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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ....

VARA DA COMARCA DE OLIVEIRA/MG


, brasileira, menor impú bere, inscrita no CPF n.º , residente e domiciliada na CEP , endereço
de e-mail inexistente, neste ato representada por sua genitora , brasileira, solteira,
turismó loga, inscrita no CPF nº e portadora do RG , residente e domiciliada na CEP , vêm,
por seus advogados infra-assinados, , brasileira, casada, inscrita na , CPF e no RG ; ,
brasileiro, solteiro, inscrito na , CPF e no RG , ambos com escritó rio profissional à CEP ,
adiante assinados, consoante instrumento particular de mandato anexo, mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃ O DE ALIMENTOS, GUARDA E REGULAMENTAÇÃ O DE
VISITAS C/C ALIMENTOS PROVISÓ RIOS
com fundamento na Lei 5.478/68, nos artigos 227, § 6º da Constituiçã o Federal, art. 1.606 e
1.583 do Có digo Civil, art. 19 da Lei 8.069/90 e art. 294 e seguintes do novo Có digo de
Processo Civil, em face de
, brasileiro, solteiro, gestor de marketing , inscrito CPF n.º , com endereço na nº
130, Bairro Messejana, Fortaleza/CE, CEP , endereço de e-mail ignorado, pelos fatos a
seguir expostos:
I - PRELIMINARMENTE
1 - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, afirma a autora nã o possuir condiçõ es para arcar com as custas processuais e
honorá rios advocatícios sem prejuízo de seu pró prio sustento e de sua família, razã o pela
qual faz jus à Gratuidade de Justiça, nos termos da Lei no 1.060/50, com a nova redaçã o
introduzida pela Lei nº 7.510/86, apresentando a necessá ria declaraçã o de hipossuficiência
de renda, sendo inclusive menor de idade.
2 - DA AUDIÊ NCIA PRELIMINAR DE
CONCILIAÇÃ O
Preenchido os requisitos da exordial, caso entenda conveniente ao procedimento, que seja
designada audiência prévia de conciliaçã o no termos do artigo 319 do Có digo de Processo
Civil de 2015, virtualmente, tendo em vista determinaçã o do Eg. TJMG em virtude da
pandemia de coronavírus.
II - DOS FATOS
Conforme faz prova a certidã o de nascimento em anexo, a requerente é filha inconteste do
requerido.
Quando do nascimento da menor, os pais viviam juntos e cuidavam da mesma
conjuntamente.
A genitora sempre trabalhou fora com vistas a promover o sustento do lar e o genitor, por
sua vez, nem sempre teve emprego formal.
Mesmo apó s o término do relacionamento em 03 de janeiro de 2018, a menor continuou a
residir com a mã e, frequentando creche e em alguns momentos ficando na residência da
avó paterna, já que residiam em
Fortaleza/CE e a genitora nã o possui qualquer parente naquela localidade.
Ocorre que com o agravamento da crise financeira, a genitora nã o mais teve condiçõ es de
viver fora de sua cidade, Oliveira/MG, vez que trabalha no setor turístico sendo este um
setor afetado de maneira substancial pela pandemia de coronavírus (Covid-19), local onde
foi criada desde a primeira infâ ncia, onde possui diversos parentes e onde está localizada a
casa dos avó s maternos, que também é o local onde encontra-se residindo atualmente.
Importante frisar que por vá rios anos a menor viveu com sua mã e na cidade natal do
genitor, mesmo sem ter um relacionamento com o mesmo a fim de permitir o contato, de
maneira intensa, com a família paterna. Entretanto nã o mais foi possível viver em local tã o
distante sem o apoio de familiares e até mesmo sem emprego formal, destacando-se que o
genitor jamais pagou pensã o alimentícia à filha, mesmo sendo testemunha de diversas
dificuldades enfrentadas.
Desde o término do relacionamento a menor está sob a guarda de sua genitora, que possui
guarda unilateral de fato. A requerente nã o se opõ e à s visitaçõ es desde que seja
regulamentadas.
Diante dos fatos expostos, surgiu a necessidade de se ingressar com a presente demanda
para regularizar a guarda definitiva da menor, bem como regulamentar as visitas do
genitor e fixar um valor mensal a título de pensã o alimentícia em favor da menor.
III - DO DIREITO
III. 1 - Alimentos
A criança e o adolescente sã o resguardados em todos os â mbitos nã o se podendo privá -las
dos direitos inerentes à pessoa humana como preveem os artigos 227 e 229 da
Constituiçã o Federal/1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente também traz sua proteçã o aos menores em seus
artigos 3º e 22:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais .
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar
de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.

Os menores ainda sã o amparados pelo Có digo Civil que menciona que mesmo com a
dissoluçã o do vínculo conjugal, os direitos e deveres dos pais com relaçã o aos filhos, nã o
serã o modificados, conforme dispõ em os artigos 1579, 1634, I e II, 1690, 1695 e 1696.
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder
familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
I - dirigir-lhes a criação e a educação;
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de
dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados.
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus bens; havendo
divergência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo
seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário
ao seu sustento.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos
e deveres previstos neste artigo.
Art. 1696. O direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

A doutrina ensina que:


"Duas são as hipóteses de alimentos devidos pelos pais em relação aos filhos. A primeira é oriunda do poder
familiar, que perdura até os 18 anos; a outra é oriunda do parentesco, de vínculo vitalício, durante a maioridade do
filho, cuja necessidade de alimentos deve ser comprovada. (LÔBO, Paulo. Direito Civil - Famílias. p. 354.)
A obrigação de alimentar em razão do poder familiar é, portanto, temporária, permanecendo até o filho completar
18 anos ou emancipar, sendo presumida a necessidade pela própria lei, cabendo ao pai comprovar que o filho não
possui necessidade e pode prover seu próprio sustento com trabalho ou rendimento suficientes. (CARVALHO,
Dimas Messias de. Direito das Famílias. p.654.)

A jurisprudência traz:
EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE ALIMENTOS - APELAÇÃO CÍVEL - FILHO MENOR - FIXAÇÃO - BINÔMIO
POSSIBILIDADE/NECESSIDADE - EFEITOS DA REVELIA - PROVA. Os alimentos devidos pelos pais aos filhos menores
decorrem dos deveres inerentes ao poder familiar. Sua fixação deve se dar na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada (binômio possibilidade/necessidade). Diante da total ausência de
elementos que permitam ao juiz aferir a verossimilhança das afirmações da autora, não deve ser aplicada a pena
da revelia pura e simplesmente, pois o magistrado há de buscar, na medida do possível, a verdade real, e não a
verdade processual, para que alcance, de forma mais substancial, a justiça no caso concreto. (TJMG - Apelação
Cível 1.0027./001, Relator (a): Des.(a) Dárcio Lopardi Mendes, 4a CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/08/0015,
publicação da sumula em 12/ 08/ 2015)
EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE ALIMENTOS - APELAÇÃO CÍVEL - ALIMENTOS - FILHO - FIXAÇÃO -
BINÔMIO POSSIBILIDADE/NECESSIDADE. Os alimentos devidos pelos pais aos filhos decorrem dos deveres
inerentes ao poder familiar. Sua fixação deve se dar na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos
da pessoa obrigada (binômio possibilidade/necessidade). (TJMG - Apelação Cível 1.0701./001, Relator (a): Des.(a)
Dárcio Lopardi Mendes, 4a CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/07/2015, publicação da sumula em 30/ 07/ 2015)

Portanto, considerando que a contribuiçã o devida pelo pai deve ser proporcional as
necessidades da filha, o importe a ser fixado deverá ser o correspondente a 100% (cem por
cento) do salá rio mínimo vigente à época do pagamento, uma vez que no binô mio
possibilidade x necessidade, a realidade do pai que reside em uma capital é superior à da
filha que reside no interior. Ademais, a filha conta hoje com 5 (cinco) anos de idade e
obviamente as despesas com educaçã o, saú de, alimentaçã o etc sã o maiores que no passado,
isso considerando que a mã e colabora com sua quota-parte e até mesmo tudo que excede.

III. 2 - DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS


A Lei 5.478/68 que dispõ e sobre a Açã o de Alimentos traz em seu texto defesa para o
pedido de alimentos provisó rios visto que, há provas contundentes de parentesco entre a
menor e o requerido. Tal açã o tem como objetivo promover o sustento da filha na
pendência da lide. Pode- se ver pelo art. 4º, caput e art. 13, § 3º:
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se
o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Art. 13, § 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final, inclusive o julgamento do recurso
extraordinário.

Resta translú cida a necessidade de fixaçã o de tal provisã o legal, face à dificuldade
financeira enfrentada pela genitora da menor.
Como cediço, a fixaçã o de alimentos provisó rios exige observâ ncia ao binô mio:
possibilidade do alimentante e necessidade do alimentando, evoluindo, hodiernamente,
doutrina e jurisprudência para se adotar o trinô mio" proporcionalidade-possibilidade-
necessidade ".
A jurisprudência ainda traz a defesa dos menores na fixaçã o de alimentos provisó rios:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA - ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS -
BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Na fixação de pensão alimentícia,
deve ser observado o binômio necessidade e capacidade, de modo que não se fixe um valor aquém das
necessidades do alimentando nem além da capacidade do alimentante. 2. Entende-se que ônus do sustento dos
filhos compete a ambos os genitores, devendo a mantença dos filhos ser dividida de forma que cada um contribua
na medida da própria disponibilidade financeira. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0105./001, Relator (a): Des.
(a) Hilda Teixeira da Costa, 2a CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/02/2016, publicação da sumula em 15/ 02/ 2016)

Tendo em vista as peculiaridades do caso concreto, requer a requerente que seja o


requerido obrigado a pagar,"in limine", uma pensã o alimentícia provisó ria no importe de
70% (setenta por cento) do salá rio mínimo, assim como determina o Art. 4º c/c Art. 13, §
2º, ambos da Lei nº 5.478, de 25.07.1968.
III. 3 - GUARDA
O instituto da guarda foi criado com o objetivo de proteger o menor, salvaguardando seus
interesses em relaçã o aos pais que disputam o direito de acompanhar de forma mais
efetiva e pró xima seu desenvolvimento, ou mesmo no caso de nã o haver interessados em
desempenhar esse munus.
Visto que os pais já nã o convivem juntos, fica necessá rio definir a guarda da filha menor.
A representante legal já exerce a guarda unilateral de fato, almejando que desta forma
assim permaneça, já que o genitor reside em outro Estado e ficaria inviá vel a guarda ser
exercida por ambos.
A doutrina, com em seu livro" Direito das Famílias ", 3 Ed., Lavras: Unilavras, 2014, p.457,
explica a guarda unilateral.
" A guarda unilateral será atribuída, portanto, ao genitor saúde, a segurança e a melhor educação do menor,
cabendo ao outro supervisionar o exercício nos interesses dos filhos (art. 1.583 §§ 2º e 3º, CC)."

Assim, como a genitora já exerce a guarda de fato da filha, possuindo melhores condiçõ es
de exercê-la, requer seja deferida a guarda unilateral, como forma de resguardar o melhor
interesse da filha.
Considerando o fato de o genitor residir em Fortaleza/CE e a genitora com a filha em
Oliveira/MG, se torna inviá vel a concessã o de guarda compartilhada, uma vez que se tratam
de realidades totalmente diferentes e a distâ ncia aproximada de 2500 (dois mil e
quinhentos) quilô metros, além do que, a menor pode perder sua referência de" casa ", a
alternâ ncia de escolas pode afetar o rendimento dentre inú meras outras questõ es.
Assim sendo, considerando que a mã e é pessoa idô nea, educa a filha com zelo e dedicaçã o,
reside em sua cidade onde está toda a família materna e ainda que a guarda de fato é
exercida pela mã e, necessá rio que a guarda unilateral continue a ser exercida pela genitora.

III. 4 - REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS


Os pais dos menores nã o convivem mais juntos e como a mã e já exerce a guarda unilateral
de fato e deseja que assim permaneça, faz-se necessá rio que o demandado tenha contato
com a filha regularmente. É o que diz o"caput"do artigo 1.589 do Có digo Civil.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação.

Desse modo, requer que seja regulamentado direito de visitas do pai. Tendo em vista a
grande distâ ncia entre as cidades, é necessá rio estipular quais as datas mais viá veis para
que ocorram as visitas, frisando-se que as visitas virtuais poderã o ocorrer diariamente
tanto pelo genitor quanto pela família paterna, nã o havendo qualquer inconveniente para
tanto, devendo ser definido apenas qual o melhor horá rio para ambos.
V - DOS PEDIDOS
1) O arbitramento de alimentos provisó rios, em , equivalente a 70% do salá rio mínimo, a
ser depositada na
conta da genitora, até que seja expedido competente ofício para abertura de conta
destinada para este fim;
2) Que seja conferida à mã e a guarda provisó ria com a finalidade de regularizar a guarda de
fato que já é exercida pela mesma, uma vez que o genitor tem causado transtornos quanto a
esta questã o;
3) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita por ser hipossuficiente na acepçã o
jurídica da palavra, nã o podendo arcar com as despesas processuais sem privar-se do seu
pró prio sustento e de sua família;
4) A citaçã o do réu para comparecer à audiência de mediaçã o e conciliaçã o, observado o
disposto no art. 694 NCPC, bem como o disposto no art. 695 do NCPC;
5) Em nã o havendo acordo, deverá o Requerido contestar a açã o dentro do prazo legal sob
pena de sujeitar-se a revelia e seus efeitos e ao final, requer a procedência da presente
açã o, condenando-se o requerido na prestaçã o de alimentos definitivos, na proporçã o de
100% de salá rio mínimo vigente à época do pagamento;
6) Seja deferida a guarda definitiva unilateral da menor à genitora e regulamentado o
direito de visitas a serem definidas para genitor, nã o havendo desde já qualquer objeçã o
quanto à s visitas virtuais;
7) Ao fim da demanda, que seja arbitrado em 100% (cem por cento) do salá rio mínimo
vigente à época do pagamento, a título de alimentos a serem pagos à filha;
8) Que seja expedido ofício para abertura de conta junto ao Banco do Brasil, com a
finalidade de receber a pensã o alimentícia;
9) Intimaçã o do Ministério Pú blico para intervir no feito, nos moldes do artigo 698, do
NCPC;
10) Seja condenado o requerido ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, em especial a
oitiva de testemunhas e o depoimento pessoal do requerido, sob pena de confesso.
Atribui-se à causa o valor de , para fins de alçada, nos moldes do art. 292, III do CPC/ 2015.
Termos em que,
Pede deferimento.
Oliveira, 22 de fevereiro de 2021.

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