EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DA

SECÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, vem, mui respeitosamente, através de seus

advogados regularmente constituídos mediante os termos contidos no instrumento
procuratório, devidamente anexado, com endereço profissional xxxxxxxxxxxxxxxxx
onde deverão ser encaminhadas todas as notificações e intimações de estilo, sob
pena de nulidade, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS, citado na

pessoa do seu procurador, o qual pode ser encontrado na Av. Mário Melo n.º 343,
Santo Amaro, CEP: 50.040-010, Recife, PE, pelos motivos de fato e de direito abaixo
aduzidos:

PRELIMINARMENTE

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Ab initio, destaca a parte autora não dispor de recursos, sem o prejuízo de

seu sustento e de sua família, para arcar com eventuais despesas processuais da
presente demanda, conforme declaração de pobreza que ora se anexa (Doc. 01).

Sabidamente, de acordo com a dicção do artigo 4º da Lei n.º 1.060/50 c/c os

artigos 98 e 99 do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15), basta a afirmação
da parte de que não possui condições de arcar com custas e honorários, sem prejuízo
próprio e de sua família, na própria petição inicial ou em seu pedido, a qualquer
momento do processo, para a concessão do benefício. Ou seja, em outros termos, em
se apresentando o pedido de gratuidade e se fazendo acompanhar tal de declaração
de pobreza, há incidência de presunção legal, considerando-se a boa-fé processual, a
respeito do artigo 5º do NCPC.

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 Doutra banda, observe-se que as normas legais mencionadas não exigem
aos requerentes da assistência judiciária que esses sejam miseráveis, para fins de sua
concessão, bastando que comprovem a insuficiência de recursos para custear o
processo, ou, como reza a norma constitucional (art. 5º, inciso LXXIV), ausência de
condições de pagar custas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família. Pelo
exposto, requer a Vossa Excelência que se digne de conceder-lhe os beneplácitos da
justiça gratuita.

DA DECLARAÇÃO PARA FINS DE NOTIFICAÇÃO E

FISCAIS

A parte autora declara que contratou as advogadas subscritas, devidamente

constituídas no instrumento procuratório anexado, componentes da banca
xxxxxxxxxxxxxxxxx. Dessa maneira, com base no artigo 77, inciso V, do CPC, a parte
autora requer que todas as notificações ou intimações sejam exclusivamente
endereçadas à pessoa da sua advogada xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx no endereço
constante nessa exordial. Tal providência é perfeitamente admissível e estritamente
necessária à sua plenitude defensiva. Requer assim que intimações e notificações
sejam feitas através das causídicas indicadas e que os valores a serem pagos, a título
de honorários, sejam creditados em favor da pessoa jurídica retro mencionada. Ficam
os registros e requerimento.

ENTORNO FÁTICO

A Parte Autora, nascida em xxx, contando atualmente com 54 (cinquenta e

quatro) anos de idade, requisitou, em xxxx, perante à Autarquia Ré, a concessão da
Aposentadoria por Tempo de Contribuição xxxx3. Ao analisar o requerimento feito, o
INSS, em decisão emitida em xxxx, indeferiu a solicitação, sob a justificativa de falta
de “xxxx”.

Salienta-se que, no mesmo procedimento administrativo, a autarquia federal

reconheceu o período de contribuição de 30 anos, 00 meses e 24 dias. Ver-se-á, na
realidade, que na DER esse período é ainda maior, chegando a 32 anos, 00 meses e
21 dias. Desta feita, nenhum óbice pode ser levantado contra o requisito atinente ao
tempo de contribuição – vejamos:

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 Todavia, urge salientar que o equívoco e contradição do posicionamento
exteriorizado pela autarquia ré. Com efeito, em duas oportunidades anteriores, a
entidade reconheceu a carência de 181 meses da autora, de modo a suprir o
referido requisito para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. No
Portal Meu INSS (Doc. 04), na ferramenta “Calculadora de Aposentadoria Por Idade”,
a demandante pôde constatar, em 03/07/2019, que possuía 181 meses de carência.

Em reforço, o “Resultado da Simulação de Aposentadoria por Tempo de

Contribuição” (Doc. 02), provida pela autarquia ré em seu portal eletrônico em
05/09/2019, evidenciou, novamente, os 181 meses de carência da parte requerente.

Assim, resta claro a total imprecisão do entendimento avençado pela

autarquia em seu indeferimento de benefício. Com o intuito de reverter a inadequada
resolução, vem-se apresentar a demanda em questão.

MÉRITO

DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

A aposentadoria por tempo de contribuição, ainda não disciplinada em

legislação infraconstitucional, encontra-se estabelecida no art. 201, § 7º, I, da
Constituição Federal e nos artigos. 52 a 56 da Lei 8.213/91, exceto naquilo em que
forem incompatíveis com o novo regramento constitucional.

O fato gerador da aposentadoria em apreço é o tempo de contribuição, o qual,

na regra permanente da nova legislação é de 30 anos para os homens. Trata-se do
período de vínculo previdenciário, sendo também consideradas as situações previstas
no art. 55 da Lei 8.213/91. No presente caso, a Parte Autora possuía na DER
(04/07/2019) um total de xxxxxx, tornando o requisito preenchido.

Quanto à carência, verifica-se que foram realizadas 389 contribuições,

número superior aos 180 meses exigidos, conforme determina o art. 25, II, da lei
8.213/91.

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 Destarte, cumprindo os requisitos exigidos em lei, tempo de serviço e carência,
a Parte Autora adquiriu o direito à aposentadoria por tempo de contribuição.

DA DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO (DIB)

Com relação à data do início do benefício (DIB), esta deverá corresponder ao

dia xxxxxxxxx, tendo em vista que a parte autora já havia cumprido todos os
requisitos para implementação do benefício.

DA INAPLICABILIDADE DAS DISPOSIÇÕES DA EMENDA

CONSTITUCIONAL Nº 103/2019

Conforme narrado acima, a Parte Autora preencheu todos os requisitos para a

concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição em 04/07/2019,
isto é, em data anterior à aprovação da Emenda Constitucional nº 103/2019, Reforma
da Previdência, que entrou em vigor em 13/11/2019.

Nesse sentido, destaca-se que, conforme o art. 3º, da Emenda Constitucional

103/2019:

Art. 3º A concessão de aposentadoria ao servidor público federal

vinculado a regime próprio de previdência social e ao segurado do
Regime Geral de Previdência Social e de pensão por morte aos
respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo,
desde que tenham sido cumpridos os requisitos para obtenção
desses benefícios até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, observados os critérios da legislação vigente na
data em que foram atendidos os requisitos para a concessão da
aposentadoria ou da pensão por morte.

§ 2º Os proventos de aposentadoria devidos ao segurado a que se

refere o caput e as pensões por morte devidas aos seus dependentes
serão apurados de acordo com a legislação em vigor à época em que
foram atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão
desses benefícios.

Com efeito, veja-se que a EC garantiu o direito adquirido àqueles que tiverem
preenchido os requisitos para a concessão de aposentadoria antes da aprovação da
Reforma, inclusive, no que tange à forma de cálculo do benefício. Desta forma, uma
vez que a parte demandante preencheu os requisitos para a concessão de
aposentadoria por tempo de contribuição, nos termos da legislação anterior à EC

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103/2019, conforme acima demonstrado, não se aplicam as disposições da nova
legislação ao caso.

DA REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO EM CASO DE
NECESSIDADE

Na remota eventualidade de não serem reconhecidos todos os períodos

postulados, desde já requer seja reafirmada a DER para o momento em que a Parte
Segurada adquirir direito a aposentadoria por tempo de contribuição, concedendo-se o
benefício a partir da data da aquisição do direito, nos termos do art. 690 da IN
77/2015:

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na

DER o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento
do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o
servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação
da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância
por escrito.

Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações

que resultem em benefício mais vantajoso ao interessado.

DO VALOR DA RMI

O valor da aposentadoria especial deverá ser de 100% (cem por cento) do

salário de benefício da parte autora, sem incidência do fator previdenciário, nos termos
do artigo 29, II, da LB.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o acima exposto, requer:

1. Primeiramente, que seja concedido a requerente os benefícios da Lei 1.060/50,

por ser pessoa economicamente hipossuficiente para esta demanda, na acepção
jurídica do termo, não possuindo condições financeiras de arcar com as custas e
despesas processuais sem se privar do necessário para sua sobrevivência e de sua
família, conforme demonstra a declaração de pobreza em anexo;

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2. A citação do instituto requerido, na forma do artigo 247, c, do Código de
Processo Civil, ou seja, via Oficial de Justiça, para que apresente defesa, se assim
desejar, dentro do prazo legal, sob pena de confissão e revelia quanto à matéria de
fato;
3. A dispensa da audiência de tentativa de conciliação, nos termos do artigo
334, parágrafo 5º, do CPC;
4. Inaplicabilidade da Emenda Constitucional nº 103, de 2019;
5. Que seja observado o disposto no artigo 489, parágrafo 1º, incisos IV e
VI, do CPC, acerca de todos os precedentes e jurisprudência colacionados em inicial,
sob pena de nulidade da r. sentença;
6. O julgamento da demanda com total procedência, condenando o INSS a:
a) Caso não estejam preenchidos os requisitos do benefício na data indicada,
requer a reafirmação da DER;
b) Estabelecer a DIB na DER em 04/07/2019, momento no qual a parte autora
já preenchia os requisitos para a concessão de seu benefício
previdenciário;
c) Conceder a aposentadoria por tempo de contribuição sem incidência do
fator previdenciário;
7. Em sentença, por se tratar de obrigação de conceder (ação obrigacional), que
seja concedida a tutela específica da obrigação, com base nos art. 497 e 536,
parágrafo 1º, do CPC, para a implantação do benefício, também no prazo máximo de
30 dias, a contar do decisum, independentemente de recurso por parte do requerido,
sob pena de fixação de astreinte;
8. Que seja, ainda, o instituto-requerido condenado em honorários de
sucumbência a serem fixados em 20% (vinte por cento);
9. Por fim, que todas as publicações referentes a presente demanda sejam
realizadas em nome da advogada xxxxxxxxxx, causídica que esta subscreve.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ xxxxxxxxx (xxxxxxxxx), nos termos do artigo

292, §§ 1º, e 2º, do Código de Processo Civil.

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Nestes termos, pede e espera deferimento.
Recife, 24 de janeiro de 2019.
XXXXXXXXXXXXXX