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MARIVALDO SILVA, brasileiro, divorciado, comerciá rio, inscrito no CPF sob o nº. XXX,
portador da cédula de identidade n: M-XXX, endereço eletrô nico: marivaldo@ficticio.com.br
residente e domiciliado na Rua (endereço), através de sua advogada, que abaixo subscreve,
com escritó rio estabelecido na (endereço), com o devido acatamento, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência, ajuizar a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE ALIENAÇÃO
PARENTAL c/c MODIFICAÇÃO DE GUARDA e REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS com
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA contra APARECIDA SOUZA, brasileira, divorciada,
bancá ria, residente e domiciliado na (endereço), inscrita no CPF sob o nº XXX, endereço
eletrô nico: cidinha@ficticia.com.br, o que faz em face das seguintes razõ es de fato e de
direito:
I. DO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A parte autora nã o tem condiçõ es de arcar com as despesas do processo, uma vez que sã o
insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive
o recolhimento das custas iniciais.
Destarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaraçã o de seu patrono,
sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se
encontra inserta no instrumento procurató rio acostado.
Destaca ainda, que atualmente percebe mensalmente (doc. junto) a quantia de R$2.890,00
(dois mil oitocentos e noventa reais por mês), nã o possuindo outra fonte de renda,
conforme se vê pelas suas declaraçõ es de imposto de renda realizadas junto à Receita
Federal, nos ú ltimos três anos, em anexo.
II. DOS FATOS
II.I DA ALIENAÇÃO PARENTAL COMETIDA PELA REQUERIDA
As partes desconstituíram a sua uniã o está vel há mais de 04 (quatro) anos, tendo a
Requerida a guarda unilateral dos filhos menores do casal, sendo eles Maria de Tal, com 12
(doze) anos de idade, e Lorenzo de Tal, com 5 (cinco) anos de idade, conforme se comprova
pelas có pias das certidõ es de nascimento em anexo.
Desde a separaçã o do casal, a genitora vem prejudicando sistematicamente a relaçã o entre
o genitor e seus filhos, utilizando-se ainda de meios ardis para evitar o contato entre eles,
principalmente com relaçã o ao filho mais novo, desconsiderando a sua pouca e tenra idade
e a necessidade de contato dos filhos com o pai, fato importantíssimo nessa fase.
Observa-se pela gravaçã o realizada pelo demandante, mídia em anexo, que o filho mais
novo confessa que a sua genitora vem proibindo a visitaçã o e o contato com o pai.
Por conseguinte, o demandante junta o “print” das mensagens de texto trocadas entre as
partes onde se vê claramente a parte passiva mencionar que proibiu o contato entre o pai e
os filhos por causa da namorada atual do demandante.
Tais fatos sã o atestados e comprovados por meio de ata notarial, em anexo, nos termos do
artigo 384 do Có digo de Processo Civil.
Também, a demandada vem sistematicamente prejudicando a relaçã o entre o demandante
e a filha mais velha do casal. A menor, desde a separaçã o do casal, tem nutrido um certo
ó dio e má goa para com o pai e por algumas vezes chegou a lhe dizer diretamente que a sua
mã e havia lhe dito que esse havia abandonado a família para viver com uma “vagabunda”.
De certa forma é até mesmo compreensível atitudes de revolta dos filhos em retaliaçã o a
separaçã o dos pais, principalmente nessa idade, mas, no caso, tais fatos ocorriam por
incentivo da mã e, conforme se comprovam através dos documentos em anexo, e também
pelas provas que serã o apresentadas a posteriori por ocasiã o da fase probató ria.
A genitora mantem total controle sob os filhos, fazendo com que esses realizem todas as
suas vontades, principalmente se tiverem com o objetivo de atacar e prejudicar o autor.
Isso restou comprovado nos autos da açã o de dissoluçã o de uniã o está vel, processo
tombado sob o nº: XXX, em trâ mite por essa serventia, onde foi realizado um laudo social
(doc. junto), em que a assistente social, apó s ouvir as partes e os seus filhos, percebeu que
“as crianças respondiam as perguntas que lhes foram feitas com as mesmas palavras,
demonstrando estarem preparadas pela genitora”.
Insta salientar que os menores possuem pouca idade, principalmente o pequeno Lorenzo,
nã o havendo possibilidade de apresentar um juízo de valor de seu pai, o que se configura
ato de alienaçã o parental.
II. I. II Dos fundamentos jurídicos da alienação parental:
A alienaçã o parental é o termo utilizado para caracterizar as açõ es de um dos genitores
que transformam a consciência da criança ou adolescente, na intençã o de impedir ou
destruir o vínculo entre o filho e o outro genitor. Ela está prevista na Lei n. 12.318/10, que
dispõ e que:
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do
adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou
constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive
escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a
convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou
adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de
convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar,
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
Como se vê, Excelência, a conduta da genitora, comprovada através do conjunto probató rio
anexado aos presentes autos, encontra tipificaçã o legal como alienaçã o parental, na medida
em que ela nã o somente dificulta, mas impede o exercício da paternidade pelo genitor, ao
desqualificar sua imagem perante os menores e privá -lo do contato com os filhos, por mero
ciú me provocado pela relaçã o deste com outra mulher.
O tema já vem sendo apreciado pelo E. TJMG, no sentido de que a pessoa que detém a
guarda deve facilitar a convivência do menor com o outro genitor, sob pena de praticar
alienaçã o parental:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DAS FAMÍLIAS - PROCESSUAL CIVIL - SENTENÇA - OBRIGAÇÃO DE FAZER:
TERCEIRO: VALIDADE: INTERPRETAÇÃO - GUARDA UNILATERAL - DIREITO DE CONVIVÊNCIA - VÍNCULO COM O PAI:
FACILITAÇÃO - ALIENAÇÃO PARENTAL - REGIME DE VISITAS: ALTERAÇÃO - ROTINA DA CRIANÇA: PRESERVAÇÃO -
CONTESTAÇÃO: INEXISTÊNCIA. 1. A sentença que, ao impor obrigação de fazer à mãe, faz menção ao atual marido
dela, estranho à lide, é válida se se interpreta o dispositivo no sentido de que a obrigação foi imposta com
exclusividade à parte, que deve cumpri-la sem a interferência de terceiros. 2. A mãe que tem a guarda unilateral
de filho menor deve facilitar o exercício da autoridade parental, o contato dele com o pai e o exercício do direito
regulamentado de convivência, sob pena de praticar ato de alienação parental. 3. Cabe a alteração do regime de
visitas se não prejudica a rotina do filho e a pretensão não foi contestada pela parte contrária (TJMG - Apelação
Cível 1.0145.13.071669-2/002, Relator (a): Des.(a) Oliveira Firmo, 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/11/2017,
publicação da sumula em 07/12/2017).
A alienaçã o parental fere os direitos dos menores de conviverem com o genitor, prejudica o
afeto e constitui abuso moral por descumprir os deveres decorrentes da guarda, exercida
atualmente de forma unilateral pela genitora, o que vem minando ainda mais os direitos
paternos na convivência com os filhos. É o que se verá a seguir:
II. I. III Da aplicação de multa
Data má xima vênia, o autor pugna para que a requerida seja punida ao pagamento da
multa a que se refere o inciso III do art. 6º da Lei 12.318/10, com o valor a ser arbitrado
por este Juízo, mas nã o inferior a 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da causa.
A multa também poderá ser auferida diariamente, a fim de forçar a genitora a permitir que
o autor exerça a visitaçã o aos filhos.
II. III DA GUARDA COMPARTILHADA
Na açã o de dissoluçã o da uniã o está vel, as partes entraram em composiçã o e definiram a
guarda unilateral em favor da genitora.
Entretanto, a guarda dos menores deve se dar na forma compartilhada, por ser o
entendimento da lei, e por conta do comportamento da genitora, visando prejudicar o
autor, conforme demonstrado alhures. No caso sub judice, pode a residência dos menores
ser fixada a da genitora.
II. III. I Dos fundamentos jurídicos:
O Có digo Civil estabelece que a guarda poderá ser exercida de forma compartilhada ou
unilateral:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art.
1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e
da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº
11.698, de 2008).
O referido diploma também disciplina que, quando as partes conflitarem entre si a respeito
da guarda, deverá ser aplicada a guarda compartilhada:
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os
genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores
declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014).
Como é cediço, o regime de visitaçã o deve ser estabelecido para melhor atender os
interesses dos menores. No caso em apreço, restou mais que comprovado que a requerida
está impedindo o genitor de exercer o poder familiar, por nã o permitir o contato deste com
os filhos.
Dessa forma, apesar de terem acordado quanto a visitaçã o livre, mediante aviso prévio, a
negaçã o da demandada de permitir que o autor exerça seu direito em relaçã o aos menores,
faz com que seja necessá rio a alteraçã o do regime para que as crianças tenham a
oportunidade de conviverem com a família de ambos os genitores, da maneira como
referida anteriormente, para atender seus interesses a tanto tempo lesados pela conduta da
genitora.
É esse o entendimento do E. TJMG:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA E AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS.
JULGAMENTO CONJUNTO. GUARDA CONCEDIDA AO GENITOR. MANUTENÇÃO. SITUAÇÃO FÁTICA. MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. VISITAS À GENITORA. ESTREITAMENTO DOS LAÇOS AFETIVOS. NECESSIDADE.
MANUTENÇÃO DOS LIMITES FIXADOS EM SENTENÇA. RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.
1. Sempre que se tratar de interesse relativo às crianças e adolescentes, incluindo a modificação de guarda e a
regulamentação de visitas a um dos genitores, o magistrado deve se ater ao interesse do menor, considerando,
para tanto, primordialmente, o seu bem-estar.
2. Considerando que o menor já reside exclusivamente com o genitor há cerca de três anos, o fato de possuir
rotina e se encontrar em plena idade escolar, além de manter bom relacionamento no ambiente familiar que a ele
vem sendo proporcionado e, ainda, o fato de haver dúvida quanto a índole do atual companheiro de sua genitora
justificam a manutenção da sentença que julgou procedente o pedido de modificação de guarda formulado pelo
genitor.
3. A regulamentação de visita deve ser feita de forma a atender o melhor interesse da criança, porquanto lhe
deve ser conferida a oportunidade de conviver com a família de ambos os genitores, devendo-se evitar que seja
prejudicada por eventuais brigas e desentendimentos havidos entre os pais.
4. Havendo indícios de que ao longo da tramitação do feito a genitora estabilizou-se do ponto de vista emocional,
bem como o fato de que existe sentimento de carinho e afetividade recíproco em relação ao menor, e, ainda, em
razão do nascimento de uma irmã, com quem entendo ser importante que o menor estreite o relacionamento, não
vejo razão para reformar a sentença que estabeleceu o direito da genitora ter consigo o filho em finais de semana
alternados, de sexta à domingo, sem a companhia de alguém indicado pelo genitor (TJMG - Apelação Cível
1.0686.11.010256-9/001, Relator (a): Des.(a) Bitencourt Marcondes, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
24/04/2014, publicação da sumula em 06/05/2014).