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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 4ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE JABOATÃO DOS GUARARAPES.

BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA


(DECISÃO ID Nº 35323469).

AÇÃO DE RITO SUMÁRIO Nº


AUTORA:
RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS.
MATÉRIA: DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA, OU
DO RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE
TRABALHO OU, AINDA, DA CONCESSÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE.
PERITO RECONHECE INCACIDADE DEFINITIVA E PARCIAL (INCAPAZ
INCLUSIVE PARA A ATIVIDADE HABITUAL).

, já devidamente qualificada nos autos da presente ação


previdenciária, vem, tempestivamente, através de seus advogados
constituídos, perante este MM. Juízo, interpor RECURSO DE APELAÇÃO
(COM DUPLO EFEITO – SUSPENSIVO E DEVOLUTIVO) em face da
sentença que julgou parcialmente procedente o pedido autoral, o que faz na
forma das razões postas no memorial anexo.

Requer, que seja recebido o presente recurso de apelação em


seu duplo efeito, em conformidade com os artigos 1.012 e 1.013 do CPC.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Recife, 20 de agosto de 2020.

E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO


AÇÃO DE RITO SUMÁRIO Nº
AUTOR/APELANTE:
RÉU/APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.
ORIGEM: 4ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE JABOATÃO DOS
GUARARAPES.

RAZÕES DA APELAÇÃO.

EGRÉGIA CÂMARA,
ILUSTRE RELATOR(A).

I - DA TEMPESTIVIDADE.

A autora tomou ciência da sentença no dia 29/07/2020,


iniciando-se o prazo para apelação no dia 30/07/2020 e encerrando-se no dia
20/08/2020, tendo em vista que a terça-feira (11/08/2020) foi feriado de Dia
dos Cursos Jurídicos, conforme art. 1º, XIII Ato Nº 1352/2019 do Tribunal de
Justiça de Pernambuco.

Portanto, apresentado o recurso de apelação nesta data, eis


que tempestivo.

I – DA NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


PRESENTE RECURSO DE APELAÇÃO. PROBABILIDADE DE
PROVIMENTO DO RECURSO, FUNDAMENTAÇÃO RELEVANTE E RISCO
DE DANO GRAVE OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.

Trata-se de ação especial cível proposta em face do Instituto


Nacional do Seguro Social – INSS, no intuito de obter provimento jurisdicional
no sentido de condenar a Autarquia Previdenciária a conceder a
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA, subsidiariamente,
AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO, e, alternativamente, o AUXÍLIO-
ACIDENTE, em qualquer hipótese com efeitos retroativos à data do
requerimento do auxílio doença na esfera administrativa, com o pagamento
dos atrasados corrigidos monetariamente e com a incidência dos juros de
mora legais.

Em 23/11/2015, a ora apelante requereu junto ao INSS o


benefício por incapacidade pleiteado em razão de estar incapacitada para
sua atividade habitual de AUXILIAR DE EMBALAGEM em razão do
acometimento de enfermidades osteoarticulares, quais sejam, sinovite e
tenossinovite (M65.8), bursite do ombro (M75.5), tendinite bicepital (M75.2),
síndrome do manguito rotador (M75.1). Tais enfermidades, ressalte-se, são
oriundas do exercício do seu trabalho, consoante restou demonstrado ao
longo da instrução probatória.

Na decisão interlocutória de id. 23598666 este Juízo declarou-


se incompetente para processar o feito para determinar a remessa dos autos
à Comarca de Recife/PE.

A parte autora comunicou a interposição de recurso de agravo de


instrumento sob o nº 0011543-25.2017.8.17.9000, sendo determinada a
suspensão da decisão que declarou a incompetência do juízo e concedida a
tutela de urgência à autora para conceder o benefício auxílio-doença
acidentário. Vejamos trecho do acórdão:

Agravo de Instrumento PROVIDO para reformar a


decisão agravada e manter a competência da 4ª Vara
Cível da Comarca de Jaboatão dos Guararapes,
determinando a implantação do auxílio-doença
acidentário até o julgamento definitivo do processo
do primeiro grau. Decisão Unânime. ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do
Agravo de Instrumento nº 0011543-25.2017.8.17.9000,
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 1ª
Câmara de Direito Público deste e. Tribunal de Justiça,
em sessão desta data, à unanimidade, dar provimento
ao Agravo de Instrumento, nos termos do Relatório,
Voto e Notas Taquigráficas constantes dos autos, que
ficam fazendo parte integrante do presente
julgado.P.R.I. Des. Erik de Sousa Dantas Simões
Relator14

A perícia médica judicial afirmou que a apelante apresenta


quadro permanente e parcial (incapaz inclusive para a atividade habitual
– AUXILIAR DE MONTAGEM, é tanto que indicou a reabilitação) em razão
das enfermidades acometerem a movimentação do membro superior
direito, bem como dos punhos e acentuadas crises álgicas (id nº
56623980). Quando incitado a responder a quesitos complementares,
posteriormente, destacou que a permanência na atividade habitualmente
desenvolvida agravaria seu quadro clínico, não obtendo, inclusive, a mesma
capacidade outrora existente (id nº 61975289). Analisemos, nesta senda,
trechos dos pareceres periciais:
Laudo pericial de id nº 56623980
Ora, se o perito atesta que a parte autora tem incapacidade
definitiva e parcial para punho e mão (atividade habitual – auxiliar de
montagem, atividade com uso das mãos e dos membros superiores), e
poderia ser reabilitada para função que não exija demanda para membro
superior, é caso típico de no mínimo auxílio-doença acidentário com
reabilitação, ou, como será comprovado que as condições pessoais e sociais
da autora são totalmente desfavoráveis, deveria conceder a aposentadoria
por invalidez.

LAUDO PERICIAL COMPLEMENTAR – ID 61975289

Em seguida, o MM. Juízo a quo julgou parcialmente procedente


o pedido exordial, condenando o INSS tão somente ao pagamento do
auxílio-acidente por acidente do trabalho com implantação no prazo de 30
(trinta) dias a contar da intimação pessoal do INSS, sob pena de multa
mensal no valor de R$1.000,00 (hum mil reais), em razão da antecipação
dos efeitos da tutela.

Todavia, caso não seja atribuído efeito suspensivo ao presente


recurso, a sentença trará imensuráveis prejuízos a parte apelante conforme
se passará a demonstrar.

O art. 1.012 do CPC prescreve que:

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa
a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação
a sentença que:
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
No tocante à probabilidade de provimento do recurso, resta
sobejamente demonstrado no presente processo, inclusive pelo perito de
confiança deste juízo que a autora encontra-se incapacitada definitivamente
e parcial, inclusive para a sua atividade habitual (auxiliar de montagem),
é tanto que o perito indicou a reabilitação para a apelante.

Apenas a corroborar com a incapacidade da parte apelante


para a sua atividade habitual (auxiliar de montagem - trabalho
eminentemente manual), vejamos fotos atuais do estado da autora:
Ademais, quando a incapacidade é definitiva e parcial (incapaz
inclusive para a atividade habitual), com condições pessoais e sociais
desfavoráveis, senhora de idade já avançada (50 anos de idade), ensino
fundamental incompleto, está incapacitada desde 2015 e que,
definitivamente, não pode realizar nenhuma atribuição profissional que
demande esforços físicos em razão dos movimentos limitados de seus
membros superiores, o Tribunal de Justiça de Pernambuco é unânime quanto
a concessão da aposentadoria por invalidez ou no mínimo o auxílio-doença
acidentário com reabilitação. Vejamos recentíssimo acórdão.

1ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO


APELAÇÃO CÍVEL Nº 0013420-79.2016.8.17.2001

APELANTE : ERIVALDO JOSÉ NERY BEZERRA


APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL - INSS

RELATOR: Desembargador JORGE AMÉRICO


PEREIRA DE LIRA
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO DE APELAÇÃO. VIOLAÇÃO À COISA
JULGADA. INOCORRÊNCIA. ACIDENTE DE
TRABALHO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
ACIDENTÁRIA. NEXO ETIOLÓGICO E
INCAPACIDADE LABORATIVA. REQUISITOS
COMPROVADOS. OBSERVÂNCIA DOS ASPECTOS
SOCIAIS, ECONÔMICOS, PROFISSIONAIS E
CULTURAIS DO SEGURADO.

1. Não cabe a extinção, com fundamento na coisa


julgada, de ação cujo pedido é diverso do veiculado em
causa anterior, a exemplo da hipótese em que o
segurado pleiteia, na Justiça Federal, benefício
previdenciário de origem comum e, na Justiça Estadual,
benefício decorrente de acidente de trabalho.

2. Reformada sentença fundada na existência de coisa


julgada e estando o processo em condições de
imediato julgamento, deve o tribunal decidir desde logo
o mérito, nos termos do art. 1.013, § 3º, I, do CPC/15.

3. A aposentadoria por invalidez é devida ao


segurado que for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência. Inteligência
do art. 42 da Lei Federal nº 8.213/91.
4. Os aspectos sociais, econômicos, profissionais e
culturais do segurado devem ser considerados para
a concessão da aposentadoria por invalidez, ainda
que o laudo pericial conclua por sua incapacidade
parcial para o trabalho. Súmula 114 do TJPE.

5. No caso concreto, as provas que instruem o feito,


notadamente a perícia judicial, são favoráveis à
pretensão autoral de concessão do benefício de
aposentadoria por invalidez acidentária, porquanto
comprovados o nexo etiológico e a incapacidade
laborativa permanente do segurado, o qual
apresenta, ademais, perfil socioeconômico e
cultural que dificulta a sua reinserção no mercado
de trabalho.

6. Os juros moratórios e a correção monetária


incidentes sobre o montante da condenação devem
observar os Enunciados Administrativos nos10, 14, 19
e 25 da Seção de Direito Público do TJPE.

7. Deve a Autarquia Previdenciária arcar com os


honorários advocatícios de sucumbência, cujo
percentual apenas será definido quando liquidado o
julgado, nos termos do art. 85, § 4º, II, do CPC/15.

8. À unanimidade, recurso de apelação provido, em


ordem a condenar o INSS a conceder à parte
adversa o benefício de aposentadoria por invalidez
acidentária, bem como a pagar-lhe as parcelas
vencidas desde a cessação administrativa do auxílio-
doença, respeitada a prescrição quinquenal.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM


os Excelentíssimos Senhores Desembargadores
integrantes da Primeira Câmara de Direito Público
deste Tribunal de Justiça, à unanimidade de votos, em
dar provimento ao presente recurso de apelação, na
conformidade do relatório e voto do relator, que passam
a integrar o presente julgado.

Desembargador JORGE AMÉRICO PEREIRA DE LIRA


Relator
(APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO 0013420-
79.2016.8.17.2001, Rel. JORGE AMERICO PEREIRA
DE LIRA, Gabinete do Des. Jorge Américo Pereira de
Lira, julgado em 17/06/2020, DJe )
No que pertine à relevância da fundamentação e do risco de
dano grave ou de difícil reparação, mister ressaltar que a apelante
encontra-se recebendo auxílio-doença acidentário, em virtude do
provimento do agravo de instrumento 0011543-25.2017.8.17.9000, e caso
seja cumprida a tutela da sentença (concessão de auxílio-acidente), a parte
autora terá o auxílio-doença acidentário cessado, sendo obrigada a retornar
para o seu labor habitual (auxiliar de montagem), o que é plenamente
impossível e caso ocorra, trará imensuráveis prejuízos a saúde da autora,
tendo em vista que restou plenamente comprovado seja pelo perito judicial,
seja pelas provas juntadas aos autos e a presente apelação, a autora não
tem a menor condição de laborar como auxiliar de montagem, trabalho
eminentemente manual.

Portanto, no presente caso, é evidente a necessidade de


suspensão de eficácia da decisão recorrida, posto que a revogação da
tutela de urgência pelo TJPE (auxílio-doença acidentário) e com a posterior
concessão da tutela na sentença para conceder tão somente o auxílio-
acidente, causará risco de dano grave ou de difícil ou impossível reparação.

Diante da presença dos requisitos, pugna a apelante pela


concessão do efeito suspensivo ao recurso de apelação para suspender
a eficácia da r. sentença, determinando a continuidade do recebimento do
auxílio-doença acidentário até posterior deliberação do Tribunal de Justiça
de Pernambuco, no julgamento final do recurso de apelação.

III – DA SÍNTESE FÁTICA.

Trata-se de ação especial cível proposta em face do Instituto


Nacional do Seguro Social – INSS, no intuito de obter provimento jurisdicional
no sentido de condenar a Autarquia Previdenciária a conceder a
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA, subsidiariamente,
AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO, e, alternativamente, o AUXÍLIO-
ACIDENTE, em qualquer hipótese com efeitos retroativos à data do
requerimento do auxílio doença na esfera administrativa, com o pagamento
dos atrasados corrigidos monetariamente e com a incidência dos juros de
mora legais.

Em 23/11/2015, a ora apelante requereu junto ao INSS o


benefício por incapacidade pleiteado em razão de estar incapacitada para
sua atividade habitual de AUXILIAR DE EMBALAGEM em razão do
acometimento de enfermidades osteoarticulares, quais sejam, sinovite e
tenossinovite (M65.8), bursite do ombro (M75.5), tendinite bicepital (M75.2),
síndromedo manguito rotador (M75.1). Tais enfermidades, ressalte-se, são
oriundas do exercício do seu trabalho, consoante restou demonstrado ao
longo da instrução probatória.

Tendo realizado o requerimento, fora indeferido sob o


argumento de ausência de incapacidade para o trabalho. Irresignada,
procedeu a novo requerimento em 28/07/2016, sendo este último novamente
negado.

Ora, consoante expõe o decisum, a apelante estava, à época


do primeiro requerimento (DER 23/11/2015) incapacitada em virtude do seu
labor, tal qual permanece até os dias atuais, uma vez que permanece
acometida das enfermidades supracitadas. Evidencia-se, desta feita,
arbitrária e ilegal a recusa do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em
lhe conceder o benefício pleiteado.

Realizada a perícia, o laudo judicial afirmou que a apelante é


portadora de incapacidade parcial e definitiva (id nº 56623980), concluindo
pela incapacidade para atividade habitual. Segundo o expert, bem como
os documentos acostados aos autos, a atividade habitual da Sra. Miriam é
auxiliar de montagem, trabalho eminentemente manual. Desta feita,
concluiu que a permanência na atividade enseja o agravamento do seu
quadro álgico em razão de sequela existente no punho direito (com limitação
severa) e limitação no ombro direito (id nº 61975289).

Devidamente citado, o Instituto Nacional do Seguro Social –


INSS apresentou peça contestatória onde alega a ausência dos requisitos
para a concessão da aposentadoria por invalidez, auxílio-doença acidentário
ou do auxílio-acidente.

Em seguida, o MM. Juízo a quo julgou parcialmente


procedente o pedido exordial, condenando o INSS ao pagamento do
auxílio-acidente por acidente do trabalho. Analisemos excerto do
decisum:

“A segurada informou ser portadora de Sinovite e


Tenossinovite (M65.8), Bursite do Ombro (M75.5), Tendinite
Bicepital (M75.2) e Síndrome do Manguito Rotador (M75.1),
patologias que comprometem o exercício de sua atividade
laborativa habitual. Diante de tais enfermidades, postulou junto
ao INSS, em 23 de novembro de 2015, a concessão do
auxílio-doença, entretanto teve seu pleito indeferido por
ausência de incapacidade para o trabalho. Aduziu ter
ingressado, em 28 de julho de 2016, com novo pedido de
concessão de auxílio-doença, o qual fora denegado.

Quanto à qualidade de segurado, é fato


incontroverso nos autos, não havendo questionamento quanto
a tal requisito, nem mesmo pela parte ré.

Quanto à incapacidade para o trabalho, a perícia


médica constante de ID.56623980, concluiu que
“Incapacidade parcial e definitiva para punho/mão direita.
Não há incapacidade para o ombro direito. Poderá ser
reabilitado para função que não exija demanda para
membro superior direito”.
O nexo de causalidade encontra-se evidenciado,
em razão do conceito legal de acidente de trabalho. Na forma
do art. 21, inciso I, da Lei nº 8.213/91, considera-se acidente
de trabalho a doença ou o fato que, embora não tenha sido a
causa determinante e específica do surgimento da patologia,
indubitavelmente, contribuiu para o agravamento da lesão.

Por sua vez, a jurisprudência do STJ e a Súmula


nº 117 do TJPE consideram tais doenças ou fatos como uma
"concausa", equiparando-os ao acidente do trabalho, sendo
capaz de originar o benefício acidentário correspondente à
condição laborativa do segurado.

Logo, as doenças que tenham origem


degenerativa podem ser agravadas pelo exercício da função
laborativa, enquadrando-se como uma concausalidade, como
indicado pelo perito em seu laudo, o qual observou as normas
técnicas pertinentes, indicando os métodos utilizados,
respondendo a todos os quesitos de forma satisfatória.

É certo que ao juiz cabe apreciar livremente a


prova, não estando adstrito ao laudo pericial. Contudo, o perito
é auxiliar do juízo e tem o dever de cumprir fielmente o
encargo que lhe é cometido. O perito convocado para exercer
múnus público está equidistante das partes, goza de fé pública
e seu laudo não pode ser recusado pelo juiz sem que haja
motivo relevante.

Na hipótese, além de o laudo oficial se encontrar


bem fundamentado e ter concluído pela presença dos
requisitos ensejadores para concessão dos benefícios
acidentários postulados deve ele prevalecer em detrimento do
laudo elaborado por médicos particulares, haja vista que foi
confeccionado equidistante dos interesses das partes.

(...)

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido


para determinar ao INSS a concessão de auxílio-acidente
a MIRIAM XXXX DE XXXX, no valor correspondente a 50%
(cinquenta por cento) do salário-de-benefício, sendo a
data de início em 23/11/2015, com implantação no prazo de
30 (trinta) dias a contar da intimação pessoal do INSS, sob
pena de multa mensal no valor de R$1.000,00 (hum mil reais),
em razão da antecipação dos efeitos da tutela.”
Data venia, não julgou o MM. Juízo a quo como de costumeiro
acerto, tendo-se em vista que o apelante comprovou a presença inequívoca
dos requisitos para a concessão da aposentadoria por invalidez/auxílio
doença acidentário no presente caso, pugnando pela reforma da sentença
com o escopo de condenar o Instituto Nacional do Seguro Social na
concessão da APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, ou, subsidiariamente, do
AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO, em qualquer hipótese com efeitos
retroativos a primeira DER (21/11/2015), diante das razões que passa a
expor.

III – PRELIMINARMENTE: DA JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS EM


SEDE RECURSAL.

Nesta oportunidade, cabe destacar que a juntada de


documentos novos em fase recursal é permitida, ainda mais quando
observada as peculiaridades da presente causa, visto se tratar de benefício
previdenciário destinado à pessoa que apresenta incapacidade laboral.

Por oportuno, destaque-se o apregoado pelo Código de


Processo Civil, in verbis:

Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar


aos autos documentos novos, quando destinados a
fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados
ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos
autos.

Parágrafo Único. Admite-se também a juntada


posterior de documentos formados após a petição
inicial ou a contestação, bem como dos que se
tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis
após esses atos, cabendo à parte que os produzir
comprovar o motivo que a impediu de juntá-los
anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o.
Neste contexto, ressalta-se que os registros fotográficos
apresentados pela parte recorrente na fase recursal demonstram a existência
de alterações/agravamento de natureza reumatológicas em ambos os
membros inferiores, tal qual nos braços (luxações aparentes), motivo pelo
qual tal meio de prova não fora juntado no ato do ajuizamento, bem como
apresentado na manifestação à perícia médica judicial.

Sendo assim, a parte recorrente encontra-se amparada


legalmente e jurisprudencialmente em seu requerimento. Destaca-se, ainda,
a possibilidade de manifestação da parte contrária, se assim desejar, sobre o
conteúdo dos documentos, privilegiando assim o princípio do contraditório e
da ampla defesa.

Diante do exposto, requer a juntada do documento em anexo,


com posterior apreciação por parte desta C. Câmara.

IV – DAS RAZÕES PELA REFORMA DA SENTENÇA PROFERIDA


PELO JUÍZO A QUO : DO DIREITO À CONCESSÃO DA
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU A PERCEPÇÃO DO AUXÍLIO-
DOENÇA ACIDENTÁRIO .

Consoante outrora salientado, data maxima venia, incorreu em


desacerto o MM. Juízo a quo quando decidiu pela procedência em parte do
pedido exordial, ao condenar o INSS na concessão do auxílio-acidente por
acidente de trabalho.

O equívoco C. Câmara é patente. Explico.

A ora apelante passou a ser portadora de sinovite e


tenossinovite (M65.8), bursite do ombro (M75.5), tendinite bicepital (M75.2),
síndromedo manguito rotador (M75.1), doenças osteoarticulares
profissionais/sequelas que lhe incapacitam totalmente para todo e qualquer
trabalho ou para a atividade habitual, conforme laudos médicos contidos nos
autos.

A perícia médica judicial afirmou que a apelante apresenta


quadro parcial e permanentemente incapacitante em razão das enfermidades
acometer a movimentação do membro superior direito, bem como dos
punhos e acentuadas crises álgicas (id nº 56623980),. Quando incitado a
responder a quesitos complementares, posteriormente, destacou que a
permanência na atividade habitualmente desenvolvida agravaria seu quadro
clínico, não obtendo, inclusive, a mesma capacidade outrora existente (id nº
61975289). Analisemos, nesta senda, trechos dos pareceres periciais:
Laudo pericial de id nº 56623980
Esclarecimentos periciais de id nº 61975289 respondidos ante aos
quesitos apresentados da petição de id nº51267970.
Ora, como uma pessoa portadora de enfermidades que
acometem os ossos dos membros superiores, bem como a movimentação
destes poderia exercer tal atividade laborativa se esta lhe causaria dores
tremendas? Por quanto tempo a ora apelante conseguiria exercer tal função
sem maiores prejuízos a sua saúde? Ela, ao menos conseguiria, cumprir uma
jornada diária de trabalho nas condições clínicas atestadas? Qual empresa
empregadora contrataria alguém com as mazelas que acometem a ora
apelante?

Com vistas a melhor elucidar a questão, faz-se necessário


demonstrar a real condição de saúde da Sra. Mirian:

Veja-se inchaço aparente


no braço direito e punho
As pernas da apelante são
acometidas, igualmente,
por inchaços.

Ao compreender, o MM. Juízo a quo, que seria caso,


unicamente, de redução da capacidade laborativa da ora apelante, fazendo
jus, tão somente, ao benefício de auxílio-acidente, relegou a Sra. Miriam à
piora do seu quadro clínico, tendo em vista que, se atualmente, em repouso,
está acometida por tais complicações, quem dirá de quando retornar ao
trabalho? Outrossim, há que se frisar, a apelante só tem a mobilidade de um
dos braços. Qual o empregador, com a idade avançada da autora (50 anos) e
com mobilidade reduzida dos membros contrataria trabalhador nessas
condições? Ora, o perito foi enfático quando afirmou que o retorno à atividade
habitual ocasionaria o agravamento das suas condições.

Ora, constam inúmeros laudos médicos nos autos que afirmam


peremptoriamente que a ora apelante se encontra incapacitada total e
definitivamente.
Ademais, é de se lembrar que a perícia oficial é apenas um dos
elementos postos à disposição do Juízo para que este forme o seu
convencimento. Os demais elementos constantes dos autos (laudos e
exames médicos, dentre outros), comprovam, peremptoriamente, que Sra.
Miriam tem sequelas definitivas que a incapacitam para o exercício de
qualquer atividade laborativa.

Desta feita, considerando a impossibilidade da autora exercer


atividade profissional de moderada e alta demanda física, tem-se como
plenamente demonstrada a impossibilidade de exercer sua atividade
profissional de auxiliar de montagem.

Por fim, destaca-se que o caso dos autos é de uma senhora de


idade já avançada (50 anos de idade), ensino fundamental incompleto e
que, definitivamente, não pode realizar nenhuma atribuição profissional que
demande esforços físicos em razão dos movimentos limitados de seus
membros superiores. Não se pode elidir o fato de que ao desempenhar tais
funções, a recorrente fica vulnerável ao acometimento de crises álgicas. Sem
dúvidas, considera-la capaz é subjugar uma senhora de idade avançada a
condições degradantes de saúde para subsistir.

Outrossim, considerá-la hábil à reabilitação é não ter em mente a


realidade do mercado de trabalho atual: extremamente competitivo e
demandando pessoas jovens sem restrições de saúde. Este, como se tem
demonstrado ao longo de toda peça recursal, não é o caso da recorrente. A
Sra. Miriam padece de enfermidades graves que lhes retiram a
capacidade de laborar em igualdade de condições com as demais
pessoas. Considerando-se, ademais, a idade, bem como seu grau de
instrução, clarividente é a remota hipótese da reabilitação.
Sendo assim, está plenamente configurada a incapacidade total
e permanente que permite a concessão da aposentadoria por incapacidade
permanente ou, no mínimo, o auxílio por incapacidade temporária, visto que a
possibilidade de reabilitação se revela totalmente inviável.

Portanto, considerando a incapacidade e a situação


socioeconômica da ora apelante, esta faz jus ao benefício de aposentadoria
por incapacidade permanente acidentária.

IV.I- DO DIREITO AO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO POR INCAPACIDADE


TEMPORÁRIA ACIDENTÁRIO.

Consoante já exposto e comprovado, não houve melhora das


doenças que acometem a apelante, estando incapacitada para o trabalho que
habitualmente exercia.

Eis o que dispõe a Lei n.º 8.213/91:

“Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual
por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a


contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso
dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e
enquanto ele permanecer incapaz.

(...)

Art. 61. O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente de


trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91%
(noventa e um por cento) do salário-de-benefício, observado o
disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta lei.

Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de


recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a
processo de reabilitação profissional para o exercício de outra
atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado
para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência
ou, quando considerado não-recuperável, for aposentada por
invalidez.

Art. 63. O segurado empregado em gozo de auxílio-doença será


considerado pela empresa como licenciado.
Parágrafo único. A empresa que garantir ao segurado licença
remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-
doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância
garantida pela licença. ”

Com efeito, a apelante está impossibilitada de exercer qualquer


tipo de trabalho que envolva elevação de pesos, movimentação constante
dos membros superiores e permanecer em pé por longos períodos, o que, de
per si, já é suficiente para o reconhecimento de seu direito. Indiscutível,
portanto, o direito do apelante ao recebimento de, no mínimo, auxílio-doença.

Além disso, é certo que a condição cultural e socioeconômica


do segurado deve ser levada em consideração para fins de avaliação de
concessão de benefícios previdenciários por incapacidade. Eis, a guisa de
exemplo, precedentes do e. Superior Tribunal de Justiça, verbis:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA


DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE
PARCIAL. CONSIDERAÇÃO DOS ASPECTOS
SÓCIO-ECONÔMICOS, PROFISSIONAIS E
CULTURAIS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O
Tribunal de origem deixou claro que, na hipótese dos
autos, o autor não possui condições de competir no
mercado de trabalho, tampouco desempenhar a
profissão de operadora de microônibus. 2. necessário
consignar que o juiz não fica adstrito aos fundamentos
e à conclusão do perito oficial, podendo decidir a
controvérsia de acordo o princípio da livre apreciação
da prova e do livre convencimento motivado. 3. A
concessão da aposentadoria por invalidez deve
considerar, além dos elementos previstos no art. 42 da
Lei n. 8.213 /91, os aspectos socioeconômicos,
profissionais e culturais do segurado, ainda que o
laudo pericial apenas tenha concluído pela sua
incapacidade parcial para o trabalho. Precedentes das
Turmas da Primeira e Terceira Seção. Incidência da
Súmula 83/STJ Agravo regimental improvido. (STJ -
AgRg no AREsp: 384337 SP 2013/0271311-6, Relator:
Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento:
01/10/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 09/10/2013).

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.


PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.INCAPACIDADE
PARCIAL. LAVRADOR. ASPECTOS
SOCIOECONÔMICOS, PROFISSIONAIS E
CULTURAIS QUE JUSTIFICAM A CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. 1. Nos termos da jurisprudência do STJ,
mesmo as matérias de ordem pública necessitam estar
devidamente prequestionadas para ensejar o
conhecimento do recurso especial.2. Para a concessão
da aposentadoria por invalidez devem-se considerar,
além dos elementos previstos no art. 42 da Lei
n.8.213/91, os aspectos socioeconômicos, profissionais
e culturais do segurado, ainda que o laudo pericial só
tenha concluído pela sua parcial incapacidade para o
trabalho. Precedentes. 3. Hipótese em que, embora
as sequelas pelo acidente não incapacite
totalmente o ora agravado para todo e qualquer
trabalho, as limitações impostas para exercer o
trabalho como lavrador, assim como a sua idade e
o baixo grau de escolaridade, justificam a
concessão de aposentadoria por invalidez. Agravo
regimental improvido. (STJ, AgRg no AREsp
190.625/MS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/09/2012, DJe
18/09/2012) (grifos nosso)

É notória a dificuldade que teria a apelante em se realocar no


mercado de trabalho na sua condição atual. Portadora de graves sequelas,
as quais provocam dores e a impele a afastar-se do seu trabalho por diversas
vezes, possuidora de idade avançada e de baixo grau de escolaridade, são
elementos que, juntos, praticamente nulificam as possibilidades de disputa
por vagas de trabalho no mercado de hoje.
O ponto fulcral da questão é que, nas condições que apresenta
atualmente, a apelante está incapacitada para o exercício de qualquer
atividade laborativa compatível com sua condição, bem como com os
diversos problemas de saúde e resta sem concretas possibilidades de ser
inserido no mercado de trabalho.

Faz jus, portanto, o apelante a CONCESSÃO DA


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA
ACIDENTÁRIO, com efeitos retroativos à data do primeiro requerimento
administrativo, com o pagamento dos atrasados corrigidos monetariamente e
com a incidência dos juros de mora legais.

V - DA CONCLUSÃO.

Mercê de todo exposto, requer a apelante que o recurso de


apelação seja conhecido e provido, a fim de que esta e. Câmara reforme a r.
sentença a quo para julgar procedente o pedido exordial determinando-se:

a) Diante da presença dos requisitos, pugna a apelante pela concessão


do efeito suspensivo ao recurso de apelação para suspender a eficácia da
r. sentença, determinando a continuidade do recebimento do auxílio-
doença acidentário até posterior deliberação do Tribunal de Justiça de
Pernambuco, no julgamento final do recurso de apelação

b) a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS na


CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU NO
RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE AUXÍLIO-
DOENÇA ACIDENTÁRIO, com efeitos retroativos à data do primeiro
requerimento administrativo, devendo este persistir até a completa
recuperação da capacidade laborativa do apelante, atestada por perícia
médica administrativa da autarquia previdenciária, com o pagamento dos
atrasados corrigidos monetariamente e com a incidência dos juros de mora
legais, compensando-se os valores recebidos no interregno a mesmo título.

Deixa de juntar o comprovante de recolhimento das custas


recursais, por ter requerido, na exordial, e ter sido deferido, os benefícios da
justiça gratuita. Reitera, todavia, nesta oportunidade, o requerimento pela
concessão da gratuidade de justiça, com seus efeitos decorrentes.

Nestes Termos,
Pede deferimento.
Recife, 20 de agosto de 2020.

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