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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ª VARA

DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DA COMARCA DE MAUÁ/SP

ANNA BEATRIZ CAMPOI CARDOSO, brasileira, solteira,


atendente, portadora da cédula de identidade RG nº 60.932.491-03, inscritoa no CPF sob o
n°516.020.998-04, residente e domiciliada na Rua Masafusa Yokota, nº 328 Jardim Camila,
Mauá-SP CEP 09361-140, Telefone (11) 98907-7431 por intermédio da Defensoria Pública
do Estado de São Paulo, dispensada de apresentar instrumento de mandato por força do artigo
128, inciso XI da Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994 e artigo 162, inciso II da
Lei Complementar nº 988, de 09 de janeiro de 2006, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento na Lei n. 11.804/2008 (“Lei de Alimentos Gravídicos”), propor a
presente

AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS

em face de VINICIUS LUZ DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, autônomo, residente e


domiciliado(a) na R. da Pátria, 605 - Vila Magini, Mauá - SP, 09390-400, pelas razões de fato e
de direito abaixo aduzidas.

Rua General Osório, 412, Vila Bocaina, Mauá/SP. Telefone: (11) 4513-1697

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DOS FATOS

A autora manteve relacionamento amoroso com o réu por


aproximadamente 9 (nove) meses. O relacionamento era público e notório. Seguem fotos,
publicações de rede social e mensagens comprovando o relacionamento. Vale repisar que a
Autora chegou a residir por um tempo com o Réu, na casa de seus pais.

Nesse período, houve a concepção da filha da autora, que está,


atualmente, gestante de 5 (cinco) meses.

Importante registrar que, durante todo o período de união estável, a


autora não se relacionou com qualquer outro homem, motivo pelo qual tem a convicção de que
é o requerido pai biológico do nascituro.

É sabido que na fixação do dever alimentar deve-se levar em conta o


binômio necessidade – possibilidade. O réu, desde então, nunca ajudou a autora com nenhuma
despesa.

Neste ponto, vale dizer que a autora necessita da ajuda do réu, visto
que necessita de rendimentos para prover com sua própria subsistência. A genitora necessita
arcar com medicamentos, exames médicos, enxoval do bebê e despesas como aluguel do imóvel
em que reside.

Ante a premente necessidade da autora, resta evidenciado que a


demora na prestação jurisdicional poderá lhe ocasionar dano de difícil ou impossível
reparação.

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Por outro lado, o requerido possui condições físicas e financeiras de
arcar com as despesas do nascituro, visto que goza de boa saúde e trabalha de forma autônoma
como sócio nos estabelecimentos dos seus pais, um bar e uma quitanda.

DO DIREITO

Doutrina e jurisprudência sempre discutiram a possibilidade de


fixação de alimentos antes do nascimento, em favor da gestante, para garantia de uma gravidez
sadia e, consequentemente, da vinda ao mundo de um bebê saudável.

Com o objetivo de superar a resistência em deferir alimentos que não


estavam claramente expressos na legislação pátria (mas implícitos no ordenamento jurídico,
por uma interpretação sistemática dos artigos 5º, 227 e 229 da Constituição da República e
artigo 2º do CC e artigo 8º do ECA), foi editada a Lei n. 11.804, de 05 de novembro de 2008, a
qual disciplina o direito a alimentos para a mulher grávida (os chamados alimentos
“gravídicos”).

Conforme a redação da lei, bastam indícios de paternidade para que,


desde logo, o Juiz fixe alimentos que perdurarão até o nascimento da criança, observando-se o
binômio necessidade-possibilidade. E a fixação deverá ocorrer de forma célere, uma vez
que a morosidade poderá acarretar consequências irreversíveis para a gestante e o
bebê.

A redação da lei é simples, mas permeada de dois significados


preciosos. Por um lado, permite a concretização do direito à vida digna e ao desenvolvimento
saudável para o bebê que em breve virá ao mundo; por outro, procura diminuir a
irresponsabilidade paterna.

Sobre a nova lei, ressalta Maria Berenice Dias, em seu texto “Alimentos
para a vida”:

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“A lei tem outro mérito. Dá efetividade a um princípio que, em face do
novo formato das famílias, tem gerado mudanças comportamentais e
reclama maior participação de ambos os pais na vida dos filhos. A
chamada paternidade responsável ensejou, por exemplo, a adoção da
guarda compartilhada como a forma preferente de exercício do poder
familiar. De outro lado, a maior conscientização da importância dos
papéis parentais para o sadio desenvolvimento da prole permite
visualizar a ocorrência de dano afetivo quando um dos genitores deixa
de cumprir o dever de convívio. Claro que leis não despertam a
consciência do dever, mas geram responsabilidades, o que é um bom
começo para quem nasce. Mesmo sendo fruto de uma relação desfeita,
ainda assim o filho terá a certeza de que foi amparado por seus pais
desde que foi concebido, o que já é uma garantia de respeito à sua
dignidade.”

Há que se ressaltar que as necessidades da gestante e do nascituro não


podem ser “separadas”, por razões biológicas, e são presumidas, notadamente porque a Autora
não tem recursos suficientes para arcar sozinha com sua alimentação, garantir sua moradia,
arcar com os gastos de consultas médicas e exames para um pré-natal adequado, vestuário de
roupas específicas para grávidas, sapatos maiores em virtude do inchaço nos pés, etc.

Portanto, não há que se falar em exigência de comprovação de gastos


específicos com a gestação, de efetivos dispêndios que a gestante teve ou está tendo com sua
gravidez. Caso contrário, a lei perderá aplicabilidade, principalmente para as pessoas mais
humildes, cujas necessidades são quase sempre relacionadas ao básico à sobrevivência, com
sérias dificuldades para a produção da prova documental nesse sentido.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

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Na forma do art. 300, do Código de Processo Civil, estão preenchidos
os requisitos para o deferimento da tutela de urgência.

Com relação aos alimentos, a probabilidade do direito (fumus boni


iuris) resta demonstrada com a certidão de nascimento anexa e o dever dos pais de sustento.
Já o perigo de dano (periculum in mora), resta evidenciado uma vez que a demora na prestação
jurisdicional poderá lhe ocasionar dano de difícil, ou impossível reparação, já que as crianças
ficarão privadas do atendimento satisfatório de suas necessidades básicas.

Assim, requer a fixação de alimentos provisórios (i) no caso de


trabalho com vínculo empregatício, em valor correspondente a 1/3 (um terço) dos
rendimentos líquidos, incidindo sobre férias, 13º salário, PLR, bonificações, valores referentes
à rescisão do contrato de trabalho, com exceção para os valores do FGTS, bem como a sua
respectiva multa; e (ii) na hipótese de desemprego, trabalho autônomo, ou sem vínculo
empregatício, em 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo vigente à época do
pagamento. Em qualquer hipótese, o pagamento deverá ser feito mediante depósito em conta
bancária da Representante legal - ANNA BEATRIZ CAMPOI CARDOSO, Banco: Itaú, Agência:
0243; Conta n.º: 51466-8, até o dia 10 (dez) de cada mês.

DOS PEDIDOS

Destarte, requer de Vossa Excelência, ouvido o Ministério Público, com


fundamento nos artigos 227 e 229 da Constituição da República, artigos 1694/1710 do Código
Civil, Lei n. 5.478/68 e Lei n. 11.804/08, COM URGÊNCIA:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, vez que se declara


pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração anexa;

b) A intervenção do Ministério Público, nos termos do artigo 178,


II, do Código de Processo Civil;

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c) sejam fixados ALIMENTOS GRAVÍDICIOS PROVISÓRIOS na
forma acima exposta;

d) Caso Vossa Excelência julgue necessário, que seja designada


audiência de justificação para oitiva das testemunhas a serem
arroladas acerca do relacionamento do casal, COM URGÊNCIA;

e) Que seja citado o Réu, facultando-se ao Sr. Oficial de Justiça os


benefícios do artigo 172, § 2º, do CPC, para que apresente defesa
em cinco dias (artigo 7º da Lei n.11.804/08), sob pena de se
sujeitar aos efeitos da revelia;

f) A condenação do Réu ao pagamento de pensão alimentícia à


Autora (i) no caso de trabalho com vínculo empregatício, em
valor correspondente a 1/3 (um terço) dos rendimentos
líquidos, incidindo sobre férias, 13º salário, PLR, bonificações,
valores referentes à rescisão do contrato de trabalho, com
exceção para os valores do FGTS, bem como a sua respectiva
multa; e (ii) na hipótese de desemprego, trabalho autônomo,
ou sem vínculo empregatício, em 50% (cinquenta por cento)
do salário mínimo vigente à época do pagamento, até o dia 10
(dez) de cada mês. Após o nascimento, os alimentos serão
convertidos em alimentos para a criança, e, se for o caso,
prosseguirá o presente feito como Ação de Investigação de
Paternidade cumulada com Alimentos, expedindo-se o
competente ofício para designação de data para realização de
perícia hematológica pelo método DNA, nos termos do artigo 6º,
parágrafo único da Lei n.11.804/08;

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g) a expedição de ofício ao INSS para que informe se o réu está
trabalhando com vínculo empregatício e em qual empresa;

h) que a parte assistida pela Defensoria Pública seja intimada


pessoalmente de todos os atos do processo, que depender
de providência, ou informação, que somente por ela possa
ser realizada, ou prestada, nos termos do art. 186, § 2º do
CPC;

i) que, acaso seja arrolada testemunha, seja intimada


pessoalmente, nos termos do art. 455, §4, inciso IV do CPC;

j) a condenação do Réu ao pagamento das verbas de sucumbência,


que serão destinadas ao FUNDEPE - Fundo Especial de Despesa
da Escola da Defensoria Pública do Estado (LCF nº 80/94, artigo
4º, inciso XXI e Lei Estadual nº 12.793/08);

k) a observância das prerrogativas de contagem dos prazos em


dobro e intimação pessoal de todos os atos do processo,
consoante determina o artigo 128, incisos I e VII da Lei
Complementar 80, de 12 de janeiro de 1994.

Provará o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


notadamente pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícia médica e depoimento
pessoal do requerido.

Atribui-se à causa o valor de R$ 8.472,00 (Oito mil quatrocentos e


setenta e dois reais).

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Nestes termos, pede deferimento.

Mauá, 5 de abril de 2024

Diego Miguel Ferreira Cardoso


Defensor Coordenador do Atendimento

ANNA BEATRIZ CAMPOI CARDOSO

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