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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

PROCESSO Nº 0001513-45.2021.8.05.0230

RECORRENTE: JOAO DOS SANTOS BRITO

RECORRIDO: BANCO BRADESCO S A

ORIGEM: VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ¿ SANTO ESTEVÃO

RELATORA: JUÍZA MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 15, XI, DO


REGIMENTO INTERNO DAS TURMAS RECURSAIS E ART. 932 DO
CPC). CONSUMIDOR. COBRANÇA DE TARIFAS DE SERVIÇOS
BANCÁRIOS EM CONTA CORRENTE. AUSÊNCIA DE PROVA DA
CONTRATAÇÃO. ABUSIVIDADE DA CONDUTA DA ACIONADA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. SUSPENSÃO DAS COBRANÇAS. RESTITUIÇÃO EM
DOBRO DO VALOR INDEVIDAMENTE PAGO. INEXISTÊNCIA DE
DANO MORAL IN RE IPSA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
PREJUÍZO EXTRAPATRIMONIAL ALEGADO. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Vistos, etc.

Trata-se de recurso inominado interposto em face da sentença prolatada no


processo epigrafado que julgou improcedentes os pedidos da exordial.

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Presentes as condições de admissibilidade do recurso, dele conheço.

O artigo 15 do novo Regimento Interno das Turmas Recursais (Resolução nº


02/2021 do TJBA), em seu inciso XII, estabelece a competência do relator para julgar
monocraticamente as matérias em que já estiver sedimentado entendimento pelo colegiado ou
já com uniformização de jurisprudência, em consonância com o permissivo do artigo 932 do
Código de Processo Civil.

A autora insurge-se contra sentença proferida em demanda que questiona a


cobrança indevida de pacote de serviço de tarifas em conta corrente, sustentando a
irregularidade da cobrança, ante a ausência de prova da contratação regular.

Analisados os autos, observa-se que tal matéria já se encontra sedimentada no


âmbito desta Segunda Turma Recursal, no sentido da regularidade da cobrança do pacote de
tarifas, mas tão somente quando especificamente contratado pelo correntista, com a
informação específica acerca da modalidade do pacote, em que consiste, além de seu valor, o
que não ocorreu no caso em tela.

Assim, não havendo evidência clara acerca de tal informação quando da adesão,
ou no caso de ausência de prova de tal adesão, o entendimento consolidado é no sentido da
restituição dos valores indevidamente descontados, inexistindo dano moral a ser reconhecido
no caso de mera cobrança indevida, citando como precedentes os julgamentos efetivados nos
processos 0016957-27.2020.8.05.0110, 0006093-27.2020.8.05.0110 e
0016957-27.2020.8.05.0110, desta Turma.

A sentença hostilizada julgou improcedentes os pedidos, entretanto, demanda


reforma para que haja a abstenção dos descontos indevidos referente às tarifas questionadas,
bem como a devolução em dobro dos valores descontados.

Considerando abusiva a cobrança da tarifa bancária objeto da lide, diante da


ausência de prova da adesão regular, e adequada informação acerca do produto, é devida a
restituição em dobro dos valores descontados e efetivamente comprovados nos autos, não
havendo prova de utilização da conta para serviços outros que não apenas o saque do
benefício previdenciário, conforme narrado na inicial.

No que tange o dano moral, apesar dos transtornos causados à parte autora em
razão da cobrança indevida, esta por si só, sem outras implicações ou consequências, não
acarreta dano ao patrimônio subjetivo do usuário, não podendo ser elevada à condição de dano
extrapatrimonial, sob pena de banalização do instituto.

Pelas razões exposto, CONFIRO PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO


INTERPOSTO, para reformar parcialmente a sentença vergastada, de modo a determinar a
suspensão das cobranças ¿TARIFA BANCARIA CESTA B.EXPRESSO4¿, sob pena de multa
de R$ 300,00 (trezentos reais) por desconto, limitada a R$ 6.000,00 (seis mil reais), além de
determinar a restituição dos valores indevidamente descontados, na quantia de R$ 697,80

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(seiscentos e noventa e sete reais e oitenta centavos), já computada a dobra legal, com
correção monetária desde o desembolso e juros de 1% desde a citação, mantido o comando
sentencial em seus demais termos.

Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios em face da


sucumbência parcial.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

Juíza Relatora

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