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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA - UNISUAM

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA

CURSO: DIREITO

DISCIPLINA: PRÁTICA FORENSE I

PROFESSOR: CAIO SILVA DE SOUSA

NOME DOS ALUNOS:

FABRÍCIO SILVA MAIA - 20101061


GABRIEL FELIPE DA SILVA MENDONÇA - 17100544

JOÃO VICTOR DA SILVA DE ALENCAR - 22108163

PABLO DA SILVA SOUZA - 19103688

VANESSA DE OLIVEIRA CAMILO DA SILVA - 20103521

VIVIAN CESPEDES DE PAIVA- 17103000

DATA DE ENTREGA: 26/05/2023


CASO 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____


VARA DE FAMÍLIA REGIONAL DE CAMPO GRANDE – COMARCA
DA CAPITAL/RJ

ANA MARIA, menor absolutamente incapaz, representada por sua mãe RITA,
nacionalidade, estado civil, desempregada, portadora da carteira de identidade sob o nº.
xx.xxx.xxx-x, inscrita no CPF sob o nº. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada em
xxxxxxxx, Campo Grande, Rio de Janeiro-RJ, CEP: xxxxx-xxx, e-mail, através de sua
advogada devidamente constituída mediante procuração em anexo vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com supedâneo da Lei nº 11.804/2008, na Lei 5.478/68, na
Lei 10.406/02 e no Código de Processo Civil propor a presente
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C ALIMENTOS C/C
TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Em face de JORGE, nacionalidade, estado civil, autônomo, portador da carteira de


identidade sob o nº. xx.xxx.xxx-x, inscrito no CPF sob o nº. xxx.xxx.xxx-xx, residente e
domiciliada em xxxxxxxx, Campo Grande, Rio de Janeiro-RJ, CEP: xxxxx-xxx, e-mail, por
força dos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

1. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, afirma que a autora, sob responsabilidade de sua genitora, não dispõe de
condições financeiras para arcar com a taxa judiciária, as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, motivo pelo qual
requer a concessão de gratuidade de justiça, na forma com fundamento no art. 98 e seguintes
do Código de Processo Civil c/c art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal. Nesse sentido,
junta-se declaração de hipossuficiência.

2. DOS FATOS

A representante legal da requerente e o requerido tiveram um relacionamento amoroso


da qual adveio o nascimento da menor no ano de 2019.

Ocorre que a pedido da representante legal e de forma voluntária realizou


extrajudicialmente o exame de DNA (em anexo), onde fora atestado que o requerido é pai
biológico da requerente, todavia, não procedeu com o reconhecimento da paternidade da
criança.

De mesmo modo, destaca-se que a representante legal da menor não possui condições
de prover o sustento da menor sozinha. O requerido, por outro lado, tem obrigação legal de
contribuir para a mantença da filha, sendo assim, não restou outra opção que não propor a
presente.

3. DOS FUNDAMENTOS
3.1. DO DIREITO AO RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE

Nos termos do artigo 1607 do Código Civil:

“Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser


reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente.”

Conforme preceitua o artigo 1609 do mesmo diploma legal, o reconhecimento dos


filhos havidos fora do casamento é irrevogável e poderá ocorrer: no registro do nascimento;
por escritura pública ou escrito particular, devendo ser arquivado em cartório; por testamento,
ainda que incidentalmente manifestado; por manifestação direta e expressa perante o juiz,
ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

Ainda, o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90) expressa em seus artigos


26 e 27 a extensão ao direito de personalidade, in verbis:

“Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser


reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
origem da filiação.”

“Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito


personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
restrição, observado o segredo de justiça.”

No que tange à prova da paternidade, merece destaque a norma do artigo 1605 do


Código Civil, segundo o qual “na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se
a filiação por qualquer modo admissível em direito: I – quando houver começo de prova por
escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; II – quando existirem veementes
presunções resultantes de fatos já certos”.
Ademais, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça posiciona-se na Súmula nº. 301, que
a recusa injustificada à realização do exame de DNA contribui para a presunção de
veracidade das alegações da inicial quanto à paternidade.

Ora, se o requerido já se prontificou a fazer o exame de paternidade, dando o


resultado positivo pela probabilidade de 99% (noventa e nove por cento) de ser ele o pai
biológico, resta então que ele faça o reconhecimento no registro da criança, como é de direito
da menor. Nascendo para a requerente o direito ao registro, pelo conhecimento da
ascendência genética, que é direito de personalidade.

Neste diapasão, há prova do direito da requerente, sendo o laudo favorável à sua


pretensão, contribuindo para a presunção de veracidade das alegações da inicial. E, sendo a
menor filha do requerido, requer-se o reconhecimento da paternidade, bem como a averbação
do registro da menor quanto a filiação paterna nos assentos do Cartório de Registro Civil.

3.2. DOS ALIMENTOS

Consigna-se, outrossim, que a demanda encontra supedâneo na própria Constituição


Federal, Art. 229, que dispõe sobre o dever alimentar dos pais, assim como no Código Civil,
em seu Art. 1.694. Vejamos respectivamente:

Art. 229, CF:


Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 1.694, CC:


Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns
aos outros os alimentos de que necessitem para viver de
modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.

Logo, o que se põe a crivo deste d. Juízo trata-se de um direito mínimo a substância
das crianças, portanto, direito à vida, que estão sob a guarda materna, medida que desvela a
extrema necessidade deste Juízo designar, de pronto, os alimentos provisórios, conforme
dicção do Art. 4º da Lei 5.478/68 e do Art. 1.706 do Código Civil, que dizem: 

Art. 4º, Lei nº 5.478/68:


As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita.

Art. 1.706, CC:


Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos
da lei processual.

Outro ponto que merece destaque é que o critério para se fixar o montante devido a
título de pensão alimentícia é a conjugação proporcional e razoável da possibilidade
econômica do requerido e da necessidade do requerente.

Atento a isto, o pleito que se leva ao Juízo requer a fixação imediata de prestação
alimentícia, observado a proporcionalidade entre a necessidade alimentícia dos representados
e a possibilidade do alimentando.

Frise-se, em boa hora, que os alimentos – em que pese o nome possa induzir a ser –
não abarcam unicamente a necessidade de comer, mas toda manutenção básica do indivíduo,
tais como as vestimentas, saúde, lazer, educação, etc.

Desta feita, ressalta-se que a representante legal da requerente desconhece as despesas


fixas do requerido e não sabe precisar o valor correto de sua remuneração, haja vista ter
conhecimento de que o mesmo labora de forma autônoma e informalmente, estimando-se que
seus ganhos mensais são da ordem de R$2.680,00 (dois mil e seiscentos e oitenta reais).
Portanto, pode contribuir para o sustento da requerente, sem prejuízo do seu próprio.

Mediante os fatos alegados, a requerente deseja que os alimentos sejam fixados no


valor correspondente a 30% de seus ganhos líquidos, a ser depositado em conta corrente até o
dia 05 subsequente ao mês vencido.

4. DA TUTELA DE URGÊNCIA
O art. 300 do CPC estabelece que a tutela de urgência seja concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo. Todos os requisitos estão presentes, senão vejamos.

A probabilidade do direito que evidencia a verossimilhança da alegação de que o


requerido é responsável por prover alimentos a filha, pode ser inferida pelo exame de DNA
anexada, bem como pelas obrigações constitucionais e legais acima apontadas.

Por outro lado, é manifesto o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, eis
que, conforme já informado, a genitora não é capaz de arcar sozinha com os custos da criação
da requerente, sendo necessário o auxílio do requerido para garantir o sustento e bem estar da
menor.

Desse modo, faz-se necessário que desde já seja fixado os alimentos provisórios a
parte requerente, visando o seu sustento e seu desenvolvimento.

5. DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil;


b) A citação do requerido para que, querendo, conteste a presente ação no momento
processual oportuno, sob pena de revelia e confissão;
c) A intimação do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito como
fiscal da lei, nos termos do art. 698 do CPC;
d) A declaração de paternidade decorrente do vínculo biológico entre a requerente e o
requerido;
e) A condenação do requerido, na obrigação de fazer, determinando a averbação no
Registro de Nascimento da requerente, oficiando o Cartório de Registro Civil para que
possa constar a filiação paterna nos assentos de registro da menor;
f) A concessão de tutela de urgência, com fulcro no art. 300 do CPC, para o fim de fixar os
alimentos provisórios equivalente a 30% do ganho mensal líquido do requerido, a ser
depositado na conta da representante legal, até o dia 05 subsequente ao mês vencido;
g) A total procedência da demanda, para fins de declarar o reconhecimento da paternidade e
fixação de alimentos, no equivalente a 30% do ganho mensal do requerido.
h) Em homenagem ao princípio da razoável duração do processo, a requerente opta pela
não realização da audiência de mediação e conciliação;
i) A condenação do requerido ao pagamento das verbas de sucumbência, isto é, honorários
advocatícios, estes na base de 20% do valor da condenação.
j) Protesta provar o alegado através de todos os recursos probatórios admitidos em direito,
em especial, prova documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do requerido,
sob pena de confesso.

Dá-se à presente o valor de R$ 9.648,00.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local e data.

ADVOGADO
OAB/UF

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