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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0000494-74.2022.5.10.0102

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 02/06/2022


Valor da causa: R$ 57.588,32

Partes:
RECLAMANTE: RAIMUNDA MOUSINHO DE ARAUJO
ADVOGADO: MARCO ANTONIO ALVES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: JOSE EVANDRO PEREIRA DA SILVA
RECLAMADO: TORO IMPORTADOS EIRELI
RECLAMADO: AXB PINTURAS EIRELI
ADVOGADO: GLEYSON ARAUJO TEIXEIRA
RECLAMADO: DIRECIONAL ENGENHARIA S/A
ADVOGADO: MARCUS VINICIUS AMARAL JUNIOR
ADVOGADO: MARCOS MENEZES CAMPOLINA DINIZ
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 2ª VARA DO TRABALHO DE TAGUATINGA - DF

Processo nº.: 0000494-74.2022.5.10.0102

DIRECIONAL ENGENHARIA S/A, já devidamente qualificada nos autos da ação em


epígrafe, em que contende com RAIMUNDA MOUSINHO DE ARAUJO, vem, por seus
advogados infra-assinados, respeitosamente, apresentar CONTESTAÇÃO pelos fatos e
fundamentos expostos a seguir.

I – DAS NOTIFICAÇÕES

Requer, inicialmente, que todas as futuras intimações e publicações sejam realizadas


em nome de MARCOS MENEZES CAMPOLINA DINIZ, OAB/MG 115.451, com endereço
profissional na Rua dos Otoni, 177, Santa Efigênia, CEP 30150-270, Belo Horizonte/MG,
como de direito sob pena de nulidade.

II – DOS FATOS

Alega o reclamante ter sido admitido em 01/09/0221 pela 01ª reclamada, recebendo
remuneração mensal de R$ 1.870,00, na função de pintor. Aduz que laborou até a data de 08
de fevereiro de 2022, quando foi dispensada sem aviso prévio. Afirma que as verbas
rescisórias não foram quitadas, tampouco recebeu a guia de FGTS e habilitação para o
Seguro Desemprego. Aduz que as horas extras não eram devidamente pagas. Afirma que o
adicional de insalubridade não era devidamente pago.

Aduz ainda que teve sua audição prejudicada diante do “barulho da obra”.

Assim, requer: o pagamento das verbas rescisórias; horas extras e reflexos; adicional
de insalubridade e seus reflexos; indenização por danos morais e “lucros cessantes” diante
das sequelas do suposto “acidente de trabalho” que culminou em enfermidades auditivas e,
por fim, FGTS e multa do art. 467 e 477.

Ocorre que todas as alegações autorais são inverídicas, motivo pelo qual serão
impugnadas em todos os seus termos, bem como pelos fatos e fundamentos que passa
a expor.

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III – DAS PRELIMINARES

III.I- DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CONTESTANTE

Conforme revela a inclusa CTPS com as anotações, o vínculo mantido no período


questionado se formou exclusivamente entre o RECLAMANTE e a PRIMEIRA RECLAMADA.

A contratação com firma especializada é plenamente justificável, eis que a segunda


RECLAMADA tem por objeto social atividades que não guardam a mínima relação com
serviços de pintura, não havendo razão para a montagem de um setor exclusivo com este
fim. Assim, os objetos sociais das reclamadas eram completamente distintos.

Ademais, o próprio Reclamante em sua exordial confirma que foi contratado pela 1ª
Reclamada, bem como, afirma conhecer que a 3ª Reclamada não apresenta objetos sociais
semelhantes.

Por outro lado, inexistia pessoalidade na prestação de serviços. Para a


contestante, bastava que o serviço contratado fosse efetivamente prestado, pouco
importando quem realizaria tais tarefas, sequer sabendo se o reclamante efetivamente
prestou serviço para a mesma uma vez que sequer informa o local de prestação de
serviço.

Ressaltamos ainda, que em sua inicial, o Reclamante demonstra quem era seu
real Empregador e responsável por qualquer crédito trabalhista.

Assim não merece prosperar a pretensão do RECLAMANTE de incluir no polo passivo


a SEGUNDA RECLAMADA, pelo que vejamos:

O Enunciado 331, do Tribunal Superior do Trabalho, em seu inciso IV, alterado pela
Resolução 96/2000, estabelece que:

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do


empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da
administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das
empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que
hajam participado da relação processual e constem também do título
executivo judicial (artigo 71 da Lei nº 8.666/93).

Entretanto, MM. Juiz, não se ateve o Reclamante, ao devido cuidado em rever o inciso
III, do mesmo Enunciado que estabelece:

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação


de serviços de vigilância (Lei nº 7102, de 20.6.83), de conservação
e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-
meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a
subordinação direta.

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Desta feita, o Reclamante ao incluir, em sua peça inicial a SEGUNDA RECLAMADA


como responsável subsidiária, porque não restaria vedado pela lei, laborou em equívoco
palmar, tendo em vista que a empresa contratada é exatamente de pintura.

Ora, MM. Juiz, se não houve relação empregatícia entre a obreira e a Segunda
Reclamada, identicamente, falta qualquer causa para gerar a sugerida responsabilidade
subsidiária intentada por aquela, já que somente haveria responsabilização se houvesse
vínculo laboral.

Além do mais, resta claro que o RECLAMANTE prestou serviços que não
guardam relação com os serviços de construção civil, prestado pela SEGUNDA
RECLAMADA, porque são serviços de vigilância, que necessitam de mão de obra
específica.

Ora, há destarte, um claro normativo que veda qualquer pretensão do Reclamante em


desfavor da Segunda Reclamada que figura tão somente como tomadora de serviços. E
mesmo assim, poder-se-ia, em nome de um direito abstrato que orna o instituto da ação, ter-
se o caso como sendo de pedido juridicamente possível em relação às contestantes?

É claro que não, porque seria inviável a existência de um processo, contra uma
determinada parte, que, sabidamente, não redundará em nenhuma forma de atendimento da
pretensão de direito material. Esqueceu, portanto, o Reclamante, que, o instituto processo é
um meio e não um fim em si mesmo, ou seja, se ele não tem o que atender, inexistirá a sua
razão de ser.

E, no que tange à ilegitimidade passiva ad causam, se é vedado o direito material de


se questionar a responsabilidade subsidiária da SEGUNDA RECLAMADA, quando é ela
tomadora de serviços de vigilância, assim, obviamente, despida de legitimidade para figurar
no polo passivo da presente demanda trabalhista.

Demais disso, MM. Juiz, uma cláusula dos Contratos de Prestação de Serviços, cujas
cópias ora se junta, titulada "DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA", deixa claro que a
responsabilidade de vínculos laborais e encargos trabalhistas é exclusiva da PRIMEIRA
RECLAMADA.

De certo é que, INEXISTE responsabilidade da Contestante quanto aos pagamentos


de quaisquer verbas trabalhistas atinentes ao contrato de trabalho do Reclamante, ante a
ausência de suporte fático e jurídico.

Neste sentido, elucida a doutrina pátria:

"Assim como não há sombra sem corpo físico, também não há


responsabilidade sem a correspondente obrigação. Sempre que
quisermos saber quem é o responsável teremos que identificar
aquele a quem a lei imputou a obrigação, porque ninguém poderá

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ser responsabilizado por nada sem ter violado dever jurídico


preexistente." (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de
Responsabilidade Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.26).

Nesta seara, assevera, ainda, o Eg. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª


REGIÃO e o C. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, in verbis:

"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. INEXISTÊNCIA. A prestação


de serviços não induz à ilação de que a atividade gera
responsabilidade trabalhista à segunda Ré, sobretudo quando não há
comprovação de ingerência sobre a atividade comercial da primeira, o
que afasta a incidência da Súmula 331/TST. Admitir o contrário
significaria promover a insegurança jurídica nas relações
comerciais. Assim sendo, conquanto a responsabilidade
subsidiária seja amplamente consagrada no Direito do Trabalho,
tal não pode ser estendida, de forma açodada". (TRT 3ª Região,
Proc. 00280-2007-013-03-00-0, Ac. 8ª Turma, RelatorMárcio Ribeiro
do Valle, DJMG 30/01/2008)

"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. INAPLICABILIDADE DA


SÚMULA 331, IV, DO TST. A situação dos autos não retrata a
hipótese da Súmula 331, IV, desta Corte, pois não houve
contratação específica de mão-de-obra, não sendo a 2ª
Demandada, portanto, tomadora direta dos serviços prestados
pelo Autor. Recurso de Revista conhecido e provido". (TST, Proc. RR
- 443/2003-014-04-00, Relator JOSÉ SIMPLICIANO FONTES DE F.
FERNANDES, DJ 30/11/2007)

Assim, a ora SEGUNDA RECLAMADA, firmou o Contrato Particular de Prestação de


Serviços, com a Primeira Reclamada, em especial pelas cláusulas que o compõem,
reciprocamente outorgadas e aceitas, conforme cópias reprográficas que ora se junta, e se,
para o cumprimento dos serviços de vigilância, a PRIMEIRA RECLAMADA colocou, entre
outros, a ora RECLAMANTE, para o exercício de suas atribuições, junto à SEGUNDA
RECLAMADA, a qual nenhuma responsabilidade empregatícia lhe incumbe.

Tendo havido terceirização lícita, não há que se falar em responsabilização subsidiária


da contestante.

IMPROCEDE, pois, no todo, a pretensão do RECLAMANTE em incluir a SEGUNDA


RECLAMADA no polo passivo da presente ação trabalhista, como responsável subsidiária,
sendo, portanto, sua exclusão da presente lide a única medida, justa, legal e cabível, por
imperativo, inclusive, do preceituado no inciso III, do Enunciado 331, do Egrégio Tribunal
Superior do Trabalho e, no Contrato celebrado entre a Primeira e a Segunda Reclamadas.

Diante do exposto, cristalina é a ilegitimidade passiva ad causam da Contestante,


razão pela qual deve o processo ser extinto em face destas, sem julgamento de mérito,
nos termos do inciso VI, do artigo 485, do Código de Processo Civil, aplicado
subsidiariamente por força do disposto no artigo 769 da Consolidação das Leis
Trabalhistas.

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III.II- DA ABRANGÊNCIA DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA PRETENDIDA –


DOS ARTIGOS 790, CAPUT E § 4º E 791, § 4º DA CLT

Pretende o Reclamante a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, com extensão


à dispensa do recolhimento de custas e emolumentos, honorários periciais e honorários de
sucumbência.

Para tanto, pretende a declaração de inconstitucionalidade dos artigos 790, caput e §


4º, bem como do artigo 791, § 4º da CLT – o que não merece guarida e resta expressamente
rechaçado.

De pronto, insurge-se contra a extensão pretendida pelo Reclamante, haja vista que a
nova redação dos aludidos artigos citados (790, caput e § 4º, bem como do artigo 791, § 4º
da CLT) não restringe qualquer direito ao Reclamante, mas sim, em sintonia ao artigo 139 do
CPC, demonstrando tratamento igualitário das partes, já que impõe “à parte” o direito da
concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, quando comprovada a “insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo” (§ 4º do artigo 790).

Logo, não há qualquer limitação ao direito de ação do Reclamante, mas sim, previsão
de TRATAMENTO IGUALITÁRIO DE TODOS PERANTE A LEI (artigo 5º caput da CF/88),
não havendo, assim, qualquer restrição de direitos.

No mesmo sentido, tem-se que não assiste razão ao Reclamante à pretensão de


declaração de inconstitucionalidade dos artigos 790-B, caput e § 4º, art 791-A §4º e art 844 §
2º e 3º (incluído pela Lei nº 13.467/2017), haja vista que, ao impor ao vencido/sucumbente o
ônus de arcar com eventuais honorários sucumbenciais bem como pagamento de custas
processuais na hipótese de ausência obreira na audiência, tal fato não se configura como
limitador do acesso à justiça, mas sim, como critério de conscientização da parte em não
demandar em aventuras jurídicas.

Fala-se isso porque, cediço é que o artigo 5º, XXXV garante à parte o direito
constitucional de acesso ao Poder Judiciário. Neste espeque, a determinação de
sucumbência à parte destituída de razão assegura justamente que a parte vencedora seja
recompensada pela necessidade de valer-se do seu direito de ação – o que apresenta como
mecanismo facilitador do acesso à Justiça (exatamente na mão contrária alegada pelo
Reclamante).

E mais, não se há falar em inconstitucionalidade da nova redação celetista, sobretudo,


por proteger o empregado, uma vez que ressalta que a parte somente arcará efetivamente
com o custo sucumbencial se deixar de ter a condição legal de necessidade dos benefícios
da Justiça, eis que essa é a redação da Lei:

Artigo 791-A – Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)

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e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido


em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

Perceba, Excelência, que a Lei impõe condição para que o beneficiário da Justiça
Gratuita arque com os custos sucumbenciais (desde que não tenha obtido em juízo, ainda
que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa). Logo, caso o
Reclamante tenha obtido êxito em juízo, ainda que em outro processo, sua condição estará
alterada daquela ditada pela Lei nº 1.060/50, razão pela qual, não estaria diante de qualquer
óbice ao acesso à justiça, mas sim, de garantia de tratamento igualitário da das partes (em
sintonia com o artigo 139 do CPC/2015 c/c artigo 5º, caput da CF/88 – já que todos são iguais
perante a Lei).

Ademais, se o crédito trabalhista detém natureza de verba alimentar, por certo a verba
honorária (advocatícia ou pericial também detém a referida natureza), sob pena de tratamento
desigual de cidadãos, regularmente assistidos pela proteção do artigo 5º, caput da CF/88 – já
que todos são iguais perante a Lei.

No tocante às custas processuais na hipótese de não comparecimento em audiência


prevista nos parágrafos § 2º e 3º do art 844 da CLT, salienta-se que, de igual modo, não há
que se falar em inconstitucionalidade dos mencionados dispositivos. Conforme verifica-se
pela redação do mencionado artigo na legislação celetista, o reclamante não possui a
obrigatoriedade de arcar com as custas processuais na hipótese de comprovar no prazo de
quinze dias, justificável incapacidade de comparecimento na referida assentada.

Logo, tem-se como equivocada a tese autoral de óbice de acesso à justiça, vez que a
Lei 13.467/17 apenas pontuou a questão com a finalidade de não permitir o descaso obreiro
com os autos, o que consequentemente onera o Estado e à parte adversa, que por sua vez
tem a obrigatoriedade de comparecer em audiência.

Ainda, a ausência injustificada do Reclamante à audiência, além de movimentar a


estrutura do judiciário para geração de atos próprios daquela demanda, a imposição do
pagamento de custas (na hipótese de ausência injustificada quanto ao não comparecimento
em audiência) deve ser visto como uma forma de conceder o tratamento igualitário das partes,
agindo ambas com o devido zelo e cuidado que a máquina pública no tocante à prática de
atos processuais.

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Registra-se, ainda, que para a entrada em vigor, a Lei 13.467/2017 tramitou por
todo seu processo legislativo, não havendo supressão de qualquer instância, tendo
percorrido seu devido processo legal.

Assim, não há que se falar em declaração de inconstitucionalidade dos preceitos legais


indicados na peça de ingresso, sob pena de violação aos preceitos constitucionais
supracitados – sobretudo, quanto à garantia constitucional de que TODOS são iguais perante
a Lei (artigo 5º, caput da CF/88).

Logo, requer seja julgado improcedente o pleito autoral de declaração de


inconstitucionalidade dos artigos indicados pelo obreiro, bem como da concessão dos
benefícios de justiça gratuita, com base nas limitações impostas pela Lei 13.467/2017 – é que
o se requer.

IV – DO MÉRITO

Caso ultrapassadas as preliminares, o que não se espera, passa a Reclamada a


impugnar especificamente todos os pedidos narrados pelo Reclamante.

Desde já, a Reclamada contesta expressamente as alegações da Inicial contrárias ao


arrazoado da defesa, as quais competirá o Reclamante comprovar, a teor do disposto no
artigo 818 da CLT, conforme demonstrado.

IV.I - DA AUSENCIA DE RESPONSABILIDADE DA 3ª Reclamada

Não obstante todo o já exposto cumpre reiterar, no mérito, que tendo em vista o
INCONTROVERSO fato do Reclamante NÃO ser empregado da, ora Contestante, torna-se
indevido por esta o pagamento direto de qualquer verba trabalhista ou previdenciária atinente
ao referido contrato de trabalho.

Isto porque, a Contestante NÃO é a empregadora do Reclamante, bem como NÃO


se beneficia de eventuais serviços prestados de forma pessoal e autônoma, visto que o
que se contratou foram os serviços da 1ª Reclamada e, NÃO, os do Reclamante.

Logo, é APLICÁVEL no caso em apreço, a súmula nº. 331 do C. TST, em seu inciso
III, eis que os serviços de conservação prestados pelo Reclamante foram TOTALMENTE
impessoais e sem subordinação, já que toda a orientação e coordenação dos serviços eram
realizadas EXCLUSIVAMENTE pelos gerentes da 1ª Reclamada, razão pela qual esta
contratação NÃO é ILÍCITA.

Por outro lado, cite-se que, in casu, são INAPLICÁVEIS as penalidades da


Súmula nº. 331 do C. TST, pois a terceirização em questão deu-se de forma lícita, sem
qualquer vício formal ou jurídico que a torne inválida.

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De certo é que, INEXISTE responsabilidade da Contestante quanto aos pagamentos


de quaisquer verbas trabalhistas atinentes ao contato de trabalho do Reclamante, ante a
ausência de suporte fático e jurídico.

Neste sentido, elucida a doutrina pátria:

“Assim como não há sombra sem corpo físico, também não há


responsabilidade sem a correspondente obrigação. Sempre que
quisermos saber quem é o responsável teremos que identificar
aquele a quem a lei imputou a obrigação, porque ninguém poderá
ser responsabilizado por nada sem ter violado dever jurídico
preexistente." (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de
Responsabilidade Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.26).

Cabe ressaltar que a Contestante, promoveu a efetiva fiscalização da 1ª Reclamada,


não podendo a mesma ser subsidiariamente responsáveis pelas obrigações trabalhistas que
não lhe incube.

Nesta seara, assevera, ainda, o Eg. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª


REGIÃO e o C. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, in verbis:

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. INEXISTÊNCIA. A prestação


de serviços não induz à ilação de que a atividade gera
responsabilidade trabalhista à segunda Ré, sobretudo quando
não há comprovação de ingerência sobre a atividade comercial
da primeira, o que afasta a incidência da Súmula 331/TST. Admitir
o contrário significaria promover a insegurança jurídica nas
relações comerciais. Assim sendo, conquanto a
responsabilidade subsidiária seja amplamente consagrada no
Direito do Trabalho, tal não pode ser estendida, de forma
açodada. (TRT 3ª Região, Proc. 00280-2007-013-03-00-0, Ac. 8ª
Turma, Relator Márcio Ribeiro do Valle, DJMG 30/01/2008)

Não obstante, ressalte-se que o objeto social da Contestante, isto é, a construção civil,
NÃO coincide ou se instrumenta por serviços fornecimento de mão de obra para prestação
de serviços de vigilância patrimonial, razão pela qual, por qualquer ponto de vista, NÃO
HÁ RESPONSABILIDADE da Contestante por eventuais débitos do contrato de trabalho
firmado EXCLUSIVAMENTE entre o Reclamante e a 1ª Reclamada.

Diante disso, requer a Contestante que seja a demanda autoral julgada


improcedente em face desta, eis que NÃO possui qualquer responsabilidade pelo
pagamento dos débitos trabalhistas em epígrafe, pois além de NÃO ser a empregadora
da Reclamante, NÃO se aplica in casu, o inciso IV da Súmula nº. 331, do C. TST.

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IV.II - DA TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme ensina o i. doutrinador Valentin Carrion, “a terceirização é o ato pelo qual a


empresa produtora, mediante contrato, entrega a outra empresa certa tarefa (atividades ou
serviços não incluídos nos seus fins sociais), para que esta a realize habitualmente com
empregados desta. Quando não fraudulenta, é a manifestação de modernas técnicas
competitivas” (CARRION VALENTIN, in Comentários à CLT. 23 Ed. São Paulo. Saraiva,
2008, pág. 308).

Neste sentido, a Súmula nº. 331 do Tribunal Superior do Trabalho, a qual possui força
vinculativa sobre os demais Tribunais e Instâncias Inferiores, aduz que “não forma vínculo
de emprego com o tomador a contratação de serviços (...) ligados a atividade-meio do
tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta” (inciso II).

Portanto, em breves termos e de forma genérica, a terceirização é lícita e admitida no


direito pátrio, desde que os serviços contratados NÃO estejam ligados a “atividade-fim” do
tomador de serviços, NÃO exista a pessoalidade e subordinação direta entre o prestador
e o tomador dos serviços.

Isto porque, conforme determinado no artigo 9º da CLT, “serão nulos de pleno direito
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos”
contidos na CLT.

Logo, o que a súmula nº. 331 do TST faz é, tão somente, reiterar a vigência do artigo
9º da CLT, vez que, por interpretação reversa, declara de forma genérica como ilícita a
terceirização da “atividade-fim” do tomador de serviços.

Ocorre que, no âmbito da construção civil, a terceirização é mais abrangente,


pois além de permitida na forma da Súmula nº. 331 do TST, também pode incluir a
“ATIVIDADE-FIM” do tomador de serviços. Ressaltando, não ser este o caso da
presente demanda.

A terceirização no ramo da Construção Civil se exerce por meio da “EMPREITADA”,


legalmente prevista pelo artigo 455 da CLT e pela Instrução Normativa nº 3/05 do INSS,
originariamente definido pela Ordem de Serviço 209/99 DAF/INSS, como sendo:

“Empreitada é o contrato celebrado entre empreiteira e outras


empresas para a execução da obra ou de serviços na construção
civil, no todo ou em parte, com ou sem fornecimento de material”
(Ordem de Serviço 209/99 DAF/INSS).

Portanto, é inegável que a própria legislação trabalhista recepcionou a terceirização


na construção civil, por meio de empreitada, conclusão que se extrai de uma interpretação
sistemática, onde todo o sistema legislativo flui para o mesmo núcleo, ou seja, regulamentar
a empreitada, seus efeitos e reflexos.

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Neste ínterim, Valentin Carrion, em “Comentários à Consolidação das Leis do


Trabalho”, assim trata da sub empreitada:

“Na sub empreitada, quem se comprometeu a efetuar certa obra a


repassa a alguém para que este a execute parcial ou totalmente;
assim procede a empresa construtora de todo um edifício,
quando subcontrata a carpintaria ou a eletricidade”. (CARRION
VALENTIN, in Comentários à CLT. 23 Ed. São Paulo. Saraiva, 2008).

Ainda nesta seara, o Ilustre Juiz do Trabalho, Dr. Sérgio Pinto Martins, vê a questão
sob o seguinte prisma:

“Não se pode afirmar, entretanto, que a terceirização deva restringir a


atividade-meio da empresa, ficando a cargo do administrador decidir
em questão, desde que a terceirização seja lícita, sob pena de ser
desvirtuado o princípio da livre iniciativa contida no artigo 170 da
Constituição” (CARRION VALENTIN, in Comentários à CLT. 23 Ed.
São Paulo. Saraiva, 2008).

Portanto, é evidente que ao contrário do descrito na inicial, a terceirização ocorrida nos


autos é lícita, calcada em “Contrato de Prestação de Serviços – Instrumento Particular de
Contrato de Prestação de Serviços Terceirizados”, este que é expressamente previsto e
aceito, inclusive pela Consolidação das Leis do Trabalho (artigo 455).

Desta forma, inicialmente, NÃO há que se falar em qualquer obrigação solidária e/ou
direta da 3ª Reclamada, pois o caso dos autos NÃO se trata de ato jurídico nulo e/ou anulável,
isto é, a terceirização ocorrida é lícita e operou-se de forma correta, sem nenhuma
subordinação ou relação direta entre Reclamante e a ora 4ª Reclamada.

IV.III - AD ARGUMENTANDUM TANTUM – REGRESSO e LIMITAÇÃO TEMPORAL

Em juízo de eventualidade, caso se perpasse todo o acima exposto, entendendo este


d. Juízo pela condenação da 3ª Reclamada ao pagamento de qualquer valor pleiteado, o que
se admite apenas por argumentar, há ainda que se sobrelevar o direito de regresso da
Contestante e, ainda, a limitação temporal da responsabilidade subsidiária.

O parágrafo único do artigo 455 da CLT é claro ao garantir o direito de regresso no


caso dos autos, conforme vejamos:

“Artigo 455 - § Único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada,


nos termo da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e
a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das
obrigações previstas neste artigo”

Certo é que a delimitação temporal da responsabilidade subsidiária é resguardada pelo


próprio princípio constitucional da legalidade (artigo 5º, inc. II, CR/88), pois ainda que se
perpasse por todo o exposto supra, quanto a períodos em que o Reclamante NÃO tenha

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prestado serviços para a 3ª Reclamada, é impossível a assunção de qualquer tipo de


responsabilidade, haja vista a plena inexistência de fundamentação legal, sob pena de
nulidade absoluta. Neste sentido é o entendimento uníssono de nossos tribunais:

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. LIMITAÇAO TEMPORAL. A


responsabilidade subsidiária do tomador limita-se ao período da
prestação dos serviços. VISTOS e relatados estes autos de
RECURSO ORDINÁRIO interposto de sentença proferida pelo MM.
Juiz da 2ª Vara do Trabalho de Passo Fundo, sendo recorrente
INDÚSTRIA DE CALÇADOS WEST COAST LTDA. E INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DE CALÇADOS MALÚ LTDA. e recorridos OS MESMOS,
ELISABETE MARIA COPCEVICHZ GRANDO E INDÚSTRIA DE
CALÇADOS PANTHER LTDA. Inconformadas com a sentença de fls.
210-9, recorrem a segunda e a terceira reclamadas. Ambas, às fls.
241-60 e 264-7, respectivamente, requerem a reforma da decisão que
as considerou responsáveis subsidiárias pelas obrigações
trabalhistas. Com contrarrazões às fls. 274-7 pela reclamante e 279-
82 pela terceira reclamada, sobem os autos a este Tribunal para
julgamento. É o relatório. ISTO POSTO: PRELIMINARMENTE. NAO-
CONHECIMENTO DO RECURSO DA SEGUNDA RECLAMADA. 1.
DA I (...) (TRT-4 - RO: 1545200766204001 RS 01545-2007-662-04-
00-1, Relator: EMÍLIO PAPALÉO ZIN, Data de Julgamento:
11/03/2009, 2ª Vara do Trabalho de Passo Fundo)

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. LIMITAÇÃO TEMPORAL. A


responsabilidade subsidiária limita-se ao período no qual o
empregado efetivamente prestou serviços em prol do tomador.
(TRT-5 - RO: 246001320065050131 BA 0024600-13.2006.5.05.0131,
Relator: ELISA AMADO, 1ª. TURMA, Data de Publicação: DJ
07/04/2008)

Pelo exposto, em juízo de eventualidade, caso se perpasse por todo o exposto, o que
se admite apenas por argumentar, certo é que, ao menos, o direito de regresso deve ser
expressamente declarado nos autos, resguardando-se, ainda, a delimitação temporal da
responsabilidade, atrelada à validade do contrato e/ou a efetiva prestação de serviços do
Obreiro para a 3ª Reclamada, para todos os fins e efeitos de direito.

MÉRITO

V.I- DO “ACIDENTE DE TRABALHO” E DA SUPOSTA “PERDA AUDITIVA” – DOS


“LUCROS CESSANTES”

No tocante ao suposto “acidente de trabalho” e perda auditiva advinda/agravada pelo


labor nas dependências da Ré, temos, primeiramente, que a Reclamante sequer demonstra
na inicial ou narra as funções que exercia com o fim de demonstrar, ao menos minimamente,
a ocorrência dos fatos narrados.

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Fls.: 13

Não obstante, ao contrário do aduzido pela Reclamante, todos os EPI necessários


para o exercício das suas funções foram devidamente fornecidos, conforme depreende-se
das fichas ora juntadas.

Não obstante, mesmo que Vossa Exa. entenda que houve minimamente a
demonstração do suposto acidente, imprescindível a prova pericial médica para aferir sua
ocorrência e, ainda, o real “prejuízo sofrido pela Reclamante”, notadamente a “perda auditiva”,
momento em que, inclusive, será comprovada a suposta incapacidade laboral.

IV.II- DAS VERBAS RESCISÓRIAS – DA DEMISSÃO

Ressalta-se que as demais obrigações pleiteadas pelo requerente, quais sejam,


pagamento de salários, férias, 13º e FGTS, abono de férias, aviso prévio, decorrem do
contrato de trabalho do reclamante com a 1ª reclamada, sendo obrigações personalíssimas.
Assim, não há que se falar em qualquer tipo de responsabilidade, inclusive subsidiaria da
contestante, haja vista não fazer parte do contrato que ensejou supostos inadimplementos.

Assim, à contestante não poderá ser atribuída qualquer responsabilidade.

Reitera-se que a condenação da 3ª Reclamada consubstancia verdadeira situação de


plena insegurança jurídica, a manutenção da contestante tanto no polo passivo da presente
demanda, quanto, principalmente, como suposta corresponsável pelos eventuais débitos
trabalhistas.

Em que pese ser despiciendo, a teor dos artigos 818 da CLT e 373, I do NCPC,
cabe o RECLAMANTE fazer prova inequívoca do suposto direito que alega possuir, não
podendo presumir-se como verdades absolutas, quaisquer informações por ele
trazidas e não comprovadas.

Por questão de preciosismo, na eventualidade de assim não entender V. Exa.,


relembramos que a 3ª Reclamada nunca foi Empregadora do colaborador, nem tampouco
usufruiu de seus serviços de forma pessoal, onerosa e subordinada, sendo certo que se
acredita que a 1ª reclamada procedeu com a correta anotação da CTPS do reclamante.

Não devendo recair sobre si, qualquer ônus empregatício que tenha a 1ª Reclamada
para com o Reclamante.

Da mesma forma, não há que responsabilizar a ora Contestante quanto à demissão


da Reclamante, uma vez que, reitera-se, essa sequer possuía contrato junto à Reclamante,
não sendo possível que seja responsabilizada pela sua “demissão”.

Ainda, sob o prisma do princípio da eventualidade, caso recaia sobre a 3ª Reclamada


algum gravame, que sejam compensados os valores já repassados ao empregado.

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IV.III- DO RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA (FGTS)

Alega o Reclamante que a 1ª Reclamada não efetuou todos os depósitos do FGTS,


pelo que requer o respectivo pagamento.

Acredita-se que a 1ª Reclamada sempre procedeu, de forma correta, a tempo e modo,


ao depósito fundiário de seus empregados, nada havendo que se prover no que tange referida
seara.

Nesse ínterim, tem-se que a 1ª Reclamada sempre esteve em dia com suas
obrigações e encargos tributários, fiscais, previdenciários e trabalhistas, veja-se pelo próprio
extrato anexado pelo Reclamante em sua inicial em que demostra a existência de depósitos
de FGTS durante o período, não estando pendente pagamento de data anterior como
informado em inicial.

Por questão de preciosismo, na eventualidade de assim não entender V. Exa., reitera-


se que as Contestantes nunca foram empregadoras do colaborador, nem tampouco usufruiu
de seus serviços de forma pessoal, onerosa e subordinada.

Portanto, do se trata de pagamento de FGTS, cabe à 1ª Reclamada, real empregadora


do Reclamante, sendo a ela cabível a indeniza-lo, se ocorrido alguma motivação, não devendo
recair sobre as Contestantes, qualquer ônus que tenha a 1ª Reclamada para com o
Reclamante.

IV.IV- DO DANO MORAL

Quanto à indenização por danos morais, temos que a Reclamante alega diversos
supostos atos ilícitos praticados pela PRIMEIRA RECLAMADA EXCLISIVAMENTE, são elas,
a suposta dispensa discriminatória, ausência de pagamento das verbas rescisórias e, ainda,
pelo suposto “acidente de trabalho”.

Quanto ao acidente de trabalho, importa reiterar ainda que sequer ocorreu, sendo certo
que a função exercida pela Reclamante, qual seja, pintora, sequer comporta a utilização de
máquinas capazes de ensejar na “perda auditiva” alegada.

Ademais, reitera-se que a Reclamante não demonstrou sequer minimamente como se


deu a suposta “perda auditiva” alegando de forma genérica que havia “barulho na obra”.

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Não obstante, mesmo que Vossa Exa. entenda que houve minimamente a
demonstração do suposto acidente, imprescindível a prova pericial médica para aferir sua
ocorrência e, ainda, o real “prejuízo sofrido pela Reclamante”, notadamente a “perda auditiva”.

Mesmo que Vossa Exa. entenda que a ora Contestante é responsável por responder
pelos supostos “danos morais” sofridos pela Reclamante, importa salientar que a Reclamante
não faz jus a indenização a qualquer indenização.

A Reclamante realiza alegações genéricas e sem qualquer fundamento,


inexistindo provas – ou ao menos indícios -, dos supostos danos psicológicos
sofridos, sendo certo que tal prova é de sua competência.

Entretanto, ainda que V. Exa., entenda que restou caracterizado a culpa da


Reclamada, o que não espera ou requer, insta registrar a ausência de qualquer conduta da
Reclamada que possa ter acarretado a ofensa em sua esfera intima.

Segundo ensina Beatriz Della Giustina, em seu artigo “Dano Moral: Reparação e
Competência Trabalhista”, in “Revista Jurídica Trimestral Trabalho e Doutrina - processo
jurisprudência, Diretor: Valentin Carrion, editora Saraiva, 1996, nº 10:

“De fato, a lesão danosa à moral é a sofrida em consequência de


uma ofensa injusta, de um ato ilícito. Isto, porém, sem repercussão
no patrimônio do lesado. À vista disso, quando houver prejuízo que
repercuta no patrimônio do lesado, acarretado pelo mesmo ato ilícito,
tem-se dano material, e não moral.” (grifou-se)

Por outro lado, tem-se que é o dolo, e não a culpa, que enseja a indenização por
dano moral, ou seja, sem dolo não há que se falar em dano moral. Aqui não pode constatar
qualquer POTENCIALIDADE LESIVA por parte da Reclamada em seu âmbito intimo ou de
sua honra. Portanto, à antijuridicidade deve-se juntar a subjetividade, cumprindo perquirir-se
a vontade do agente, o que certamente não ocorreu no caso em tela.

Cabe destacar ainda, que no direito privado a Responsabilidade Civil, que é o dever
de indenizar danos causados a outrem, surge com a ocorrência do ato ilícito. De acordo com
os ensinamentos de Silvio de Salvo Venosa compreende-se que “Ato Ilícito é aquele que
promana direita ou indiretamente da vontade e ocasiona efeitos jurídicos” (Curso de Direito
Civil, terceira ed., pág. 22).

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Portanto, no presente caso, o Reclamante não sofreu nenhum dano por parte da
empresa reclamada, uma vez que o suposto abalo psíquico, se uma vez comprovado, não
pode ser imputado à Reclamada.

Desta forma, deve ser julgado improcedente o pedido de indenização por danos
morais, uma vez que não estão presentes os elementos essenciais para sua caracterização,
dentre eles o DANO REAL e o POTENCIAL LESIVO ficando ainda impugnado o exorbitante
pleito de indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que comprova a pretensão de
enriquecimento do Reclamante.

A propósito, ao esteio do princípio da eventualidade, caso a Reclamada seja


condenada ao pagamento de qualquer quantia a título de dano moral, fato o qual não espera
ou requer, que seja a indenização fixada deve forma razoável e proporcional, tendo em vista
que a empresa sempre primou pelo meio de ambiente saudável do Reclamante, adotando
uma conduta condizente com os meios necessários para ao menos minimizar ao máximo os
danos que alega o Reclamante ter sofrido.

IV.V- DAS HORAS EXTRAS PLEITEADAS

Relata o reclamante que laborava para as reclamadas em jornada extraordinária,


assim como não usufruía de intervalo intrajornada. Contudo, improcedem por completo as
alegações autorais.

Segundo já exposto, inexistiu entre as partes vínculo empregatício, haja vista que o
reclamante sempre foi empregado da 1ª Reclamada, conforme admitido pelo próprio
Reclamante na exordial. Desta feita, afastado o reconhecimento de relação de emprego, por
consequência, restam fulminadas as pretensões que decorram diretamente do mencionado
liame.

Não obstante, a desconsideração da jornada de trabalho contratual somente seria


viável com alguma prova processual robusta, o que NÃO inclui meras alegações, inservíveis
e absurdas, sob pena de completa insegurança jurídica, bem como ofensa aos princípios
constitucionais da ampla defesa, contraditório, devido processo legal e legalidade (art. 5º,
incs. II, LIV e LV, CR/88).

Noutros termos, caberia ao Reclamante comprovar suas absurdas alegações, uma vez
que, a ora Contestante junta à presente peça defensiva os cartões de ponto.

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Fls.: 17

Desta feita, as matérias de conhecimento público e notório, ou seja, as que


independem de prova, bem como as que admitem prova testemunhal, se sobrepõem a falsa
assertiva da parte adversa, a qual é notoriamente desarrazoada e de impossível realização.

De certo é que, a “falsidade” da jornada de trabalho descrita na inicial também


pode ser impugnada por prova testemunhal, conforme ensina a jurisprudência pátria, in
verbis:

“JORNADA DE TRABALHO. PROVA TESTEMUNHAL


DESFAVORÁVEL AO EMPREGADO. AFASTAMENTO DE
EVENTUAL CONFISSÃO FICTA. Sendo produzida prova
testemunhal de que o empregado não realizava hora extra,
gozava regularmente de intervalo, usufruía de folga semanal e
compensava os feriados laborados, resta afastada eventual
presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial
decorrente de confissão ficta atribuível ao empregador.” ( TRT
17 – RO: 00510002020135170002, Relator: Desembargador
Gerson Fernando da Sylveira Novais, Data da Publicação:
10/05/2015)

Por tais razões, INEXISTE o suposto débito de horas extras indicado na inicial, pelas
sintéticas razões:

1 - A jornada de trabalho descrita na inicial não corresponde à


realidade.
2 - A presunção de veracidade da jornada de trabalho da
Reclamada não foi contestada e/ou revogada por meio hábil.

Portanto, diante de todo o exposto, requer a Reclamada à improcedência do pedido


autoral de pagamento por suposto labor em “horas extras” por suposta supressão de intervalo
intrajornada, bem como os seus consectários legais e reflexos, para todos os fins e efeitos.

Por fim, requer esta Reclamada que Vossa Excelência determine a compensação dos
valores eventualmente já pagos ao Reclamante à título de horas extras, sob pena de
enriquecimento ilícito.

IV.VI- DA INEXISTÊNCIA DA ALEGADA INSALUBRIDADE

O Reclamante de forma insuficiente e confusa, alega que faz jus ao recebimento de


adicional de insalubridade.

Inicialmente, insta destacar que diferentemente do que alega o Reclamante, este


recebeu durante todo seu contrato de trabalho os equipamentos de proteção necessários para
adequada realização de suas atividades em segurança e preservando sua saúde.

Ademais, cumpre esclarecer que somente são consideradas insalubres as atividades


ou operações que por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, expõem o empregado

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a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza, da
intensidade do agente e o tempo de exposição aos seus efeitos.

Assim, a atividade e o agente nocivo devem estar, imprescindivelmente, relacionados


taxativamente NR n°. 15 do Ministério do Trabalho, o que não é o caso dos autos.

Ora, a Consolidação das Leis do Trabalho define as atividades insalubres como:

“Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações


insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos
de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e o tempo de exposição aos
seus efeitos.”

Assim, é notável que a natureza, as condições e os métodos de trabalho da atividade


desenvolvida pela Reclamante, não o expunham a agentes nocivos à saúde em níveis acima
dos limites de tolerância.

Não há que se falar, portanto, em percepção de adicional de insalubridade por contato


direito ou indireto com substâncias químicas e biológicas, vez que a atividade realizada pela
Reclamante, não continha este contato.

IV.VII - AD ARGUMENTANDUM TANTUM – DA NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA

Em juízo de eventualidade, em que se pese a manifesta improcedência dos pedidos


autorais pelo recebimento do adicional de insalubridade e periculosidade, certo é que sendo
a matéria estritamente técnica, conforme acontece neste caso, indispensável é a produção de
perícia técnica.

Isto, pois, é imperativo legal, já que para apuração do suposto e eventual adicional,
indispensável é a realização de perícia, nos termos do artigo 195, caput, da CLT, bem como
pelo texto do Decreto 93412/86.

De certo é que, caso não seja designada a perícia de insalubridade, o pedido autoral
resta desde já impugnado, pois era obrigação do Reclamante comprovar a sua suposta
situação de trabalho em condições de risco à vida, o que NÃO ocorreu, em franca divergência
ao determinado pelo artigo 818 da CLT.

Desta feita, em juízo de eventualidade, requer a Reclamada, para apuração do


citado adicional de insalubridade, seja designada a realização de perícia técnica, sob
pena de ofensa ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório.

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IV.VIII- MULTAS DOS ARTS. 477 e 467 DA CLT

Não há que se falar ainda, em pagamento da multa prevista no art. 477 da CLT, posto
que se trata de pagamento de supostas verbas rescisórias de obrigação da primeira
reclamada, real empregadora do autor.

Desta forma, não havendo qualquer relação de emprego entre a ora contestante e o
autor, não há que se falar em aplicação A ELA, das referidas multas, eis que o mesmo
repita-se, não pertencia ao quadro de funcionários da DIRECIONAL.

Em relação à multa do artigo 467 da CLT, todas as verbas que a RECLAMANTE


requer são contraditórias, motivo pelo qual deve ser julgado improcedente o presente
pleito.

A improcedência dos pedidos é medida que se faz necessária, restando


impugnadas as alegações da exordial quanto ao tema.

A aplicação da multa do artigo 467 da CLT tem cabimento tão somente em se tratando
de pagamento das verbas rescisórias incontroversas. As parcelas discutidas nos presentes
autos são totalmente controversas, conforme toda a fundamentação exposta.

Logo, pugnam as peticionárias pelo indeferimento da multa dos artigos 467 e 477 da
CLT e, em caso de eventual condenação, tem-se que o pagamento deverá ser feito pela real
empregador do reclamante.

IV.IX- DO ÔNUS DA PROVA

Na distribuição do ônus da prova compete ao Reclamante comprovar a ocorrência do


fato constitutivo do seu direito, na forma do art. 818 da CLT c/c art. 373, I, do CPC, consistente
"in casu" na conduta atribuída ao empregador.

"Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer."


"Art. 373 - O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
(...)"

Depreende dos dispositivos legais supracitados, que competia ao Reclamante a prova


de todas as alegações declinadas na exordial.

Não diferente é o entendimento jurisprudencial nesse sentido:

REGRAS DO ÔNUS DA PROVA - PROVA DOS FATOS


CONSTITUTIVOS, EXTINTIVOS, MODIFICATIVOS E IMPEDITIVOS
DO DIREITO - Inteligência do artigo 333, do CPC e artigo 818 da CLT.
O processo do trabalho contém norma precisa sobre o ônus da prova

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e o distribui de modo uniforme e equilibrado entre as partes. Via de


regra, sejam quais forem as respectivas alegações, positivas ou
negativas, de fatos constitutivos, modificativos, impeditivos ou
extintivos, a prova incumbe a qualquer das partes que as formule.
Compete à parte trazer aos autos elementos convincentes de suas
assertivas, para fins de formação do convencimento do Juízo a seu
favor. (TRT-2ª R. - RO 01760-2005-030-02-00-8 - 8ª T. - Relª Juíza
Lilian Lygia Ortega Mazzeu - DOE/SP 30.09.2008)

Por todo o exposto, cabe ao Reclamante fazer prova de suas alegações.

IV.X- INDICE DE ATUALIZAÇÃO

Na eventualidade do d. juízo entender pelo pagamento de condenação de quaisquer


valores, não há que se falar em aplicação do índice IPCA-E.

Isso porque deve-se aplicar o artigo 39, da Lei 8177/91:

Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não


satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em
lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula
contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no
período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o
seu efetivo pagamento.

Os débitos oriundos de reclamatórias trabalhistas devem ser acrescidos de TR + 1%


ao mês de juros de mora, sendo evidente a ausência de respaldo legal para aplicação de
índices não previstos no âmbito da Justiça do Trabalho, requerendo, assim, a reforma da
respeitável decisão que deixou de observar referida fundamentação.

Não obstante, vale ressaltar que o processo 479-60.2011.5.04.0231 não transitou em


julgado, ainda assim determinou a aplicação do IPCA-E para atualizações a partir de 25 de
março de 2015.

Sendo certo que não houve trânsito em julgado da referida decisão, faz-se necessário
continuar utilizando a tabela vigente que, conforme amplamente exposto, considera apenas a
TR como índice de atualização, não prevalecendo o novo índice IPCA-E até o trânsito em
julgado da decisão que determinou a sua aplicação.

IV.XI- DA COMPENSAÇÃO

Em eventual sucumbência das Contestantes, requer sejam compensados os valores


já pagos referente as verbas requeridas na inicial.

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V– DOS PEDIDOS

De acordo com todos os fatos expostos na presente Contestação e com o


entendimento jurisprudencial, provado está que a 3ª Reclamada não deve se
responsabilizar pelo pagamento de nenhuma das verbas pleiteadas na inicial,
tampouco indenizações reparatórias a qualquer título.

Desta forma Exa., não existe amparo legal e nem contratual no pleito da exordial a fim
de amparar atitude da reclamante, assim espera e requer a estas reclamadas que sejam,
sejam os pedidos julgados IMPROCEDENTES.

Requer a condenação do reclamante nos ônus sucumbências, custas e demais


cominações legais.

Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
notadamente pericial, documental, testemunhal e depoimento pessoal da reclamante,
devendo a testemunha ser intimada, caso não compareça espontaneamente, nos termos do
artigo 852-h, parágrafo terceiro.

Nesses Termos,
Pede deferimento,

Belo Horizonte, 28 de novembro de 2022.

MARCOS MENEZES CAMPOLINA DINIZ


OAB/MG nº 115.451

MARCUS VINICIUS AMARAL JÚNIOR


OAB/MG 172.048

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https://pje.trt10.jus.br/pjekz/validacao/22112908471836200000033210484?instancia=1
Número do processo: 0000494-74.2022.5.10.0102
Número do documento: 22112908471836200000033210484

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