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AO JUÍZO DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE PIRACICABA

DO ESTADO DE SÃO PAULO

ROSEMEIRE APARECIDA BATISTA, brasileira, divorciada, cozinheira,


portadora da cédula de Identidade e R.G nº 28.270.262-3, inscrita no CPF sob o nº
191.697.418-08, endereço eletrô nico: contato@richterdominguesadvogados.com,
residente e domiciliada na Rua Guararema, nº 105, Bairro Tatuapé II, CEP 13.401-417,
na cidade de Piracicaba (SP), vem, com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por
meio de seus procuradores, propor a presente

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO –


AUXÍLIO ACIDENTE

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia


Pú blica Federal, inscrita no cadastro de pessoas jurídicas sob o nº 29.979.036/0001-40,
localizado na Avenida Santo Estevã o, nº 76, Vila Rezende, CEP 13.405-249, na cidade de
Piracicaba (SP), pelos fundamentos fá ticos e jurídicos que passa a expor:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

A Autora nã o possui condiçõ es financeiras de arcar com as custas processuais


sem prejuízo do pró prio sustento como se infere dos documentos em anexo que
comprovam a sua situaçã o, requerendo a concessã o das benesses da gratuidade
judiciá ria prevista nos arts. 98 e 99 do Có digo de Processo Civil.

Ademais, o benefício da Justiça Gratuita, neste caso, está esculpido no artigo


129, pará grafo ú nico, da Lei 8.213/91, por se tratar de demanda acidentá ria.
II. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

Primeiramente, é de se esclarecer que, segundo o artigo 109, inciso I, da


Constituiçã o Federal, a competência material para a presente açã o é da justiça comum
estadual, em razã o de se discutir benefício de cunho acidentá rio, qual seja: auxílio-
acidente por acidente de trabalho.

Já a competência estadual é de uma das varas desta comarca de Piracicaba


(SP), em razã o da Autora residir no citado município.

III. DO PRÉVIO REQUERIMENTO PARA O PEDIDO – INTERESSE DE AGIR


CONFIGURADO

Embora nã o seja exigível o prévio requerimento para casos como o presente,


nos termos do artigo 86, §2º, da Lei 8.213/91, que determina que o auxílio-acidente terá
data de início correspondente à quela do dia seguinte à cessaçã o do auxílio-doença
previdenciá rio ou a data do pedido administrativo, neste sentido a jurisprudência do
Tribunal de Justiça:

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO


ACIDENTE – REQUISITOS PRESENTES – INÍCIO DO BENFÍCIO. Para que
faça jus ao recebimento do benefício de auxílio acidente, o segurado deve
provar a redução da sua capacidade para o trabalho e o nexo causal entre
esta e o acidente que sofreu – o termo inicial da concessão do auxílio-
acidente é a data do pedido administrativo ou o dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença até então em vigor. (TJ-MG – AC:
10000190939538001 MG, Relator: Domingos Coelho, Data de Julgamento:
24/11/2020, Câmaras Cíveis/12ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
24/11/2020) (g.n.)
Em 24 de junho de 2022, a Autora solicitou administrativamente o pedido de
auxílio-acidente, o qual foi negado por parecer do médico perito do Réu, estando
configurado o interesse de agir.

IV. DOS FATOS

Em meados do ano de 2019, enquanto empregada (segurado obrigató rio –


art. 11, I da Lei 8.213/91), a Autora passou a sentir fortes dores em seu ombro direito
devido à s suas atividades laborais como higienizadora na Associaçã o dos Fornecedores
de Cana de Piracicaba, sendo entã o, diagnosticada com a Síndrome do Manguito Rotador
– com Tendinite Supraespiral e Bursite Subacromial.

Em relató rio médico enviado a empregadora à época, ficou comprovado que


sua patologia tem relaçã o com o trabalho, haja vista que o médico relatou que esta nã o
poderia trabalhar com os ombros elevados acima de 90°, pelo risco do agravamento,
atestado, ainda, com CID 10 M75.1.

Por conta da moléstia, a Autora apresenta como sequela dores no ombro,


braço e mã o, comprometimento na mobilidade, emprego de força e formigamento, nã o
sendo possível realizar as atividades com a mesma força e segurança de antes, o qual
resultou em incapacidade parcial e definitiva.

A higienizaçã o/limpeza efetuada no ambiente hospitalar tem as seguintes


atribuiçõ es:

a) Limpeza terminal: Limpeza e/ou desinfecçã o que tem por objetivo reduzir
a sujidade e da populaçã o microbiana, de modo a diminuir a possibilidade de
contaminaçã o ambiental;
b) Limpeza preparató ria: Limpeza realizada antes do início da montagem da
sala da primeira cirurgia do dia; se estiver sem uso por mais de 12 horas, remover
partículas de poeira, com á lcool 70%;

c) Limpeza operató ria: Realizado durante o procedimento cirú rgico, quando


ocorre contaminaçã o do chã o com matéria orgâ nica, há presença de resíduos ou quando
acontece queda de material;

d) Limpeza concorrente: Realizada apó s o término de uma cirurgia e início de


outra para a remoçã o de sujidade e matéria orgâ nica.

Para que haja mais lucidez, as funçõ es desempenhadas pela Autora


consistiam na limpeza terminal (limpeza inclusive de paredes e teto) para limpeza
concorrente, inclusive na limpeza de todo o quarto, banheiro, sem prejuízo dos demais
banheiros de grande circulaçã o que já realizava diariamente.

Face à s sequelas permanentes que obteve pela lesã o, a Autora teve a sua
capacidade de trabalho reduzida, com demanda de maiores esforços para cumprir com
suas atividades, sendo tal patologia irreversível, mesmo com todo o tratamento.

Ademais, comprovado no laudo pericial médico da açã o movida pela Autora


em face da empregadora, de n° 0010822-72.2020.5.15.0012, onde restou clara a
reduçã o física permanente por nexo concausal de 3,125%.

Como já mencionado, a Autora estava empregada à época do fato – tanto é


verdade que a doença foi adquirida em decorrência de suas funçõ es laborais.

Nesta seara, a situaçã o da Autora se enquadra no artigo 104 do Decreto


3.048/99, que dispõ e:
Art. 104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao
segurado empregado, inclusive o doméstico, ao trabalhador avulso e ao
segurado especial quando, após a consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultar sequela definitiva que, a exemplo
das situações discriminadas no Anexo III, implique redução da capacidade
para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020).

Cumpre reiterar que consta na documentaçã o apresentada nessa


oportunidade, que a parte Autora passou por diversas intervençõ es e consultas médicas,
possui diversas restriçõ es e devido a atividade laborativa, nenhuma das medidas
tomadas até o presente momento foram efetivamente capazes de solucionar os
problemas de saú de que acometem a Autora, bem como já fora expressamente exposto à
esta que seu caso é irrecuperá vel.

Urge ressaltar que a sua incapacidade interfere diretamente em sua


profissã o, bem como nas atividades do dia a dia, causando baixo desempenho e fortes
dores no ombro direito. Além disso, para desempenhar plenamente sua funçã o
laborativa, a Autora, apó s o acidente de trabalho, passou a necessitar de um MAIOR
ESFORÇO e cuidado, se comparado aos demais empregados.

Cumpre pontuar que a sua incapacidade interfere diretamente em sua


profissã o, causando baixo desempenho e fortes dores em seu ombro.

Portanto, comprovada a ocorrência que acomete o Autora, a qual a sequelou


com a limitaçã o dos movimentos do ombro, braço e mã o, reduzindo sua capacidade
laborativa, de forma parcial e permanente, necessitando despender de maior esforço,
ainda que seja mínimo, há de ser reconhecido o direito à concessã o do benefício de
auxílio-acidente.
Posteriormente, em 24 de junho de 2022, a Autora ingressou com pedido de
auxílio-acidente na esfera administrativa e teve seu benefício negado pelo perito do
INSS. Assim, agora necessita este da intervençã o judicial para satisfaçã o de seu direito,
para que lhe seja concedido o benefício ao qual faz jus, bem como para o recebimento
das parcelas em atraso.

V. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Segundo o artigo 201, I da CF, a Previdência Social atenderá a cobertura dos


eventos de doença e invalidez, dentre outros, possuindo cará ter contributivo-
retributivo.

Neste sentido, tendo a Autora contribuído para o sistema legal, se


parcialmente incapaz, faz jus à contraprestaçã o em forma de benefício, nã o podendo
este ser negado, sob pena de violaçã o à Lei.

A Segurada recorre a esse nobre Juízo, para garantir a concessã o do auxílio-


acidente, posto que implementou todos os requisitos necessá rios para este benefício.

O benefício de auxílio-acidente é devido nos termos da Lei n.º 8.213/1991,


art. 86, como forma de indenizaçã o, ao segurado quando, apó s consolidaçã o das lesõ es
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem
reduçã o da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redaçã o dada pela
Lei n.º 9.528, de 1997).

O texto legal ao tratar da matéria nã o exige para a concessã o da benesse que


a reduçã o da capacidade seja acentuada. Ao contrá rio, deixa claro que a segurada faz jus
ao benefício quando a sequela do acidente nã o impede o desempenho da mesma
atividade, mas o obriga a empregar maior esforço no exercício habitual.
Ainda no tocante ao auxílio-acidente, o Anexo III do Decreto n.º 3.048/1999
determina quais as sequelas garantem o direito ao benefício, estando, a sequela
adquirida pela parte Autora, atestada por médico, prevista expressamente conforme se
observa abaixo:

QUADRO Nº 8
Redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros Situações:
a) redução da força e/ou da capacidade funcional da mão, do punho, do
antebraço ou de todo o membro superior em grau sofrível ou
inferior da classificação de desempenho muscular;
b) redução da força e/ou da capacidade funcional do primeiro quirodáctilo
em grau sofrível ou inferior;
c) redução da força e/ou da capacidade funcional do pé, da perna ou de todo
o membro inferior em grau sofrível ou inferior.
NOTA 1 - Esta classificação se aplica a situações decorrentes de
comprometimento muscular ou neurológico. Não se aplica a alterações
decorrentes de lesões articulares ou de perdas anatômicas constantes dos
quadros próprios.
NOTA 2 - Na avaliação de redução da força ou da capacidade funcional é
utilizada a classificação da carta de desempenho muscular da The
National Foundation for Infantile Paralysis, adotada pelas Sociedades
Internacionais de Ortopedia e Traumatologia, e a seguir transcrita:
Desempenho muscular
Grau 5 - Normal - cem por cento - Amplitude completa de movimento
contra a gravidade e contra grande resistência.
Grau 4 - Bom - setenta e cinco por cento - Amplitude completa de
movimento contra a gravidade e contra alguma resistência.
Grau 3 - Sofrível - cinquenta por cento - Amplitude completa de
movimento contra a gravidade sem opor resistência.
Grau 2 - Pobre - vinte e cinco por cento - Amplitude completa de
movimento quando eliminada a gravidade.
Grau 1 - Traços - dez por cento - Evidência de leve contração. Nenhum
movimento articular.
Grau 0 (zero) - zero por cento - Nenhuma evidência de contração.
Grau E ou EG - zero por cento - Espasmo ou espasmo grave.
Grau C ou CG - Contratura ou contratura grave.
NOTA - O enquadramento dos casos de grau sofrível ou inferior abrange,
na prática, os casos de redução em que há impossibilidade de movimento
contra alguma força de resistência além da força de gravidade. (g.n.).

Frise-se que a jurisprudência do STJ já decidiu que a relaçã o de sequelas do


Regulamento nã o é taxativa, tendo pacificado a questã o em sede de aná lise de recursos
repetitivos:

Tema 22 – Tese Fixada: “Comprovados o nexo de causalidade e a redução


da capacidade laborativa, mesmo em face da disacusia em grau inferior
ao estabelecido pela Tabela Fowler, subsiste o direito do obreiro ao
benefício de auxílio- acidente.” (REsp 1095523/SP, 3.ª Seção, Rel. Min.
Laurita Vaz, DJe 05.11.2009).

Tema 156 – Tese Fixada: “Será devido o auxílio-acidente quando


demonstrado o nexo de causalidade entre a redução de natureza
permanente da capacidade laborativa e a atividade profissional
desenvolvida, sendo irrelevante a possibilidade de reversibilidade da
doença.”. (REsp 1112886/SP, 3.ª Seção, Rel. Min. Napoleão Numes Maia
Filho, DJe 12.02.2010).

Súmula 44/STJ: “A definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de


disacusia, não exclui, por si só, a concessão do benefício previdenciário.”

Quanto à data de início do benefício postulado, deve ser considerada a data


do pedido administrativo, visto que a Autora nunca se afastou pelo benefício de auxílio-
doença previdenciá rio. Assim como é o entendimento do STJ:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA DE NATUREZA REPETITIVA.
AUXÍLIO-ACIDENTE DECORRENTE DA CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA.
FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL. PRECEDENTES DO STJ FIRMADOS À LUZ
DA EXPRESSA PREVISÃO LEGAL DO ART. 86, § 2º, DA LEI 8.213/91. TESE
FIRMADA SOB O RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS.
ART.1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO
E PROVIDO. I. Trata-se, na origem, de ação ajuizada pela parte ora
recorrente em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
objetivando a concessão de auxílio-acidente, que foi precedido de auxílio-
doença acidentário. O Juízo de 1º Grau julgou procedente o pedido inicial,
para condenar o réu à concessão do auxílio-acidente, a partir do dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença, respeitada a prescrição
quinquenal de parcelas do benefício. O Tribunal de origem – conquanto
reconhecendo que restara provado, inclusive pela prova pericial, a
existência de sequelas do acidente, que "reduzem a capacidade funcional e
laborativa do autor e demandam um permanente maior esforço", além do
nexo causal, "reconhecido tanto por sua empregadora, que emitiu CAT,
como pela autarquia ao conceder-lhe auxílio-doença por acidente do
trabalho" – deu parcial provimento à Apelação do INSS e à Remessa
Oficial e alterou o termo inicial do benefício para a data da citação. II. A
controvérsia em apreciação cinge-se à fixação do termo inicial do auxílio-
acidente, decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23
e 86, § 2º, da Lei 8.213/91. III. O art. 86, caput, da Lei 8.213/91, em sua
redação atual, prevê a concessão do auxílio-acidente como indenização ao
segurado, quando, "após consolidação das lesões decorrentes de acidente
de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia". IV. Por sua vez, o
art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91 determina que "o auxílio-acidente será
devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,
independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido
pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria". V.
Assim, tratando-se da concessão de auxílio-acidente precedido do auxílio-
doença, a Lei 8.213/91 traz expressa disposição quanto ao seu termo
inicial, que deverá corresponder ao dia seguinte ao da cessação do
respectivo auxílio-doença, pouco importando a causa do acidente, na
forma do art. 86, caput e § 2º, da Lei 8.213/91, sendo despiciendo, nessa
medida, para essa específica hipótese legal, investigar o dia do acidente, à
luz do art. 23 da Lei 8.213/91. VI. O entendimento do STJ – que ora se
ratifica – é firme no sentido de que o auxílio-acidente será devido a
partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, mas,
inexistente a prévia concessão de tal benefício, o termo inicial
deverá corresponder à data do requerimento administrativo.
Inexistentes o auxílio-doença e o requerimento administrativo, o auxílio-
acidente tomará por termo inicial a data da citação. Nesse sentido: STJ,
REsp 1.838.756/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
DJe de 22/11/2019; AgInt no REsp 1.408.081/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 03/08/2017; AgInt no
AREsp 939.423/SP, Rel. Ministra DIVA MALERBI (Desembargadora
Federal Convocada do TRF/3ª Região), SEGUNDA TURMA, DJe de
30/08/2016; EDcl no AgRg no REsp 1.360.649/SP, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de 11/05/2015; AgRg no
REsp 1.521.928/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, DJe de 19/06/2015; AgRg no AREsp 342.654/SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 26/08/2014;
REsp 1.388.809/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe
de 06/09/2013. VII. Prevalece no STJ a compreensão de que o laudo
pericial, embora constitua importante elemento de convencimento do
julgador, não é, como regra, parâmetro para fixar o termo inicial de
benefício previdenciário. Adotando tal orientação: STJ, REsp
1.831.866/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe
de 11/10/2019; REsp 1.559.324/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 04/02/2019. VIII. Tese jurídica
firmada: "O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte
ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina
o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se, se for o caso, a prescrição
quinquenal de parcelas do benefício." IX. Recurso Especial conhecido e
provido, para, em consonância com a tese ora firmada, restabelecer a
sentença. X. Recurso julgado sob a sistemática dos recursos especiais
representativos de controvérsia (art. 1.036 e seguintes do CPC/2005 e art.
256-N e seguintes do RISTJ). (g.n)
Desta forma, o referido benefício de auxílio-acidente deve ser concedido a
Autora quando da data do requerimento administrativo, ou seja, a partir de 24 de junho
de 2022.

Resta claro, portanto, o preenchimento pela parte Autora dos requisitos


necessá rios para a concessã o do benefício pleiteado, nã o havendo qualquer motivo legal
para a negativa do direito da Autora. Além disso, é indispensá vel, entã o, pela omissã o da
Autarquia, a intervençã o jurisdicional para garantir o direito ora pleiteado.

VI. DO VALOR DO BENEFÍCIO E DA DATA DA CESSAÇÃO

Já quanto ao valor do auxílio-acidente, deverá este corresponder a 50%


(cinquenta por cento) do salá rio à época da Autora, sendo este a média aritmética dos
maiores salá rios de contribuiçã o, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o
período contributivo (artigo 29, inciso II, LB).

O benefício deverá ser mantido até a data da aposentadoria da Autora, nos


termos da lei vigente, em razã o do fato gerador ser posterior à lei 9.528/97.

VII. DA DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO

Uma vez constatado que o acidente de trabalho, o qual gerou a limitaçã o no


movimento dos ombros, com reduçã o de força/capacidade funcional, de forma parcial e
permanente, facilmente demonstrada pelo enquadramento legal pelo quadro nº 8, item
“a”, do anexo III, ambos do Decreto 3.048/99, a data do início do benefício (DIB) deverá
corresponder à quela do dia do pedido administrativo, qual seja: 24 de junho de 2022,
por ser de pleno conhecimento do requerido a situaçã o fá tica em tal momento, ou seja, a
reduçã o na capacidade laborativa.
Sendo o que se requer, com o pagamento das parcelas desde referida data.

VIII. DO PREQUESTIONAMENTO

Resta clara a violaçã o aos ditames constitucionais e legislaçã o federal, nos


termos dos artigos 42 e 59, da Lei de nº 8.213/1991 e art. 201, inciso I da Constituiçã o
Federal de 1988.

IX. DOS PEDIDOS E DEMAIS REQUERIMENTOS

Diante do exposto e com os amparos legais que a Lei lhe faculta, a Autora
pretende e pleiteia os seguintes direitos:

a. A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para,


querendo, responder à presente demanda, no prazo legal, se assim
desejar, sob pena de confissã o e revelia quanto à matéria de fato;

b. A concessã o do benefício da Gratuidade de Justiça, com fulcro nos


artigos 98 e 99 do Có digo de Processo Civil, por nã o ter condiçõ es de
arcar com as custas e honorá rios advocatícios sem prejuízo de seu
pró prio sustento, conforme declaraçã o de hipossuficiência e
documentos em anexo;

c. A procedência da pretensã o deduzida, condenando o INSS a conceder


o benefício previdenciá rio de auxílio acidente, consoante narrado
nesta inicial, por meio de perícia médica, atestando a condiçã o da
incapacidade parcial e permanente da Autora;

d. A condenaçã o do Réu ao pagamento dos valores acumulados, desde o


pedido administrativo ocorrido em 24 de junho de 2022, atualizados
monetariamente a partir do vencimento de cada prestaçã o até a
efetiva liquidaçã o, e ainda se quitando as parcelas em atraso de uma
só vez, acrescidas de juros e correçã o monetá ria a partir da citaçã o;

e. A condenaçã o do INSS ao pagamento de custas, despesas e de


honorá rios advocatícios na base de 20% (vinte por cento) sobre as
parcelas vencidas e as doze vincendas, apuradas em liquidaçã o de
sentença;

f. Cumprindo a previsã o do art. 319, VII, do Có digo de Processo


Civil/2015, a parte autora declara que opta pela nã o realizaçã o de
audiência de conciliaçã o no presente caso;

g. Requer, também, a produçã o das provas por todos os meios admitidos


em direito, especialmente a oitiva de testemunhas, juntada de novos
documentos e, em especial, a nomeaçã o de perito, escolhido por este
R. Juízo, para realizaçã o da perícia médica, inclusive com poderes para
requerer exames que considerar necessá rios e indispensá veis para a
constataçã o da doença, além dos documentos já apresentados no
processo, e, nã o possuindo a parte autora condiçõ es financeiras para
nomear assistente técnico, protesta pela apresentaçã o de quesitos
suplementares para o perito judicial. Requer, desde já , a manifestaçã o
do perito referente ao prontuá rio, laudos e exames anexos a essa
inicial;

h. Requer-se, ainda, com base no § 4º, do art. 22, da Lei nº 8.906/1994,


que, ao final da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças
em favor da parte Autora, quando da expediçã o da RPV ou do
precató rio, os valores referentes aos honorá rios contratuais e
sucumbenciais sejam expedidos em nome dos advogados contratados
pela parte Autora.
A apuraçã o do “quantum debeatur” há de ser relegada para a fase de
liquidaçã o de sentença, dando-se à presente, PARA EFEITOS DE ALÇADA, o valor de R$
14.423,83 (quatorze mil, quatrocentos e vinte e três reais e oitenta e três
centavos), nos termos do artigo 292, §§ 1º e 2º, do Có digo de Processo Civil.

Termos em que, Pede deferimento.

Piracicaba (SP), 18 de setembro de 2022.

Yara Regina Araujo Richter Guilherme Henrique Domingues


OAB/SP 372.580 OAB/SP 407.582

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