Ação civil pública é o espólio. Após será cada herdeiro.
Legitimação passiva | execução
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I.- o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II.- o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; CESSÃO DA DÍVIDA |
III.- o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do CONTRATO DE ASSUNÇÃO DE
título executivo; DÍVIDA ART. 299/303/CC.
IV.- o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V.- o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI.- o responsável tributário, assim definido em lei.

Exemplo: Locatário e devedor hipotecário


Incidentes processuais na execução
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta
comissiva ou omissiva do executado que:
I.- frauda a execução;
II.- se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos;
III.- dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à
penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e,
se for o caso, certidão negativa de ônus.

Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante
não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual
será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.
Execução por quantia certa | art. 824/910
A execução por quantia certa visa satisfazer o credor mediante a
entrega de uma soma. Visa converter os bens do devedor em Caso o executado não cumpra com a obrigação
dinheiro para pagar o crédito exequendo. Trata-se de execução de pagar quantia certa, o processo de execução
por expropriação. recairá sobre os seus bens. (caput do art.
824/CPC). Portanto, exceto as disposições
Fixado o valor, a petição inicial deverá obedecer as disposições gerais do processo de execução. O especiais, o processo de execução seguirá pela
exequente deverá apresentar, além do título executivo, o demonstrativo do débito atualizado expropriação dos bens do executado.
(artigo 798, inciso I, alínea “b”) contendo, conforme os requisitos do art. 798, Novo
CPC:
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se
1. o índice de correção monetária adotado (art. 798, § único, I, Novo CPC); pela expropriação de bens do executado,
2. a taxa de juros aplicada (art. 798, § único, II, Novo CPC); ressalvadas as execuções especiais.
3.os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros
utilizados (art. 798, § único, III, Novo CPC);
4. a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso (art. 798, § único, IV, CPC);
5. a especificação de desconto obrigatório realizado (art. 798, § único, V, Novo CPC).
Execução por quantia certa
O art. 825/CPC dispõe as formas da expropriação:

1.adjudicação: o bem é transferido, então, do patrimônio do


executado para o patrimônio do exequente ou de terceiro,
como forma de pagamento;
2.alienação: o bem é alienado, então, por iniciativa
particular ou em leilão judicial, e o valor é revertido para o
adimplemento da obrigação;
3.apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de
estabelecimentos e de outros bens.
Cumprimento Definitivo da Sentença que
Reconhece a Exigibilidade de Obrigação de Pagar
Quantia Certa
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já 1. O cumprimento de sentença deve ser requerido pelo
fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela exequente, ainda que não constitua novo processo;
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far- .2. O executado terá 15 dias a partir da intimação para pagar o
se-á a requerimento do exequente, sendo o executado débito e as custas, se houver.
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze)
dias, acrescido de custas, se houver. A multa do parágrafo 1º não incidirá apenas no cumprimento
definitivo de sentença, mas também no cumprimento provisório
de sentença, conforme o art. 520/CPC.
§1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento. Há, contudo, a possibilidade de que o pagamento do débito seja
§2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a parcial. Nesses casos, então, a multa do parágrafo 1º do art. 523,
Novo CPC, incidirá apenas sobre o valor remanescente.
multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o
restante.
§3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, Caso o pagamento voluntário, por fim, não ocorra tempestivamente,
será expedido mandado de penhora e avaliação. E prosseguir-se-á,
será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, então, com os atos de expropriação (art. 876, Novo CPC, ao art. 903,
seguindo-se os atos de expropriação. Novo CPC).
Execução para a entrega de coisa certa
COISA CERTA Coisa certa é coisa infungível, aquele bem que não pode ser substituído por outro. É
aquela coisa que possui características próprios. É individualizada por suas
características. Pode ser imóvel, móvel ou semovente. O devedor será acionado a fim de
satisfazer a obrigação de entregar a coisa devida.

Pressuposto da execução é a sentença condenatória.

Artigo 784, I, II,


III e IV do CPC
PODEM SER OBJETO DO PROCESSO EXECUTIVO EM QUESTÃO:

NÃO a)

b)
O crédito, uma vez que não seja suscetível de posse em sentido
técnico;
O dinheiro, que é penhorado e distribuído, e que, como é
essencialmente fungível, não presta a ser objeto de execução
específica direta.
Execução para a entrega de coisa certa
Se a obrigação de entregar determinada coisa consta no INÍCIO DA EXECUÇÃO
título executivo extrajudicial, o credor passa a ter o
direito subjetivo de iniciar a execução citando o devedor JUIZ PODERÁ FIXAR MULTA
para, dentro de 15 dias, satisfazer a obrigação (art. 806, DEVEDOR CITADO
caput/CPC).
Princípio da efetividade
da execução Mandado de citação deve
ser expedido com ordem
de imissão na posse
(imóvel) ou busca e
Entregue a coisa, lavrar-se-á o apreensão (móvel) para o
respectivo termo, sendo a obrigação caso de o executado não
de entrega considerada satisfeita cumprir a obrigação no
(art. 807/CPC). prazo designado.

Alienada a coisa quando já


litigiosa, expedir-se-á
mandado contra o terceiro
adquirente (art. 808/CPC).
Execução para a entrega de coisa certa

BENFEITORIAS INDENIZÁVEIS

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231 .
Em se tratando de título extrajudicial, o § 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo
devedor, depois de citado, poderá comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.
articular seus embargos, no prazo de § 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:
I.- da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da
quinze dias. alienação dos bens;
II.- da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente
cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.
Execução para a entrega de coisa incerta
A coisa incerta é fungível por excelência; Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de
pode ser substituída por outra, da mesma 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita pela outra,
espécie, qualidade e quantidade. e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa
determinada pelo gênero e pela quantidade, o
executado será citado para entregá-la
individualizada, se lhe couber a escolha. O decurso do prazo, em qualquer dos casos, sem impugnação,
torna esta preclusa e, em consequência:
Parágrafo único. Se a escolha couber ao
a) Fica o credor obrigado a aceitar a coisa que o devedor
exequente, esse deverá indicá-la na petição
entregou;
inicial. b) Fica o devedor obrigado a fazer a entrega da coisa indicada na
inicial.
Jurisprudência aplicada
•AGRAVO DE INSTRUMENTO - execução de título extrajudicial - OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA INCERTA NÃO CUMPRIDA
PELO EXECUTADO - rejeitada a preliminar de não conhecimento do recurso - IRRESIGNAÇÃO CONTRA DECISÃO QUE
DETERMINOU O PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO APENAS QUANTO AO VALOR DA MULTA, EXCLUINDO A PRETENSÃO
EXECUTÓRIA RELACIONADA A PERDAS E DANOS - DIPLOMA PROCESSUAL QUE RECONHECE EXPRESSAMENTE O DIREITO DO
EXEQUENTE DE RECEBER PERDAS E DANOS (ART. 809, CPC) - OBRIGATORIEDADE DE REPARAR PREJUÍZOS DECORRENTES DO
INADIMPLEMENTO QUE FOI EXPRESSAMENTE PREVISTA NO CONTRATO - INDEVIDA A EXCLUSÃO IMEDIATA E OFICIOSA DE PARTE
DOS VALORES EXIGIDOS PELO EXEQUENTE - EXECUÇÃO QUE DEVE PROSSEGUIR TAMBÉM NO QUE TANGE AO PREJUÍZO
ALEGADO, CABENDO AO EXECUTADO A IMPUGNAÇÃO QUE ENTENDER CABÍVEL PELA
•VIA ADEQUADA PARA TANTO - Decisão REFORMADA EM PARTE - Recurso Provido. (TJSP; Agravo de

Instrumento 2040144-16.2022.8.26.0000; Relator (a): Cesar Luiz de Almeida; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional XI - Pinheiros - 1ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 18/04/2022; Data de Registro: 18/04/2022)
Execução da obrigação de fazer
CPC, Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao
despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a
partir da qual será devida.

Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo.
Iniciativa pelo requerimento da parte.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
*O juiz fixa o prazo em que a realização da obrigação de fazer ou não fazer será devida.
*Fixação de multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação.
*O inadimplemento implicará em satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e danos, caso
que se converterá em indenização.
Execução da obrigação de fazer
Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao exequente,
nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou
perdas e danos, hipótese em que se converterá em indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a
execução para cobrança de quantia certa.
Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar,
a
requerimento do exequente, que aquele aOsatisfaça à custa do executado.
inadimplemento da obrigação de fazer ou não
*O inadimplemento da obrigação de fazer ou não fazer Fungível (pode ser prestada por terceiros)
fazer personalíssima, implicará em indenização, apurada em *Será feira por terceiros às custas do executado.
liquidação. *O credor tem preferência de executar ou mandar executar, sob sua direção e
*Obrigação de fazer ou não fazer fungível (prestada por terceiros), vigilância, em igualdade de condições de oferta do terceiro (Art. 820).
que será feita por terceira à custa do executado). Infungível ou personalíssima (pela natureza não pode ser prestada por terceiro).
*O credor tem preferência de executar ou mandar executar, sob sua
*Implicará em indenização, apurada em liquidação.
direção e vigilância, em igualdade de condições de oferta do terceiro.
Jurisprudência aplicada
Não satisfação da obrigação
Art. 816. Se o executado não satisfizer a
obrigação no prazo designado, é lícito ao
exequente, nos próprios autos do
processo, requerer a satisfação da
obrigação à custa do executado ou perdas
e danos, hipótese em que se converterá
em indenização.

Parágrafo único. O valor das perdas e


danos será apurado em liquidação,
seguindo-se a execução para cobrança de
quantia certa.
Jurisprudência aplicada
Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por
terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a requerimento
do exequente, que aquele a satisfaça à custa do
executado.

Art. 819. Se o terceiro contratado não realizar a


prestação no prazo ou se o fizer de modo
incompleto ou defeituoso, poderá o exequente
requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias,
que o autorize a concluí-la ou a repará-la à
custa do contratante.

Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo


de 15 (quinze) dias, o juiz mandará avaliar o
custo das despesas necessárias e o condenará a
pagá-lo.
Jurisprudência aplicada
Requerimento de cumprimento de sentença
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
conter:

I.o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no


Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado
o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
II. o índice de correção monetária adotado;
III. os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV.o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
V. indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
Requerimento de cumprimento de sentença
§1º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder 1.a execução será iniciada pelo valor pretendido, conforme o
os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor demonstrativo;
pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz 2. a penhora, contudo, será baseada no valor que o juiz
considerar adequado.
entender adequada.
§2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista
do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, Apesar da apresentação do demonstrativo, o juiz poderá requerer que
os cálculos sejam, então, verificados pelo contabilista do juízo. E este
exceto se outro lhe for determinado. terá, dessa maneira, 30 dias para realizar o procedimento. Contudo,
§3º Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em prazo distinto poderá ser determinado pelo juízo.
poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob
cominação do crime de desobediência.
§4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados O juiz poderá nesses casos, então, requisitar os dados a quem
importe, sob pena de configuração de crime de desobediência
adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do (art. 330, Código Penal).
exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o
cumprimento da diligência.
§5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem O juízo não poderá, de ofício, requerer que o executado
apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, apresente os dados. Ademais, ele terá 30 dias para cumprir a
reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas diligência.
com base nos dados de que dispõe.
Se os dados não forem apresentados, nem sejam justificados, no prazo
designado, os cálculos apresentados pelo exequente serão
considerados corretos com base nos dados indicados.
Impugnação ao cumprimento de
sentença
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15
(quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.
§1º Na impugnação, o executado poderá alegar: Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o
cumprimento da sentença, comparecer em juízo e
I.falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o oferecer em pagamento o valor que entender devido,
processo correu à revelia; apresentando memória discriminada do cálculo.
§1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias,
II. ilegitimidade de parte;
podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do
III. inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; levantamento do depósito a título de parcela
IV. penhora incorreta ou avaliação errônea; incontroversa.
V. excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; §2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito,
VI. incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e
VII.qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como honorários advocatícios, também fixados em dez por
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, cento, seguindo-se a execução com penhora e atos
subsequentes.
desde que supervenientes à sentença.
§3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a
obrigação e extinguirá o processo.
Defesa do executado: embargos, objeção de
pré-executividade e ação autônoma.
PETIÇÃO EXECUÇÃO EMBARGOS
Exequente
Embargante Embargado

Os títulos tem eficácia


executiva – presunção de “Os embargos têm natureza jurídica autossuficiente, de
legalidade. uma ação autônoma e incidental, que cuidará de tratar
de questões de fato e de direito, que visem desconstituir o
título e que não poderiam ser tratadas na ação principal,
a de execução, dada a característica não cognitiva dessa
última.” Humberto Dalla.
Ação de execução não se confunde com a ação
cognitiva/conhecimento. A obrigação poderá ser
cumprida independente do lastro probatório.
Defesa do executado | procedimento
“Os Embargos de Executado constituem ação Sentença ou título
de conhecimento, gerando um processo extrajudicial
autônomo , através do qual o executado tem a
oportunidade de impugnar a pretensão Petição de cumprimento do julgado
creditícia do exequente e a validade da relação e/ou execução do título pelo credor
processual executiva.” Assis, 2017, p. 1620.
1. Trata-se de nova demanda, autuada em apenso Devedor intimado da execução
da execução (art. 914, § 1º/CPC).
2. O ajuizamento se dará no mesmo juízo da execução.
3. Quem não faz parte da nem tem Devedor embarga em 15
execução, responsabilidade um dias (art. 915/CPC)
patrimonial,
indevidamente constrito
se tiverpor ato judicial, devebem
buscar a
desconstituição da decisão por meio de embargos de Sentença ou título Credor/exequente se
terceiro. extrajudicial manifesta em 15 dias (art.
920, I/CPC)
Defesa do executado | procedimento
Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) No prazo para embargos, o executado poderá requerer o
dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231 .
§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um
parcelamento da dívida, desde que reconheça o crédito
deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo do exequente e comprovando o depósito de 30% do valor
comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de em execução, acrescido de custas e de honorários de
companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. advogado.
§ 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:
I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
alienação dos bens; I.- inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o II.- penhora incorreta ou avaliação errônea;
§ 4º deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta III.- excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas IV.- retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de
da prevista no inciso I deste parágrafo. execução para entrega de coisa certa;
§ 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à V.- incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
execução, não se aplica o disposto no art. 229 . VI.- qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa
§ 4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de em processo de conhecimento.
ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por
meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.
Defesa do executado | procedimento
Os embargos devem observar os requisitos gerais para deferimento da inicial (art. 739, II, e 282 c/c o art. 598/CPC).

Por regra os embargos não possuem efeito suspensivo automático (art. 919, caput/CPC),
podendo o Magistrado, discricionariamente, conceder ou não efeito suspensivo.

Para que o Juiz atribua efeito suspensivo, será preciso que a execução esteja garantida
(depósito ou prestar caução correspondente ao valor executado).

“A doutrina entende que a norma deve ser interpretada de acordo com as forças patrimoniais
do executado, devendo-se suspender a execução, mesmo sem garantia, quando for
demonstrada a evidência ou a urgência do direito requerido nos embargos”. Wambier, 2015,
p. 2058.

Há excesso de execução quando:


I.- o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II.- ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III.- ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV.- o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do
executado;
V.- o exequente não prova que a condição se realizou.
Causas de rejeição liminar dos embargos

No caso de embargos protelatórios será imposta


pelo juiz, em favor do exequente, multa ao
embargante em valor não superior a 20% do valor
em execução, regra do parágrafo único do art.
920/CPC.

a) intempestividade.
b) Inépcia da petição inicial.
c) Causas protelatórias, assim
manifestamente
considerada a conduta atentatória à dignidade
da justiça e o oferecimento de embargos
manifestamente protelatórios.

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