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EXCELENTÍSSIMO SR(a). DR(a).

JUIZ(a) DE DIREITO DA x VARA


CÍVEL DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE VARGINHA/MG

REBECCA REIS OLIVEIRA, brasileira, solteiro, trainee cbo, portador do CPF n°


06754778679, e cédula de identidade n° MG 12.086.806, residente e domiciliada a Rua
Tonico Xavier, n° 270, bairro Bom Pastor - Varginha/MG, CEP: 37014-250, por intermédio
de seu procurador infra-assinado, este, com endereço eletrônico
alcinocury.adv@gmail.com, onde deverá receber intimações, vem, respeitosamente,
ajuizar

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS


em face de

BDG CLINICA ESTETICA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita
no CNPJ/MF sob o nº 27217505000169, instalada à RUA HUMBERTO PIZZO, 999 -
LOJA 147, VARGINHA - MG CEP: 37026-280, doravante simplesmente denominada
“Espaçolaser”,
pelo rito especial cível, nos termos da Lei 9099/95, pelas razões de fato e de direito que
passa a expor.

PREAMBULARMENTE

A requerente deseja, desde já, que sua hipossuficiência econômica seja


reconhecida por este juízo, já que não conseguirá arcar com eventuais despesas
processuais sem que seu próprio sustento seja comprometido. Assim, a autora pleiteia
pela concessão do benefício da justiça gratuita.

1. FATOS

Em 28 de janeiro de 2019, a autora contratou os serviços de depilação a laser


oferecidos pela ré, assim como consta do objeto do contrato (anexo).
Ao oferecer os serviços, a ré, em seu contrato, expõe que é de responsabilidade
dos contratantes o agendamento prévio de sessões, o respeito ao intervalo mínimo entre
estas e, por óbvio, o pagamento em dia (Item 02).
Adiante, esclarece que logo após a aplicação do laser no corpo, podem ocorrer
reações como ardência e irritação por algumas horas. Também explica que, em resumo,
a exposição ao sol e a câmaras de bronzeamento devem ser evitados (Item 16), entre
outros cuidados que a paciente deve ter para que o resultado seja o esperado. E, por fim, 1
colhe a assinatura dos contratantes sobre a ciência que lhes fora dada acerca da
possibilidade de intercorrências operacionais (alergias e queimaduras).

EULER G. S. ALCINO – OAB/MG 198.281 – LEILA M. R. P. CURY – OAB/MG 191.600 – R. DELFIM MOREIRA, 154 – CENTRO – VARGINHA/MG – (35) 98849-8497 – (35) 98836-2693
Em suma, era o que cumpria expor sobre as exigências e esclarecimentos da
contratada.

1.1 Execução do contrato

Ciente dos riscos informados e de sua obrigação, a autora começou a se


sujeitar às sessões de laser, tendo cumprido e se atentado a todas as
observações/cláusulas contratuais. Sua presença na clínica foi assídua, conforme
demonstram as tabelas que se seguem:

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A longevidade do tratamento se deu, por óbvio, em razão do adimplemento
contratual de ambas as partes: a ré, oferecendo serviços de qualidade e, a autora,

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cumprindo com seus pagamentos e horários. Tudo isso, até a realização da sessão do
dia 20/10/2019, após a aplicação do laser ser feita na virilha.

1.2 Dano estético e moral e extinção do contrato

Fato é que a autora, após a aplicação supramencionada, sentiu dores


diferentes: “MUITO MAIS AGUDAS”, segundo ela, o que reclamou para a aplicadora
no ato da sessão, e ainda lhe perguntou se a potência estaria correta, vez que, por ter
sido frequente nas sessões, memorizou a potência que lhe era comumente aplicada, por
outra aplicadora. A aplicadora afirmou que sim, a potência era a mesma de costume e,
mesmo com a requerente reclamando muito das dores, continuou a aplicação,
acreditando ser “normal” o que estava ocorrendo.
A verdade é que as dores perduraram por dias, e não diminuíram em algumas
horas, como na situação prevista no contrato. Ademais, a reação na pele também
foi diferente: escureceu significativamente na região aplicada e nas partes internas
da genitália. (Fotos censuradas anexas)
Constrangida, preocupada e com dores, a autora recorreu à sua clínica de
costume. E o laudo médico foi categórico:
“LESÃO GENITAL, HIPEREMIA DOLOROSA, APARENTES QUEIMADURAS
DE SEGUNDO GRAU” (laudos anexos). O diagnóstico foi confirmado por profissional
dermatologista posteriormente (anexo).
Como exposto, a autora estava ciente de que poderiam haver intercorrências.
Aliás, é do conhecimento de todos que o tratamento por si só lesiona a pele, para assim,
poder melhorá-la com a reconstrução do tecido. Contudo, a intercorrência foi
exorbitante. Excedeu ao que era esperado. As queimaduras foram severas e as dores
também.
Foi o bastante para que a autora não mais quisesse se sujeitar às sessões,
requerendo, assim, a rescisão contratual, narrando, por telefone (gravação depositada
em secretaria) o ocorrido à representante da ré que, por sua vez, ADMITIU A CULPA
(AUDIO 3, AOS 3’05’’) e em nada se opôs quanto a manifestação autoral e devolução
de valores referentes às sessões futuras.
Neste momento, a autora vê-se, mais uma vez, preocupada com as cicatrizes,
com medo da não recuperação. O tratamento que garantiria a melhora da estética sem
reações dolorosas extravagantes, causou-lhe dor intensa e danos grosseiros à região
genital, o que afeta, por óbvio, seu cotidiano, pelos efeitos negativos nas suas relações
íntimas, na exposição do corpo e, agora, com o tratamento, toma-lhe tempo, alterando
suas rotinas doméstica e de trabalho.
Por todo o ocorrido, a requerente deseja, ao menos, a compensação mínima por
tudo o que passou e passará, considerando a gravidade do dano.
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1.3 Incerteza sobre despesas futuras

A autora ainda não sabe, nem quanto tempo e nem quanto poderá gastar com
tratamentos futuros. Sabe menos ainda se a recuperação da cor natural da pele
acontecerá.
Desta feita, a requerente limita-se a ser ressarcida pelos danos morais e estéticos
que lhe foram causados, e eventualmente desejará recuperar os valores que irá gastar
com despesas médicas, quando puder provar seus gastos.

2. DIREITO

2.1 Desnecessidade de provar culpa

Notório que se trata de relação de consumo. A ré é pessoa jurídica de grande porte


e garante seu lucro a tempos.
Neste sentido, ocorrida a situação constrangedora e danosa, a requerente sequer
precisaria provar a culpa da ré, nos termos do art.14 CDC. Vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração
as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
III - a época em que foi fornecido.

Note-se que o dispositivo citado, em seu inciso segundo, ainda registra que
existem serviços que apresentam riscos maiores, como no caso, o que inclusive está
disposto no contrato da ré. Contudo, um dano dessa magnitude jamais era esperado.
Não diferente, o próprio Código Civil determina em seu conhecido artigo 927,
parágrafo único, que a reparação do dano se dê independente de culpa nos casos
especificados em lei ou quando a atividade lucrativa, por si só, traz risco a direitos de
outrem. In verbis: 4

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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

2.2 Responsabilidade pelos contratados

Por derradeiro, resta apenas expor a inteligência dos artigos 932, III e 933, CC:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
[...]
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos.

Cumpre ainda dizer que a aplicação do laser não foi feita por profissional liberal
que atuasse na clínica da ré, mas sim, por sua empregada.
Excelência, toda essa narrativa tem o fim de evidenciar a certeza de um direito.
Não há questionamentos sobre autoria, culpa e de dano.
Ainda que não deva provar culpa, a autora deve provar a autoria e o dano, e é o
que se seguirá nas provas anexas. Contudo, como já exposto preambularmente, a
admissão de culpa ocorreu.

2.3 Indenização

Quanto aos danos morais e estéticos indubitavelmente sofridos, a autora requer,


Vossa Excelência, que este nobre juízo, considerando o caráter dúplice da indenização,
bem como, a extensão do dano e demais critérios que o douto magistrado entender de
direito, materialize a justiça em seu melhor sentido.
A verdade é que, como narrado, a requerente além de ter boa parte da região
genital danificada, também teve toda sua rotina alterada. Isso porque o tratamento
emergencial determinou que ela usasse pomada três vezes ao dia, para ir diminuindo as
dores e a coceira e, talvez, clarear sua pele no futuro. Significa dizer que por três vezes
ao dia a autora tem de ir ao banheiro da empresa onde trabalha para fazer o
procedimento. Óbvio que esta não é a razão basilar que ensejou a presente demanda,
mas o dessabor é um agravante. 5
Desta feita e, não restando dúvidas jurídicas acerca da cumulação de pedidos
de indenização sobre danos morais e estéticos (Súmula 387, STJ), a autora pretende,

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neste momento, ser indenizada por todo seu prejuízo estético em R$5.000,00 (cinco mil
reais) e, para compensar o dano moral, indenizada em R$8.000,00 (oito mil reais), o que
entende ser medida de justiça para INIBIR A RÉ DE REPETIR seu erro em outros
pacientes, bem como, repita-se, a própria a autora ser compensada de alguma forma por
tudo que sofreu e ainda sofrerá.

3. PEDIDOS

Por todo exposto, pede-se:


1 – Sejam julgados PROCEDENTES os pedidos para CONDENAR a ré a indenizar
a autora na monta de R$5000,00 (cinco mil reais) pelos danos estéticos que lhe foram
causados. Também condená-la ao pagamento de R$8.000,00 (oito mil reais) a título
de danos morais.

2 – A citação do requerido por carta registrada, no endereço da agência integrante


de seu grupo econômico, que se localiza à RUA HUMBERTO PIZZO, 999 - LOJA
147, VARGINHA - MG CEP: 37026-280 permitindo que o réu, querendo, apresente
defesa. Caso não apresente, requer-se, desde já, a incidência dos efeitos da revelia;
3 – A concessão dos benefícios da justiça gratuita à requerente;
4 – A designação da sessão de conciliação ou mediação;
5 – O depósito das provas auditivas na secretaria deste juízo;
6 – Provar o alegado por todos os meios admitidos em direito (documental, auditivo,
oral e pericial);

Dá-se à causa o valor de R$13.000,00 (treze mil reais).

Varginha, 18 de novembro de 2019.

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