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LUANDA
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defende ideias sobre a ética e deontologia no poder judicial é criminoso,
viola um dever profissional?
2. “O maior perigo para o poder judicial/judiciário não são os conflitos a
dirimir, mas os infiltrados sob o disfarce de juízes e procuradores”.
Esta é outra publicação que consta no livro do qual sou autor principal,
propriamente na página 155. Esclareci que o sentido está claro: não
pode haver infiltrados no poder judicial, pois constitui o maior perigo
para a mesma faceta do poder do Estado. Na página 155 do livro
esclareço o que se entende por infiltrados.
Venerandos!
Isto é novidade? Pensar assim é errado? Não é bom quando um
Tribunal tem funcionários que pensam sobre a ética judiciária? Será
que pensar assim é errado ou está errado quem não quer que se pense
assim? As expressões “poder judicial”, juízes e procuradores são
pertença de alguém? Terei eu violado um dever profissional? Se sim
qual? Terei eu violado o segredo profissional, o segredo de justiça, o
dever de obediência, entre outros? Os Senhores Venerandos
Conselheiros melhor ajuizarão.
Durante a fase eleitoral, numa altura em que todo o país se debatia com
o tema eleitoral, mobilização ao voto, solicitação de todos a participação
constitucional na vida pública nos termos do artigo 52.º da CRA, entre
outros acontecimentos consabidos por todos. Também fiz diferentes
publicações a alertar para o melhor voto e a necessidade de sermos
verdadeiros actores para o bem e melhor futuro do nosso país, conforme
anexos.
3. “A realidade é difícil… “Assalto ao Poder”, grande filme, só não sabia
que teríamos de sair da ficção para a vida real e com realização em
Angola. A realidade é difícil… Os filmes são proféticos, a profecia do
filme a realizar-se em Angola”.
Esta é outra publicação feita por mim, no exercício do meu direito à
liberdade de expressão e de participação na vida pública. A pergunta
que fiz ao instrutor do processo e deixo-a aqui também é a seguinte: O
que esta publicação tem a ver com o poder judicial, meu Deus?
Será que tudo isso era, afinal, só para se chegar até aqui, visto que
também fiz comentários na época eleitoral em defesa da alternância
política, como também fiz outros comentários contra a oposição, como
constam nas publicações seguintes:
“Quando a ditadura e a oposição comem no mesmo prato, o resultado é
catastrófico: TIRANIA ATROZ em simulação democrática. Chega de
simulacros políticos. Uma terceira via é urgente, chamar-se-á
SOCIEDADE CIVIL.”
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“Quando um grupo ou um indivíduo é enganado uma vez, torna-se
vítima indiscutível. Quando é enganado duas vezes, é idiota. Quando é
engando três vezes, é um imbecil ao quadrado. Quando é enganado pela
quarta vez, em verdade é um colaborador secreto e simula ser enganado
para benefício próprio. Na quinta vez, passa a ser o enganador de quem
ainda acredita nele como sendo vítima. Por isso, quem ainda assim
acredita na vítima por simulação, passa ele a ser desde agora o
somatório de toda esta ignomínia.” (autoria de Domingos da Cruz).
É perceptível que talvez as publicações não tenham agradado algumas
sensibilidades, mas que eu, que sendo um técnico, usando a minha
página pessoal do Facebook, que terei violado deveres profissionais, não
será forçoso, não será demais? Então não é a própria Constituição da
República que fala do direito à liberdade de expressão, no seu artigo
40.º? Não é a Constituição da República que fala do direito à
participação do cidadão na vida pública, no seu artigo 52.º? Do direito à
liberdade de consciência e a objecção de consciência no seu artigo 41.º?
Será proibido pensar?
Numa plena demostração do animus puniendi e desequilíbrio na
balança, na nota de acusação o instrutor produziu várias
circunstâncias agravantes, mas omitiu completamente as atenuantes.
Se for para ser punido por defender a ética e deontologia jurídica,
“sofrerei feliz”, direi aos meus parentes que dependem de mim que este
sofrimento será por uma causa nobre e para o bem de todos; se for para
ser punido por causa da minha liberdade de consciência, de expressão,
e de opinião, direi aos meus dependentes que sofreremos sim, mas
“livres”, sofreremos para que não mais haja escravos em Angola, como
nos ensina Mahatma Ghandi “existem muitos homens presos a
andarem nas ruas, muitos homens livres nas prisões” - Devemos
preferir ser homens livres mesmo que punidos, a escravos mas sem
punição.
Se for pela causa da justiça e pelo país, posso ser mais um dos
mártires, pois como ensina Sócrates “é melhor sofrer uma injustiça do
que cometê-la”, porque, no final, ninguém se escapa da mais nobre
justiça, pois a justiça é como a ética que fugir dela é uma forma
diferente de irmos em sua direcção e cairmos em suas mãos. Não é
possível realizar justiça sem ética. Todos nós, um dia, seremos julgados,
podemos nos escapar da justiça dos homens, mas da justiça da
natureza e de Deus jamais nos escaparemos dela.
Senhor Venerando Presidente do Tribunal Supremo,
Venerandos Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo,
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Viva a Justiça!
Muito obrigado pela atenção dispensada.
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Domingos Fernando Feca