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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR DR.

(A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNA REGIONAL DO TRABALHO DA XXº. REGIÃO

Processo nº TRT/região: XXXXXX

MOBIUS M. MOBIUS, já qualificada nos autos da reclamação trabalhista que lhe


move XXX, por seu advogado que a final subscreve, inconformada com o v. acórdão
regional, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art.
896- § 9o, da CLT, interpor:

RECURSO DE REVISTA

, consoante as razões em anexo e pelas razões e fatos a seguir expostas, requerendo seu
recebimento e processamento na forma da lei.

DA ADMISSIBILIDADE

Encontram-se preenchidos todos os pressupostos de admissibilidade, tais


quais a tempestividade, legitimidade, o pagamento das custas em 2% do valor da causa
conforme o artigo 789, parágrafo 1 da CLT, e o depósito recursal, conforme súmula 245
do TST, além do prequestionamento e transcendência.

Requer seja acolhido e remetido ao eg. Tribunal Superior do Trabalho (TST).


Registra, outrossim, que encontra-se demandando sob o pálio da Justiça
Gratuita conforme decisão do Egrégio Tribunal Recorrido
Requer a intimação da parte contrária, recorrido.
Outrossim, requer-se, sejam todas as publicações e intimações efetivadas, em nome do
advogado XXX, no endereço XXX, sob pena de nulidade da notificação, nos termos
do § 2º do art. 272 do CPC 2015 e à luz da Súmula 427 do eg. TST.
 
Nestes termos.
pede deferimento
ESTADO, XXX de XXX de XXX.
Advogado, OAB XX

RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA

PROCESSO Nº: TRT- XXX


RECORRENTE: MOBIUS M. MOBIUS
RECORRIDO: Autoridade de Variância Temporal
ORIGEM: XXº DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XXº REGIÃO

Egrégio Tribunal Superior do Trabalho


Colenda Turma
Nobres Julgadores
Ínclito Relator

Processo nº TRT/região: XXXXXX

1 SÍNTESE PROCESSUAL

Mobius trabalhou de janeiro de 2001 até novembro de 2020, na função de


agente na empresa Autoridade de Variância Temporal, com salário de sete mil reais.
Ocorre que, no dia 25 de novembro de 2020, Mobius acabou sendo dispensado sem
justa causa. Vale destacar que todas as verbas rescisórias foram pagas, assim como foi
entregue as guias para saque do FGTS, exceto as guias do Seguro-Desemprego.
No mês junho de 2021, Mobius resolveu propor reclamação trabalhista
contra seu ex-empregador, requerendo o benefício da justiça gratuita; o pagamento das
férias gozadas entre 1 e 30 de abril de 2021, em dobro. Pleiteou também o pagamento
de participação nos lucros do ano de 2020, a condenação da empresa ao pagamento da
indenização pelo não fornecimento das guias do seguro-desemprego, e finalizou
requerendo a condenação da Ré ao pagamento de honorários advocatícios e custas
processuais.
Porém, na sentença a reclamação trabalhista foi julgada totalmente
improcedente, sendo concedido apenas o benefício da justiça gratuita, diante disso,
Mobius M. Mobius resolveu interpor Recurso Ordinário contra a sentença, porém, sem
êxito, uma vez que no acórdão do TRT havia a negação do provimento.

2 PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS E INTRÍSECOS

Todos os pressupostos recursais extrínsecos estão devidamente atendidos,


quais sejam, tempestividade, regularidade formal, inexistência de fato impeditivo ou
extintivo do direito de recorrer. Porém, como é de cautela, vale destacar o que se segue.
Quanto à tempestividade, é importante destacar que o acórdão regional de
julgamento do Recurso Ordinário foi publicado no DEJT XXX, tendo sido registrado a
ciência no dia XXX, então o prazo de 8 (oito) dias, contado em dias úteis
(art. 775 da CLT) findará no dia XXX.
O Advogado subscrito desta peça já está corretamente constituído nos autos,
em virtude de que é regular, da mesma forma, a representação processual está
preenchida, conforme procuração (ID’s xxxxxxxxxx).
No que se refere ao preparo o Recorrente teve deferido os benefícios da
Justiça Gratuita, pela 1ª instância, o que torna desnecessário o recolhimento das custas
processuais.
Além dos pressupostos recursais extrínsecos, deve ser atendido os
pressupostos intrínsecos, haja vista a comprovação e posterior demonstração de
divergência jurisprudencial, violação a lei federal, bem como a existência de
prequestionamento da matéria e sua transcendência, em conformidade com a Súmula
297 do TST, Art 896, § 1º-A e Art. 896-A da CLT.
O presente recurso merece ser conhecido, em face do disposto na alínea a e
c do art. 896 da CLT, por contrariedade ao entendimento do TST, bem como por
violação literal de disposição da Constituição Federal.
4 PRE-QUESTIONAMENTO

A matéria abordada nas razões deste recurso está devidamente


prequestionada, uma vez que o acordão dispõe expressamente da inaplicabilidade do
arts. 477 da CLT no seguinte trecho:
[...] “quanto ao pagamento da indenização pelo não fornecimento das guias
do seguro desemprego, o acórdão não julgou o pedido, sob o fundamento de que “a
Justiça do Trabalho seria incompetente para tratar do mérito, cabendo a Justiça Federal
à competência, face o benefício ser fornecido pela Administração e não o empregador”
Quanta ás férias em dobro,
Dessa forma, demonstrado o atendimento formal ao requisito de
admissibilidade, requer o recebimento e provimento do presente recurso.

5 DAS TRANSCEDÊNCIAS

Art.896-A – O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,


examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos
gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica
O atual recurso de revista acaba por preencher pressuposto recursal explicito
da transcendência, visto que a matéria induz reflexos de natureza jurídica econômica em
discussão no processo.
Dente modo a lei nº 10.101/2000 em seu artigo 2º afirma que as empresas e
funcionários podem negociar o PLR da qual tem definição:
Art 2ªA participação nos lucros ou resultados será objeto de
negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos
procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum
acordo:
I – comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por
um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;
II – convenção ou acordo coletivo.

Tendo em vista que a empresa não é obrigada a utilizar o PLR e nem tão
pouco ser obrigado a pagar a participação nos lucros só por mera vontade do
empregado.
Além disso, outro indicador de transcendência é o político, visto que a
decisão de julgar improcedente o PLR, as férias em dobro e do pagamento da
indenização pelo não fornecimento das guias do seguro desemprego, contraria
nitidamente súmulas do TST, respectivamente 451, 450 3 389.
Por último há o indicador de transcendência social, pois a decisão no
acordão fere principio constitucional, o da isonomia, em que todos devem ser tratados
igualmente, perante a lei. Tal principio foi ferido ao ser negado o PLR devido ao ex-
empregador pelo tempo que ele trabalhou, a encontrar respaldo legal no art. 7º, XI, da
CF.

7 DO MÉRITO – DAS FÉRIAS EM DOBRO

O referido Tribunal Regional do Trabalho julgou o pedido de férias gozadas


entre 1 e 30 de abril de 202, em dobro, de forma improcedente, sobre a justificativa de
que apesar de serem pagas pelo empregador com atraso, tal feito não ensejaria o
pagamento em dobro, sob pena de enriquecimento ilícito.
Entretanto, em atenta análise a súmula jurisprudencial 450 do Tribunal
Superior do Trabalho, é perceptível que o pedido julgado improcedente pelo TRT está
em contradição com súmula do TST:
É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o
terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que
gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo
previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. SÚMULA Nº 450.
FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA
DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT.
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 386 da SBDI-1).

Cabe destacar que esta súmula encontra respaldo na legislação trabalhista,


respectivamente nos artigos 137 e 145 da CLT, em que apregoa:
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só
período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver
adquirido o direito.
§ 1º - Somente em casos excepcionais serão as férias concedidas em 2 (dois)
períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos.
§ 2º - Aos menores de 18 (dezoito) anos e aos maiores de 50 (cinquenta) anos
de idade, as férias serão sempre concedidas de uma só vez.
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o
art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do
abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do
respectivo período.

Portanto, é evidente que o pagamento das férias em dobro ao empregado é


devida, uma vez que, como foram pagas fora do prazo estipulado, ou seja com atraso,
gera o pagamento em dobro, bem como o terço constitucional, de modo a trazer aquela
tônica do direito civil: “quem paga mal paga duas vezes”.

7.1 DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

Quanto a participação nos lucros da empresa, o recorrente deixou claro o


seu pedido, no sentido de requerer o pagamento de participação nos lucros do ano de
2020, que a empresa não pagou sob a alegação de que o trabalhador foi dispensado
antes da data da distribuição dos lucros, ocorrida em 30 de janeiro de 2021, mesmo com
o reclamante cumprindo todos os requisitos.
O referido TRT, em seu acordão, por meio de seu relator julgou
improcedente tal pedido, proferindo o seguinte: “indevido o pagamento de valores para
trabalhador que já não se encontra trabalhando na empresa, uma vez que a rescisão do
contrato de trabalho afasta a condição de alcance de pagamento da participação nos
lucros”.
Todavia, sabe-se que esta decisão do TRT encontra-se em contradição com
súmula 451 do TST, em que determina, que nos casos em que o empregado for
demitido, ele possui o direito de receber participação nos lucros da empresa pelo tempo
em que trabalhou, o que é exatamente este o pedido do recorrente.
A referida súmula destaca:
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO
CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO
DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES
TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1) – Res. 194/2014,
DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo
coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da
parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato
de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros.
Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o
pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados,
pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da
empresa.

Portanto é mais do que cristalino que o pedido do recorrente de PLR do ano


de 2020 é devido, uma vez que além de serem cumpridos todos os requisitos, está a par
com súmula 451 do TST, 7º, XI, da CF.
7.2 DO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO

Não fornecer as guias para o trabalhador pedir o seguro-desemprego gera


indenização. O não fornecimento das guias pelo empregador impede o trabalhador de
pleitear o seguro-desemprego e, de acordo com o item II da Súmula 389 do TST,
origina o direito à indenização requerida.
Conforme item I da mesma súmula, inscreve-se na competência material da
Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização
pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego.
Conforme decisão da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª
Região (TRT-PE), trabalhador que não recebeu documentação necessária para dar
entrada no seu seguro-desemprego terá direito a indenização compensatória a ser paga
pelo ex-empregador.
As parcelas relativas ao seguro desemprego visam a garantir a subsistência
do trabalhador dispensado sem justa causa, durante o período em que ele ficar à margem
do mercado de trabalho, sem exercer nova atividade remunerada. Por essa razão, a
obtenção do benefício deve se dar logo após a dispensa sem justa causa, momento em o
trabalhador necessita dele, já que deixa de receber o salário, fonte básica de sua
sobrevivência. A jurisprudência nesse sentido acentua:
389 SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO
LIBERAÇÃO DE GUIAS. I - Inscreve-se na competência material da
Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por
objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-
desemprego. (ex-OJ nº 210 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) II -
O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o
recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à
indenização. (ex-OJ nº 211 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
(conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 210 e 211 da SBDI-1)
- Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.

Dessa forma, a não liberação das guias no momento oportuno, qual seja,
logo após a dispensa, impedirá o trabalhador de receber as parcelas correspondentes ao
benefício. Ao agir dessa forma, o empregador deve ser responsabilizado pelo
pagamento da indenização correspondente ao valor não recebido por culpa exclusiva da
empresa (dano emergente).
8 DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:


I. O processamento e o provimento do presente recurso de revista para que o v.
acórdão de fls. seja reformado em sua totalidade para reconhecer a aplicação do
artigo 74, parágrafo 2º da CLT, bem como do inciso I da Súmula 338 do TST, para
manter a condenação das férias em dobro, pagamento de indenização pelo não
fornecimento das guias do Seguro-desemprego e a participação nos lucros referente
ao ano de 2020, na forma da legislação aplicável e à luz das alegações contidas na
petição inicial e reconhecidas pela r. Sentença de primeiro grau de jurisdição.

II. A notificação do recorrido, para se manifestar, querendo;

Por ser esta a mais fina e cristalina JUSTIÇA!

Termos em que,
Espera e pede deferimento,

XXX/XX, 15 de maio de 2022

Ana Beatriz Costa Maranhão

Biwesly de Sá Varão

Bruna de Sousa Saraiva

Gabriel Narciso Correia Dutra

Renata Rodrigues Santos

Mayara Leilá Goes Dutra

Rackel Silva Matos

Williana Azevedo Pison

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