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AO DOUTO JUÍZO RELATOR DA Xª TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA EM PERNAMBUCO.

MATÉRIA PRECLUSA. NÃO CONHECIMENTO. SEGUNDO


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INSS NÃO APONTOU
QUALQUER QUESTIONAMENTO QUANTO AO NÍVEL DE
RUÍDO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO ANEXO
29.

Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado nos


presentes autos, vem, respeitosamente, a presença de V. Exa., por seus procuradores,
oferecer CONTRARRAZÕES AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, opostos pelo
INSS, pelos motivos expostos a seguir.

I - DA SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de ação previdenciária em face do INSS, na qual a parte autora


visa a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante
reconhecimento dos períodos laborados como especiais.

Alega o INSS, ora embargante, que supostamente há omissão no acórdão


proferido pela 3ª Turma Recursal de Pernambuco, uma vez que, conforme a Autarquia,
o autor não esteve exposto ao agente ruído acima dos limites permitidos durante o
período laborado após 05.03.1997, qual seja 06.03.1997 a 18.11.2003, pugnando pelo
afastamento da especialidade de tal interregno.

Todavia, como se passará a demonstrar, não merece guarida as razões


do embargante.
II – PRELIMINARMENTE
II.I – PRECLUSÃO. MATÉRIA SUSCITADA NOS PRESENTES EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NÃO FOI TRATADA NO PRIMEIRO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
OPOSTO PELO INSS.

Antes de adentrar-se nas razões pelas quais os Embargos de Declaração


do INSS não deve ser provido quanto ao seu mérito, é preciso que está i. Turma
Recursal verifique e reconheça a questão prejudicial de mérito, devidamente
demonstrada a seguir.

Pois bem, em face do acórdão constante no anexo 26, em que foram


julgados os Recursos Inominados de ambas as partes, o INSS opôs Embargos de
Declaração, suscitando omissão tão somente quanto a suposta ausência de
habitualidade e permanência do embargado quando esteve exposto ao agente nocivo
ruído, no período de 06/03/1997 a 18/11/2003.

Após a negativa de provimento do seu primeiro Embargos de Declaração,


o INSS se atentou que deixou de questionar o nível de ruído a que o embargado esteve
exposto no período entre 06/03/1997 a 18/11/2003 e aproveitou para se aventurar na
tentativa de fazer com que a matéria não suscitada no momento oportuno, fosse
conhecida por esta i. Turma Recursal.

Entretanto, sabe-se que a parte deve se manifestar sobre seu direito na


primeira oportunidade em que lhe couber, sob pena de preclusão da matéria, nos
termos do art. 5071 do CPC.

1
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se
operou a preclusão.
Em síntese, além da determinação legal supramencionada, a preclusão
deve ser reconhecida para que as partes não fiquem eternamente suscitando por meio
de Embargos de Declaração, matéria não suscitadas no momento oportuno.

Imagine-se o exemplo em que uma parte suscita 4 (quatro) fundamentos


no seu recurso e o acórdão só nega provimento com base em 1 (um) deles, caberia a
essa parte opor 3 (três) embargos de declaração sucessivos, cada um com trazendo
individualmente aqueles 3 (três) fundamentos que o acórdão deixou de apreciar?
Logicamente a resposta é NÃO, uma vez que as possíveis omissões deveriam ser
apontadas de uma só vez, em um só embargos de declaração.

Sendo assim, requer-se, preliminarmente, o não conhecimento dos


embargos de declaração do INSS, tendo em vista que a matéria tratada no presente
recurso não foi devidamente questionada na primeira oportunidade que teve de
manifestar, operando-se assim a sua preclusão, conforme determinação do art. 507 do
CPC.

III - DAS RAZÕES PELAS QUAIS O ACÓRDÃO DEVE SER MANTIDO.

Conforme mencionado, entende o INSS que há omissão no acórdão quanto


ao reconhecimento do período laborado após 05/03/1997, sustentando que durante o
período de 06/03/1997 a 18/11/2003 o autor não esteve exposto a Ruído acima dos
limites permitidos para a época.

Ocorre que, ainda que seja afastada a especialidade do período laborado


entre 06/03/1997 a 18/11/2003, verifica-se que o autor preencheu todos os requisitos
necessários para a concessão do beneficio de aposentadoria por tempo de contribuição
INTEGRAL no decurso do processo, uma vez que continuou vertendo contribuições
mesmo após a DER (15.05.2017), até pelo menos 04/2018, conforme CNIS anexado
pela própria Autarquia (documento nº 15). Vejamos:
Assim, considerando as contribuições vertidas após a DER, nota-se que a
parte autora, na data da sentença já possuía tempo suficiente para a concessão da
aposentadoria por tempo de contribuição INTEGRAL, posto que já contava com mais
de 35 anos de tempo de contribuição.

Em virtude disto, requer reafirmação da DER para a data na qual completou o


tempo de contribuição necessário para a concessão do benefício pleiteado,
reafirmando-se a DER para a data de prolação da sentença.
Frisa-se que a “REAFIRMAÇÃO DA DER” é situação amplamente aceita no
âmbito administrativo (expressamente prevista na IN 45/2010 – art. 623).
Art. 623. Se por ocasião do despacho, for verificado que na DER o
segurado não satisfazia as condições mínimas exigidas para a
concessão do benefício pleiteado, mas que os completou em
momento posterior ao pedido inicial, será dispensada nova
habilitação, admitindo-se, apenas, a reafirmação da DER.

Bem como dispõe o artigo 690 da IN INSS 77/2015:

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que


na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o
reconhecimento do direito, mas que os implementou em
momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado
sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para
sua efetivação a expressa concordância por escrito.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as
situações que resultem em benefício mais vantajoso ao
interessado.

Portanto, em vista da aceitação até mesmo na via administrativa, não existe


qualquer óbice para extensão à esfera judicial da “REAFIRMAÇÃO DA DER”.

Ademais, o STJ, no julgamento do TEMA 995, decidiu que é possível a


reafirmação da DER até a segunda instância. Veja-se:

É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do


Requerimento) para o momento em que implementados os
requisitos para a concessão do benefício, mesmo que isso se dê no
interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação
jurisdicional nas instâncias ordinárias, nos termos dos arts. 493 e
933 do CPC/2015, observada a causa de pedir

Por cautela, caso o recurso do INSS seja acatado, requer-se que seja
computado ao tempo de contribuição do autor, ora embargado, as contribuições
vertidas após a DER. Ato contínuo, requer-se seja reafirmada a DER para a data
em que preencheu todos os requisitos e, por consequência, que seja concedida a
aposentadoria por tempo de contribuição integral ao Embargado.

III - DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer-se:

1 - Preliminarmente, o não conhecimento dos embargos de declaração


do INSS, tendo em vista que a matéria tratada no presente recurso não foi devidamente
questionada na primeira oportunidade que teve de manifestar, operando-se assim a sua
preclusão, conforme determinação do art. 507 do CPC.

2 - Caso este não seja o entendimento da Colenda Turma, se o


Embargado passar a não atingir o tempo necessário para aposentadoria pleiteada na
exordial, requer-se que seja computado ao tempo de contribuição do autor, ora
embargado, as contribuições vertidas após a DER. Ato contínuo, requer-se seja
reafirmada a DER para a data em que preencheu todos os requisitos e, por
consequência, que seja concedida a aposentadoria por tempo de contribuição integral
ao Embargado.

Nestes termos,
Pede deferimento.
XXXXXX, XX de XXXXX de XXXX.

ADVOGADO
OAB

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