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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO

PROCESSO N XXXXXXXXXXXXX DA COLENDA XXXXXXXXXX TURMA DO


EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA XX REGIÃO.

Processo n°:XXXXXXXXX
Embargante: XXXXXXXX
Embargado: Instituto Nacional do Seguro Social

XXXXXXXXXXXXXXX qualificado no sistema processual


eletrônico da XX ª Região, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado abaixo assinado, ora constituído (procuração anexa), com
fundamento no art. 535, inciso II, do Código de Processo Civil, opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

com finalidades prequestionatória e de sanar omissão, em face do r. acórdão proferido


pela E. 5ª Turma do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme
fundamentos a seguir delineados.

Excelentíssimo(a) Sr(a) Juiz(a) Federal Relator(a):

A jurisdição é garantia constitucional essencial


ao bom funcionamento do Estado Democrático de Direito e deve observar
algumas regras básicas, integrantes do devido processo legal, no qual se deve
garantir a ampla defesa de direitos.
Não pode haver ampla defesa de direito se o
seu detentor não tiver a possibilidade de fixar-lhe o conteúdo. É o titular do direito
que o demanda, com disponibilidade para fixar-lhe os contornos, sendo esta a
razão pela qual o juiz deve decidir a lide nos limites em que foi proposta.
Decidir a lide nos termos em que foi proposta
implica em aplicar com lógica o Direito, sendo esta a razão pela qual a sentença
deve ser vazada em formato silogístico (CPC, 458, II e III), de modo a viabilizar o
contraditório efetivo, realizando a índole dialética do processo (CPC, Exposição
de Motivos, 17).

Nas chamadas questões exclusivamente de


direito, como no caso destes autos, o titular do direito apresenta proposições
jurídicas combinadas em uma determinada ordem, de modo a produzir um
enunciado final para o argumento (norma jurídica) cujo acolhimento resulta na
procedência dos pedidos formulados.

A norma jurídica assim proposta é examinada


quanto à existência (no recebimento da petição inicial) e, depois (na sentença),
quanto à validade (solidez das proposições e viabilidade da combinação) e
quanto à eficácia (inexistência de causas impeditivas, modificativas ou
extintivas).

A sentença judicial deve, por tudo isso,


examinar a solidez das proposições apresentadas pelo titular do direito, sendo
certo que o juiz não está obrigado ao exame de todas, desde que declare
inválida aquela que inviabiliza a norma jurídica proposta.

No caso dos autos, a parte autora propôs a solução de


questão exclusivamente de direito, consistente em revisar o benefício da parte autora,
de forma que seu cálculo seja efetuado computando-se os salários referentes a todo o
período contributivo e não apenas aqueles vertidos após Julho de 1994, com eventual
observância ao consignado no Art. 21, §3º da Lei de Benefícios e no RE 630.501, em
regime de repercussão geral pelo STF. Salienta-se que tal regra está atualmente
prevista no art 29, I ou II da Lei 8.213/91.

PREQUESTIONAMENTO DAS MATÉRIAS FEDERAL E CONSTITUCIONAL


ENVOLVIDAS

Não obstante a fundamentação proferida no V. Acórdão,


o mesmo não se manifestou expressamente sobre a matéria federal e constitucional
suscitada no apelo:

I - DO PREQUESTIONAMENTO

Trata- se afinal de incidência lógica da interpretação do


direito ao benefício mais vantajoso, resultante de julgamento em repercussão geral por
parte do STF no RE 630.501. A essência do julgado não está na intertemporalidade
dos direitos cabíveis, mas na coexistência de direitos cabíveis: deve incidir o que for
mais vantajoso para o segurado, que não pode ser prejudicado pelas alterações
legislativas.

Outrossim, a medida atende – e a eventual negação de


prestação jurisdicional ofenderia – os princípios da isonomia e do equilíbrio financeiro
e atuarial, contidos nos Art. 5º, caput e 201, caput, da Constituição da República,
tendo em vista que nestes autos está, ou estará, comprovada toda a base contributiva
que autoriza a concessão de um benefício proporcional à história de vida do segurado,
que participou adequadamente do custeio e exige resposta equilibrada da Previdência
Social, bem como que os servidores públicos têm o direito de opção entre as regras
transitórias e definitivas, ainda que não tenham, historicamente, contribuído
proporcionalmente para tanto.

O conteúdo da Lei 9.876/99 veio, no compasso do ideário


reformador, para equilibrar o sistema e evitar prejuízos aos segurados, e não para
causar-lhes efeito de confisco. Muito diferente das situações de servidores públicos,
portanto, que até 1993 jamais contribuíram e se aposentavam com a integralidade e
paridade, mantendo o valor da última remuneração.

No RGPS, desde sempre houve aportes contributivos, às


custas dos trabalhadores e empresas, que não podem ser punidos por sempre terem
cumprido com suas obrigações sociais.

As contribuições sociais, afinal, apesar de serem tributos,


não são impostos típicos, estão afetadas à relação jurídica previdenciária e têm
inequívoca aptidão para intervir no valor do benefício – justamente em coerência com
o princípio atuarial incutido no Regime Geral de Previdência Social após a EC20/98.

Deve incidir sobre o caso concreto, por mais vantajoso e


por compatível com todo o histórico contributivo, o Art. 29, I da Lei de Benefícios, com
redação dada pela Lei 9.876/99, que também prequestiona.

Assim, para delimitar os contornos da lide, postula-se


pela manifestação expressa desta C. Turma a respeito das questões federais e
constitucionais suscitadas no apelo.

II - REQUERIMENTO

Diante do exposto, requer sejam conhecidos os


presentes embargos de declaração e a matéria ventilada seja expressamente
prequestionada, tendo em vista a necessária manifestação das instâncias ordinárias
para que a questão possa ser apreciada pelas extraordinárias.

Termos em que, pede deferimento.

Local e Data.

ADVOGADO
OAB/SP XXXXXX

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