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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


1001229-69.2023.5.02.0202

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 28/06/2023


Valor da causa: R$ 400.000,00

Partes:
RECLAMANTE: ALEXANDRE DE SOUZA ROSA
ADVOGADO: MARIANA ALMEIDA E SILVA
ADVOGADO: NATALIA MAZZARELLA DE SOUZA
ADVOGADO: THAIS RODRIGUES
ADVOGADO: CAMILA DOS SANTOS CORDINALI
ADVOGADO: CAROLINA DOS SANTOS RIBEIRO DE SOUZA
ADVOGADO: DIOGO JOSE DA SILVA
ADVOGADO: GUSTAVO LUIS FONSECA DOS REIS LOPES
ADVOGADO: ALEXANDRE ABRAS
ADVOGADO: DIEGO NUNES FERREIRA
ADVOGADO: LUIZ FERNANDO AZEVEDO
ADVOGADO: LEANDRA CRISTINA PAULA BORGES
ADVOGADO: BRUNO SCARPELINI VIEIRA
ADVOGADO: FABIANO ZOCCO BOMBARDA
ADVOGADO: BARBARA APARECIDA SANTIAGO HENNA
ADVOGADO: KARINA AMADIO
ADVOGADO: FABYO LUIZ ASSUNCAO
RECLAMADO: PROXXI TECNOLOGIA LTDA.
ADVOGADO: JOAO PAULO FOGACA DE ALMEIDA FAGUNDES
RECLAMADO: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: RAFAEL VILELA BORGES
RECLAMADO: IBM BRASIL-INDUSTRIA MAQUINAS E SERVICOS LIMITADA
ADVOGADO: JOAO PAULO FOGACA DE ALMEIDA FAGUNDES
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GCPJ: 2300587885

EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 2ª VARA DO TRABALHO DE


BARUERI/SP

Processo nº 1001229-69.2023.5.02.0202

BANCO BRADESO S.A.., por sua advogada que abaixo subscreve, nos autos
da reclamação trabalhista em epígrafe, que lhe move ALEXANDRE DE SOUZA ROSA vem,
respeitosamente, ante a presença de Vossa Excelência, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

com fulcro no artigo 847, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c artigo 336 e seguintes do CPC,
pelas razões de fato e de Direito a seguir aduzidas.

A presente Ação Trabalhista não possui condições de prosperar,


porquanto, totalmente destituída de fundamentos fáticos e jurídicos que possam amparar a pretensão
do Reclamante, como passa a demonstrar.

1. DAS PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES

Requer que todas e quaisquer intimações/publicações referentes a esse


processo sejam feitas, exclusivamente, na pessoa do DR. RAFAEL VILELA BORGES, OAB/SP Nº.
153.893, com escritório na Rua Barão de Jaguara, 707, sala 124, bloco Mozart, Campinas/SP, CEP
13015-001, sob pena de nulidade dos atos praticados sem a devida observância do quanto requerido,
nos termos da Súmula 427 do C.TST.

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2. PRELIMINAR
2.1. DA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BANCO BRADESCO S.A

Imperiosa se faz a decretação da extinção do presente feito com relação a este


Reclamado, por ser parte gritantemente ilegítima para figurar no polo passivo da demanda.

Isto porque a legitimidade, como nos ensina Alfredo Buzaid, é a pertinência


subjetiva da ação, isto é, a regularidade do poder de demandar determinada pessoa sobre determinado
objeto.

Conforme observa o eminente jurista Vicente Greco Filho “O autor deve


estar legitimado para agir em relação ao objeto da demanda e deve propô-la contra o outro polo da
relação jurídica discutida, ou seja, o réu deve ser aquele que, por força da ordem jurídica material,
deve, adequadamente, suportar as consequências da demanda.” (in “Direito Processual Civil
Brasileiro”, 1º vol., 12ª Ed. Saraiva, p.77) (g.n.)

Em regra, somente podem demandar aqueles que forem sujeitos da relação


jurídica de direito material trazida a Juízo, excepcionando-se os casos expressamente previstos
em lei. Nesta esfera Especializada e observando-se a competência que constitucionalmente lhe foi
outorgada pelo artigo 114 da Carta Política de 1988, tem-se que somente podem compor os polos
ativo e passivo da ação os sujeitos da relação de trabalho, o que não se verifica no presente caso.

E a ilegitimidade ora preconizada deve-se ao fato de que não há pertinência


subjetiva da ação, já que não houve relação de direito material entre este Contestante e o Reclamante.
Tampouco é a 1ª Reclamada controlada, administrada ou faz parte do mesmo grupo econômico do
Banco Bradesco S.A.

Por amor ao debate, ainda que houvesse prestação de serviços na forma


narrada na exordial, o Reclamante realizou seus misteres sob exclusiva fiscalização e orientação dos
empregados e prepostos da primeira reclamada, que efetivamente é a responsável pela contratação,
coordenação e pagamento de seu pessoal. Impende ressaltar que nos contratos de prestação de
serviços que envolvam o Banco Bradesco não se vislumbra qualquer pessoalidade, de modo que

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qualquer empregado da 1ª Reclamada, sem distinção, poderia prestar os serviços ao 2º Réu e não
necessariamente o Reclamante!

Imperioso faz-se destacar que o Reclamante alega ter realizados atividades


que não condizem com qualquer serviço terceirizado que poderia ser feito em benefício do Banco
Bradesco. As atividades do Reclamante são completamente estranhas a este Contestante.

Nesse sentido, muito embora tenha existido contrato de prestação de


serviços, não há qualquer prova contundente do labor do Reclamante nas dependências do 2º
Reclamado, prova essa que incumbe ao Autor das alegações.

Desta forma, deve-se considerar que o Autor da presente demanda jamais


foi prestador de serviços e tão pouco empregado do 2º Reclamado, bem como jamais foi por ele
remunerado ou subordinado, não havendo, portanto, nada que justifique a imposição de obrigação
de pagar entre as partes.

Apenas pela narrativa do Reclamante é cristalino que atuava em serviço


exclusivo de seu empregador, sem ter prestado qualquer tipo de serviços ao Banco Bradesco S/A ou
em suas dependências, ou seja, que JAMAIS SE BENEFICIOU DE QUALQUER MODO DA
FORÇA DE TRABALHO do Reclamante.

DAS ATIVIDADES QUE O RECLAMANTE ALEGA TER


REALIZADO NÃO HOUVE QUALQUER TIPO DE TERCEIRIZAÇÃO OU PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS NAS ATIVIDADES FIM OU MEIO DO BANCO BRADESCO NESTE
SENTIDO.

Com isso, resta cristalino que o 2º Reclamado – Banco Bradesco S/A. - não
tem qualquer responsabilidade pelos débitos trabalhistas porventura devidos pela 1ª Reclamada
PROXXI TECNOLOGIA LTDA., devendo ser excluído do presente feito, com o julgamento da
lide extinto sem resolução do mérito.

3. PREJUDICIAL DE MÉRITO - DA PRESCRIÇÃO

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Ainda que este Reclamado seja completamente estranho à lide, necessário


faz-se a sua manifestação quanto à declaração da PRESCRIÇÃO do direito de ação do Reclamante
relativamente ao período de cinco anos anteriores à data do ajuizamento da Demanda, nos exatos
termos do art. 7°, inciso XXIX, da Constituição, cominado com o art. 11 da CLT e o determinado na
Súmula n.º 294, do C. TST.

4. DOS FATOS

O 2º Reclamado, BANCO BRADESCO S.A. e a 1ª Reclamada, PROXXI


TECNOLOGIA LTDA., celebraram contrato de prestação de serviços, no qual ficou avençada a
prestação de serviços.

Entretanto, apesar da existência de referido contrato, o Reclamante postula a


condenação subsidiária/solidária do 2º Reclamado às verbas descritas na exordial, com o que não se
pode concordar.

5. DO MÉRITO

Requer, de plano, se for o caso, a aplicação do §4º do art. 844 da CLT c/c
art. 345, I, do novo CPC, que determinam que a revelia não induz a confissão ficta, se havendo
pluralidade de réus, algum deles contestar a ação.

Reporta-se este Reclamado à defesa apresentada pela 1º Reclamada, na


integralidade de seus termos, notadamente quanto aos fatos da contratualidade, naquilo em que
não lhe for incompatível nem prejudique este Réu.

Pelo teor do expendido em sede preliminar, este Reclamado não tem


condições de contestar especificamente os pedidos formulados na inicial, pois nunca foi
empregador ou tomador de serviços do Autor, não tendo acesso aos documentos relativos à relação
de emprego havida, como o controle de ponto, p. ex.

Entretanto, em atenção ao princípio da eventualidade, caso seja profligada a


preliminar aventada, dentro de seus limites, este Reclamado passa a contestar os pedidos exordiais.

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Desde já, reporta-se ao que for contestado pela real empregadora, 1ª Reclamada, no que não lhe possa
prejudicar, porque, esta é quem era a real empregadora do Reclamante.

5.1. LICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO - DA AUSÊNCIA DE FRAUDE E DE VÍNCULO


EMPREGATÍCIO COM O 2º RECLAMADO – NÃO RECONHECIMENTO DA
CONDIÇÃO BANCÁRIA

Como acima esposado, o 2º Reclamado não foi responsável pela contratação


do Autor, não gerenciou seus serviços, sendo certo que nenhum de seus prepostos lhe dava ordens,
orientações ou fiscalizava as atividades desenvolvidas.

Nenhum dos elementos caracterizadores do vínculo de emprego elencados nos


arts. 2º e 3º da CLT encontram-se presentes, de modo que é impossível se reconhecer o vínculo
perseguido.

A narrativa inicial acaba por deturpar a realidade dos fatos. Consoante


explanado em tópicos anteriores, a 1ª Ré possui contrato de prestação de serviços de atividades-meio
do Banco Reclamado. Assim, o Reclamante manteve legítimo e lícito contrato de trabalho com a 1ª
Ré, obedecendo às suas ordens, que se relacionavam ao objeto social da empregadora e não da
tomadora.

Dentro das atribuições de um “analista” de não estão a abertura e fechamento


de contas, análise e concessão de crédito, de empréstimos, financiamentos, compensação de cheques
etc... O Reclamante jamais realizou atividades típicas bancárias!

Ainda, é cediço que a 1ª Ré é empresa atuante em vários países e possui


diversos clientes, não atuando apenas em prol do 2º Demandado, demonstrando, assim, a ausência de
fraude.

O 2º Reclamado jamais deu ordens, supervisionou ou fiscalizou o labor do


Autor. É obvio que havia fiscalização sobre a qualidade da prestação de serviços da 1ª Ré, o que é
seu direito – inclusive - mas isso ocorria de maneira totalmente impessoal e sem qualquer contato

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com os operadores. Tal fiscalização era feita através de documentos como controles de qualidade,
recibos de pagamento, e não pessoalmente.

Sublinha-se que as jurisprudências apresentadas se referem a outros estados da


Federação e encontram-se superadas pelos atuais entendimentos, não servindo para o caso sub judice.

A pretensão de ver reconhecido vínculo empregatício com o 2º Réu


sob alegação de que atuava em sua atividade-fim através de empresa interposta não se
sustenta.

A uma porque o Autor laborava em atividade-meio e não fim do 2º Réu. E


nesses casos incide o inciso III, da Súmula 331 do TST, que reza:

Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços


de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza,
bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do
tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.

Fosse pouco, o E. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao julgar a


Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário
(RE) 958252, RECONHECEU A LICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO MESMO QUANDO
ELA TENHA POR OBJETO A TRANSFERÊNCIA DA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS
RELACIONADOS COM A ATIVIDADE-FIM DO CONTRATANTE. Em síntese, tem-se
por pacificada a tese de que são lícitas as terceirizações, seja em atividade-meio ou fim do
empreendimento.

E pelo brilhantismo, transcreve-se abaixo trechos dos julgados:

“7. Firmo a seguinte tese:


1. É LÍCITA A TERCEIRIZAÇÃO DE TODA E QUALQUER
ATIVIDADE, MEIO OU FIM, NÃO SE CONFIGURANDO
RELAÇÃO DE EMPREGO ENTRE A CONTRATANTE E O
EMPREGADO DA CONTRATADA.
2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a
capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente
pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por
obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da lei 8.212/1993”.

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8. ADPF julgada procedente PARA ASSENTAR A LICITUDE DA


TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM OU MEIO. Restou
explicitado pela maioria que a decisão não afeta automaticamente
decisões transitadas em julgado.” (STF - ADPF 324 – Distrito Federal
– Relator Ministro Roberto Barroso. Publicação 31/08/2018).

“25. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para reformar o


acórdão recorrido e fixar a seguinte tese: “É LÍCITA A
TERCEIRIZAÇÃO OU QUALQUER OUTRA FORMA DE
DIVISÃO DO TRABALHO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS
DISTINTAS, INDEPENDENTEMENTE DO OBJETO SOCIAL
DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS, mantida a responsabilidade
subsidiária da empresa contratante”. (STF – RE 958252 – Minas Gerais
– Relator Ministro Luiz Fux. Publicação 05/09/2018).

Destaca-se que tais decisões não são um novo dispositivo legal, de modo
a ensejar um conflito intertemporal para sua aplicação. O que se observa é uma
INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL CONSTITUCIONAL acerca de uma matéria até
então controvertida. Ou seja, tais julgados esclarecem a constitucionalidade de todas as
terceirizações ocorridas, mesmo antes de sua publicação.

Assim, todos julgados colacionados para balizar a tese inicial encontram-


se superados pela mais alta Corte nacional, sendo imprestáveis para qualquer fim.

Cinge relevar que, a partir de 31/03/2017, com a promulgação da Lei


13.429, a terceirização de atividade-fim já não configurava vínculo empregatício com o
tomador dos serviços também por força de previsão legal. Assim ficou o texto da Lei 6.019/74
após as alterações promovidas em 03/2017:

Art. 4º-A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica


de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados
e específicos.

§ 1o A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o


trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras
empresas para realização desses serviços

§ 2o Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores,


ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o
seu ramo, e a empresa contratante (Destacou-se)

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A Lei 13.467, promulgada no mesmo ano que a anteriormente citada,


conhecida como a lei da Reforma Trabalhista, colocou uma pá de cal sobre qualquer dúvida sobre
a legalidade e a impossibilidade de reconhecimento de vínculo de emprego com as tomadoras. As
alterações por ela trazidas atingiram os caputs dos arts. 4º-A e 5º-A, nestas tintas:

Art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência


feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades,
inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com
a sua execução.

Art. 5o-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato


com empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de
suas atividades, inclusive sua atividade principal.

Em vista disso, até 31/03/2017, não se pode falar em vínculo de emprego


pois, além de ausentes os requisitos dos arts. 2º e 3º da CLT, o STF esclareceu que as terceirizações
de atividades meio e fim eram lícitas. Após essa data, igualmente inexistem os requisitos celetistas
para configuração do vínculo, porém, ainda que se considere que se tratava de atividade-fim (o
que se admite apenas por eventualidade), o reconhecimento do vínculo passou a ser vedado por
lei e pelo entendimento do E. STF!

Não merecem guarida as alegações de que as inovações trazidas pelas Leis


acima não teriam aplicação ao contrato da Autora por ter o mesmo se iniciado antes da vigência
das mesmas. Isso porque as leis tem aplicação imediata e devem ser observadas a partir de sua
vigência por força da máxima do tempus regit actum.

As modificações aludidas decorreram de texto expresso de lei, cuja


submissão independe da vontade das partes. Caso, após a vigência da aludidas Leis, o Reclamante
entendesse pela não manutenção do seu contrato de trabalho, poderia tê-lo rescindido por sua vontade,
o que não acorreu. Não pode agora alegar prejuízo e tentar afastar a aplicação da Lei.

Dessarte, impossível a declaração de nulidade do contrato de emprego


celebrado entre o Reclamante e a 1ª Reclamada e o reconhecimento de vínculo de emprego com o

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2º Reclamado (Banco Bradesco S.A.) ou seu enquadramento como bancário e pagamento dos
benefícios previstos a essa classe de trabalhadores.

5.2. DA INEXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO – IMPOSSIBILIDADE DE


RECONHECIMENTO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

Conforme exposto preliminarmente, o Reclamante discorre em sua peça


inaugural sobre a suposta formação de grupo econômico entre a 1ªe 2ª Reclamadas.

Mormente, cumpre esclarecer que as empresas Reclamadas são independentes


e autônomas, cada qual com sua administração e capital, não se confundindo ou atuando
conjuntamente, de modo que não estão preenchidos os requisitos previstos no §3º do art. 2º da CLT,
que assim dispõe:

§ 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios,


sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do
interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação
conjunta das empresas dele integrantes.

Referido artigo vaticina que, ainda que haja identidade de sócios, o grupo
econômico só será reconhecido em caso de demonstração do interesse integrado, a efetiva
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. E tais elementos
não se fazem presentes no caso em tela.

É cediço ainda que a responsabilidade solidária, não pode ser presumida,


conforme ditames do art. 265 do Código Civil. Reza aludido dispositivo que tal responsabilidade
somente resultará de previsão legal ou de prévio ajuste entre as partes envolvidas na relação jurídica,
o que não é o caso dos autos.

Do ônus da prova não se desincumbiu, cabendo à parte Autora comprovar a


aludida existência do grupo econômico, uma vez que não há nos autos qualquer prova que possam
levar à caracterização de grupo econômico, e, portanto, a responsabilidade solidária pretendida.
Neste aspecto a jurisprudência se coaduna ao entendimento deste Contestante, quanto a

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imprescindibilidade da demonstração dos requisitos do grupo econômico pela Reclamante, vejamos


os julgados:

GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.


INEXISTÊNCIA. Não verificados os elementos caracterizadores do
grupo econômico (CLT, 2º, § 2º) e a demonstração de que existe
interesse integrado, efetiva comunhão de interesses ou atividade
conjunta entre determinadas empresas e as reclamadas, não há que se
falar em declaração de existência de grupo econômico. (TRT-1 - AP:
01005131120175010039 RJ, Relator: ALVARO LUIZ CARVALHO
MOREIRA, Data de Julgamento: 30/08/2021, Quarta Turma, Data de
Publicação: 09/09/2021)

INEXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO. AUSÊNCIA DE


RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Na medida que não
demonstrada a integração administrativa e a atuação conjunta das
empresas, bem como o fato de as prestadoras de serviço terem sido
beneficiárias do trabalho do reclamante, não está caracterizada
situação geradora da responsabilidade solidária ou subsidiária. (TRT-
4 - ROT: 00207053220165040451, Data de Publicação: 26/08/2021,
5ª Turma)

Nesse mesmo sentido é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, à


saber:

II - RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA


(ZIRANLOG ARMAZÉNS GERAIS E
TRANSPORTES LTDA). APELO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.467/17. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
FORMAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ARTIGO 2o, § 2o, DA
CLT . A Subseção I da Seção Especializada em Dissídios
Individuais do TST decidiu acerca de fatos que antecederam a
edição da Lei no 13.467/2017, que para configurar o
reconhecimento de formação de grupo econômico, não basta a
coordenação entre as empresas, tampouco a mera situação de
haver sócios em comum entre elas. É necessário que exista relação
hierárquica entre as empresas ou efetivo controle exercido por
uma delas, o que não é o caso dos autos. Nesse contexto, ficou
constatada a violação do art. 2o, § 2o, da CLT. Ressalva do Relator.
Recurso de revista conhecido e provido.
(Processo: RR - 101981-32.2017.5.01.0064 Orgão Judicante: 6a
Turma – TST, Relator: Augusto Cesar Leite de Carvalho - Publicação:
14/10/2022)

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Desse modo, não tendo o Autor demonstrado a existência dos requisitos


contidos no §3º do art. 2º da CLT, não há o que sustente o pedido de reconhecimento de grupo
econômico entre as rés, assim como a responsabilidade solidária entre elas.

Diante do exposto, o 2º Reclamado requer a improcedência do pedido de


responsabilidade solidária por não integrar o mesmo grupo econômico que as demais reclamadas,
consequentemente, requer que a ação seja julgada inteiramente improcedente em face deste 2º
Reclamado.

5.3. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO CONCOMITANTE A MAIS DE UMA TOMADORA –


IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE RESPONSABILIDADE

Caso o Reclamante tenha êxito em comprovar cabalmente a prestação de


serviços ao 2º Réu, o que se admite para fins argumentativos, é certo que essa não se deu forma
exclusiva, mas concomitante e com outros clientes de sua empregadora.

O simples fato de existir um contrato entre as empresas Reclamadas, sem


exclusividade dos préstimos laborais do trabalhador para mais de um cliente da sua empregadora,
não gera responsabilidade subsidiária para o tomador de serviços, pois é inviável a delimitação
do esforço laboral destinado especificamente a uma determinada empresa, bem como não há
cláusula que prevendo a pessoalidade do Reclamante como prestador de serviços.

A previsão da responsabilidade subsidiária prevista na Súmula 331 do C. TST


teve por pressuposto aquele trabalhador que labora para uma única empresa tomadora, de forma
exclusiva, como se fosse sua empregada e submetida às suas normas, sua jornada de trabalho, controle
e subordinação jurídica - o que não é absolutamente – o caso dos autos.

Conforme estabelece a referida Súmula 331, IV do C. TST, cada tomador


somente responde pelos créditos trabalhistas em que o trabalhador efetivamente prestou-lhe
serviços e, diante da impossibilidade de se apurar e mensurar, com um mínimo de segurança os
períodos trabalhados para cada tomadora, torna-se inviável a condenação subsidiária do 2º
Reclamado.

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Dessarte, pela não exclusividade de prestação de serviços ao corréu, requer


seja denegada a responsabilidade pretendida, vez que impossível estimar quanto e quais empresas
tomadoras de serviço se beneficiaram do trabalho da parte autora.

5.4. DA IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE BANCÁRIA E


DA APLICAÇÃO DA CCT DESSA CATEGORIA

Como já exaustivamente exposto, por não ter o Reclamante atuado em


atividades bancárias e por ter sido legítimo empregado da 1ª Reclamada, impossível seu
enquadramento como bancário.

O pedido de pagamento das verbas previstas em CCT é igualmente descabido,


pois, além do Reclamante não se encaixar na categoria bancária, em se tratando de empresas distintas
que exercem atividades diferentes, não há como se proceder ao mesmo enquadramento sindical,
mesmo porque, a categoria profissional é determinada pela natureza da atividade desenvolvida pela
empresa, não havendo o que se falar em mesmo tratamento sindical se as empresas exercem atividades
distintas.

Vale salientar ainda que, tendo em vista a natureza normativa da norma


coletiva, seus efeitos alcançam todos os membros da categoria e obrigam tão somente as
empresas que participaram da referida convenção ou acordo coletivo. Em outras palavras, as
disposições das normas coletivas não se aplicam às pessoas ou empresas que não participaram de sua
elaboração e fixação, nos termos da Súmula 374 do TST.

Desta forma, as cláusulas previstas em acordo coletivo celebrado com os


bancários não podem ser aplicadas ao Reclamante, visto que seu único e real empregador,
PROXXI TECNOLOGIA LTDA, não foi suscitado no dissídio, nem qualquer outra entidade falou
em seu nome, mesmo por ficção legal, no ato jurídico. Igualmente, não houve extensão das normas
coletivas a empregados de outras empresas.

Assim, descabidos os pedidos de pagamento de diferenças salariais


decorrente do salário de ingresso e reajustes da categoria e reflexos, auxílio-refeição, auxílio-cesta

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alimentação, auxílio alimentação, décima terceira cesta alimentação e participação nos lucros e
resultados.

Sendo a 1ª Ré empresa idônea e cumpridora de seus deveres, com certeza pagou


à Reclamante todos os benefícios previstos em CCT própria, pelo que, caso as CCTs bancárias sejam
aplicadas ao Reclamante - O QUE SE ADMITE APENAS PARA ARGUMENTAR – requer a
compensação/dedução dos benefícios já pagos/entregues, sob pena de enriquecimento sem causa.

5.5. DA JORNADA DE TRABALHO – DAS HORAS EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO

Pleiteia o Reclamante o pagamento de horas extras e reflexos sob a alegação


de que laborava em sobrejornada e finais de semana, sem a devida contraprestação. Absolutamente
improcedente o pedido.

Isto porque o Reclamante não elastecia sua jornada e, caso isso fosse
necessário, o eventual labor extraordinário foi devidamente pago pelo real empregador com o
adicional legal respectivo e reflexos, não sendo devido o pagamento de qualquer hora extra ao
Demandante.

O horário intervalar era igualmente respeitado, não sendo possível ao Obreiro


a realização de pausa inferior à legal. Caso isso tenha ocorrido, o que se admite apenas por amor ao
debate, acredita-se que a supressão tenha sido devidamente remunerada.

Restam ainda impugnados os horários apontados pelo Reclamante na peça


vestibular, uma vez que sempre houve respeito à jornada contratual e à legislação vigente no que
tange à jornada de trabalho, impondo-se ao mesmo o ônus da prova no que toca a indigitada jornada
de trabalho realizada.

O Reclamado impugna também as alegações de labor em feriados e finais de


semanas, eis que destituídos de provas. Ademais, é certo que a 1ª Reclamada sempre concedeu os
intervalos legais – inclusive semanais - corretamente, sendo que, se houve necessidade de labor em
feriados, fim de semana ou fora da escala, o trabalho foi devidamente remunerado ou compensado
através de folgas, mostrando-se indevido qualquer pagamento a esse título.

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O pedido de pagamento de horas extras com base na CCT bancária ou no caput


do art. 224 da CLT mostra-se fadado ao insucesso, já que, por não ser bancário, não faz jus à especial
jornada a eles destinada. O Reclamante cumpria a jornada prevista para a sua categoria e é esta que
deve prevalecer.

O labor noturno, caso tenha ocorrido, com certeza foi devidamente remunerado
pelo empregador do Reclamante, reportando-se este Contestante ao teor da defesa da 1ª Ré, bem como
aos recibos de pagamento que serão por ela juntados.

Diante do exposto, resta improcedente o pedido de condenação em horas extras


e noturnas, assim como os seus reflexos, posto que o acessório segue a sorte do principal.

Ad argumentandum, caso seja deferido algum direito ao Reclamante, no


tocante ao pedido de horas extras, deverá ser observado o divisor 220, o adicional de 50%, sendo
excluídos períodos de férias, afastamentos, suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, bem
como deverão ser compensados os valores já pagos sob este título sob pena de enriquecimento ilícito
da Obreira.

5.6. DOS BENEFÍCOS PREVISTOS EM CONVENÇÃO COLETIVA DOS BANCÁRIOS –


AUXÍLIO-REFEIÇÃO E AUXÍLIO CESTA ALIMENTAÇÃO,

Mais uma vez o Reclamado reporta-se ao argumentado em tópicos anteriores,


ressaltando que as CCT’s bancárias são INAPLICÁVEIS ao Reclamante, pois o mesmo não faz jus
aos benefícios bancários.

Dessarte, deverão ser indeferidos todos os pedidos que se fincam nesses


documentos, quais sejam: auxílio-refeição e auxílio cesta alimentação.

Sendo a 1ª Ré empresa idônea e cumpridora de seus deveres, com certeza


pagou à Reclamante todos os benefícios previstos em CCT própria, pelo que, caso as CCTs bancárias
sejam aplicadas à Reclamante - O QUE SE ADMITE APENAS PARA ARGUMENTAR – requer a
compensação/dedução dos benefícios já pagos/entregues, sob pena de enriquecimento sem causa.

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5.7. DA PLR

Pretende o Reclamante o reconhecimento do exercício de atividades


bancárias, requerendo o pagamento dos benefícios da categoria, inclusive o PLR.

Conforme exposto, não haverá reconhecimento do exercício de atividades


bancárias, como se espera, de modo que é indevida a pretensão obreira ao recebimento do PLR.

Ademais, a PLR paga aos bancários é um benefício instituído coletivamente,


o que significa dizer que todos as regras que as partes estipularam sobre esse pagamento
encontram-se nas CCT’s. NÃO HAVENDO PREVISÃO EM CCT, NÃO HÁ DIREITO À
VERBA.

Não obstante, há previsão expressa no parágrafo quarto da cláusula primeira de


que “Os empregados que não se enquadrarem nas condições previstas no caput, parágrafo
primeiro, segundo e terceiro desta cláusula NÃO TERÃO DIREITO À PLR, integral ou
proporcional”.

Não se pode duvidar da força do disposto no artigo 7º, inciso XXVI, que
reconhece a vontade da negociação entabulada entre representantes do empregado e do empregador.
Fosse pouco, temos a nova redação ao art. 611-A da CLT, que estabelece expressamente:

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm


prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
(...)
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.

O advento do art. 611-A da CLT fulminou qualquer outra pretensão, inclusive


a da Súmula 451 do TST, eis que dita expressamente que a CCT tem prevalência sobre a Lei.

Por fim, certamente que o PLR, se devido ao Reclamante, foi pago


oportunamente pela 1ª Reclamada, na forma prevista.

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Assim, por qualquer ângulo que se analise, mostra-se inteiramente indevido


o pagamento de PLR proporcional ao Reclamante.

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

6. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBENCIAIS

Ab initio, não há que se falar em pagamento de honorários de sucumbência


ao Autor, eis que restarão julgadas improcedentes as suas pretensões.

Ad cautelam, eventual condenação deverá se limitar ao percentual de 5%


(cinco por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (o que restar menor apurado).
Ressalte -se que o art. 791-A, em seu § 2º, dispõe que, na fixação dos honorários, deverão se observar:
“I - o grau de zelo do profissional; II – o lugar de prestação de serviços; III – a natureza e a importância
da causa; IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Logo, em
caso de arbitramento de honorários requer sejam observados todos esses requisitos.

Pelo princípio da igualdade das partes e do disposto no art. 791-A da CLT,


requer seja a Reclamante condenado na mesma parcela, inclusive pela proporcionalidade dos
pleitos, se for o caso.

Ademais, mesmo que concedido o benefício da justiça gratuita à Reclamante,


o que não se espera, deverão ser observados os termos do §4º, do Art. 491-A, da CLT. A Reclamada
clama pelo tratamento igualitário entre as partes, ressaltando não ser possível isentar a Autora do
pagamento dos honorários advocatícios e, doutra banda, impor tal obrigação à Ré. Desse modo, a
obrigação ou isenção do pagamento de honorários deverá recair sobre abas as partes, sem qualquer
distinção.

Impugna-se, por cautela, qualquer alegação contrária, bem como, na remota


hipótese de procedência da ação, o que se diz em respeito ao princípio da eventualidade, requer o
Reclamado a aplicação das Súmulas 219 e 329, do C. TST, e do disposto na Orientação

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Jurisprudencial 348, da SBDI-1, do TST, devendo a condenação limitar-se ao valor de 5% conforme


regra processual celetista vigente.

7. DA IMPUGNAÇÃO DOS VALORES

Ficam expressamente impugnados todos os valores indicados na peça de


ingresso, por terem sido ali lançados de forma aleatória, não guardando qualquer relação com a
realidade, sendo que, no caso de deferimento de qualquer pedido, o que se admite por mero amor à
argumentação, os valores deverão ser apurados em execução, o que fica desde já requerido. Ainda,
há que se observar como limite da condenação os valores apresentados na inicial.

8. DA IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS

Impugnam-se, expressamente, os documentos juntados pelo Reclamante, pois


não servem como meio de prova das pretensões elencadas na prefacial. Resumem-se a orientações
passadas pela empregadora e documentos que comprovam a prática de correspondência bancária.

9. JUSTIÇA GRATUITA

Com a Reforma Trabalhista, houve a estipulação de critérios mais rígidos para


a concessão do benefício da Justiça gratuita, não sendo mais ela desvinculada de quaisquer
condições. Uma delas é o percebimento de salário é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência, ou a demonstração de insuficiência de recursos para
pagamento das custas do processo.

In casu, o Autor não cuidou de acostar qualquer documento que comprove a


insuficiência de recursos para arcar com os custos do processo, conforme previsto expressamente
no art. 790, §4º, da CLT.

Nota-se também a inexistência de atestado fornecido pela autoridade local do


Ministério do Trabalho e Previdência Social de que sua situação econômica não permitiria demandar
sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família, nos estritos termos do § 2º, do artigo 14 da Lei

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5.584/70, não estando presentes os requisitos legais que justifiquem o deferimento do benefício da
gratuidade da Justiça.

Portanto, o Reclamante não provou ser hipossuficiente e a CLT é clara em seu


artigo 818 ao dispor que a prova das alegações incumbe a quem as fizer. Utilizando subsidiariamente
o Código de Processo Civil que em seu artigo 373, I, dispõe sobre o ônus da prova e determina que
incumbe ao Autor o ônus da prova quando o fato constitutivo do seu direito.

Desta forma, por não preencher os requisitos da lei acima citada, improcede o
pedido de Gratuidade de Justiça.

10. DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS – ADC 58/DF

Considerando a improcedência de todos os pedidos constantes da inicial, não


há que se falar em pagamento de juros e correção monetária pelo Reclamado, uma vez que, indevido
o pedido principal, a mesma sorte seguem os pedidos consectários.

Todavia, cumpre ao Reclamado ressaltar que, na remota hipótese de


deferimento de algum dos pedidos a Reclamante, deverá ser considerado por esse D. Juízo que a
verba salarial devida em determinado mês de competência somente se torna exigível no 5º (quinto)
dia útil do mês subsequente àquele em que houve a prestação do serviço, podendo, somente a partir
desta data, incidir a correção monetária. E isso independe da data em que o Demandado escolhia
para fazer o pagamento do salário mensal.

Tendo em vista que o credor não pode exigir do devedor o cumprimento da


obrigação antes da época do pagamento, há de se aplicar o mesmo entendimento em relação à
correção monetária, que somente incide a partir do momento em que a prestação se torna exigível,
na forma determinada no artigo 39 da Lei 8.177/91, caput e § 1º, isto é, a partir do quinto dia útil do
mês seguinte ao vencido, nos exatos termos da Súmula 381 do TST.

Cumpre a esta Reclamada destacar e pugnar que conforme decisão proferida,


em 18.12.2020, pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da Ação Direta de
Constitucionalidade n° 58/DF com as ADI 5.867/DF, ADI 6.021/DF, ADC 59/DF, que versavam

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sobre o tema da correção monetária em geral, sejam fixados os seguintes critérios para a correção
monetária e os juros moratórios:

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente


a ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879,
§ 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de
2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos
recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser
aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos
índices de correção monetária e de juros que vigentes para as
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E
na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa
SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo
Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os
efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados válidos e
não ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso ou em nova
demanda, incluindo ação rescisória) todos os pagamentos realizados
utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos
judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser
mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que
expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR
(ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em
curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento
(independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase
recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros
e correção monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade
de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento
do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii)
igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a questão
dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido
de atingir aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem
qualquer manifestação expressa quanto aos índices de correção
monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples consideração
de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de
Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão.
Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o julgamento a
Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário, 18.12.2020 (Sessão
realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).

O STF, em outubro de 2021, através do julgamento dos Embargos de


Declaração, sanou o erro material e omissão constante da decisão originária de julgamento,
esclarecendo que haverá “a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento da
ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)” (grifamos).

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Portanto, demonstra-se inequívoco e pacificado pelo Supremo que deverá ser


aplicado o índice de correção monetária modulado em duas fases para novos processos, dos quais na
fase extrajudicial, se aplicará o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)
e, a partir do ajuizamento da ação, já na fase judicial, deverá ser adotada a taxa Selic (que já engloba
os juros e correção monetária), sem a incidência de juros moratórios em ambas as fases.

Cumpre ressaltar que a matéria relacionada à correção monetária e os juros


moratórios são de ordem pública e neste aspecto a decisão proferida pelo STF possui efeito vinculante
e erga omnes a todas as ações que tramitam nesta Justiça especializada, sendo incabível aplicação de
índice e juros contrários ao determinado pela decisão da ADC 58/DF.

Ressalta-se que, não há que se falar em direito adquirido pela modulação ou


índice anterior, vez que sequer havia entendimento pacificado quanto ao tema.

Não obstante, diante da adoção do novo posicionamento pelo Supremo,


extingue-se a figura dos juros de mora de 12% a.a., que anteriormente era aplicada pela Justiça
Trabalhista de forma retroativa a 2009 juntamente com o IPCA-E. Com a recente decisão do Superior
é incompatível e inaplicável a incidência destes juros de mora no percentual anterior. Assim, afastada
a aplicação pelo Supremo, este Reclamado requer que não seja aplicado ao caso o anterior percentual
dos juros de mora de 12% a.a.

A Súmula 121, do C. STF, veda a incidência de juros sobre juros, ainda que
convencionada expressamente, que é o que ocorreria se aplicados os juros moratórios no percentual
de 1% ao mês cumulados à Taxa Selic, refletindo, inegavelmente, em “bis in idem”, vedado pela
construção principiológica do direito brasileiro.

Os juros moratórios não deverão incidir mesmo no período em que o índice de


correção for o IPCA-E, em vista da absoluta ausência de determinação para tanto. Pela mesma razão,
não se poderá cumular a atualização determinada (IPCA/SELIC) com a prevista no art. 404 do CPC
ou qualquer outra, especialmente a Taxa Referencial (TR), pois esta foi declarada a inconstitucional
para a atualização monetária de débitos trabalhistas e de depósitos recursais no âmbito da Justiça do
Trabalho.

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A imperatividade da decisão é absoluta, devendo prevalecer em todos as ações


irrestritamente, sob pena de afronta ao determinado pelo Pretório Excelso.

Desta forma, deverá, em remoto caso de condenação, ser aplicada


imediatamente a correção monetária modulada sem a incidência dos juros moratórios em ambas as
fases, nos termos resolutos do E. STF, em estrita observância à soberania decisória e a segurança
jurídica.

11. DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

Novamente, em atenção ao princípio da eventualidade, cabe ao ora Contestante


deixar claro que não deverá suportar os encargos previdenciários e fiscais casualmente incidentes
sobre a condenação imposta, haja vista ser indelegável o desconto dos mesmos do montante a ser
percebido pela Reclamante.

Frise-se, neste sentido, que a Constituição Federal de 1988 é clara ao imputar


a toda a sociedade o financiamento da Seguridade Social (CF/88, art. 195), pelo que não há como
ponderar possa ser a Obreira desonerado do cumprimento de referida obrigação. No mesmo sentido,
temos a Súmula 368, II, do TST.

Reitera-se que além do artigo 45 do Código Tributário Nacional ser inequívoco


ao elencar o Obreiro como verdadeiro sujeito passivo da obrigação tributária, o artigo 46 da Lei n.º
8.541/92, ainda é transparente ao relevar que o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos
pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada
ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o
beneficiário, não fazendo ainda jus à adoção da tabela progressiva.

Indubitável, outrossim, a imprescindibilidade dos abatimentos requeridos,


inclusive porquanto já pacificado neste sentido no Colendo Tribunal Superior do Trabalho, por
intermédio da Súmula n.º 368. O recebimento das verbas deferidas sem qualquer desconto fiscal ou
previdenciário propiciará a Reclamante seu enriquecimento ilícito que, certamente, o Poder Judiciário
não poderá dar guarida.

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Tais encargos deverão ser calculados mês a mês, deduzindo-se os valores


anteriormente recolhidos sob as mesmas rubricas, evitando-se assim enriquecimento ilícito. A
atualização dos valores devidos deve seguir os critérios definidos na legislação previdenciária,
conforme previsto no artigo 879, § 4º da CLT e Súmula n° 368 do C. TST, devendo ser observado
que o fato gerador da contribuição previdenciária ocorre no momento do pagamento dos valores
devidos ao trabalhador.

Normas infraconstitucionais que visam ampliar a limitação estabelecida pelo


Constitucional devem ser rechaçadas, ficando desde logo impugnada a aplicação da Instrução
Normativa MPS/SRP n° 3, de 14 de julho de 2005 ou qualquer outra norma que venha a substitui-la,
já que a definição de fato gerador, base de cálculos e contribuintes far-se-á apenas através de Lei
Complementar, à luz do contido no artigo 146, III, a, da Carta Magna de 1988.

12. DO PEDIDO

Isto posto, requer a admissão da presente como CONTESTAÇÃO, com


arrimo nos dispositivos legais invocados, proferido julgamento de IMPROCEDÊNCIA dos pedidos
indevidamente formulados, tudo de acordo com a verdade dos fatos e as provas que vierem a ser
colhidas na instrução.

Em caso de eventual condenação, requer o Reclamado seja observado:

a) Observância dos dias efetivamente trabalhados, não podendo ser considerados na condenação
os dias de férias ou ausências (justificadas ou não) da Reclamante, conforme cartões de ponto
juntados;
b) a compensação dos valores já pagos, nos termos do artigo 767 da Consolidação das Leis do
Trabalho;
c) a desconsideração de todo e qualquer documento juntado pela Reclamante que não se
coadune com a exigências legais;
d) a autorização dos descontos fiscais e previdenciários cabíveis, na forma da lei, notadamente
de acordo com a Súmula 368, do C. TST;

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e) a aplicação da correção monetária de acordo com a Súmula 381 do Colendo TST, isto é, de
acordo com os índices do mês subsequente ao da prestação dos serviços bem como a
aplicação da Súmula 200 do C. TST;
f) observância do princípio da adstrição, artigos 128 e 460 do CPC;
g) não aplicação das penas do artigo 359, I e II do CPC, já que a Ré não está obrigada a juntar
os documentos requeridos pela Obreira, mas apenas por determinação judicial;
h) reconhecimento de que cabe à parte Autora diligenciar junto aos órgãos competentes a fim
de angariar provas para suas alegações, não cabendo ao Juízo atuar como seu auxiliar,
determinando a expedição de ofícios.

Protesta provar o alegado por todas as formas em direito admitidas, em especial


pelo depoimento pessoal da Reclamante, sob pena de confesso, inquirição de testemunhas e juntada
de novos documentos que se fizerem necessários.

Termos em que,
Pede Deferimento e Juntada.

Campinas, 30 de agosto de 2023.

RAFAEL VILELA BORGES


OAB/SP nº. 153.8

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https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/23083017532590600000315158164?instancia=1
Número do processo: 1001229-69.2023.5.02.0202
Número do documento: 23083017532590600000315158164

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