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ACÓRDÃO
RELATÓRIO
“(...)
Conforme concluiu a sentença contida no index 396,
transitada em julgado (índice 780), a ré foi condenada "ao
pagamento de indenização pela utilização do sistema de
esgoto da autora e da correlata tubulação" ante à evidência
de ser a parte demandante "obrigada a arcar com os custos
de uma manutenção bastante frequente por força,
em grande parte, da utilização de seus
equipamentos pelo esgoto lançado pela favela, o que
certamente acarreta despesas maiores do que se o
tratamento do esgoto fosse apenas o do condomínio",
cabendo destacar que naquela oportunidade restou afastada
a pretensão de responsabilização do Município do Rio de
Janeiro pela implantação da rede de esgoto.
O termo de reconhecimento recíproco de obrigações
foi celebrado entre a Impugnante e o
Município do Rio de Janeiro é restrito a essas pessoas
jurídicas, de modo que não altera a coisa julgada deste
processo, em que a obrigação de fazer foi imposta a CEDAE.
Ao contrário do que alega a impugnante, não houve
alteração da matéria de fato, eis que as instalações do
impugnado continuam sendo utilizadas para o escoamento
do esgoto produzido pela comunidade Santo Amaro. Sequer
houve pedido de nova perícia para atestar a alegada
alteração.
Ademais, não há controversa a ser dirimida quanto ao
período a ser considerado para fins de indenização, qual
seja, julho/2021 (index 1.419) - data de elaboração da
planilha cuja prévia ciência foi dada ao executado -,
admitindo o devedor que não realiza o pagamento pela
utilização do sistema de esgoto do autor.
Em relação ao alegado excesso de execução, na sentença da
fase de conhecimento não houve a determinação de
aplicação do IGPM como índice de atualização da prestação
a cargo da CEDAE.
Não se pode utilizar índice de atualização de contratos de
locação (IGPM) para obrigação de fazer prevista em título
executivo judicial a cargo da impugnante, sem que o
passagem da rede geral de esgotos do Impugnado, tendo disso julgado o pedido procedente;
alega que em 28/02/2007, o Município do Rio de Janeiro encampou a prestação do serviço
de esgotamento sanitário nas áreas de comunidade, conforme Cláusula 2ª, parágrafo 2º, do
TERMO DE RECONHECIMENTO RECÍPROCO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES
acostado às fls.1.456/1.505; salienta que quando a ação foi ajuizada a Agravante detinha
a concessão do serviço relacionado ao esgotamento sanitário da comunidade Santo
Amaro, porém desde fevereiro/2007 ela perdeu essa concessão e não presta mais o serviço,
havendo modificação no estado de direito em relação àquele que existia na fase de
conhecimento da presente demanda; alega que voltou a vistoriar o imóvel do Agravado
em outubro/2020 a fim de atender adequadamente a decisão judicial de fls.1.244 e 1.254,
tendo constatado que, atualmente, o problema consiste basicamente na manutenção de uma
canaleta de concreto armado localizada nos fundos do terreno do Condomínio, cuja finalidade
é receber águas pluviais e que precisa ser limpa periodicamente pelo condomínio, mas que
não tem qualquer relação com os fatos narrados na exordial e também de ligações
irregulares de esgotos provenientes da comunidade Santo Amaro, que percolam até a
referida canaleta de águas pluviais, não tendo a CEDAE responsabilidade por solucionar a
questão diante do sobredito Termo assinado com o Município do Rio de Janeiro; pugna pela
observância do art.505, inciso I do CPC; alega que a correção monetária e os juros de mora,
como consectários legais da condenação principal, que possuem natureza de ordem pública e,
assim, podem ser analisados a qualquer tempo até mesmo de ofício, não havendo falar
em preclusão e que tem um crédito a receber no valor de R$169.670,38; e, por fim, requer o
provimento do agravo de instrumento para reformar a decisão.
É o Relatório.
VOTO
No que tange à incorreção dos juros e correção monetária, ao agravante não lhe
assiste razão, até porque, sequer apresentou o valor devido em planilha comprovando a
ilegalidade do valor fixado na decisão.