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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

25/08/2023

Número: 0802780-95.2018.8.15.0181
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 4ª Câmara Cível
Órgão julgador: Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira
Última distribuição : 28/07/2022
Valor da causa: R$ 752.800,00
Processo referência: 0802780-95.2018.8.15.0181
Assuntos: Prestação de Serviços
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ANA MARIA GUEDES ARAUJO (APELANTE) JAYRON DENYS GUEDES ARAUJO (ADVOGADO)
ENERGISA PARAIBA - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A DANIEL SEBADELHE ARANHA (ADVOGADO)
(APELANTE) MIGUEL DE FARIAS CASCUDO (ADVOGADO)
ENERGISA PARAIBA - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A MIGUEL DE FARIAS CASCUDO (ADVOGADO)
(APELADO) DANIEL SEBADELHE ARANHA (ADVOGADO)
ANA MARIA GUEDES ARAUJO (APELADO) JAYRON DENYS GUEDES ARAUJO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22947 08/08/2023 16:26 Acórdão Acórdão
338
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça da Paraíba

Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira

APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO N. 0802780-95.2018.8.15.0181.

ORIGEM: 4ª Vara Mista da Comarca de Guarabira.

RELATOR: Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira.

1ª APELANTE: Ana Maria Guedes Araújo.

ADVOGADO: Jayron Denys Guedes Araújo (OAB/PB n. 23.844).

2a APELANTE: Energisa Borborema – Distribuidora de Energia S/A.

ADVOGADO: Miguel de Farias Cascudo (OAB/PB n. 11.532).

APELADAS: As Apelantes.

EMENTA: APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. DESLOCAMENTO OU REMOÇÃO DE POSTE E REDE DE ENERGIA
ELÉTRICA A PEDIDO DO USUÁRIO. RESPONSABILIDADE DO USUÁRIO PELO CUSTEIO.
ART. 110, IV E § 3º, DA RESOLUÇÃO ANEEL N. 1.000/2021. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO
ADESIVO. PREJUDICADA A ANÁLISE DAS RAZÕES RECURSAIS DO APELO.

O consumidor, demais usuários e outros interessados, incluindo a Administração Pública Direta ou


Indireta, são responsáveis pelo custeio de deslocamento ou remoção de poste e rede de energia elétrica, se
realizados a seu pedido, devendo a distribuidora executar e custear o serviço, após solicitação, apenas nas
situações de instalação irregular por ela realizada e de rede desativada. Inteligência do art. 110, IV e § 3º,
da Resolução n. 1.000/2021, da Agência Nacional de Energia Elétrica, que revogou a Resolução n.
414/2010. Precedentes deste Tribunal de Justiça.

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VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos.

ACORDA a Quarta Câmara Especializada Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por


unanimidade, acompanhando o voto do Relator, em conhecer dos Recursos e dar parcial
provimento ao Recurso Adesivo interposto pela Ré, restando prejudicada a análise das
razões recursais deduzidas na Apelação da Autora.

VOTO.

Ana Maria Guedes Araújo interpôs Apelação contra a Sentença prolatada pelo Juízo
da 4ª Vara Mista da Comarca de Guarabira, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer c/c
Indenização por Danos Materiais e Morais por ela ajuizada em desfavor de Energisa
Borborema – Distribuidora de Energia S/A. (Id. 17048686), que julgou parcialmente
procedente o pedido para condená-la a realizar, às suas expensas, a obra especificada na
Petição Inicial e na documentação que a acompanha, consistente na ligação de ponto de
energia elétrica e no serviço de deslocamento de linha ou rede de distribuição, com a remoção
de postes situados próximos à propriedade da Autora, colocando-o em via pública adequada à
prestação do serviço, condenando, também, cada uma das Partes, ante a reciprocidade de
sucumbência, ao adimplemento de metade das custas processuais e de honorários advocatícios
aos patronos da parte adversa, fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor
atribuído à causa, com exigibilidade suspensa em relação à Autora, beneficiária da gratuidade
judiciária.

Em suas razões, Id. n. 17048695, alegou que o Juízo não apreciou a integralidade dos
pedidos formulados na Petição Inicial, omitindo-se sobre as frações da pretensão relativas (I)
ao reembolso dos aluguéis adimplidos por ela desde janeiro de 2015, data em que a energia de
seu imóvel deveria ter sido religada pela Promovida; (II) aos lucros cessantes, pela
impossibilidade de abrir o mercadinho que pretendia; e (III) aos danos morais, decorrentes de
todo o constrangimento causado pela conduta ilícita praticada pela Concessionária.

Pugnou, por essas razões, pelo provimento do Apelo, para que, supridas as omissões
apontadas, o pedido seja apreciado e acolhido em sua integralidade.

Contra-arrazoando, Id. n. 17048697, a Promovida alegou que não restou comprovado


o cometimento de qualquer ato ilícito que lhe seja imputável, posto que não houve defeito na
prestação dos serviços de fornecimento de energia elétrica, uma vez que os postes e as fiações
neles instaladas já estavam regularmente postos, cumpridas as exigências dispostas na NBR

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5434, em data anterior ao início das construções no terreno localizado na Rua Prefeito Manoel
Lordão, n. 663, Centro, Município de Guarabira, razão pela qual eventuais adequações nas
instalações, para atendimento da comodidade da Autora, devem por ela ser custeadas,
pugnando pelo desprovimento do Apelo.

A Energisa Borborema – Distribuidora de Energia S/A. interpôs Recurso Adesivo,


Id. n. 17048698, alegando que as instalações de energia elétrica na Rua Prefeito Manoel
Lordão, Centro, Município de Guarabira, são anteriores às construções promovidas pela
Autora e nunca foram objeto de qualquer questionamento quanto à sua regularidade, tendo
sido a suposta desconformidade somente alegada após a conclusão das obras no terreno
pertencente à Promovente.

Aduziu que as obras promovidas pela Autora estão em desconformidade com o Alvará
de Construção expedido pela Prefeitura de Guarabira, Id. n. 18042182, em que não havia
previsão de serem construídos um piso superior e uma varanda, bem como que houve uma
clara invasão da área destinada ao passeio público, com a diminuição ilegal do espaço da
calçada.

Pugnou, por essas razões, pelo provimento de seu Recurso, para que, reformada a
Sentença, o pedido seja julgado improcedente.

Contra-arrazoando, Id. n. 17048704, a Autora alegou que restou suficientemente


provado nos autos que os postes de energia foram instalados de forma inadequada pela
Promovida, fato que está importando em violação ao exercício pleno de seu direito de
propriedade, uma vez que a fiação havida na localidade invade a área destinada ao piso
superior e à varanda de seu imóvel, pugnando pelo desprovimento do Recurso Adesivo.

Desnecessária a manifestação da Procuradoria de Justiça, por não se configurarem


quaisquer das hipóteses de intervenção do Ministério Público preceituadas pelo art. 178 do
Código de Processo Civil.

É o Relatório.

Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço dos Recursos, passando a analisar


as razões recursais deduzidas no Recurso Adesivo interposto pela Promovida, ante a
pressuposição lógica que se impõe.

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A Resolução n. 414/2010, da Agência Nacional de Energia Elétrica, vigente à época
dos fatos, em cuja interpretação e aplicação está toda a controvérsia em apreciação nesta
demanda, preceituava, no art. 44, VII, que o interessado, individualmente ou em conjunto, e a
Administração Pública Direta ou Indireta eram responsáveis pelo custeio das obras realizadas
a seu pedido nos casos de deslocamento ou remoção de poste e rede, qualificado, no 102,
XIII, como serviço cobrável, se realizado mediante solicitação do consumidor.

A jurisprudência deste Tribunal de Justiça, interpretando os referidos dispositivos,


firmou-se exatamente no sentido de que o deslocamento e a remoção de postes ou da rede de
energia estão inseridos dentre os serviços cobráveis quando realizados pela concessionária a
requerimento do consumidor1.

Muito embora a Resolução ANEEL n. 414/2010 haja sido revogada pela Resolução
ANEEL n. 1.000/2021, as regras supramencionadas foram reproduzidas no art. 110, IV e § 3º,
desse novo normativo, que preceituam que o consumidor, demais usuários e outros
interessados, incluindo a Administração Pública Direta ou Indireta, são responsáveis pelo
custeio de deslocamento ou remoção de poste e rede, se realizados a seu pedido, devendo a
distribuidora executar e custear o serviço apenas nas situações de instalação irregular por ela
realizada e de rede desativada.

Eventual irregularidade dos postes de energia elétrica instalados na frente do terreno


localizado na Rua Prefeito Manoel Lordão, n. 663, Centro, Município de Guarabira, deveria
ser objeto de prova a ser produzida, a priori, pela Autora, uma vez que se trata de fato
constitutivo do direito que alega dispor.

Ao longo da instrução, não foi requerida a inversão do referido ônus probatório, não
havendo, também, qualquer decisão de ofício do Juízo nesse sentido, razão pela qual, mantida
a distribuição ordinária dos encargos comprobatórios, caberia à Autora comprovar a
existência de desconformidade nas instalações elétricas, o que não se verificou.

Não se afigura suficiente, para tanto, o Laudo Técnico constante no Id. n. 17048661,
uma vez que produzido unilateralmente, sem submissão ao crivo do contraditório, bem como
as Fotografias Id. n. 17048628 e 17048629, que apenas se prestam a comprovar que a fiação
atualmente instalada atravessa a área da varanda do imóvel na Rua Prefeito Manoel Lordão, n.
663, Centro, Município de Guarabira, não sendo possível aferir-se de quem é a
responsabilidade por tal fato: se da Concessionária, por haver colocado as instalações elétricas
em desconformidade com as normas técnicas, ou da Autora, por haver estendido a área
construída sobre o espaço destinado ao passeio público.

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Frise-se que a tese que a inversão do ônus probatório em causas consumeristas – regra
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de instrução processual prevista no art. 6º, VIII, do CDC e qualificada como direito básico do
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consumidor – não se dá de forma automática , só se admitindo quando o juiz, a par das
peculiaridades do caso concreto, reconhecer a verossimilhança das alegações ou a
hipossuficiência do consumidor, o que, naturalmente, exige a prolação de decisão
fundamentada, seja para acolher, seja para rejeitar o pedido.

Também a distribuição do ônus da prova, enquanto regra de instrução, determina o


agir procedimental de cada parte, de sorte que nenhuma delas deve ser surpreendida com a
imposição deste dever processual apenas na Sentença4, devendo haver prévia decisão judicial
fundamentada, preferencialmente no despacho saneador (art. 357, do CPC), conferindo-lhe
esta incumbência para, só então, ser possível lhe impor sanções processuais pelo
descumprimento do referido ônus.

Não havendo comprovação de que a Promovida promoveu a instalação irregular dos


postes e das fiações na localidade, incide na espécie a regra do caput, do art. 110, da
Resolução ANEEL n. 1.000/2021, e de seu inciso IV, configurando, consequentemente,
serviço cobrável do consumidor, na linha da jurisprudência deste Tribunal de Justiça.

Em casos análogos ao destes autos, há, na jurisprudência dos Tribunais de Justiça


pátrios, precedentes no sentido de não ser possível cobrar da concessionária de energia
elétrica a remoção de poste construído de forma prévia e regular, se a construção realizada
pelo consumidor ocorre depois de sua instalação, sob pena de oneração ilegal da
concessionária. Ilustrativamente:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - REMOÇÃO DE


POSTE - LOTEAMENTO POSTERIOR - RESOLUÇÃO 414 DA ANEEL -
RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR O CUSTEIO DA OBRA -
RECURSO DESPROVIDO. Conforme Resolução nº 414/2010 da ANEEL, a
responsabilidade de obras para remoção ou deslocamento de postes que sejam
instalados previamente à edificação do imóvel é inteiramente do consumidor. Não
é possível cobrar da concessionária de energia elétrica a remoção de poste
construído de forma prévia e regular, se o loteamento, desmembramento ou
construção realizada pelo consumidor ocorre depois de sua instalação, sob pena de
oneração ilegal da concessionária. Recurso conhecido e desprovido. (TJMG –
Apelação Cível 1.0000.19.051180-8/001, Relator(a): Des.(a) Fábio Torres de
Sousa, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 12/07/2019, publicação da súmula
em 15/07/2019)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA - RESOLUÇÃO ANEEL
024/2000 E 414/2010 - OBRIGAÇÃO DE FAZER NÃO CONFIGURADA -

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SERVIÇO ONEROSO - SENTENÇA MANTIDA. 1. Uma vez que a rede de
energia e postes ao longo da rua foram instalados em consonância e regularidade
com os órgãos competentes e a legislação vigente, não há que se questionar tal
regularidade em face de edificação concretizada a posteriori. 2. A Resolução da
Aneel 414/2010 é clara no sentido de que "o deslocamento ou remoção de poste,
bem como deslocamento ou remoção de rede são serviços cobráveis, realizados
mediante solicitação do consumidor". 3. Sentença mantida (TJMG – Apelação
Cível 1.0106.14.003595-2/001, Relator(a): Des.(a) Mariza Porto, 11ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 27/04/2016, publicação da súmula em 06/05/2016)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO COMINATÓRIA. Poste de energia elétrica


localizado em propriedade do autor. Impossibilidade de construção de loteamento.
Preexistência do poste de luz em relação ao loteamento a ser construído.
Incumbência do autor na remoção do poste de energia elétrica. Atendimento ao
disposto no art. 102, inc. XIII, da resolução nº 414/10 da ANEEL. Ação julgada
improcedente. Sentença reformada. Recurso provido. (TJRS; RecCv
0000829-63.2015.8.21.9000; Passo Fundo; Primeira Turma Recursal Cível; Rel.
Des. Roberto Carvalho Fraga; Julg. 02/09/2015; DJERS 08/09/2015)

Pelo conjunto probatório constante dos autos, verifica-se que o referido poste é
preexistente à construção no imóvel (Id. n.º 17048679), razão pela qual, consoante o
entendimento jurisprudencial acima invocado, cabe ao Consumidor o custo por seu
deslocamento e remoção, conforme solicitação, nos termos do normativo acima invocado,
ainda que se trate de reparo indispensável ao uso do bem pela Proprietária.

Ante o entendimento, adotado neste julgamento, de que não houve conduta ilícita
passível de ser imputada à Concessionária, resta prejudicada a análise das razões recursais
formuladas no Apelo interposto pela Autora, posto que se pretendia a ampliação da
condenação fundada na responsabilidade civil que ora foi afastada.

Posto isso, conhecidos os Recursos, dou provimento parcial ao Recurso Adesivo


interposto pela Promovida para, reformando em parte a Sentença, excluir da
condenação a obrigação de custeio do serviço de deslocamento de linha ou rede de
distribuição, ficando o cumprimento da obrigação de fazer condicionado ao
adimplemento do orçamento da obra, assim como, ante a reciprocidade de sucumbência,
condenar cada uma das Partes ao adimplemento de metade das custas processuais e de
honorários advocatícios aos patronos da parte adversa, fixados no percentual de 10%
(dez por cento) sobre o valor atribuído à causa, com exigibilidade suspensa em relação à
Autora, beneficiária da gratuidade judiciária, restando prejudicada a análise das razões
recursais deduzidas no Apelo interposto pela Promovente.

É o voto.

Certidão de julgamento e assinatura eletrônicas.

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Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira

Relator

1CIVIL. CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. PRELIMINAR. NULIDADE DA
SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO. REMOÇÃO DE POSTE
LOCALIZADO EM FRENTE A RESIDÊNCIA DO AUTOR. DEVER DO CONSUMIDOR EM
CUSTEAR O DESLOCAMENTO DO POSTE. EXPRESSA DISPOSIÇÃO DO ARTIGO 44, INCISO
VII, DA RESOLUÇÃO Nº 414 DA ANEEL. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
DESPROVIMENTO DO APELO. - […]. - Nos termos da Resolução nº. 414/2010 da ANEEL, cabe a
Energisa Paraíba, enquanto concessionária de serviço público, atender ao pedido de remoção de
poste e rede elétrica, contudo, incumbindo ao consumidor interessado a responsabilidade pelos
custos da adequação solicitada (TJPB, 0802224-30.2017.8.15.0181, Rel. Des. Marcos Cavalcanti de
Albuquerque, APELAÇÃO CÍVEL, 3ª Câmara Cível, juntado em 30/09/2020).

APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO


DE ENERGIA. SOLICITAÇÃO DE REMOÇÃO DE POSTE E REDE ELÉTRICA. CUSTOS DO
SERVIÇO. ART. 129 DA RESOLUÇÃO N.º 414 DA ANEEL. SENTENÇA QUE ACOLHEU O
PEDIDO AUTORAL. RECURSO. POSTE E REDE DE ALTA TENÇÃO QUE NÃO OBSTRUEM
O USO DO BEM PARTICULAR. ENCARGO DA OBRA QUE DEVE SER DE
RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR SOLICITANTE. DEMONSTRAÇÃO NOS AUTOS.
REFORMA DA SENTENÇA. PROVIMENTO DO APELO. - O serviço de remoção de poste ou rede
elétrica da Concessionaria de serviço pública é de encargo do consumidor solicitante, nos termos da
Resolução n.º 414/2020, quando não há obstrução do uso da propriedade particular (TJPB,
0800090-91.2019.8.15.0041, Rel. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque, APELAÇÃO CÍVEL, 3ª
Câmara Cível, juntado em 16/06/2020).

OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DESLOCAMENTO DE


POSTE DE ENERGIA ELÉTRICA LOCALIZADO DENTRO DE PROPRIEDADE PRIVADA.
PRETENSÃO DE DESMEMBRAMENTO E LOTEAMENTO DA ÁREA. DEVER DE EXECUÇÃO E
CUSTEIO DA OBRA. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO. APELAÇÃO DA
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. CUSTO DO DESLOCAMENTO DO POSTE.
SERVIÇOS COBRÁVEIS PELA CONCESSIONÁRIA. PREVISÃO DO ART. 102, XIII E XIV, DA
RESOLUÇÃO N.º 414/2010, DA ANEEL. PRETENDIDO DESMEMBRAMENTO DO IMÓVEL
POSTERIOR À COLOCAÇÃO DO POSTE. RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR PELO
PAGAMENTO. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO. 1. O deslocamento e a remoção de postes ou
da rede de energia estão inseridos dentre os serviços cobráveis realizados pela Concessionária
mediante solicitação do consumidor (art. 102, XIII e XIV, da Resolução nº 414/2010, da ANEEL). 2.
“Conforme Resolução nº 414/2010 da ANEEL, a responsabilidade de obras para remoção ou
deslocamento de postes que sejam instalados previamente à edificação do imóvel é inteiramente do
consumidor. Não é possível cobrar da concessionária de energia elétrica a remoção de poste construído de
forma prévia e regular, se o loteamento, desmembramento ou construção realizada pelo consumidor
ocorre depois de sua instalação, sob pena de oneração ilegal da concessionária.” (TJMG – Apelação Cível
1.0000.19.051180-8/001, Relator(a): Des.(a) Fábio Torres de Sousa, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 12/07/2019, publicação da súmula em 15/07/2019) (TJPB, 0800289-12.2016.8.15.0141, Rel. Des.
Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, APELAÇÃO CÍVEL, 4ª Câmara Cível, juntado em 07/04/2022).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO OBRIGAÇÃO DE FAZER. PEDIDO DE REMOÇÃO DE POSTE DE


ENERGIA ELÉTRICA INSTALADO EM FRENTE À PROPRIEDADE DO DEMANDANTE.

Assinado eletronicamente por: ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA - 08/08/2023 16:26:42 Num. 22947338 - Pág. 7
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Número do documento: 23080816264157200000022955582
DISCUSSÃO SOBRE A IMPUTAÇÃO DOS CUSTOS PELA REMOÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA
DA IRREGULARIDADE DAS INSTALAÇÕES. EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO DA
CONCESSIONÁRIA LEGÍTIMA. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO. SERVIÇO
FACULTATIVO COM ÔNUS FINANCEIRO IMPUTADO AO REQUERENTE/CONSUMIDOR.
EXEGESE DO ART.102, XIII, DA RESOLUÇÃO Nº 414/2010 DA ANEEL. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. DESPROVIMENTO
DA IRRESIGNAÇÃO. - Não demonstrada a irregularidade na localização do poste de energia
elétrica, é de se considerar o serviço de retirada como facultativo e com ônus financeiro para o
consumidor requerente, nos termos da Res. 414/2010 da ANEEL. […] (TJPB,
0822228-80.2016.8.15.0001, Rel. Des. José Ricardo Porto, APELAÇÃO CÍVEL, 1ª Câmara Cível,
juntado em 11/03/2020).

2 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

3 AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DECISÃO DA PRESIDÊNCIA.


RECONSIDERAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
EDUCACIONAIS. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. NÃO OCORRÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA QUE NÃO É AUTOMÁTICA. REGULARIDADE DA COBRANÇA PELO VALOR
INTEGRAL DA MENSALIDADE. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO PROVIDO PARA
CONHECER DO AGRAVO E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. 1. Agravo interno
contra decisão da Presidência que não conheceu do agravo em recurso especial, em razão da falta de
impugnação específica de fundamento decisório. Reconsideração. 2. É descabida a preliminar de inépcia
da inicial, por ausência de documentos essenciais à propositura da ação, se os documentos juntados pela
autora são suficientes para instruir a ação e conferir à parte adversa a oportunidade de ampla defesa. 3. A
inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, não é
automática, dependendo da constatação, pelas instâncias ordinárias, da presença ou não da
verossimilhança das alegações e da hipossuficiência do consumidor. 4. A reforma do acórdão
recorrido, quanto à regularidade da cobrança pelo valor integral da mensalidade, diante da perda do
direito da estudante à bolsa de estudos anteriormente concedida, demandaria a interpretação de cláusula
contratual e o revolvimento do suporte fático-probatório dos autos, providências inviáveis no recurso
especial, nos termos das Súmulas 5 e 7 do STJ. 5. Agravo interno provido para conhecer do agravo e
negar provimento ao recurso especial. (AgInt no AREsp 1749651/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 19/04/2021, DJe 21/05/2021)

4RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO NO PRODUTO (ART.


18 DO CDC). ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO 'OPE JUDICIS' (ART. 6º, VIII, DO CDC). MOMENTO
DA INVERSÃO. PREFERENCIALMENTE NA FASE DE SANEAMENTO DO PROCESSO. A
inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo fato do
produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope judicis'), como no caso
dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das
regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e 6º, VIII, do CDC. A distribuição do ônus da prova, além de
constituir regra de julgamento dirigida ao juiz (aspecto objetivo), apresenta-se também como norma de
conduta para as partes, pautando, conforme o ônus atribuído a cada uma delas, o seu comportamento
processual (aspecto subjetivo). Doutrina. Se o modo como distribuído o ônus da prova influi no
comportamento processual das partes (aspecto subjetivo), não pode a a inversão 'ope judicis' ocorrer
quando do julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão). Previsão nesse sentido do
art. 262, §1º, do Projeto de Código de Processo Civil. A inversão 'ope judicis' do ônus probatório deve
ocorrer preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurando-se à parte a
quem não incumbia inicialmente o encargo, a reabertura de oportunidade para apresentação de provas.
Divergência jurisprudencial entre a Terceira e a Quarta Turma desta Corte. RECURSO ESPECIAL
DESPROVIDO. (STJ, REsp 802.832/MG, Rel. Ministro Paulo De Tarso Sanseverino, Segunda Seção,
julgado em 13/04/2011, DJe 21/09/2011).

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