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Processo nº 0035144-52.2019.8.19.0038
VOTO
A parte autora alega que houve interrupção do fornecimento de energia elétrica no dia
28/04/2019 e que o restabelecimento do serviço só ocorreu no dia 01/05/2019, motivo
pelo qual requereu indenização por dano moral. A ré alegou que a interrupção do
serviço foi motivada pelo atípico temporal que atingiu a região, com queda de árvores,
o que configura motivo de força maior. O pedido foi julgado improcedente, tendo o
sentenciante acolhido a tese da contestação. Irresignada, a parte autora interpôs
recurso, em que repisou os termos da exordial. Em contrarrazões, pugnou-se pela
manutenção da sentença. RELATADO, DECIDO. O recurso merece provimento. A
interrupção do serviço, pelo lapso temporal afirmado pela parte autora, é
incontroverso, pois a ré sequer impugnou tal fato. Em que pese o temporal que caiu
sobre a Região Metropolitana do Rio de Janeiro na noite em que iniciou-se a
interrupção do serviço, a ré não provou que somente quatro dias após foi efetivamente
possível restabelecer o serviço. O ônus de tal prova é da ré, consoante o art. 373, II,
do CPC. Além disso, a existência de temporais, comuns na região, configura risco do
empreendimento da ré, que deve estar preparada para lidar com essas intempéries e
evitar prolongadas interrupções do serviço. O dano moral, no caso, é manifesto, pela
privação de serviço essencial por tempo demasiado. A jurisprudência do TJRJ se
orienta no mesmo sentido: “APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO.
INTERRUPÇÃO NO FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE RÉ. 1.
Alegação de suspensão do fornecimento de energia por cinco dias. 2. Apesar da
interrupção ter ocorrido em razão de força maior, diante do forte temporal que atingiu a
região em que a demandante reside, a demora em restabelecer o serviço de energia
foi excessiva. Precedentes desta Corte. Incidência do artigo 176, inciso I, parágrafo 1º
da Resolução nº 414/2010 da ANEEL. 3. A concessionária ré não comprovou ter
restabelecido o serviço no tempo determinado, ônus que lhe incumbia. Falha na
prestação do serviço. Art. 22 do CDC. Os serviços essenciais devem ser prestados de
forma adequada e contínua. 4. Dano moral configurado. Aplicação do enunciado nº
192 da súmula do TJRJ. 5. Manutenção do quantum indenizatório fixado na sentença.
Incidência do verbete nº 343 da súmula do TJRJ. 6. Redução dos honorários
advocatícios. 7. Reforma parcial da sentença. 8. DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO” (Apel. nº 0073354-26.2018.8.19.0001, 25ª Câm. Cív., Rel. Des. Sérgio
Seabra Varella, julg. em 27/02/2019); “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA
POR DANOS MORAIS. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA POR CINCO DIAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. Inobstante
forte temporal na região, houve demora excessiva de 05 (cinco) dias para o
restabelecimento do serviço de fornecimento de energia elétrica no estabelecimento
comercial. O inciso III, do art. 176, da Resolução nº 414, de 2010, da ANEEL,
estabelece o prazo máximo de 04 (quatro) horas para religação de urgência de
unidade consumidora localizada em área urbana. Diversos protocolos de reclamação,
feitos pelo autor. Dano moral configurado, ao atingir a honra objetiva da pessoa
jurídica, refletida na imagem da empresa perante a sociedade e no desempenho da