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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

Ação Trabalhista - Rito Sumário (Alçada)


0100790-28.2023.5.01.0003

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 28/08/2023


Valor da causa: R$ 1.000,00

Partes:
RECLAMANTE: ALEXANDRE DE MELO FREITAS
ADVOGADO: MARCIA COSTA LOURENCO DA SILVA
RECLAMADO: CONCESSAO METROVIARIA DO RIO DE JANEIRO S.A.
ADVOGADO: RAPHAEL MARQUES PAIXAO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXMO SR. DR. JUIZ DA 03ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO - RJ

Processo nº. 0100790-28.2023.5.01.0003

CONCESSAO METROVIARIA DO RIO DE JANEIRO S.A., já


qualificada nos autos da reclamação trabalhista que lhe move ALEXANDRE DE MELO
FREITAS, vem, por seu advogado abaixo assinado, perante esse MM. Juízo, interpor
recurso ordinário em face da r. sentença de ID 27c2da8, nos termos das razões em anexo,
requerendo, por oportuno, a remessa do presente à 2ª Instância desse Egrégio Tribunal.

Registre-se que a guia de depósito recursal acompanha o presente.

Quanto às custas judiciais, o MM. Juízo a quo dispensou a Recorrente do


recolhimento.

Nestes Termos,
P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2023.

RAPHAEL MARQUES PAIXÃO


OAB/RJ 133.408

Tel.:+55 21 3554-4201 | comunicacao@stohleradvogados.com


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RAZÕES DA RECORRENTE
CONCESSÃO METROVIARIA DO RIO DE JANEIRO S.A.

Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,

TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

01. As partes foram intimadas para ciência da r. sentença de ID 27c2da8 através


de publicação no Diário Oficial do dia 14/11/2023, terça-feira.

02. Sendo assim, o prazo de 8 dias úteis para interposição do recurso ordinário
teve seu início em 16/11/2023, quinta-feira, considerando a suspensão dos prazos no dia da
Proclamação da República, findando em 28/11/2023 (terça-feira), tendo em vista o feriado
em comemoração do dia da Consciência Negra em 20/11/2023.

03. Logo, plenamente tempestivo o presente recurso.

SÍNTESE DA DEMANDA

04. Pretendeu o Autor, ora Recorrido, por meio da presente reclamação


trabalhista, obter a retificação do PPP para que passe a constar a exposição ao risco elétrico e
a condenação da Reclamada no pagamento de honorários advocatícios.

05. A Reclamada/Recorrente, por sua vez, apresentou defesa sustentando o total


descabimento da pretensão autoral.

06. O Douto Julgador da MM. Vara do Trabalho a quo, ao proferir sentença


acolheu os pedidos formulados pelo Recorrido/Reclamante na inicial, condenando a
Recorrente/Reclamada na obrigação de retificar e entregar o PPP.

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07. Insurge-se, pois, a Ré, ora Recorrente, por meio do presente recurso ordinário,
contra decisão proferida pelo Juízo a quo.

RAZÕES DE REFORMA

RETIFICAÇÃO DO PPP
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
ART. 5°, INC. II DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

08. Alegou o Reclamante, ora Recorrido, na inicial que durante todo o contrato de
trabalho firmado entre as partes laborou exposto a risco elétrico, sendo que a Recorrente não
fez constar tal informação no seu PPP.

09. Diante disso, pretende que a Recorrente forneça o referido documento,


fazendo constar sua suposta exposição a risco elétrico, para que possa requerer junto ao INSS
aposentadoria especial.

10. O MM. Juízo de origem julgou procedente o pedido sob o fundamento de que
deve constar no PPP a menção ao fator de risco eletricidade.

11. Confira-se o trecho da decisão recorrida:

“O PPP é um documento que traduz as condições de


trabalho do obreiro, sendo, portanto, pertinente, que conste do
referido documento a rotina de trabalho do autor, independentemente
do que estabelece a legislação previdenciária, porquanto, ainda que
esse seja o objetivo – comprovação de trabalho em condições menos
benéficas, pode servir para outros fins.”

12. No entanto, merece reforma a decisão, consoante será amplamente


demonstrado a seguir.

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13. Inicialmente, há de se ressaltar que o preenchimento do Perfil Profissiográfico


Previdenciário é obrigação acessória atribuída ao empregador quando o trabalho for exercido
em condições especiais que exponham o empregado a agentes químicos, físicos e biológicos
ou associação de agentes prejudiciais a sus saúde ou a sua integridade física.

14. Confira-se o teor do artigo 58 da Lei n° 8213/91, que trata da aposentadoria


especial, benefício esse pretendido pelo Reclamante/Recorrido, com a obtenção do PPP:

“Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos


ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física
considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de
que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
.................
§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com
referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de
seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de
efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita
à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.”

15. No mesmo sentido versa o art. 64 do Decreto n° 3.048/99 que regulamenta a


matéria sob exame:

“Art. 64 A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de


carência exigido, será devida ao segurado empregado, trabalhador
avulso e contribuinte individual, este último somente quando
cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que
comprove o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação
desses agentes, de forma permanente, não ocasional nem
intermitente, vedada a caracterização por categoria profissional ou
ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou vinte e cinco anos, e
que cumprir os seguintes requisitos:” (grifo nosso)

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16. Essa disposição legal consta, ainda, reproduzida no art. 178 da Instrução
Normativa INSS/DC n° 96/2003 que assim dispõe:

“A partir de 1° janeiro de 2004, a empresa ou equiparada à empresa


deverá elaborar PPP, conforme Anexo XV desta Instrução
Normativa, de forma individualizada para seus empregados,
trabalhadores avulsos e cooperados,, que laborem expostos a agentes
nocivos químicos, físicos, biológicos oi associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins
de concessão de aposentadoria especial, ainda que não presentes os
requisitos para a concessão desse benefício, seja pela eficácia dos
equipamentos de proteção, coletivos ou individuais, seja por não se
caracterizar a permanência.”

17. A relação de agentes nocivos, conforme determina o caput do artigo acima


transcrito in fine, consta do Decreto n° 3.048/99 no seu Anexo IV e dela, definitivamente,
não consta a periculosidade pela exposição a risco elétrico.

18. Nesse contexto, faz-se imperioso ressaltar que o rol de agentes nocivos não é
exemplificativo, mas taxativo. São eles:

a) agentes químicos diversos;


b) agentes físicos, assim caracterizados: ruídos acima de 85 db (A)
para jornada de 8 horas; vibrações decorrentes de atividades com
perfuratrizes ou marteletes pneumáticos; radiações ionizantes;
temperaturas anormais; e pressão atmosférica anormal;
c) agentes biológicos diversos;
d) associação de agentes químicos, físicos e biológicos (mineração
subterrânea)

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19. Desta forma, o trabalho com energia elétrica não é considerado agente nocivo
para fins previdenciários, não estando, portanto, a Recorrente obrigada a inseri-lo no PPP,
conforme requer o Recorrido.

20. Outrossim, é indubitável que o mero recebimento do adicional de


periculosidade, por si só, não garante ao trabalhador se aposentar de forma diferenciada, ou
seja, obter a aposentadoria especial, conforme reza o art. 57 do Decreto n° 3.048/99:

“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a


carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito
a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos,
conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
......................................
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de
comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro
Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante o período mínimo fixado.” (grifo nosso)

21. Sendo assim, não havendo fundamento jurídico para que a Recorrente seja
obrigada a emitir o PPP, ainda que o Recorrido receba adicional de periculosidade, tal qual
decidido pelo MM. Juízo de origem, a r. sentença, por certo, viola frontalmente o art. 5°,
caput e inc. II da Constituição Federal que dispõe sobre o princípio da legalidade.

22. Ad argumentandum, mesmo que se venha cogitar o rol acima como


exemplificativo para se obter o enquadramento da atividade como especial, faz-se mister o
pressuposto da habitualidade e (art. 65 do Decreto 3.048/99, conforme redação à época)
permanência no labor considerado periculoso. Isto é, não poderia ser eventual ou
intermitente. Tal fato não ocorre no presente caso.

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23. Nesse passo, se mostra indispensável a produção de prova pericial, a fim de


atestar tais requisitos, pois somente o exame dos locais de trabalho por um expert é que
poderia desvendar toda situação fática intrínseca ao pedido.

24. No entanto, manteve-se inerte o Recorrido quanto à produção da prova, não se


desonerando do ônus que lhe cabia, por força da norma inserta nos artigos 818, I, da CLT e
373, I, do CPC.

25. Nesse contexto, destaque-se o entendimento firmado pela 09ª Turma desse E.
Tribunal, no acórdão de relatoria do Ilustre Desembargador Celio Juaçaba Cavalcante, nos
autos do RO nº0101281- 66.2019.5.01.0028:

“Por certo, mesmo que reconhecido como rol exemplificativo, deve-


se ter a efetiva comprovação de que a exposição aos fatores de risco
se deu de modo permanente e não ocasional, nem intermitente, em
condições especiais. Na hipótese, o fato do reclamante perceber
adicional de periculosidade, por si só, não autoriza o
reconhecimento desta condição especial para fins previdenciários.
Em análise da prova oral, a testemunha do autor não se mostrou
convincente, ao sustentar a tese autoral, além de restar caracterizada
prova empatada, uma vez que a testemunha indicada pelo reclamado
comprovou a tese de defesa. Assim, não tendo o autor se
desvencilhado a contento do ônus da prova, correta a sentença neste
aspecto. Nego provimento.” (grifo não original)

26. Confira-se, ainda, o posicionamento da 06ª Turma do Tribunal Regional do


Trabalho 2ª Região:

EMENTA PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO.


FALTA DE REGISTRO DO TRABALHO EM CONTATO COM
ENERGIA ELÉTRICA. RETIFICAÇÃO INEXIGÍVEL. DANOS
MATERIAIS E MORAIS NÃO CARACTERIZADOS. O laudo técnico

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e o PPP fornecidos ao reclamante contêm a descrição das atividades,


dos locais de trabalho e do agente físico (ruído) a que estava o
obreiro exposto, com indicação dos níveis de pressão sonora
apurados (dentro dos limites de tolerância, como também aferido
pelo laudo pericial dos autos), mostrando-se assim em perfeita
conformidade com a Instrução Normativa do INSS que disciplina o
preenchimento da documentação destinada à concessão da
aposentadoria especial. Embora o reclamante receba adicional de
periculosidade e o trabalho com energia elétrica, no exercício das
funções de Maquinista, não tenha constado do documento, é certo
que a exposição à eletricidade não dispõe de previsão nos Decretos
nº 2172/97 e nº 3048/99 (que o revogou) como causa de concessão da
aposentadoria especial, condicionada ao contato com agentes
nocivos químicos, físicos, biológicos ou associados. Não houve ainda
a formulação de pedido diretamente deduzido do atraso na entrega
da documentação por parte da empresa, e tampouco foi produzida
prova de qualquer dano concreto daí emergente. Descabida, pois, a
condenação em retificação do PPP, bem como ao pagamento de
indenização por danos materiais e morais. Recurso ordinário a que
se nega provimento. (PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO
TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª
REGIÃO IDENTIFICAÇÃO PROCESSO nº 1002137-
25.2016.5.02.0024 (RO) RECORRENTE: SERGIO BENEDITO
FERREIRA RECORRIDO: COMPANHIA PAULISTA DE TRENS
METROPOLITANOS – CPTM ORIGEM: 24ª VARA DO TRABALHO
DE SÃO PAULO RELATORA: JANE GRANZOTO TORRES DA
SILVA)

27. Desta forma, tem-se que a Recorrente procedeu com a correta emissão do PPP
do Recorrido, nos moldes determinados por Lei, não havendo qualquer retificação a ser
realizada.

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28. Merece reforma, portanto, a decisão de origem nesse particular.

CONCLUSÃO

29. Por todo o exposto, confia a Reclamada, ora Recorrente, que essa Colenda
Turma conhecerá do presente recurso ordinário, dando-lhe provimento, para reformar a
sentença a quo, na forma das razões acima expostas.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2023.

RAPHAEL MARQUES PAIXÃO


OAB/RJ nº. 133.408

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Número do processo: 0100790-28.2023.5.01.0003
Número do documento: 23112718544620300000189518835

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