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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VERA CECILIA MOREIRA e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 05/04/2023 às 16:16 , sob o número WSTA23702683224
fls. 424

PROMOTORIA DE JUSTIÇA
CÍVEL DE SANTO AMARO

Processo nº 1046687-46.2022.8.26.0002
Alimentos Avoengos

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1046687-46.2022.8.26.0002 e código 13420136.
Meritíssima Juíza,

Trata-se de ação de alimentos avoengos ajuizada por JOSÉ


HENRIQUE VESSICHIO TRUFFI SOARES, menor, representado por sua genitora (fl.
84), em face de JOSÉ SOARES FILHO.

Anoto manifestações ministeriais anteriores às fls. 133/134 e 404.

Ciente do desprovimento ao recurso de agravo de instrumento


interposto pelo autor em face da decisão que indeferiu o pedido de fixação de alimentos
em face do avô paterno (fls. 413/417).

Por sua vez, no tocante à preliminar veiculada em contestação (fl.


163, item “1”), entendo ser o caso de inclusão dos avós maternos e da avó paterna no polo
passivo do feito, considerando o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça
no sentido de que a hipótese é de litisconsórcio passivo necessário, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. ALIMENTOS SUBSIDIÁRIOS. AVÓS. INCLUSÃO DOS
AVÓS MATERNOS. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE
ILEGITIMIDADE. IMPROCEDÊNCIA. ALEGAÇÃO DE REEXAME DE
PROVAS. INEXISTÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE DE
DIREITO RELATIVA À LEGITIMIDADE. 1. Não há que se declarar
ilegitimidade de parte ou vício de representação se uma das partes que
apresentou o recurso especial se encontrava regularmente representada
e o provimento de sua pretensão aproveita ao colitigante. Não se revela
o interesse em recorrer no ponto. 2. Não há que se falar em aplicação do
verbete nº 7 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça se não houve
pronunciamento ou análise de qualquer questão fática da lide, tendo a
decisão agravada incursionado unicamente em tema de direito, de forma
abstrata. 3. Nos termos do Código Civil e da mais recente

Av. das Nações Unidas, nº 22.939 – Torre Brigadeiro – 2º andar – São Paulo/SP
CEP 04795-100 – telefone (11) 5686-8558 – e-mail: santoamaro@mpsp.mp.br
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VERA CECILIA MOREIRA e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 05/04/2023 às 16:16 , sob o número WSTA23702683224
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jurisprudência do STJ, há litisconsórcio necessário entre os avós


paternos e maternos na ação de alimentos complementares.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1046687-46.2022.8.26.0002 e código 13420136.
Precedentes. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt nos
EDcl no AREsp 1073088/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 25/09/2018, DJe 05/10/2018)

CIVIL. ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE DOS AVÓS. OBRIGAÇÃO


COMPLEMENTAR E SUCESSIVA. LITISCONSÓRCIO.
SOLIDARIEDADE. AUSÊNCIA. 1 - A obrigação alimentar não tem
caráter de solidariedade, no sentido que "sendo várias pessoas
obrigadas a prestar alimentos todos devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos." 2 - O demandado, no entanto, terá direito de
chamar ao processo os corresponsáveis da obrigação alimentar, caso
não consiga suportar sozinho o encargo, para que se defina quanto
caberá a cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades
financeiras. 3 - Neste contexto, à luz do novo Código Civil, frustrada a
obrigação alimentar principal, de responsabilidade dos pais, a
obrigação subsidiária deve ser diluída entre os avós paternos e
maternos na medida de seus recursos, diante de sua divisibilidade e
possibilidade de fracionamento. A necessidade alimentar não deve ser
pautada por quem paga, mas sim por quem recebe, representando para
o alimentado maior provisionamento tantos quantos coobrigados
houver no pólo passivo da demanda. 4 - Recurso especial conhecido e
provido. (REsp 658.139/RS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES,
QUARTA TURMA, julgado em 11/10/2005, DJ 13/03/2006, p. 326)

Cumpre destacar que eventual contribuição dos ascendentes


maternos em relação ao sustento do menor é fato a ser apurado em instrução probatória e
pode influir em eventual arbitramento dos alimentos complementares, mas não significa
que não deverão ser incluídos no polo passivo.

Agravo de Instrumento – ação de alimentos - alimentos avoengos -


Fixação da obrigação pelos avós somente se justifica se restar
comprovado que os genitores não possuem condições financeiras de
suprir as necessidades do alimentando, dada a natureza subsidiária e

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complementar de tal obrigação – aplicação da súmula 596 do STJ -


existência de litisconsórcio necessário simples entre os avós maternos

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1046687-46.2022.8.26.0002 e código 13420136.
e paternos – precedentes do STJ – decisão mantida – Recurso não
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2164864-60.2019.8.26.0000;
Relator (a): Moreira Viegas; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Jaú - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento:
16/10/2019; Data de Registro: 16/10/2019).

Desse modo, reputo necessária a inclusão no polo passivo dos


avós maternos ALEXANDRE TRUFFI e MARIA CECÍLIA VESSICHIO PINTO, bem
como da avó paterna LUCIA SOARES DA SILVA (fl. 84), procedendo-se à citação e
oferta de contestação ou a certificação do decurso do prazo para tanto.

Caso o d. Juízo assim não entenda, reporto-me à manifestação


ministerial anterior (fl. 404), ao que aguardo deliberação judicial sobre as providências
requeridas às fls. 133/134.

São Paulo, 5 de abril de 2023.

VERA CECÍLIA MOREIRA


Promotora de Justiça

Amanda de Carvalho Rodrigues


Analista Jurídica

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