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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/03/2024

Número: 1007195-20.2021.4.01.4300
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 2ª Vara Federal Cível da SJTO
Última distribuição : 19/08/2021
Valor da causa: R$ 144.075,00
Assuntos: Indenização por Dano Material, Administração, Despesas Condominiais
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CONDOMINIO PALMAS VERTICAL RESIDENCE NORTH II GRAZIELA TAVARES DE SOUZA REIS (ADVOGADO)
(AUTOR)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU) NILTON MASSAHARU MURAI (ADVOGADO)
EMCAM ENGENHARIA LTDA (REU) GUILHERME AUGUSTO GOMES (ADVOGADO)
FRANCISCO DE PAULA NETO (PERITO)
ENERGISA TOCANTINS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.
(TERCEIRO INTERESSADO)
ADERVAL PIMENTA DE SOUZA (ASSISTENTE TÉCNICO) GRAZIELA TAVARES DE SOUZA REIS (ADVOGADO)
ANTONIO CARLOS DA SILVA JUNIOR (ASSISTENTE GUILHERME AUGUSTO GOMES (ADVOGADO)
TÉCNICO)
FRANK ALVES DA SILVA (ASSISTENTE TÉCNICO) GREY BELLYS DIAS LIRA registrado(a) civilmente como
GREY BELLYS DIAS LIRA (ADVOGADO)
MARCELO PAULINO GALHARDO (ASSISTENTE TÉCNICO) GREY BELLYS DIAS LIRA registrado(a) civilmente como
GREY BELLYS DIAS LIRA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo Polo
Assinatura
204508715 20/02/2024 19:37 Manifestação - Laudo Petição intercorrente Outros interessados
3
Documento id 2045087153 - Petição intercorrente (Manifestação - Laudo)

AO JUÍZO DA 2ª VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


TOCANTINS

Processo n. 1007195-20.2021.4.01.4300

CONDOMINIO PALMAS VERTICAL RESIDENCE NORTH II, já


qualificado nos autos da ação em epígrafe, que move em desfavor de CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL e EMCAM ENGENHARIA LTDA, também qualificadas,
vem à digna presença desse juízo, em atenção ao despacho de ID 1971248162,
manifestar-se acerca do laudo técnico acostado no evento de ID 1968404194, conforme
segue:

I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de ação de obrigação de fazer, cumulada com indenização por danos


materiais, morais e tutela de urgência em caráter antecedente, na qual o condomínio
autor expõe que o bloco J daquela copropriedade esteve com o fornecimento de energia
interrompido de por mais de 40 dias, impactando a vida de 16 famílias que ali residem.

A obra foi realizada pela construtora Emcam Engenharia, contendo informações


do imóvel e a planta baixa hidráulica para os moradores utilizarem na sua instalação e
acomodação de mobília nos novos imóveis.

A inesperada e abrupta falta de energia surgiu a partir de defeitos na rede elétrica


daquela unidade, levando a Defesa Civil a determinar o imediato desligamento do
quadro de distribuição de energia em 09/08/2021.

Este fato resultou na ausência de energia elétrica por mais de 40 dias, com
consequente risco de incêndio em virtude das irregularidades da construção. A síndica
do condomínio se empenhou, desde o mês de maio de 2021, para regularizar a situação
já que há constantes quedas de energia, até o momento em que esta cessou
definitivamente.

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A construtora requerida, apesar de reconhecer que os problemas decorrem de


cabos de alimentação, passou a firmar que a garantia se encontrava encerrada e
argumentou a existência de intervenção por parte do condomínio.

Ademais, naquela ocasião, condicionou a realização de reparos à negativa de


qualquer discussão acerca de violação de seus direitos por parte do condomínio bem
como de seus condôminos. A queda de energia total para o Bloco “J” ocorreu em
09/08/2021, afetando 16 famílias, todos com perdas evidentes, tais como o calor, a
perda de alimentos, a inviabilidade de trabalho e educação em diversas situações, tudo
isso no decorrer da pandemia.

Diante da pressão dos moradores, o condomínio ajuizou a demanda em caráter


de tutela provisória de urgência antecipada, requerendo a imediata reparação do sistema
elétrico do condomínio, com o consequente religamento da energia.

Com base nesses fatos, juntou documentos e postulou que seja reconhecida a
responsabilidade solidária das pessoas jurídicas demandadas, condenando-as ao
pagamento do dano material, consistente nos gastos efetuados com profissionais
técnicos e materiais utilizados, conforme os anexos comprobatórios dessas despesas -
ID 693777991, ID 693777992, ID 693777984, ID – 712323498 – perfazendo a quantia
de R$ 2.894,40 (dois mil oitocentos e noventa e quatro reais e quarenta centavos); assim
como, condenação pelo dano moral sofrido, este fixado em 50 vezes o indicado como
dano material na inicial, o que atinge a quantia de R$ 141.250,00 (cento e quarenta e um
mil duzentos e cinquenta reais).

Em relação a CEF, esta foi indicado ao polo passivo da demanda em razão der
ser a instituição bancária financiadora do imóvel, procedimento realizado por meio do
programa “Minha Casa Minha Vida”.

Após regular processamento do feito, foi determinada a produção de laudo


pericial acerca do objeto da demanda, sendo confeccionado pelo Perito Judicial
Francisco de Paula Neto, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, com o
acompanhamento dos assistentes técnicos Aderval Pimenta, Frank, Alves da Silva e
Antônio Carlos da Silva Júnior, todos qualificados nessa ação. Portanto, é inequívoco
dizer que foi garantido a ampla defesa e o contraditório na macha desse processo.

Desta feita, o autor passa a se manifestar acerca do laudo técnico:

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II – DO LAUDO TÉCNICO

Antes de adentrar ao teor do laudo, já de antemão se pode afirmar que o material


produzido pelo Perito Judicial confirma todas as alegações trazidas na inicial: a
responsabilidade objetiva e solidária da Emcam e CEF, aqui requeridas, pelos vícios
redibitórios no sistema elétrico do bloco J do Condomínio Palmas Vertical Residence
North II.

Desta feita, seguem em destaques alguns trechos do laudo pericial, em suma, as


partes onde é possível reconhecer o pedido inicial:

a) Dos quesitos do Magistrado, assim respondeu:

Da quesitação do magistrado, o Perito Judicial conseguiu identificar onde estava


a falha elétrica mencionada pelo autor, indicando como “retratação da falha que se deu
nos cabos contidos no eletroduto localizado entre o shot do bloco J e a caixa de
passagem localizada ao lado do mesmo Bloco J.”

Esses condutores, apesar dos defeitos evidentes, foram retirados pela construtora
na ocasião dos reparos realizados, mas desparecerem:

Apesar de não ter em posse esses condutores, o Perito Judicial explicou, a partir
da operação dos disjuntores a origem das avarias

O acúmulo de detritos e lama junto aos condutores, informação corroborada na


inicial, agravou o estado desses condutores:

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Outro fator que chama bastante atenção é a ausência de fiscalização da obra,


apontando uma vez mais para o descaso na construção do condomínio:

O laudo registrou que embora tenha ocorrido intervenções dos moradores na


estrutura elétrica, duas exatamente, estas não foram a origem dos danos na rede elétrica
do Bloco J, nem mesmo concorreram por essa culpa. Veja:

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E não deixou dúvidas acerca da responsabilidade da Construtora pelas avarias no


sistema elétrico do Bloco J e consequente falta de energia que afligiu todos os
condôminos do bloco J DURANTE MAIS DE 40 DIAS.

De mais a mais, o Perito Judicial definiu o valor integral para reparação dos
problemas elétricos no Bloco J, pois embora já tenha ocorrido a troca dos condutores
avariados, ainda é necessária a substituição de cabos do sistema de alarme, pois não
encontram-se adequados conforme a Norma 17240/2010, devendo, portanto, acontecer
uma nova troca desses materiais, cujo planilha também segue abaixo:

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Interessante ressaltar o valor determinado pelo Perito como capaz de resolver os


problemas elétrico é bem distante daquele empregado pela Emcam na primeira troca,
veja planilha também realizada pelo Expert, apontando para uma diferença de quase R$
30.000,00 (trinta mil reais).

b) Dos quesitos da CEF, assim respondeu:

Falando sobre a manutenção do imóvel pelo próprio condomínio, o Perito


Judicial mais uma vez afasta integralmente a responsabilidade da copropriedade ou
mesmo de seus moradores pelas avarias e falta de energia:

Ademais, deixa claro que a Emcam não seguiu o projeto original da obra:

Lado outro, mais uma vez confirmando inexistir participação dos condôminos
para com as avarias no sistema elétrico, incluindo aí um hipotético uso inadequado da
energia por parte de uma das moradoras, conforme trouxeram em suas contestações:

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Confirma uma vez mais que os danos na rede elétrica são provenientes de vícios
da própria construção:

Sobre a data na qual fora constado as avarias, bem o prazo decadencial e


prescricional do direito do autor, fica nítido o exercício do direito potestativo em prazo
legal em razão dos vícios ocultos comprovados:

A imprudência e imperícia da Emcam ficam estampadas na modificação do


projeto original de sistema elétrico, diverso daquele apresentado para Energisa. Logo, se
infere que a construtora requerida burlou normas da concessionária de energia:

De novo é reforçado pelo Perito Judicial a necessidade de ser troca a fiação do


sistema de alarme nos moldes da Norma NBR 17240/201, porquanto embora houvera a
troca dos condutores, esse item essencial não se encontra aplicado.

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c) Dos quesitos da Emcam, assim respondeu:

Perguntado sobre o cumprimento do projeto elétrico aprovado pela Energisa, o


Perito Judicial respondeu de forma afirmativa. Todavia, como já exposto acima pelo
mesmo Expert, a Construtora não seguiu o projeto aprovado, despeitando tanto a
concessionaria como os beneficiários do programa.

Também sobre a responsabilidade dos condôminos pela avaria na rede elétrica,


especialmente quando ao apartamento 201B, mais uma vez é afastada qualquer
interferência de terceiros para o incidente:

d) Dos quesitos do condomínio, assim respondeu:

A indicação exata de onde está a falha na instalação elétrica do Bloco:

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As dificuldades enfrentadas pelos condôminos durante os mais de 40 dias nos


quais ficaram sem acesso à energia elétrica também mereceu atenção:

A instalação elétrica do Bloco B, à propósito, não foi atingida pela decurso do


tempo, pois está no período de sua vida útil:

Outros quesitos confirmaram o já amplamente aqui descrito: a queda de energia


se deu em razão das avarias nos condutores, isso reflexo claro de vícios oriundos da
construção pela Emcam:

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Da mesma forma que se deu com o projeto elétrico apresentado à Energisa e


incumprido pela Emcam, o projeto de combate a incêndio apresentado pela Construtora
e aprovado pelo CBM-TO não foi seguido na sua integralidade:

III - DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA CEF EM REPRESENTAÇÃO AO


FUNDO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL – FAR

Excelência, o Perito Judicial afirma inexistir responsabilidade da CEF, aqui


também requerida, pela construção e desfecho da obra, conforme alegado. No entanto,
aqui não se recai apenas uma questão factual, mas a incidência do instituto da
solidariedade no direito das obrigações.

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No caso dos autos, a CEF atua não apenas como mero agente financeiro, mas
como verdadeiro agente executor de política pública federal relacionada à moradia.

O empreendimento relativo ao Condomínio Palmas Vertical Residence North II


está vinculado ao Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV Faixa 1 (até R$
1.800,00 (ou R$ 3.600,00, excepcionalmente); com até 10 anos para pagar e subsídio de
até 90% do valor do imóvel).

Resta patente, portanto, a legitimidade passiva da CEF, como entende o TRF1:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VÍCIO DE
CONSTRUÇÃO EM IMÓVEL DO PROGRAMA MINHA
CASA MINHA VIDA. LEGITIMIDADE PASSIVA DA
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ATUAÇÃO DIRETA NO
EMPREENDIMENTO. COMPROVAÇÃO. 1. Cuida-se de ação
de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos
morais, em razão de vícios de construção em imóvel adquirido
por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, discutindo-se
no presente recurso a legitimidade passiva da Caixa Econômica
Federal. 2. Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça firmou
o entendimento de que a CEF detém legitimidade passiva nos
casos em que atua além de mero agente financiador da obra, por
ter provido o empreendimento, elaborado o projeto com todas as
especificações, escolhido a construtora e negociado diretamente
em programa de habitação popular. Precedentes do STJ e deste
TRF. 3. No presente caso, trata-se de imóvel destinado a
famílias integrantes da FAIXA 1, ou seja, aquelas que se
encontram em situação de extrema vulnerabilidade social. Os
documentos juntados aos autos demonstram que a Caixa atuou
diretamente na construção, inclusive com a elaboração do
projeto e a escolha da construtora. O contrato de doação de
imóvel e de produção de empreendimento de habitação acostado
também comprova que a CEF assumiu a responsabilidade de
gerir e de fiscalizar a obra, além de ter realizado vistorias no
empreendimento. Restou comprovado, portanto, que a CEF
detém legitimidade passiva na presente ação. 4. Apelação
provida para anular a sentença e determinar o retorno dos autos
à origem. (AC 1000606-48.2020.4.01.3200,
DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS AUGUSTO PIRES
BRANDÃO, TRF1 - QUINTA TURMA, Pé 08/01/2021 PAG.)

Muito embora a CEF se apresente como mera agência financeira, não pode ser
obliterado que foi a instituição responsável pela contratação da empresa construtora do

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empreendimento, sendo, ainda, responsável pela entrega dos imóveis concluídos e


legalizados. Aliás, mensalmente, é a CEF quem recebe os pagamentos do valor do
financiamento das referidas unidades.

Por corolário, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que a


CEF possui legitimidade passiva nos casos em que atua além de mero agente
financiador da obra, por ter provido o empreendimento, elaborado o projeto com todas
as especificações, escolhido a construtora e negociado diretamente em programa de
habitação popular.

Os documentos juntados aos autos demonstram que a Caixa atuou diretamente


na construção, inclusive com a elaboração do projeto e a escolha da construtora. O
contrato de doação de imóvel e de produção de empreendimento de habitação acostado
também comprova que a CEF assumiu a responsabilidade de gerir e de fiscalizar a obra,
além de ter realizado vistorias no empreendimento.

Merece destaque, uma vez mais, a jurisprudência do STJ acerca desse assunto:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


EXECUÇÃO DE FAZER CUMULADA COM DANOS
MORAIS E MATERIAIS. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO DE
IMÓVEL. MORADIA POPULAR. PROGRAMA MINHA
CASA, MINHA VIDA. AGENTE DE POLÍTICA FEDERAL
DE PROMOÇÃO À MORADIA. LEGITIMIDADE PASSIVA
DA AGRAVANTE. PRECEDENTES. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. "A questão da legitimidade passiva da CEF, na
condição de agente financeiro, em ação de indenização por vício
de construção, merece distinção, a depender do tipo de
financiamento e das obrigações a seu cargo, podendo ser
distinguidos, a grosso modo, dois gêneros de atuação no âmbito
do Sistema Financeiro da Habitação, isso a par de sua ação
como agente financeiro em mútuos concedidos fora do SFH (1)
meramente como agente financeiro em sentido estrito, assim
como as demais instituições financeiras públicas e privadas (2)
ou como agente executor de políticas federais para a promoção
de moradia para pessoas de baixa ou baixíssima renda" (REsp
1.163.228/AM, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
Quarta Turma, De de 31/10/2012). 2. No caso, deve ser rejeitada
a defendida ilegitimidade passiva, na medida em que o ego.
Tribunal a quo expressamente assentou que a ora agravante
atuou como "(...) integrante de políticas federais voltadas à
promoção de moradia para pessoas de baixa renda, eis que,
nesse caso, atua não apenas como mero agente financeiro, mas

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como executor/gestor de programas governamentais". 3. Agravo


interno desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1536218 AL
2015/0125430-3, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de
Julgamento: 24/09/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 14/10/2019)

Desta feita, levando em consideração que a CEF é agente executor de política


pública federal relacionada à moradia, deve ser reconhecida sua legitimidade passiva
para figurar na presente demanda, devendo ser desconsiderado esse trecho do Laudo
Pericial.

IV – DOS PEDIDOS

Seja recebida a presente manifestação, se confirmando os termos do Laudo


Técnico acostado ID 2006643187), porque foi confeccionado por professional
habilitado e competente, designado por este Juízo, assim como houve o auxílio e
supervisão de assistentes técnicos indicados pelas partes, razão pela qual o autor requer:

a) A procedência da demanda, determinando-se que as empresas requeridas


promovam a reparação da rede elétrica do bloco J do Condomínio Palmas
Vertical Residence North II, de forma definitiva, não precária e segura, assim
como seja confeccionado laudo técnico, comprovando o feito e a realização de
inspeção de todos os demais blocos, para prevenir que padeçam da mesma
situação dramática de falta de energia, nos exatos termos indicados pela Perito
Judicial em sua planilha;
b) A condenação das requeridas ao pagamento do dano material, consistente nos
gastos efetuados com profissionais técnicos e materiais utilizados, conforme os
anexos comprobatórios dessas despesas - ID 693777991, ID 693777992, ID
693777984, ID – 712323498 – perfazendo a quantia de R$ 2.894,40 (dois mil
oitocentos e noventa e quatro reais e quarenta centavos); assim como,
condenação pelo dano moral sofrido, este fixado em 50 vezes o indicado como
dano material na inicial, o que atinge a quantia de R$ 141.250,00 (cento e
quarenta e um mil duzentos e cinquenta reais);

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c) a juntada de manifestação do Sr. Aderval Pimenta De Souza, engenheiro


eletricista e assistente técnico indicado pelo condomínio autor, que acompanhou
a consecução da perícia, cujo teor contribui para o deslinde da demanda (doc.01
– manifestação).

Pede deferimento.

Palmas/TO, 20 de fevereiro de 2024.

Graziela Tavares de Souza Reis


OAB/TO 1801

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