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ILUSTRÍSSIMO SR.

DIRETOR DA GERÊNCIA DE APOIO ADMINISTRATIVO DO


DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO RIO DE JANEIRO.
xxxxx, brasileiro, casado, portador do RG05349207-0 nº CPF nºxxxx, Carteira Nacional de
Habilitaçã o sob nº xxxxx, Residente e domiciliado na rua xxxxxxxxx, Telefone nºxxxx, mui
respeitosamente apresentar
Defesa Prévia
nos termos do art. 285 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, em desfavor do Processo
Administrativo n... Instaurado pelo Departamento de Trâ nsito do Distrito Federal nos
termos a seguir expostos.
DOS FATOS
O condutor xxxxxx foi autuado na data de 15/03/2019, à s 00:04 por supostamente ter
cometido infraçã o de trâ nsito “dirigir levemente embriagado”, recebendo uma notificaçã o ,
conforme documento anexo (nº 1).
Ocorre que, o condutor em questã o mora na rua xxxx, bairro de Campinho (divisa com Vila
Valqueire) e estava indo buscar sua filha no ponto de ô nibus em frente ao
restaurante/fastfood Habibs da estrada intendente Magalhã es 1055 (distancia mais ou
menos de 2km) e no final do percurso foi parado por uma blitz da lei seca.
O condutor prontamente parou e mostrou seus documentos, bem como informou ao
guarda (conforme solicitado pelo mesmo) de onde vinha e para onde estava indo.
O guarda em questã o pediu que o mesmo fizesse o teste do etilô metro, porém por nã o ter
vislumbrado se o “bico” do equipamento havia sido trocado ou nã o, o condutor xxxxx
solicitou a opçã o de fazer o exame de sangue para comprovar que nã o havia bebido
(hipó tese está prevista em lei).
O guarda informou que naquele momento nã o poderia fazer tal encaminhamento por ter
inú meros carros parados aguardando a fiscalizaçã o e o exame do etilô metro ser feito,
sendo assim autuou o senhor xxxxx e solicitou que o mesmo pedisse que outrem buscasse
seu carro, pois sua habilitaçã o ficaria (arbitrariamente) retida e o mesmo seria multado.
Afirma o condutor que o agente de trâ nsito requereu a apresentaçã o dos documentos do
condutor e do veículo. No momento apresentou a documentaçã o requerida, bem como
colaborou com a fiscalizaçã o e que em nenhum momento apresentou qualquer resistência
ao que lhe era solicitado, com exceçã o do referido teste do etilô metro.
Desta forma, nã o satisfeito, apresenta defesa prévia contra o referido Auto de infraçã o que
visa apurar a suposta infraçã o cometida bem como a cobrança de multa pecuniá ria emitida
pelo referido ó rgã o.
DA ABORDAGEM E DO DIREITO
O condutor é cidadã o de bem, pois está inserido na sociedade, possui residência fixa e
trabalho, além do que é conhecedor de seus direitos e obrigaçõ es enquanto cidadã o e nã o
apresenta qualquer ó bice quanto aos procedimentos dotados por quaisquer ó rgã os da
Administraçã o Pú blica, desde que venham melhorar a qualidade de vida e segurança da
populaçã o do Rio de Janeiro.
Insta observar que é conhecedor do Có digo de Trâ nsito Brasileiro e que é habilitado para
dirigir veículo automotor conforme registro CNH nºxxxxxx
Nesta esfera cabe dispor que no momento da fiscalizaçã o, deste ó rgã o de trâ nsito, o
condutor nã o apresentou qualquer ó bice quanto à fiscalizaçã o. Ressalta-se ainda que o
condutor apenas recusou-se com a realizaçã o do teste do etilô metro - “bafô metro”, porém
o condutor se prontificou a realizar o exame de sangue, não podendo então ser
autuado apenas pela recusa, pois a lei dispõe que a autuação é nos casos em que o
condutor apresente sinais de embriaguez ao volante ou na condução de veículo
automotor. Fatos estes que não ocorreram!
Vejamos:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência: ( Alterado pela L-011.705-2008) Infração– gravíssima;
Penalidade– multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Medida Administrativa– retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e
recolhimento do documento de habilitação.
Nestes termos, o artigo 165 do CTB, dispõ e que será autuado aquele que dirigir sob
influência de á lcool.
No entanto em momento algum fora detectado que o condutor autuado apresentou sinais
de embriaguez ou qualquer outro sinal que poderia ser detectada por outras formas.
No pró prio CTB é disposto quando da impossibilidade ou no caso da recusa do teste do
etilô metro. Existem diversos outros meios que venham a atestar a embriaguez do condutor,
por exemplo, exames médicos no IML, portanto, o agente de trâ nsito, mesmo possuindo fé
pú blica, nã o possuí qualificaçã o técnica para emitir um atestado médico. O ú nico meio de
atestar a existência da embriaguez no condutor abordado, deve ser proferido por médico
capacitado para informar sobre a embriaguez do indivíduo abordado.
Porém no caso em tela, a autoridade que abordou o senhor Paulo o liberou sem o
encaminhar para o IML, por nã o vislumbrar qualquer sinal de embriaguez, no entanto foi
contraditó rio ao reter a habilitaçã o do referido condutor, conforme o có digo de trâ nsito
ordena em casos de motoristas embriagados.
Podemos observar em folha anexa (nº 2) que se quer consta o registro de testemunhas
quanto a recursa do condutor para realizar o teste no etilometro (bafô metro).
Destacamos que o mesmo nã o estava envolvido em nenhum acidente de trâ nsito e muito
menos em manobras perigosas e quiçá que sugerissem estar embriagado.
Nã o obstante o art. 277 dispõ e da seguinte forma:
Art. 277 - O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo
de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran,
permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine
dependência. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Diante do ocorrido ainda há que ressaltar sobre a vida pregressa do condutor que nos
arquivos desta instituiçã o inexistem fatos que estã o vinculados ao seu registro de
habilitaçã o nacional, ou seja, numa eventual possibilidade pode-se verificar que o condutor
é motorista exemplar e que nunca se encontrou ocorrências em seu registro.
Sobre a aplicaçã o de penalidade e uma possível condenaçã o do condutor em suspender seu
direito de dirigir vale dispor que apenas a recusa ao teste do etilô metro nã o é crucial para a
condenaçã o do condutor. Desta forma vejamos o entendimento jurisprudencial do Egrégio
Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TRÂNSITO. LESÃO CORPORAL CULPOSA NA CONDUÇÃO
DE VEÍCULO AUTOMOTOR MAJORADA PELA OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 303, C/C ART.
302, INC. III, DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO).SENTENÇA CONDENATÓRIA.
RECURSO DEFENSIVO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DA INÉPCIA PARCIAL DA DENÚNCIA.
PEÇA ACUSATÓRIA QUE NÃO DESCREVEU CONDIZENTEMENTE O FATO DELITUOSO E SUAS
CIRCUNSTÂNCIAS. DESCUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. APELO PREJUDICADO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DO CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO). AUSÊNCIA DE PROVA TÉCNICA DA CONCENTRAÇÃO IGUAL OU
SUPERIOR A 6 (SEIS) DECIGRAMAS DE ÁLCOOL POR LITRO DE SANGUE. ELEMENTO
OBJETIVO DO TIPO INSERIDO PELA LEI N. 11.705/2008 (VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS).
IMPRESCINDIBILIDADE DO EXAME DE SANGUE OU DO ETILÔMETRO. RECUSA DO AGENTE.
AUTO DE CONSTATAÇÃO DE SINAIS DE EBRIEDADE INSUFICIENTE A TANTO. TEOR
ALCOÓLICO NÃO EVIDENCIADO. MATERIALIDADE DELITIVA NÃO COMPROVADA.
ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. (TJSC, Apelação Criminal n. 2014.016043-3, de Timbó, rel. Des.
Rodrigo Collaço, j. 24-07-2014). (grifou-se).
Nã o obstante, o referido julgado assemelha-se a este caso, pois nã o consta qualquer outro
tipo de prova que venha demonstrar a real situaçã o do condutor, pois a recusa do teste do
bafô metro nã o é meio suficiente para condenar e enquadrá -lo no artigo de lei.
Cabe salientar que para os tribunais superiores a simples recusa do teste do etilô metro nã o
é razã o para uma condenaçã o, visto que sã o direitos constitucionais permanecer em
silencio (Açã o Direita de Inconstitucionalidade nº 4103), entre outros.
Ressalta ainda que o autuado nã o ocasionou qualquer acidente, pelo contrá rio colaborou
com a abordagem realizada pelos agentes de trâ nsito, respondendo a todos os
questionamentos e se prestando a fazer exame de sangue em clínica médica ou IML, caso as
autoridades que o abordaram julgassem necessá rio.
No entanto, por concluírem que o condutor não apresentava visível estado de
embriaguez e sim uma boa coordenação motora, apesar da recusa do teste do
etilômetro, o condutor foi liberado.
Cabe informar que no ato de sua liberaçã o, apesar de todos os fatores positivos a seu favor
o condutor foi informado de que seria autuado, atitude esta injusta e descabida, visto que o
Condutor em questã o se prontificou a fazer exame de sangue para comprovar sua
ausência de embriaguez.
Sendo assim, requer a anulação do auto de infração e o arquivamento do processo
administrativo, no entanto caso assim não se entenda pugna pela aplicação de
penalidade mínima no que concerne a suspensão do direito de dirigir.
RIO DE JANEIRO, 01 DE ABRIL DE 2019
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MONIQUE LAFAYETTE RODRIGUES PEREIRA
OAB/RJ 220.489

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