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autos do PJe n.º 378-52.2019.8.17.

2390 tratam justamente da tese autoral de que os funcionários da


instituição bancária ré lhe exigiram a assinatura de documentos, os quais supõe tratar da contratação de
empréstimos à sua revelia, e indicou que naqueles autos requereu a designação de audiência de instrução
para oitiva de testemunhas, bem como do funcionário da ré, constante sob id. José Pedro.

A parte ré também apresentou manifestação quanto à perícia realizada.

O INSS informou que houve descontos no benefício previdenciário da parte autora, promovidos pela parte
ré (id. 72070156).

O juízo determinou à ré informar como se deu o levantamento do valor depositado na conta da parte autora,
no entanto, aquela apenas informou não possuir mais imagens ou vídeos do fato.

Após sucessivas tentativas de se ouvir o gerente José Pedro Costa dos Santos, o banco não forneceu os
dados necessários para a intimação daquele, sob a alegação de que este já não mais atua na instituição.

É o relatório. Decido.

Trata-se de ação de natureza declaratória e condenatória, presentes os pressupostos de desenvolvimento


válido e regular do processo. Os princípios constitucionais do devido processo foram cabalmente
observados. Não há vícios a sanar ou prescrição a reconhecer, estando o feito apto a julgamento.

Preliminares afastadas.

Friso, ainda, que é de rigor a aplicação ao caso dos ditames do código de defesa do consumidor.

Da não comprovação da relação contratual:

O objeto da lide cinge-se a aferir se existe contrato válido e regular apto a justificar os descontos no
benefício previdenciário da parte autora.

A parte requerente afirma que não celebrou o(s) negócio(s) jurídico(s) debatido(s) nos autos.

Quanto ao(s) contrato(s) que alega não ter assinado, registro, inclusive, que não há como exigir da parte

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requerente que colacione aos autos documentos que comprovem o fato negativo, ou seja, a não contratação.

Ao longo da instrução, este juízo inverteu o ônus da prova.

Em caso como o dos autos, em que se questiona a existência de negócio jurídico, cabe àquele que sustenta a
sua validade, comprovar a sua existência através de documentos hábeis. Destaco, até mesmo, os termos da
súmula nº 132 do TJPE, que leciona que “é presumida a contratação fraudulenta quando, instado a se
manifestar acerca da existência da relação jurídica, deixa o réu de apresentar o respectivo contrato”, sendo
certo que, diante da fraude, é de aplicar-se os termos da súmula nº 479 do STJ que informa que “as
instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

Citada, a instituição financeira alegou que age no exercício regular de direito. Para comprovar sua tese,
mesmo diante da alegação da parte autora de que teria sido vítima de fraude perpetrada por funcionário da
instituição, apontando inclusive quem teria sido, de forma nominada, a ré limitou-se a juntar aos autos
contrato que teria dado origem ao negócio jurídico objeto da lide.

Cumpre salientar que embora tenha sido realizada perícia grafotécnica, a qual atestou que a assinatura foi da
autora, a sua alegação convicta de fraude, a qual sustentou inclusive indicado especificamente o funcionário
que teria assim procedido com ela, fragiliza a tese da parte ré, diante das circunstâncias do caso concreto,
muito peculiar, por sinal, sendo certo ainda que ao juiz cabe avaliar os elementos probatórios constantes dos
autos mediante livre convencimento fundamentando, não se vinculando a eventual perícia declinada no
processo. Este juízo determinou cumprimento de diligências em despacho, não obstante, a ré não juntou
fotos e vídeos do momento da celebração do contrato.

Outrossim, caberia à própria instituição fornecer os elementos necessários, como endereço ou, pelo menos,
CPF do gerente, indicado pela autora, que teria procedido à contratação fraudulenta, uma vez que, se não é
mais seu funcionário, já foi, de modo que devia possuir os dados pessoais daquele. No entanto, apesar de
expressamente intimada, inclusive sendo-lhe concedida prazo dilatado, não forneceu o requisitado por este
juízo.

Diante de tais fatos, é curial a declaração de inexistência da relação jurídica, devendo as partes voltar ao
status quo ante.

Da restituição em dobro:

Quanto ao pedido de repetição de indébito, tenho que também merece prosperar. Nesse contexto, deverá a
parte requerida proceder com a restituição em dobro dos valores indevidamente descontados do benefício
previdenciário da parte autora, na forma do art. 42, parágrafo único, do CDC, a ser apurado na fase de
execução.

Registro, inclusive, que o STJ uniformizou entendimento, ao concluir o julgamento dos Embargos de
Divergência 1.413.542, definindo que a devolução em dobro é cabível "quando a cobrança indevida
consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva" – ou seja, independentemente da demonstração de má-fé
por parte do fornecedor, situação que vislumbro no caso, ante o descompromisso da instituição bancária,

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embora tenha este juízo envidado esforços a fim de viabilizar o depoimento pessoal do já referido
funcionário da ré, à época dos fatos.

Há, inclusive, afetação do Recurso Especial 1.823.218 para fixação de tese vinculante, no sentido acima
esposado.

Destaco, inclusive, que, não obstante tenha assessoria jurídica altamente qualificada, o que implica na
impossibilidade de alegação de desconhecimento dos preceitos legais, a parte requerida, ainda assim,
procede com conduta indevida, causando prejuízos a consumidores hipossuficientes. Também é de se frisar
que não estamos diante de hipótese de engano justificável, sendo certo que a restituição em dobro deve
prevalecer.

Aplicação, ainda, da teoria do risco do empreendimento.

Nesse contexto:

APELAÇÃO. DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR.


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO
DE LIMINAR, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE DA
CONTRATAÇÃO. CONSUMIDOR ANALFABETO. NEGÓCIO NÃO
REALIZADO POR MEIO DE ESCRITURA PÚBLICA OU POR
INTERMÉDIO DE PROCURADOR CONSTITUÍDO POR INSTRUMENTO
PÚBLICO. NULIDADE. ILICITUDE DOS DESCONTOS EFETUADOS NA
APOSENTADORIA DO AUTOR. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Na hipótese, restou documentalmente comprovada a
consignação de um empréstimo bancário no benefício previdenciário da
autora, o qual ela afirma não ter contratado. 2. Considerando, então, a
impossibilidade de produzir prova negativa da relação jurídica, caberia ao
Banco demandado comprovar a regularidade do contrato de empréstimo, o que
tornaria os descontos legítimos. 3. Contudo, a instituição financeira requerida
não se desincumbiu deste ônus. 4. É importante salientar que a jurisprudência
desta Corte é firme no sentido de só permitir a contratação de empréstimo por
pessoa não alfabetizada mediante instrumento público ou por procurador
constituído por procuração pública, e estas formalidades não foram
observadas. 5. Sendo assim, impõe-se a declaração de nulidade dos contratos
impugnados. 6. Nos casos de descontos indevidos em proventos de
aposentadoria, o dano moral se configura in re ipsa. 7. O consumidor cobrado
em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável. 8. Recurso a que se nega
provimento. 9. Decisão unânime

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(TJMA-0045726) APELAÇÃO CÍVEL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C
DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO NULO. CELEBRAÇÃO
POR ANALFABETO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14, CDC.
MANUTENÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. RESTITUIÇÃO EM
DOBRO DOS DESCONTOS INDEVIDOS. ART. 42, PARÁGRAFO
ÚNICO, CDC. I - Por se por se tratar de relação consumerista, a lide comporta
análise à luz da teoria da responsabilidade objetiva, consagrada no art. 14 do
CDC. II - A apelada alega que não contratou empréstimo junto à apelada.
Ainda que a impressão digital pertencesse à recorrida, o contrato seria nulo,
porquanto os negócios jurídicos celebrados por pessoas não alfabetizadas
somente são válidos se firmados por escritura pública - situação inocorrente,
in casu. II - Resta evidente a falha na prestação do serviço pelo Banco
apelante, consistente em não adotar as medidas de cuidado e segurança
necessárias à celebração do instrumento contratual. III. As instituições
financeiras devem suportar o risco de sua atividade, indenizando os danos
sofridos. IV - O valor fixado a título de danos morais pelo juiz de base deve
ser mantido, porque atendeu aos critérios de moderação e razoabilidade diante
do caso concreto. V - Os danos materiais são evidentes, posto que a apelada
sofreu diminuição patrimonial com os descontos indevidos em seu benefício,
sendo a repetição do indébito devida, nos termos do art. 42, Parágrafo único,
do CDC. V - A cumulação de pedido de repetição de indébito com
indenização por danos morais é perfeitamente possível e não configura bis in
idem. VI - Apelo improvido. (Apelação Cível nº 33469/2011 (123123/2012),
1ª Câmara Cível do TJMA, Rel. Raimunda Santos Bezerra. j. 06.12.2012,
unânime, DJe 20.12.2012).”

Dos danos morais:

Noutro prisma, quanto aos danos morais, não resta dúvida de que a parte autora sofreu mais do que
aborrecimentos e dissabores com a conduta da ré, que procedeu a descontos em seu já minguado benefício
previdenciário, limitando, por consequência, seu poder aquisitivo, bem como a possibilidade de aquisição de
produtos materiais para melhor satisfazer suas necessidades pessoais, o que por cento finda por violar a o
princípio da dignidade da pessoa humana.

Neste contexto, deve o Judiciário atuar prontamente, buscando a compensação do contratempo sofrido, além
de objetivar coibir novas ações ilícitas do réu.

Podemos dizer que a ofensa moral, que se manifesta intrinsecamente na vítima, é o prejuízo absorvido pela
própria alma humana, como dor, angústia, tristeza, sofrimento, insônia e afins, sendo tal reparação tutelada
no art. 5º, incisos V e X, da CF/1988.

Tem-se entendido hodiernamente que a indenização por dano moral representa uma compensação, ainda que
pequena, pela tristeza infligida injustamente a outrem.

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Conforme o entendimento esposado pelo STJ, em relação à prova do dano moral, basta a comprovação do
fato que lhe deu causa, não havendo necessidade da prova do dano em si, pois este se presume tão somente
com a conduta dos ofensores, o dano moral é inerente ao prejuízo.

No caso, basta a comprovação do comportamento lesivo do réu para a caracterização do dano moral (Dano
moral in re ipsa).

Nesse sentido:

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. COMPENSAÇÃO POR DANOS


MORAIS. CABIMENTO. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. INEXISTÊNCIA.
DESCONTOS INDEVIDOS DA CONTA CORRENTE. VALOR FIXADO. MINORAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE.

1. Como a formalização do suposto contrato de empréstimo


consignado em folha de pagamento não foi demonstrada, a
realização de descontos mensais indevidos, sob o pretexto de que
essas quantias seriam referentes às parcelas do valor emprestado,
dá ensejo à condenação por dano moral.

2. Esta Corte Superior somente deve intervir para diminuir o


valor arbitrado a título de danos morais quando se evidenciar
manifesto excesso do quantum, o que não ocorre na espécie.
Precedentes. 3. Recurso especial não provido. (STJ. REsp
1238935/RN)

Apelação. Consumidor. Empréstimo consignado não comprovado. Danos morais reduzidos.


Recurso não provido à unanimidade. 1. Em casos como tais, o ônus deve ser invertido nos termos
do art. 333, inc. II do CPC c/c art. 6º do CDC, ou seja, competiria ao Banco provar a existência
de relação contratual com o consumidor e deste ônus não se desincumbiu. 2. Assim, estando
presentes todos os requisitos caracterizadores da reparação civil pretendida, bem andou o juízo ao
reconhecer o dano moral pleiteado pelo apelado e os danos materiais referentes aos descontos
indevidos realizados sobre o provento de seu benefício previdenciário. 3. Apesar do abalo moral
suportado pelo consumidor não demandar prova, afigurando-se in re ipsa (presumido), em face
de a prova nesta modalidade mostrar-se difícil e pela obviedade dos efeitos nocivos por ter tido
descontado indevidamente parte do valor utilizado para o custeio de suas necessidades, sendo tal
constatação suficiente para o reconhecimento do evento danoso. 4. Dadas as peculiaridades do
caso sob exame, deve ser mantido o valor do dano moral fixado na sentença de R$ 3.000,00, no
sentido de obedecer aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade. 5. Também não merece
prosperar o pedido de afastamento da condenação de restituição em dobro dos valores
indevidamente descontados. Isso porque quando o consumidor é cobrado em quantia indevida
tem direito a repetição do indébito em dobro, salvo em caso de engano justificável, conforme o
art. 42, parágrafo único, do CDC, exceção não ocorrida no caso, porquanto a instituição
financeira sequer trouxe aos autos o instrumento contratual que deu ensejo a presente lide. 6.
Negou-se provimento ao apelo, por unanimidade. (TJPE. Apelação 401114-1. 0029026-
07.2014.8.17.0001)

Quanto ao valor da indenização pelo dano moral sofrido, entendo, de acordo com o posicionamento da
doutrina e jurisprudência dominante, que não deverá ser determinado de forma exagerada, caracterizando
um enriquecimento sem causa da vítima ou um empobrecimento injusto do ofensor.

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Conforme preleção de José Roberto Parizatto, ao fixar o valor do dano moral, deverá observar, pelas provas
carreadas, a dor sofrida pela vítima. (V. Dano Moral, Edipa, 1998, 1ª edição, Ouro Fino-MG).

Acrescenta ainda:

”De igual forma deve o magistrado se atentar para a posição social da pessoa ofendida, o grau
de culpa do ofensor, verificando, ainda, a capacidade econômico-financeira do causador do
dano, de modo a não se fixar uma quantia irrisória em favor do ofendido, o que demonstraria
efetiva injustiça.” (V. Ob. Cit., p. 69)

Não havendo critérios específicos para determinar o valor do dano moral sofrido pela autora, deve-se adotar
para o caso em particular a regra preconizada no Código Civil, segundo o qual, nos casos não previstos no
capítulo que dispõe sobre liquidação das obrigações resultantes de atos ilícitos, a indenização será fixada por
arbitramento.

Deve, pois, ser arbitrado em valor que sirva tanto de punição e desestímulo para o infrator, como de
compensação à vítima pelos danos sofridos:

“A indenização deve representar uma punição para o infrator, capaz de desestimulá-lo a


reincidir na prática do ato ilícito, e deve ser capaz de proporcionar ao ofendido um bem-estar
psíquico compensatório do amargor da ofensa. Agravo retido improvido. Apelação, improvida
uma; provida, em pequena parte, outra. Sentença ligeiramente retocada.” (Bol. AASP
2.089/174)

Deve a instituição financeira, sob o prisma da responsabilidade objetiva, sofrer as consequências dos danos
causados em virtude da natureza por ela desenvolvida. Aplicação da teoria do risco do empreendimento. O
ônus decorrente do desempenho da atividade deve ser suportado pelo banco, não pelo cidadão de bem, como
a autora.

Nesta linha, flagrante o dano moral suportado pela parte demandante, que teve parte de seus minguados
rendimentos descontados indevidamente, limitando seu poder de compra e dificultando o dia-a-dia dos já
sofridos aposentados.

Ante o exposto, em face da conduta indevida da parte ré, englobando os dois processos aqui analisados, o
pedido de indenização por danos morais merece ser atendido, para condenar o demandado ao pagamento de
indenização por danos morais em favor da autora, que arbitro no valor R$ 8.000,00 (oito mil reais), ante a
exacerbada conduta da parte ré.

Outrossim, vale lembrar que nos termos da Súmula 326 do STJ, “Na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica em sucumbência recíproca”.

Isto posto, atento ao mais que dos autos consta, com fulcro no art. 487, I, do CPC, JULGO
PROCEDENTES os pedidos deduzidos pela parte autora, para o fim de:

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A) Declarar nulo o(s) contrato(s) objeto da demanda, restituindo as partes ao status quo
ante. Em consequência, não poderá o demandado proceder a qualquer cobrança, inclusive
no benefício previdenciário da parte requerente, ou negativação do nome da parte autora
em virtude dos referidos negócios jurídicos, cuja validade não se comprovou.
B) Condenar a parte requerida ao pagamento de indenização por danos morais no valor de
R$ 7.000,00 (sete mil reais), acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês e correção
monetária, conforme tabela do ENCOGE, utilizando como marcos iniciais as diretrizes
contidas nas súmulas 54 e 362 do STJ.
C) Determinar a restituição em dobro dos valores descontados indevidamente do
benefício da autora, com cobrança de juros de 1% ao mês e correção monetária, com base
na tabela ENCOGE, tendo como termo a quo a data efetivos descontos, na forma das
súmulas 43 e 54 do STJ, observado eventual transcurso de prazo prescricional
quinquenal.

A fim de evitar enriquecimento sem causa, eventual valor que tenha sido depositado na conta da autora
deverá ser objeto de compensação.

Em juízo de cognição exauriente, ratifico a decisão que concedeu a tutela de urgência nos autos do PJe n.º
377-67.2019..17.2390, e defiro o pedido de tutela de urgência formulado nos autos do PJe n.º 378-
52.2019.8.17.2390, fixando o prazo de 10 (dez) dias para que a demandada proceda à suspensão das
cobranças oriundas do contrato objeto da lide, bem como se abstenha de inserir apontamento do nome da
autora em órgãos de proteção ao crédito em virtude deste, sob pena de multa de R$ 200,00, limitada ao teto
de R$ 10.000,00. Outrossim, terá o mesmo prazo para suspender eventuais descontos, sob pena de multa de
R$ 500,00, limitada ao teto de R$ 20.000,00, para cada desconto implementado após o lapso. Intimem-se as
partes acerca desta decisão. Diante da fixação de astreinte, deverá a parte requerida ser intimada
pessoalmente.

Condeno a parte ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, no percentual de 10%


(dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85 do CPC.

Intime-se a parte requerida para pagamento da taxa e custas processuais no prazo de 15 dias, contados do
trânsito, sob pena de acréscimo de multa de 20%, na forma do art. 22 da Lei estadual 17.116/2020. Não
havendo pagamento, acrescida a multa, comunique-se à fazenda pública estadual para inscrição em dívida
ativa. Havendo enquadramento à hipótese normativa, comunique-se, ainda, ao Comitê Gestor de
Arrecadação do TJPE.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Com o trânsito em julgado, realizados os expedientes de estilo, arquivem-se os autos.

Advirta-se a parte autora que eventual cumprimento de sentença deve ser protocolado apenas no PJe n.º 378-
52.2019.8.17.2390.

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Cumpra-se.

Cachoeirinha - PE, 26/03/2024.

Thiago Pacheco Cavalcanti

Juiz de Direito em exercício cumulativo

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