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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA E

SUCESSÕES DA COMARCA DE XXX

JOAO DA SILVA PADILHA, brasileiro, solteiro, autônomo,


portador da cédula de identidade de nº XXX, e do CPF de nº
XXX, sem endereço eletrônico, com nº de telefone para
contato: XXX, residente e domiciliado na Rua XXX, por meio
da Defensoria Pública, vem respeitosamente à presença de
vossa excelência, propor a

AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA C/C COM


EXONERAÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA PEDIDO
DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA COM
PEDIDO LIMINAR

em face de MARIA APARECIDA NUNES, brasileira,


casada, do lar, portadora da cédula de identidade de nº XXX, e
do CPF de nº XXX, residente e domiciliada na Rua XXX,
endereço eletrônico desconhecido, e em face de
XXX, brasileira, estudante, impúbere, residente e domiciliada
na Rua XXX, representada por sua genitora XXX, já
devidamente qualificada, pelos fatos e fundamentos a seguir:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Requer os benefícios da Justiça Gratuita por ser pobre na


forma da lei, não podendo, portanto, arcar com as custas e
demais despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento
e de sua família, com fulcro no artigo 98 e 99 do CPC/2015,
consoante com o artigo 5º, LXXIV, da Constituição
Federal/88.
DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSÓRIA PÚBLICA
Por oportuno, é válido esclarecer que, por se tratar de parte
representada judicialmente pela Defensoria Pública Geral do
Estado, possui as prerrogativas do prazo em dobro e da
intimação pessoal do Defensor Público afeto a presente Vara,
consoante inteligência do art. 5º, caput, da Lei Complementar
Estadual nº 06, de 28 de maio de 1997.

O parágrafo único do supramencionado dispositivo legal,


completa o mandamento acima esposado, ao dispor que a
atuação da Defensoria Pública dar-se-á em juízo
independentemente de procuração, ressalvados os casos para
os quais a lei exija poderes especiais.

PRELIMINAR DE NÃO INDEFERIMENTO

Tratando-se o autor de indivíduo economicamente


hipossuficiente e juridicamente vulnerável, não possui
endereço eletrônico, nos termos do art. 319, II do CPC. Não
obstante, de acordo com o disposto nos § 2º e 3º do
art. 319 do CPC, tais informações não podem ensejar a
emenda, tampouco o indeferimento da inicial, sob pena de se
restar configurado intransponível óbice ao acesso à justiça.

DA REALIZAÇÃO PRÉVIA DE AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO

Com fulcro na sistemática do CPC, que preza pela celeridade


processual e dá enfoque nas resoluções dos conflitos pela via
autocompostiva, a parte autora requer seja designada a
realização prévia de conciliação com fundamento no
artigo 319, VII, do CPC, in verbis: “A petição inicial indicará:
(...) VII - a opção do autor pela realização ou não de
audiência de conciliação ou de mediação”.

DOS FATOS

O requerente é pai de XXX, infante que é fruto de um


relacionamento amoroso entre o autor e a requerida XXX.
No dia 08 de dezembro de 2016, no núcleo de práticas jurídicas
XXX, o autor firmou acordo de homologação de alimentos
c/c guarda e visitas, de nº de processo: XXX com a ré,
neste ficou estabelecido que a guarda da criança
fosse unilateral, em favor da genitora, e o genitor
exerceria o seu direito de visitas de forma livre, pagaria
a título de alimentos a importância de 22,72% (vinte e dois
vírgula setenta e dois por cento) do salário mínimo vigente,
porcentagem que hoje corresponde a R$ 216,75 (duzentos e
dezesseis reais e setenta e cinco centavos), acordo este que já
fora devidamente homologado.
No dia 12/09/2017, por volta das 17h00min, o autor teve uma
desavença com a ré, fato que ensejou a requerida a ofender o
requerente de forma esdruxula, verbalizando palavras de baixo
calão. Entretanto, ainda para ofender o genitor, a demandada
está usando a criança como um instrumento de represália, pois
está impossibilitando o genitor de exercer seus direitos de
visitas, e está se negando a informar qualquer
dado/acontecimento da criança ao autor.
Frisa-se que a genitora, não satisfeita com seus atos de ofensa e
desrespeito ao genitor, no dia 16/01/2018, começou a imputar
fato criminoso ao autor, afirmando que o mesmo cometeu
crime sexual contra a criança, fato este que não é verídico, o
que pode ser comprovado por meio de prova testemunhal e/ou
pericial. Ressalta-se que a genitora, ora requerida, ainda está
plantando esta ideia na cabeça da criança, fazendo criar a
imagem de que o pai não presta e é perigoso, alegações estas
que não são verdadeiras.

Por este pequeno enredo, é clara a demonstração de que a


conduta da genitora não está satisfazendo os melhores
interesses da criança. Observa-se, ainda, a privação do autor de
exercer o direito de visitas, bem como a propagação de
difamação e criação de um “monstro no psicológico da
criança”, configurando a alienação parental.

O genitor é um homem de boa índole, trabalhador, de boas


condições psicológicas e financeiras. É importante observar
que ele tem tempo para educar a criança, oferecendo todas as
ferramentas e cuidados que a criança precisa ou possa precisar,
além de ter um relacionamento muito bom com a mesma.

É importante salientar que, por diversas vezes, o autor


procurou a demandada para resolver o litígio das visitas, de
uma maneira autocompositiva, não logrando êxito. Assim,
devido a tantas frustrações, busca o provimento jurisdicional
para ter a guarda de sua filha, ressaltando que, com a mudança
da guarda, caberá ao mesmo à gestão dos gastos com a criança,
razão pela qual não mais caberá o cumprimento dos alimentos
por meio da genitora, ora requerida.

DO DIREITO

O pedido do autor é fundamentado na CRFB/88 em seus


artigos 227 e 229, donde, mais que um direito do pai poder
educar sua filha, é um dever. Como também é um direito da
criança ter um acesso à liberdade de convivência familiar, in
verbis os artigos supramencionados:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos


menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade.

A genitora XXX de acordo com os fatos citados acima vem


cometendo condutas negligentes às responsabilidades que lhe
cabem com relação aos interesses da infante XXX. Privar o
contato e informações mínimas necessárias ao requerente,
sendo direito seu garantido pelo ordenamento jurídico
brasileiro, a genitora não poupa palavras de baixo calão para
denegrir a imagem do requerente diante da filha, além de tê-lo
incriminado de conduta sexual contra a vulnerável, tais
acontecimentos com frequência trazem consequências
psicológicas a criança, influencia um mau comportamento,
essa situação caracteriza uma alienação parental, motivos estes
que levaram o requerente a solicitar com urgência a
modificação da guarda, assim como trata a lei 12.138 de 2010
(Lei que dispõe sobre alienação parental) em seu art. 2º,
parágrafo único, inciso V, in verbis:

Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência


na formação psicológica da criança ou do adolescente
promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de
vínculos com este.

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação


parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou
constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio
de terceiros:

III - Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

V - Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais


relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares,
médicas e alterações de endereço;

VI - Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra


familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a
convivência deles com a criança ou adolescente;
(grifos nossos)
É imprescindível ressaltar que o pedido do autor é corolário
com o princípio do melhor interesse da criança, pois o genitor
tem tempo e condições para educar a sua filha, além de já
terem um bom relacionamento paterno. Baseado na lei de
Alienação parental, Lei 12.318/10, em seu artigo 6º, V, afirma
diante da adequação das condutas nos termos da alienação
parental a modificação da guarda.
Observado ainda, como já decidiu o Tribunal de Justiça de
Minas de Gerais, utilizando-se da interpretação em contra
sensu:
EMENTA: FAMÍLIA. GUARDA PROVISÓRIA DE FILHO
MENOR. PRÉVIA OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
DESNECESSIDADE. MODIFICAÇÃO DA GUARDA.
IMPOSSIBILIDADE. - Em ação de guarda, é desnecessário
providenciar a oitiva prévia do Ministério Público quanto à ao
pedido de tutela de urgência. - Se o filho da autora da ação de
guarda encontra-se em companhia da mãe há
aproximadamente três meses e não existem condições
desfavoráveis à sua formação e bem estar, não é
recomendável a alteração, notadamente porque o
fator determinante é o interesse da criança.TJ-MG –
Agravo de Instrumento Cv AI 10073130008961001 MG (TJ-
MG) (grifos nossos)
Observa-se que a guarda unilateral pode ser deferida para
melhor resguardar os interesses da criança, nos termos do
art. 1.584 do Código Civil de 2002, in verbis:
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas


do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao
convívio deste com o pai e com a mãe.

Ressaltamos, ainda, que quando a guarda for alterada,


acontecerá uma mudança na obrigação alimentar, tanto em
quem a paga como em quem a recebe, senão vejamos
inteligência do art. 1.699 do CC/02, quanto à exoneração da
pensão alimentícia:

“Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na


situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe,
poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”

Acerca da exoneração de alimentos, colhe-se da jurisprudência,


conforme Agravo de Instrumento n. AI 70055777445 RS, cujo
relator é o Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, Segunda
Câmara de Direito Civil, TJ-RS de 10.10.2013:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MODIFICAÇÃO DE


GUARDA, CUMULADA COM PEDIDO DE
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS.
Na medida em que foi deferido o pedido liminar de alteração
de guarda, acolhendo a alegação de que a menor estaria sob a
guarda fática do genitor, o deferimento do pedido liminar de
exoneração de alimentos é consectário da alteração da guarda.
Isto porque, na medida em que lhe foi concedida ao pai a
guarda da filha menor, presume-se que esteja suprindo suas
necessidades de forma direta.

Tal exoneração, por evidente, subsistirá apenas enquanto a


menina permanecer sob a guarda paterna.

Pelo exposto, é essencial a concessão da guarda junto com a


exoneração da pensão alimentícia quando modificado a quem
detém a guarda unilateral.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

De acordo com o art. 300 do CPC, o autor vem pedir que seja
concedida a Tutela de Urgência em caráter liminar, pois é
evidenciado o seu direito e o risco de dano ao resultado útil do
processo.

É imprescindível que o autor possa exercer de logo o seu poder


familiar, tendo em vista o que já preconiza o art. 22 do Estatuo
da Criança e do Adolescente [2].

E caso essa mudança de guarda não aconteça, poderá causar


danos psicológicos irreparáveis a relação familiar entre o
genitor e sua filha. Ademais, essa privação de informações da
criança ao genitor caracteriza uma alienação parental, como já
dita à lei 12.138 de 2010 (Lei que dispõe sobre alienação
parental) em seu art. 2º, parágrafo único, inciso V.
“Art. 2o Considera-se ato de alienação parental…

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação


parental…

III - Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

V- Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais


relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive
escolares, médicas e alterações de endereço;

VI - Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra


familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a
convivência deles com a criança ou adolescente;”
(grifos nossos)
Desse modo, é crucial que este juízo conceda à mudança da
guarda unilateral em favor do genitor, caráter de Tutela
Provisória de urgência e, concomitante com a concessão desta,
que exonere o genitor a prestação da obrigação alimentícia,
tendo em vista que os alimentos são para a criança e, com a
alteração da guarda, o autor é quem ficará responsável por
gerir o sustento da mesma, sendo este o entendimento que
dispõe o art. 1.699 do CC/02, quanto à exoneração da pensão
alimentícia:

“Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier


mudança na situação financeira de quem os supre, ou
na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao
juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo.”,
(grifos nossos)

Analisando, ainda, os critérios lógicos, o genitor que detém a


guarda unilateral da criança tem o "custeio automático" da
filha, pois paga as despesas do dia a dia, sendo assim, quem
detém o direito de visitação fica obrigado a pagar pensão
alimentícia, mecanismo lógico, para melhor suprir as
necessidades da infante (respeitado os dispositivos legais).
Em suma, que seja deferida em caráter de urgência a alteração
da guarda em favor do genitor, e que, por consequência,
exonere este da obrigação de prestar alimentos.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

1. O deferimento da gratuidade judiciária, por ser pobre na


forma da lei, conforme declaração de hipossuficiência em
anexo, com fulcro no artigo 98 e 99 do CPC/2015, consoante
com o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal/88;

2. A concessão da Tutela Provisória de Urgência, nos


termos do art. 300 do CPC, para alteração da guarda unilateral
em favor do autor, c/c com a exoneração de alimentos;

3. A citação da demandada para, querendo, apresentar


contestação, sob as penas da lei processual vigente;
4. A intimação do representante do Ministério Público para
integrar o feito na qualidade de custus legis, vez que a
demanda envolve direitos individuais indisponíveis;
5. A designação de audiência de conciliação para, mais uma
vez, ser ofertada a possibilidade de uma resolução de conflitos
de uma maneira autocompositiva;

6. A intimação pessoal e a contagem em dobro de todos os


prazos para a Defensoria Pública, conforme previsão legal no
art. 186 do Código de Processo Civil, art. 128 Lei
Complementar nº 80/94 e art. 179 da Lei Complementar
nº 143/03;

7. Seja realizado estudo social do caso, para fins de


comprovação da alienação parental, por meio de equipe
multidisciplinar.

8. Que, ao final, seja julgada totalmente procedente a


demanda, para que, acolha em definitivo o pleiteado nos
pedidos principais e na tutela provisória de urgência
concomitante, concedendo em definitivo a guarda da criança
em favor do autor e também encerrar o dever de prestar
alimentos, em função da modificação da guarda;

9. Decidir pela condenação da ré ao pagamento dos ônus da


sucumbência, isto é, honorários advocatícios, estes na base de
20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, em especial pela juntada de documentos e
prova testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 2.601,00 (dois mil, seiscentos e um


reais)

Termos em que pede deferimento

Local/data

ROL DE TESTEMUNHAS

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