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EXMO (A). SR (A).

JUIZ (A) FEDERAL DA XXXX VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE


XXXXXXXXXXXXXXXX.
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA
PROCESSO Nº: XXXXXXXXXXXXX
RECLAMANTE/EXEQUENTE: XXXXXXXXXXXXXXXXX
TERCEIRO/EMBARGANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
PESSOAS JURÍDICAS RECLAMADAS/EXECUTADAS:
1 – XXXXXXXXXXXXXXX.
2 – XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.

XXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, funcioná rio pú blico, portador do RG nº


XXXXXXXXXXXX, identificado no CPF/MF sob o nº XXXXXXXXXXXXXXX,
residente/domiciliado na Av. XXXXXXXXXXXXXXX, cidade de XXXXXXXXXXXXXX, CEP nº
XXXXXXXXXXXX, em vista do processo de execuçã o vinculado à Reclamaçã o Trabalhista em
epígrafe, no qual contende com XXXXXXXXXXXXXXXXXX, movido pela indevida inserçã o do
seu nome no Polo Passivo da demanda laboral, fls XXXXX dos autos, tendo por corolá rio a
iminente constriçã o patrimonial, vem, por seu advogado, tempestiva e oportunamente,
opor

EMBARGOS DE TERCEIRO
Com fundamento no artigo 884 da Consolidaçã o das Leis do Trabalho, c/c o artigo 1.046 do
CPC, pelos motivos irreprochá veis expendidos na presente peça.
DAS FUTURAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES
Inicialmente, com fulcro no artigo XXXXXX, do CPC, o Embargante requer que todas as
publicaçõ es e/ou notificaçõ es sejam expedidas exclusivamente em nome da advogada
XXXXXXXXX, inscrita na OAB/XXX sob o nº XXXXXXX, com endereço profissional na
XXXXXXXXXXXXX, CEP XXXXXXXXXXXXXXX sob pena de nulidade, nos termos da Sú mula nº
427 do C. TST.
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA – CPC ART. XXXXXX
A açã o de embargos de terceiros, como medida processual aplicá vel à espécie, reveste
cará ter incidental, comportando distribuiçã o ao juízo em que corre a açã o principal
(execuçã o), reunindo-se aos autos respectivos, na forma do art. XXXXXX do CPC, como
norma supletiva, ante o silêncio da CLT.
DA AUTENTICIDADE DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA
Cumpre evocar o art. 830 da CLT, em sua atual redaçã o dada pela Lei nº 11.925, publicada
em 17/04/2009, sendo declarados autênticos todos os documentos apresentados, sob pena
de responsabilidade pessoal do advogado subscritor.
DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE MEDIDA
O Embargante tomou conhecimento de que nos autos da Reclamaçã o Trabalhista intentada
por XXXXXXXXXXXXXXXX, consta, à s fls. 293, despacho da MM. Juíza
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, determinando a inclusã o do seu nome no polo
passivo da lide em comento, já na fase de Execuçã o da Sentença, para responder pelos
créditos trabalhistas nã o solvidos pelas empresas executadas e pelos respectivos só cios,
ficando autorizada a pesquisa sobre os bens que poderã o sofrer a constriçã o judicial,
incluindo bens imó veis indicados pelo exequente.
Ora, sendo o Embargante TERCEIRO, agora indevidamente incluído neste processo, urge se
socorrer pelo presente remédio, sob a égide do art. XXXXXX do Có digo de Processo Civil,
verbis:
Art.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Considerando a data em que o Embargante tomou conhecimento do evento processual, o
prazo para oposiçã o da presente medida teve início em XXXXXXXXXXXXXXXX e terá fim em
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX), portanto, tempestiva a presente medida.
SÍNTESE DOS FATOS
A Execuçã o de Sentença em foco provém da Reclamaçã o Trabalhista movida por
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, alegando direitos trabalhistas oriundos de Contrato de Trabalho
firmado com a empresa XXXXXXXXXXXXXXXXXX, CNPJ/MF nº XXXXXXXXXXXXXXXX.
Posteriormente a Execuçã o seria estendida à empresa XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX,
CNPJ/MF nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, do mesmo grupo econô mico.
Em etapa subsequente foi solicitada a despersonalizaçã o das Pessoas Jurídicas a fim de
viabilizar o acesso ao patrimô nio particular dos respectivos só cios administradores e/ou
gerentes, sob o argumento de nã o localizaçã o de bens em nome das mencionadas
empresas.
Na tela BacenJud, disponibilizada à s fls. Xxxxx dos autos, os Réus e Executados estã o assim
identificados:
XXXXXXXXXXX – XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
XXXXXXXXXXXX – XXXXXXXXXXXXX.
XXXXXXXXXXXXXX – XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
XXXXXXXXXXXXX – XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
No documento de fls. Xxxx consta certidã o do Analista Judiciá rio que atesta resultado
NEGATIVO na busca realizada no sistema BacenJud.
Em apertada síntese, estes sã o os Fatos.
DOS EMBARGOS
Revela a peça inicial de Reclamaçã o Trabalhista que o Sr. XXXXXXXXXXXXXX, tido por
Reclamante/Exequente, foi admitido na data de XXXXXXXXX e injusta e abruptamente
despedido no dia XXXXXXXXXXXXX.
Entrementes, o Embargante integrou o Quadro Societá rio da empresa XXXXXXXXXXXXX, no
período de XXXXXXXXX a XXXXXXXXXX, tendo ingressado com quotas de R$ XXXXXXXXXX
(XXXXXXXXX) cedidas pela só cia XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, e pelo mesmo valor restituídas
à referida quotista, sem que o retirante tenha praticado qualquer ato de gestã o ou recebido
alguma vantagem financeira, como participaçã o na distribuiçã o de lucros, etc.
O valor de R$ XXXXXXXXXXX (XXXXXXXXXXX) representava XXXX (XXXXXXXXXXX) do
pequeno Capital Social de R$ XXXXXXXXXXXX (XXXXX), estando como só cio majoritá rio o
Sr. XXXXXXXXXXXXXXXXX, ocupando o Cargo de Diretor Presidente, assinando pela
empresa, conforme Certidã o expedida pela Junta Comercial do Estado de
XXXXXXXXXXXXXX.
A segurança jurídica do Embargante, entã o só cio, estaria assegurada pelo Decreto Federal
nº XXXXXXXXXXXX, de XXXXXXXXXXXXX, dispondo sobre a constituiçã o de Sociedades por
Quotas de Responsabilidade Limitada, com força de Lei (stricto sensu).
Art. 2º - XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Art. 10 – XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Em sessã o realizada em XXXXXXXXXXXXX a Junta Comercial do Estado de XXXXXXXXXXXX
homologou a retirada de XXXXXXXXXXXXXXXX do quadro societá rio da empresa
XXXXXXXXXXXXXXX, sem qualquer ressalva.
A retirada formalmente cumprida perante o ó rgã o competente deve afastar qualquer
possibilidade de fraude empresarial, como só lida garantia de que o retirante nã o pode
responder por atos de gestã o praticados apó s o seu desligamento da empresa, nã o bastasse
a sua condiçã o de só cio minoritá rio, sem interferência na administraçã o do
empreendimento.
O Contrato de Trabalho celebrado apó s o desligamento do Embargante da empresa
Contratante (reclamada/executada), nã o pode, em nenhuma hipó tese, produzir efeitos
sobre a pretérita composiçã o empresarial, no sentido de obrigar o ex-só cio a responder,
com seu patrimô nio particular, pelos créditos trabalhistas reclamados, ou seja, pelos atos
de gestã o praticados por aqueles só cios que remanesceram no quadro societá rio apó s a sua
retirada.
Neste sentido, é convincente e contundente a jurisprudência da Justiça Especializada, como
veremos abaixo.
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Regiã o
Processo TRT/SP 00513006920055020446
6ª Vara do Trabalho de Santos
AGRAVO DE PETIÇÃ O
EMENTA: EX-SÓ CIO QUE SE RETIROU ANTES DO INÍCIO DO CONTRATO DE TRABALHO.
NÃ O CONFIGURADA RESPONSABILIDADE. Nã o vislumbrada a possibilidade de que o só cio
retirante tenha ocasionado prejuízos à pessoa jurídica em razã o do seu mau gerenciamento
dos encargos sociais, e, nã o havendo indícios de que a retirada tenha ocorrido de forma
ilícita, ou fraudulenta, nã o é possível responsabilizar pela execuçã o o ex-só cio que nã o se
beneficiou da prestaçã o laboral do reclamante. Agravo de Petiçã o a que se nega
provimento.
TRT-22 – AGRAVO DE PETIÇÃ O: AGVPET
195200910122009 PI 00195-2009-101-22-00-9.
EMENTA: EMBARGOS DE TERCEIROS. EXECUÇÃ O DE CRÉ DITO TRABALHISTA.
RESPONSABILIZAÇÃ O DE EX-SÓ CIO. LIMITE TEMPORAL. SAÍDA ANTERIOR À ADMISSÃ O
DA TRABALHADORA. PENHORA DE VEÍCULO. IMPOSSIBILIDADE.
Havendo alteraçã o contratual devidamente registrada no ó rgã o competente, nã o há falar
em responsabilidade de ex-só cio, que há mais de xxxxx anos se retirou da sociedade, pela
execuçã o de créditos trabalhistas, mormente quando nã o usufruiu diretamente dos
serviços prestados pela laborista e nã o há nos autos qualquer indício de que tenha havido
fraude com a sua retirada e a continuidade na gestã o da empresa.
Para envolver o ex-só cio na responsabilidade processual da execuçã o de sentença, o
exequente formulou requerimento ao Juízo Trabalhista, com data de XXXXXXXXXXXXXXXX
(fls. Xxxxxxx), do qual extraímos os seguintes excertos:
“XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Comporta enfatizar que a denominaçã o “SÓ CIO EXECUTADO” usada pelo exequente, em
relaçã o à pessoa do Embargante, é antecedente ao despacho judicial que inseriu o ex-só cio
no polo passivo da lide. Vejamos.
Despacho Judicial exarado à s fls. XXXXXX dos autos:
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Juíza do Trabalho
Ao consultar o extrato de suas contas bancá rias o Embargante tomou conhecimento dos
bloqueios judiciais decorrentes da açã o trabalhista em tela.
Para induzir os magistrados a erro, o exequente se valeu de uma autêntica CERTIDÃ O
expedida pela Junta Comercial do Estado de XXXXXXXXXXXXXXXX,
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX em detrimento do conteú do oficial averbado no documento.
Consideremos a FICHA CADASTRAL SIMPLIFICADA disponibilizada pela Junta Comercial
do Estado de XXXXXXXXXXX – XXXXXXXXXX.
CITADOS OS SÓ CIOS:
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
A Certidã o expedida pela Junta Comercial do Estado de XXXXXXXXXXXXXXXXX constitui
prova devastadora contra a XXXXXXXXXXXX carreada aos autos pelo exequente, afirmando
a participaçã o do embargante na administraçã o e gerência da empresa
XXXXXXXXXXXXXXXXX, podendo até mesmo configurar a litigâ ncia de má -fé.
Na persecuçã o do seu objetivo, o Exequente alega em juízo que “XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
participou da administraçã o e gerência do empreendimento, como consta da prova
documental colacionada – FICHA DE BREVE RELATO – XXXXXXXXXXXX”.
A contrario sensu, o documento tomado como prova, pelo exequente, informa que o
SrXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, na condiçã o de Presidente da empresa XXXXXXXXXXXXXXXX,
participando na Sociedade com o valor de R$ XXXXXXXXXXXXXX (XXXXXXXXXXXXXXX),
assinava como responsá vel pela pessoa jurídica.
Apó s a qualificaçã o do só cio majoritá rio, no documento XXXXXXXXXXX, segue a qualificaçã o
do só cio minoritá rio XXXXXXXXXXXXXXXX (Embargante), na simples situaçã o de só cio com
participaçã o de R$ XXXXXXXXXX (XXXXXXXXXX) no Capital Social, sem qualquer
referência a sua pessoa como administrador ou gerente.
Interpretando de forma oblíqua o documento expedido pela XXXXXXXXXX, na construçã o
de um quadro processual que lhe seja favorá vel, o exequente passa ao embargante a
responsabilidade societá ria exclusiva do Presidente da empresa, Sr.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, levando o Juízo Trabalhista a interpretaçã o equivocada.
Como se observa na farta documentaçã o colacionada à presente medida, o embargante
ingressou no quadro societá rio da XXXXXXXXXXXXXXXXXX em XXXXXXXXXXXXX, através
da quarta alteraçã o ao contrato social, como Sócio Cotista Minoritário não
administrador recebendo do Sr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXX% das cotas da empresa
que correspondem apenas a R$ XXXXXXX. Sendo que na decima alteraçã o do contrato social
desta empresa realizada em XXXXXXXXXXXXX o embargante devolveu todas as suas cotas a
Sra. XXXXXXXXXXXXXXXXXX, sendo que neste período nã o houve qualquer acréscimo de
cotas. Dessa forma, passou apenas XXXXXX anos como sócio quotista, de onde se retirou
da sociedade há mais de XXXXXXX anos.
Vê-se que o pedido de constriçã o patrimonial defendido pelo exequente se encontra
respaldado tã o-somente no documento da XXXXXXX que, ao contrá rio do que pretende o
interessado/requerente, nã o cita o embargante como gerente ou administrador da
Sociedade Empresarial, sendo esta funçã o reservada a seu presidente.
Com base no mesmo documento, o pedido foi indeferido pelo juiz da XXXX Vara do
Trabalho de XXXX, Proc. RT XXXXXXXXXXXXX.
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO EXECUTADO
Urge grifar que o embargante é parte ilegítima para responder acerca da presente
execuçã o.
Para que seja caracterizada uma relaçã o jurídica, é necessá rio que haja um fato propulsor
que crie um vínculo entre as partes, estabelecendo entre elas direitos e deveres. Caso
inexista tal relaçã o jurídica, teremos uma carência de açã o. Igualmente já preconizava o
ilustre Pontes de Miranda em sua obra “Tratado das Açõ es” (Tomo 1, Ed. Bookseller, 1998,
1ª Ediçã o), afirmando: “há de haver relaçã o jurídica bá sica ou relaçã o jurídica interna à
eficá cia (relaçã o intrajurídica) para que haja direito, e, pois, dever.
Logo, para a existência de uma relaçã o jurídica, torna-se imprescindível que haja
legitimidade ad causam, que também se revela como uma das condiçõ es da açã o, o que
restará comprovado como sendo inexistente na lide em questã o.
Portanto, nota-se que tal fato propulsor nã o pode ser encontrado no caso em tela, uma vez
que o embargante nã o manteve relaçã o direta com o Reclamante/exequente e nem teve
gestã o ativa na pessoa jurídica executada que pudesse lhe atribuir responsabilidade, aliá s,
viu judicialmente reconhecida sua desvinculaçã o da Empresa/Executada, na denegaçã o da
penhora pleiteada por outro obreiro no Processo RT XXXXXXXXXX, na XXXXXª Vara do
Trabalho de XXXXXXX. Assim, nã o há que se falar na manutençã o do embargante no polo
passivo da presente lide.
Cabe ressaltar que o Executado/embargante jamais admitiu, delegou serviços e tampouco
assalariou o Reclamante/Exequente, o que desde já faz com que seja considerado parte
ilegítima para configurar no polo passivo da presente açã o.
Diante do exposto, resta configurada a ilegitimidade passiva do embargante, para
figurar no polo passivo da presente demanda, devendo ser acolhida a tese de
ilegitimidade ora perfilhada, a fim de que seja excluído da lide, revogando-se a constriçã o
patrimonial direcionada para contas correntes, imó veis e Previdência Privada, pois
somente assim a JUSTIÇA ESPECIALIZADA estará cumprindo o seu papel na garantia dos
DIREITOS devidamente comprovados.
DA CONDIÇÃO DE SÓCIO RETIRANTE
Nã o fossem pelos fundamentos acima abordados, no sentir do embargante, insuperá veis,
há uma outra circunstâ ncia que impede que a penhora recaia sobre seus bens particulares.
Além de nã o ter participado da fase de cogniçã o, JÁ HAVIA SE RETIRADO DA SOCIEDADE
EM DATA ANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA PRESENTE DEMANDA.
Com efeito, o exequente trabalhou na empresa reclamada no lapso que vai de XXXXXXXXXX
a XXXXXXXXXXXX, sendo que sua peça reclamató ria se encontra datada de XXXXXXXXXXX,
ao passo que o embargante formalizou sua saída da sociedade desde XXXXXXXXXXX,
CONFORME ALTERAÇÃ O SOCIAL QUE ENCARTA COM A PRESENTE PETIÇÃ O.
Destarte, resta evidente que os só cios remanescentes assumiram toda responsabilidade do
só cio retirante a partir da sua saída. A par disso, ressalte-se, mais uma vez que, em
momento algum, foi alegada, contra o embargante, a ocorrência da prá tica de ato de má
gestã o.
E A RETIRADA DO SÓ CIO, EM ABSOLUTO PODE SER CONSIDERADA COMO FRAUDULENTA,
AINDA MAIS NO CASO DOS AUTOS, SIMPLESMENTE PORQUE SUA SAÍDA SE DEU ANTES
DA PROPOSITURA DESTA AÇÃ O E, POR ISSO MESMO, NÃ O SE HOUVE COM O OBJETIVO DE
FRUSTRAR O INTENTO EXECUTÓ RIO DO EXEQUENTE.
A respeito do tema, é a posiçã o do TRT da 5aRegiã o:
“MANDADO DE SEGURANÇA – RESPONSABILIDADE DE SÓCIO QUOTISTA, COM CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO,
CONTRA EMPRESA DA QUAL HAJA SE RETIRADO – A responsabilidade de sócio – quotista, com capital social
integralizado, na execução trabalhista iniciada, quando tal sócio já se retirara da sociedade, não tem suporte legal,
à vista da inocorrência de demonstração de má gestão da sociedade ou prática de atos que traduzam em violação
do contrato ou da lei. Segurança que se concede para afastar da execução quantia bloqueada em conta corrente
bancária, mantida pelo sócio – retirante.” (Ac. 17.422/00, SEDI 1, rel. Juíza Ilma Aguiar, proc. MS 80.04.98.0925-73,
publicado no DO de 02/10/2000)
“O ex sócio da empresa reclamada não tem legitimidade para figurar no polo passivo da reclamação trabalhista”
(Ac. 15.384/00, 3aTurma, TRT da 5A Região, RO 01.04.99.2373-50, Rel. Juíza Vânia Chaves)
AGRAVO DE PETIÇÃO - BENS DO SÓCIO - A simples circunstância de o ex-sócio não indicar bens da sociedade para a
penhora não autoriza que seus bens respondam pela dívida exequenda, mormente se vendeu suas cotas antes do
ajuizamento da reclamação trabalhista, pois a disposição do art. 596, "in fine", do Código de Processo Civil só incide
quando já caracterizada a responsabilidade do sócio (Ac. 18.245/98, 2A Turma, TRT da 5aRegião, AP
01.03.92.1744-55, Rel. Juiz Horácio Pires )

Veja V. Exa. Que as hipó teses acima tratadas vã o menos adiante do que o caso dos autos.
Nas ementas acima, o TRT impossibilita a execuçã o dos só cios que tenham se retirado,
quando já em curso o processo e antes da execuçã o. O raciocínio é simples: nã o provado o
intuito de fraudar a execuçã o trabalhista nã o se pode imputar responsabilidade ao só cio.
NO CASO DOS AUTOS, NUNCA É DEMAIS FRISAR, O SÓ CIO SE RETIROU ANTES DA
PROPOSITURA DA DEMANDA E NEM MESMO COMPUNHA O QUADRO SOCIETÁ RIO
DURANTE A VIGÊ NCIA DO CONTRATO DE TRABALHO DO RECLAMANTE/EXEQUENTE.
O TRT da 2ª Regiã o, segue o mesmo posicionamento exposto aqui, sendo que recentemente
decidiu nesse sentido, senã o vejamos.
AGRAVO DE PETIÇÃO. EX-SÓCIO QUE NÃO PARTICIPOU DA FASE COGNITIVA E RETIROU-SE DA SOCIEDADE 14 ANOS
ANTES DE SUA INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE.
Em inúmeras execuções infrutíferas, nas quais se recorrem subsidiariamente aos bens de ex-sócios para saldar os
débitos da pessoa jurídica da qual não mais fazem parte, impõe-se uma restrição temporal para tal
responsabilidade, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa e aos limites subjetivos de suas obrigações
empresariais e trabalhistas. No caso, foi requerida a execução dos ex-sócios quase xxxxxxxxxxxxxx após sua saída
da sociedade e xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx passados do ajuizamento da ação, inviabilizando-se-lhes qualquer defesa em
relação ao mérito da dívida, mesmo porque, até então, nem sequer tinham ciência do feito. Agravo de petição a
que se dá provimento para excluir a responsabilidade do sócio retirante. (processo 01774000619955020050,
Relator Kyong Mi Lee, 03 turma, TRT 02, Publicado em 06.05.15)
O TST, como nã o poderia deixar de ser, já se posicionou neste mesmo sentido. Veja-se da
decisã o no RO-MS 141049/94.5, Ac. SDI – 4323/95, em que foi Relator o Ministro Ermes
Pedro Pedrassini, cujo trecho da fundamentaçã o e a conclusã o do acó rdã o abaixo se
transcrevem, além de um outro julgado da lavra do Min. Indalécio Gomes Neto:
“Entretanto, a hipótese trazida a exame encerra uma particularidade que não pode ser desprezada, conforme
premissa assentada pelo próprio acórdão regional, ou seja, por ocasião do ajuizamento da reclamação trabalhista,
o impetrante já havia se retirado da sociedade, e não consta que o tenha feito para fraudar os direitos do
Reclamante no processo principal. Conseqüentemente, não se pode dizer que os seus bens estão sujeitos a
execução, nomeadamente porque a hipótese não se enquadra na moldura prevista no artigo 592 e seguinte do
Código de Processo Civil, seja porque, como já se fez ver, quando ajuizada a ação trabalhista, não mais pertencia
ao quadro societário, seja porque não se caracteriza, na espécie, qualquer fraude a execução, pois quando
transferiu as suas quotas a outro sócio, não corria contra a empresa devedora qualquer demanda capaz de reduzi-
la à insolvência.
Leve-se em conta, ainda, que o Reclamante, como litisconsorte necessário que é, embora intimado, não apresentou
qualquer manifestação, de modo a comprovar que a transferência de quotas se deu em fraude a execução.
Portanto, se o Impetrante se vê ameaçado no seu direito de propriedade sobre os seus bens, direito este que
também é uma garantia fundamental assegurada na Constituição (artigo 5º, inciso XXII), muito embora, por força
de lei, não responda com o seu patrimônio pela dívida, não há como deixar de lhe dar abrigo pela via do
mandamus, a fim de que o ato tido como ilegal cesse os seus efeitos.
Por tais fundamentos, dou provimento ao Recurso para, reformando a decisão regional, conceder a segurança, a
fim de que os bens do Impetrante não se submetam à constrição judicial, nos autos da reclamatória trabalhista
movida por DARIO JERÔNIMO LEANDRO, contra NACIONAL DE MONTAGENS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.
ISTO POSTO, ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do
Trabalho, por unanimidade, dar provimento ao recurso para, reformando o acórdão regional, conceder a
segurança a fim de que os bens do impetrante não se submetam à constrição judicial.”
MANDADO DE SEGURANÇA - EXECUÇÃO CONTRA EX-SÓCIO. A só existência de recurso processual cabível não
afasta o mandado de segurança, se esse recurso é insuficiente para coibir a ilegalidade ou abuso de poder por ato
de autoridade pública, ainda que judiciária, praticado contra direito líquido e certo do impetrante. De acordo com o
Decreto nº. 3.708, de 10 de janeiro de 1919, combinado com o art. 592 do CPC, os bens dos sócios de sociedade por
quotas de responsabilidade limitada sujeitam-se à execução, pelas dívidas decorrentes do contrato de trabalho,
desde que a empresa não tenha idoneidade financeira, ainda que no limite do valor do capital social. Todavia, se
ao tempo do ajuizamento da ação, o sócio contra o qual se volta a execução já havia se retirado da sociedade,
não pode ter seus bens respondendo pela dívida, sobretudo quando não se alega fraude à execução, nem se
comprova que a empresa executada não tinha bens. Com o patrimônio ameaçado de penhora, nesta hipótese,
cabível é o mandado de segurança para colocar fim ao ato ilegal. Recurso ordinário a que se dá provimento* (TST
RO-MS 141.049/94, Rel. Min. Indalécio Gomes Neto, in DJU de 09/02/96, p. 2247) (grifos nossos).

Logo, por mais este motivo, há que ser acolhida a presente alegaçã o, a fim de se excluir a
possibilidade da execuçã o recair contra o mesmo, portanto, nã o deve prosperar a inclusã o
do embargante no polo passivo e tampouco deve mantida a constriçã o de seus bens, sem a
devida motivaçã o jurídica.
Somando-se à circunstâ ncia de retirante do quadro societá rio antes da propositura da açã o
de penhora, o embargante não mantém a propriedade dos imóveis indicados pelo
exequente, para efeito de penhora, desde XXXXXXXX, com registro de imóvel
formalizado em XXXXXXXXXXXXXXXXX, sem que este fato configure prova de infraçã o a
qualquer norma trabalhista, haja vista à antecedência com que ocorreu em relaçã o à
postulaçã o do obreiro/exequente, em XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, conforme comprovam
as folhas xxxxxxxxxxx dos autos da presente lide.
Ademais disso, importa destacar que o bloqueio de numerário foi cumprido
aleatoriamente, sem resguardar a CONTA SALÁRIO do embargante, na forma da lei.
FALTA DE CITAÇÃO DO EMBARGANTE
Com efeito, urge atentar também para aspectos processuais que tornam nula de pleno
direito a penhora realizada sobre as contas do Embargante.
A forma, data venia, prematura com que o MM. Juízo deprecado determinou a execuçã o em
face do Embargante, determinando a penhora imediata das suas contas bancá rias, sem
antes haver citaçã o vá lida, resta irregular.
Ora, em momento nenhum o Embargante foi intimado a se manifestar nesses autos e nem
foi previamente citado, sendo surpreendido com a constriçã o de suas contas bancá rias.
A citaçã o é ato processual essencial para o regular desenvolvimento do processo, sob pena
de nulidade, e, nã o tendo sido o Embargante citado para integrar a lide, manifesta é a
nulidade, bem como a ilegalidade do ato de constriçã o judicial de que se trata. No mesmo
sentido, cabe recordar o art. XXXXXX, do CPC, ora utilizado subsidiariamente, que
corrobora com a nulidade da execuçã o determinada em face do Embargante.
Art. XXXXXXXXXXX:
(...)
II – se o devedor nã o for regularmente citado.
Em face desse conjunto de consideraçõ es o Embargante requer que sejam acolhidos e
providos os presentes embargos, a fim de que seja declarada a nulidade do ato de
constriçã o judicial mencionado.
Ademais, a imediata constriçã o de contas bancá rias do Embargante violou o direito de
propriedade, constitucionalmente garantido no art. 5º, XXII da Constituiçã o Federal,
assim como o princípio do devido processo legal e seus corolários da ampla defesa e
do contraditório, consagrados nos incisos LIV e LV do mesmo artigo 5º da Lex Mater.
Isso porque, de fato, somente o devedor, reconhecido como tal em título executivo, pode
responder patrimonialmente para o cumprimento das suas obrigaçõ es. Por conseguinte,
considerando-se que o Embargante nã o foi submetido ao devido processo legal na referida
Reclamaçã o Trabalhista, nã o pode ser atingido, e nem executado, em razã o da respectiva
decisã o.
Acrescente-se, ainda, que a falta da Citaçã o impede que o Embargante exerça seu direito de
indicar bens da sociedade à penhora, conforme prevê o art. XXXXXXXXXXXXXX, do CPC.
Desse modo, as circunstâ ncias evidenciam, sobremaneira, que o Embargante, por nã o ser
parte na referida relaçã o processual, nã o pode responder patrimonialmente para o
cumprimento das respectivas obrigaçõ es. Assim sendo, os seus bens nã o podem ser
atingidos pela decisã o judicial proferida na referida açã o judicial.
Em face do exposto e considerando que o Embargante nã o é, e nunca foi, parte na açã o
principal, certo é que o seu patrimô nio nã o pode ser atingido pela decisã o judicial proferida
naquela açã o e, portanto, os embargos de terceiro deverã o ser acolhidos e providos, a fim
de que a constriçã o judicial seja anulada.
De conseguinte, considerando que o Embargante sequer pô de exercer seu direito ao
contraditó rio e a ampla defesa, antes de ter sumariamente penhoradas suas contas
bancá rias, a constriçã o judicial se mostra ilegal e os presentes embargos de terceiros
deverã o ser acolhidos e providos com o imediato desbloqueio das contas e sua
exclusão da presente demanda.
IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAR O EMBARGANTE
Como se observa na farta decomentaçã o calacionada à presente medida, o embargante
ingressou no quadro societá rio da XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX em XXXXXXXXXXXX como
Sócio Cotista Minoritário não administrador, recebendo da Sra. XXXXXXXXX XXXX% das
cotas da empresa que correspondem apenas a R$ XXXXXXXXXX, sendo que na décima
alteraçã o do contrato social desta empresa, realizada em XXXXXXXXXX o Embargante
devolveu todas as cotas à Sra. XXXXXXXXXXXXXXXXXX, sem que tivesse havido qualquer
acréscimo de cotas.
Conforme certidõ es da junta comercial de XXXXXXXXX, anexas, resta incontroverso que: (i)
o Embargante jamais assinou qualquer documento, contrato, cheque e etc em nome da
Sociedade; e, (ii) nã o tinha qualquer poder de administraçã o ou gerência.
Nota-se que a empresa está sedidada no Estado de XXXXXXXX e a residência do
Embargante sempre foi no Estado do XXXXXXXXXX fato que impossibilitaria sua
participaçã o na administraçã o ou conduçã o dos negó cios da Sociedade.
O Có digo Civil prevê direitos e deveres apenas aos administradores da sociedade, o que nã o
se aplica ao Embargante:
Art. 1.022 – A sociedade adquire, direitos, assume obrigaçõ es e procede judicialmente, por
meio de administradores com poderes especiais, ou, nã o os havendo, por intermédio de
qualquer administrador. (grifamos)
DA NULIDADE DA PENHORA
IMPENHORABILIDADE DOS SALÁRIOS
Atualmente o Embargante possui dois empregos, um como XXXXXXXX e o segundo como
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
As contas bancá rias atingidas pelo bloqueio eletrô nico sã o destinadas ao recebimento de
salá rio, representando verba de natureza alimentícia, conforme definiçã o que se pode
extrair do art. 100, § 1º, da Constituiçã o Federal, estando, portanto, a salvo de qualquer
processo de penhora.
CONTA 01 (Salá rio pago pela XXXXXXXXXXXXXX)
XXXXXXXXXXX
AGÊ NCIA XXXXXXX / CONTA XXXXXXXXXXXXX
CONTA 02 (Salá rio pago pela XXXXXXXXXXXXXX)
XXXXXXXXXXX
AGÊ NCIA XXXXXX / CONTA SALÁ RIO XXXXXXXXXXXX
O C. TST já pacificou esse entendimento por meio da Orientaçã o Jurisprudencial nº 153 da
SDBI-2, com o seguinte teor:
153. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃ O. ORDEM DE PENHORA SOBRE VALORES
EXISTENTES EM CONTA SALÁ RIO. ARTIGO 649, IV, DO CPC. ILEGALIDADE.
Ofende direito líquido e certo decisã o que determina o bloqueio de numerá rio existente em
conta salá rio, para satisfaçã o de crédito trabalhista, ainda que seja limitado a determinado
percentual dos valores recebidos ou a valor revertido para fundo de aplicaçã o ou poupança,
visto que o art. 649, IV, do CPC, contém norma imperativa que nã o admite interpretaçã o
ampliativa, sendo a exceçã o prevista no art. 649, § 2º, do CPC, espécie e nã o gênero do
crédito de natureza alimentícia, nã o englobando o crédito trabalhista.
Feitos estes apontamentos, nã o restam dú vidas de que as constriçõ es realizadas se deram
de forma ilegal, devendo os valores serem desbloqueados imediatamente ou caso já
tenham sido transferidos para conta do MM. Juízo, os valores devem ser restituídos através
da emissã o de alvará de levantamento, o que se requer desde logo.
DO PEDIDO
Desse modo, por todo o exposto, requer-se a procedência dos presentes embargos, tendo
por desiderato:
1 – Reconhecimento, em cará ter definitivo, de que o Embargante nã o preenche os
requisitos de responsá vel pelos créditos trabalhistas pleiteados pelo Exequente, uma vez
que se retirou do quadro societá rio da empresa executada antes da celebraçã o do Contrato
de Trabalho causador da demanda, nunca tendo praticado qualquer ato de gestã o,
consoante comprovaçã o por Certidõ es emitidas pela Junta Comercial do Estado de
XXXXXXXXXXXXXXX;
2 – Reconhecimento, em cará ter definitivo, de que as contas bancá rias reservadas ao
recebimento de Salá rio nã o podem sofrer bloqueio para garantia de créditos trabalhistas,
conforme orientaçã o do TST;
3 – Revogaçã o da inserçã o do Embargante no polo passivo da lide trabalhista em comento,
conforme Despacho Judicial de fls. Xxxxx dos autos;
4 – Suspensã o imediata das pesquisas sobre o patrimô nio do Embargante e extinçã o de
toda e qualquer constriçã o patrimonial já consumada ou a consumar;
Nesses Termos
Pede-se Deferimento
XXXXXXXXX, XXXXXXXX

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