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I – Do Pré-Moderno à Modernidade 3
3 - A cultura medieval 22
1 – A identidade nacional 39
2.2.1. O Humanismo 42
5 – A Revolução Científica 70
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5.4. Newton e a ciência positiva 74
6 - A cultura popular 77
6.1. Problematização 77
7 – A cultura erudita 80
7.1. A educação 80
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Sociedade e Cultura Inglesas I
Sociedade e Cultura Inglesas I traça a contextualização económica, social, política e cultural de Inglaterra, desde
a ocupação romana até à era pré-industrial, abordando, em simultâneo, os acontecimentos-chave que marcaram
os diversos períodos e que foram responsáveis por alterações de fundo na vida e na sociedade, em geral, e na
cosmovisão, em particular.
A unidade curricular debruça-se sobre dois períodos latos: o primeiro estende-se da Pré-Modernidade à
Modernidade, abarcando o período romano e a época medieval; o segundo detém-se na formação da
Modernidade, com especial destaque para as principais ocorrências do século XVI inglês — Renascimento,
Humanismo, Reforma — e para o dealbar da Revolução Científica.
I – Do Pré-Moderno à Modernidade
A formação da nação inglesa foi um processo longo para o qual contribuíram diversas
circunstâncias:
3. A difusão do cristianismo
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A Inglaterra Anglo-Saxónica: estruturas sociais em mudança
A organização social: fatores de coesão e estrutura social
Composição étnica: as diferentes tribos que povoaram o território
Línguas e religião: o uso do latim e das línguas vernáculas, a introdução do
cristianismo
A cultura cristã: o uso do latim, a construção de igrejas, a escrita e a produção de
livros, o ensino e os seus conteúdos.
As invasões viking e as reformas do rei Alfredo; produção e divulgação de textos,
a literatura anglo-saxónica.
A reforma beneditina.
As ilhas Britânicas foram alvo de duas invasões chefiadas por Júlio César em 55
e 54 a.C., mas que não resultaram na conquista do território
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diretamente por Roma
Um dos resultados desta política diversificada foi uma ampla divergência entre
os vários territórios nomeadamente na adoção de costumes romanos
Para além destes fatores, outros se apontam como tendo sido fundamentais
para a unidade cultural da Europa: a utilização de uma língua comum, o latim,
e a prática de uma única religião, o cristianismo.
O ritmo das mudanças neste longo período foi lento, mas produziram
alterações nas organizações do poder, na economia, no desenvolvimento
populacional e nas artes e mecenato
Esta relação não era tribal, mas sim pessoal tal como a descreveu Tácito no
século I: um chefe de reconhecido valor atraía a si membros de várias tribos
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que lhe dedicavam total lealdade, que seria recompensada por armas,
cavalos, terras e um lugar de destaque na comemoração das vitórias
Existiam três tipos de homens livres, três tipos de semilivres e ainda três tipos
de escravos, embora a terminologia seja variada consoante as regiões
Em Kent, os nobres eram chamados earl enquanto noutras regiões o termo não
é usado
A palavra geshitas é mais tarde substituída por thane, que passou a designar os
servidores do rei e que com as suas famílias formam a nobreza
O homem livre comum é chamado churl, sendo que podia ser um proprietário
substancial de terras
Prisioneiros de guerra
Entre 449 e 456 os Anglos ou Saxões teriam vindo para a Bretanha a convite
do rei Vortingern para protegerem as terras das incursões dos povos do
Norte, mas no fim das lutas chamaram mais conterrâneos seus e dominaram
a região – estes povos germânicos seriam representantes das raças dos
Saxões, Anglos e dos Jutas
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Na língua, regista-se uma rutura com o latim e com o celta e a consequente
imposição da sua própria língua
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como Benedict Biscop ou Wilfrid
Santo Ambrósio
São Gregório
Isidoro de Sevilha
Book of Durrow
Durham Gospels
Echternach Gospels
Lichfield Gospels
Book of Kells
O rei Alfredo respondeu a este declínio com uma reforma educativa que
pretendia aumentar a competência de leitura e escrita em vernáculo e o
fornecimento de livros em inglês
Algumas das obras mais importantes deste período recomendados pelo rei
Alfredo:
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Alfredo foi o grande impulsionador do Old English na sua forma escrita
Brunanburgh e Maldon
O rei Alfredo entendia que a sabedoria era indispensável aos cristãos e que
seria adquirida através da aprendizagem
O seu reinado viu ainda nascer a Crónica Anglo-Saxónica que continuou a ser
compilada até ao século XII
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Fleury em França e em Ghent e St.Omer na Flandres
Apesar destes esforços, a reforma beneditina não atingiu toda a Inglaterra, mas
apenas as regiões do Sul onde a influência do monarca era maior – no Norte as
perturbações provocadas pelas invasões vikings ainda se faziam sentir.
Adornos litúrgicos com materiais cada vez mais ricos e com desenhos
mais elaborados
Eduardo, o Confessor (1042-1066) foi o último rei anglo-saxão e foi ele que
começou o processo de adoção de influências normandas, já que antes de subir
ao trono inglês tinha estado exilado na Normandia
Foi uma conquista aristocrática e não uma invasão nacional já que Guilherme
depois da vitória distribuiu as terras dos aristocratas anglo-saxões pelos seus
seguidores
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No período entre a batalha de Hastings em 1066 e a morte de Eduardo I em
1307, várias foram as transformações da sociedade:
O Exchequer era o organismo central que reunia duas vezes por ano com a
presença de todos os ministros do rei e cujos procedimentos ficavam
registados por escrito nos chamados Pipe rolls dos quais o mais antigo
sobrevivente data de 1130 do reinado de Henrique I
A Câmara real era responsável pelo bem-estar do rei mas também pelo
Tesouro, sendo os seus funcionários mais importantes o Master Chamberlaine
e o Tesoureiro.
Marshal que zelava pela pessoa do rei, pela sua vida diária e rotinas
No século XII os membros do Exchequer ainda faziam parte da casa real assim
como o Tesoureiro e o Chancellor, mas no princípio do século XIII o
Exchequer era um departamento do estado que reunia em Westminster e o
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tesouro era um departamento subordinado estando ambos separados da
casa real
O Great Council, formado pelos grandes barões, reunia com pouca frequência
e era geralmente substituído por uma reunião dos conselheiros mais próximos
do rei
Supremo tribunal
Esse levantamento teve alguma resistência por parte dos proprietários, tendo
que ser repetido e tendo alguns dos proprietários sido condenados por
perjúrio
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A partir desse documento podemos ter uma ideia dos barões e cavaleiros do
reino, sendo que os primeiros não chegavam a 200 e os segundos seriam
cerca de 4 mil
Os senhores feudais podiam doar terras criando um laço de Liege Homage que
vinculava o cavaleiro ao seu senhor
O poder não estava centralizado mas sim disperso em partes autónomas – não
existia também uma escala hierárquica linear composta por senhores, vassalos e
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camponeses
Uma grande parte do território estava coberto por florestas protegidas por
legislação que as reservava para coutadas reais
Este sistema de cultivo era conhecido como common field system, tendo levado
alguns historiadores a interpretar a comunidade medieval como um modelo de
sociedade comunitária e igualitária, porém a posse da terra não era dos
camponeses
A maioria dos habitantes da Inglaterra medieval não eram livres e muitos eram
ainda classificados no Doomesday Book como escravos, sabendo-se muito
pouco sobre eles, e que terão desaparecido com o aumento do poder do rei e
da lei
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Média, que viviam na dependência do seu senhor
A maior parte dos homens livres habitava nas cidades (Boroughs) onde se
realizavam os mercados, onde se cunhava moeda e servia de refúgio durante a
guerra
3 - A cultura medieval
3.1. As artes e os costumes
A figura do rei polarizava todos os assuntos do país incluindo o patronato das
artes
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Noutros aspetos, como na língua, a conquista normanda influenciou a cultura –
a nobreza falava o franco-normando, mais tarde chamado anglo-normando,
enquanto o povo falava o inglês comum
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como:
14 dias da Páscoa
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Dia de Todos os Santos
Pouco se sabe destas festas devido ao posterior zelo reformista que acabou
com a maioria destas celebrações mas eram ocasiões de desordem que
convidavam ao excesso e ao pecado e que eram condenados em missas e
decretos episcopais
A população em geral tinha uma mobilidade muito limitada e tinha uma vida
muito condicionada pelas dificuldades – a religião surge como uma promessa
de uma vida melhor num outro mundo
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3.3.2. A organização dos saberes e o legado clássico
A filosofia continuou durante a Idade Média a ocupar um lugar entre os
saberes, mas como auxiliar da teologia.
A herança do saber clássico foi transmitida, quer pelos textos originais quer
pelos vários comentários
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ensinada pelos 6 livros conhecidos como Organon
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O aparecimento de heresias
O custo da guerra foi bastante alto pois levou a perturbações nas atividades
produtivas e no comércio da lã inglesa e do vinho da Gasconha
Ao longo deste período os nobres tentaram reforçar o seu poder sobre o rei
chegando a invocar a Magna Carta
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No Good Parliament de 1376 alguns ministros foram acusados e julgados
pelos Comuns diante dos Lords num processo que abriu o precedente da
responsabilização dos detentores de posições de privilégio sobre as suas
ações – o impeachment
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A consolidação de Bolingbroke no poder foi feita à custa do esmagamento
das revoltas internas nomeadamente no País de Gales onde se mobilizavam
os nobres favoráveis a Ricardo II e aos seus herdeiros
Do império construído por Henrique V sobrou apenas Calais que também seria
perdido no reinado de Mary Tudor
Com a morte de Eduardo IV, ascendeu ao trono o seu filho Eduardo V que
acabou por ser deposto pelo seu tio, o Duque de Gloucester que ascendeu ao
trono como Ricardo III
O fim da Guerra das Rosas surgiu com a vitória de Henrique Tudor na batalha
de Bosworth em 1485 levando Henrique VII ao trono
A peste negra permitiu ainda uma alteração das relações sociais – a escassez
de mão-de- obra levou ao recurso ao trabalho pago e ao estabelecimento de
uma classe intermédia de pequenos proprietários e trabalhadores livres – o
yeoman.
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Franciscanos no século XIII
Poemas de Gower
Miracle Plays
O estilo decorado não trouxe alterações de fundo, mas antes constituía o fundo
ornamental que realçava as pinturas e esculturas – ornamentação curvilínea e
elaborada baseada no ogee ou curva invertida – um bom exemplo é a torre
lanterna octogonal da Catedral de Ely
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por gerar conflitos entre o pecado e a salvação
A nação é uma comunidade simbólica que tem poder para gerar um sentido
de identidade e de allegiance
O período Tudor foi marcado por personalidades como Henrique VIII, Isabel I,
Francis Bacon, Sir Thomas More ou Shakespeare que marcaram a herança
cultural inglesa
O mito Tudor forma-se com a vitória de Henrique VII sobre Ricardo III em
Bosworth
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attainder e o forfeiture – estatuto parlamentar que proclamava uma
condenação por traição e declarava que as propriedades do condenado seriam
confiscadas pela coroa
Nas medidas políticas, a reforma henriquina deixou marcas profundas que foi
mais do que uma forma de um monarca resolver um problema conjugal
A reforma teve o seu início na década de trinta do século XVI com a rutura de
Henrique VIII com Roma; no reinado de Eduardo VI a reforma tomou aspetos
mais doutrinais e calvinistas; com a morte de Mary que procurou o regresso
ao catolicismo, Isabel I terminou a reforma com a implantação da Igreja
Anglicana
Lutero tinha ainda focado as suas críticas nos excessos do Papado defendendo
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uma Igreja Apostólica menos mundana – Sebastian Brant lamentara a
decadência da fé de Cristo na sua obra Nave dos Loucos
2.2.1. O Humanismo
A obra de Erasmo pode ser considerada representativa do Renascimento
Nórdico
Thomas Linacre viajou para Itália onde foi seduzido pelo estudo do grego
William Grocyn
William Latimer
John Colet
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histórica e filológica aos textos do mundo antigo
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Utopia – Thomas More
Estuda dois anos em Oxford mas acaba por entrar para os Inns of Court obtendo
o seu diploma em advocacia em 1502
Neste período começou a estudar o latim clássico e em 1501 grego, o que iniciou
a sua aprendizagem como humanista
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pensamento
Para além destas ideologias inovadoras, More tinha ainda alguns traços de
ascetismo (é uma doutrina filosófica que defende a abstenção dos prazeres físicos e
psicológicos, acreditando ser o caminho para atingir a perfeição e equilíbrio moral e
More foi ainda um marido e pai atento à educação dos seus filhos e mesmo das
suas filhas que receberam ensinamentos em latim, grego, lógica, filosofia,
teologia, matemática e astronomia
O primeiro livro de aritmética inglês escrito por Tunstall foi dedicado a More
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para anular o casamento do rei com Catarina de Aragão
Mas a recusa de More em aceitar essa anulação leva-o à Torre e à sua execução
em 1535 apesar de todas as pressões que sofreu para aceitar as novas medidas
O diálogo da primeira parte versa vários temas como as leis injustas, que
castigam sem eliminar as causas da criminalidade, a guerra e os exércitos
permanentes, a função de conselheiro dos príncipes e a crítica ao mau
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funcionamento de algumas nações
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pequenos camponeses e que contribuía para uma alta de preços que acabava
por piorar ainda mais as condições dos mais pobres
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Erewhon de Samuel Butler
Em 1527 o rei queria casar com Ana Bolena mas para tal necessitava de obter
um divórcio solicitado ao papa Clemente VII
Em 1533 Henrique VIII casou secretamente com Ana Bolena para legitimar o
filho que ela esperava e nesse ano o Parlamento emitiu o Act in Restraint of
Appeals que passava para o Arcebispo da Cantuária o poder de decisão sobre
assuntos do foro espiritual
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A legitimação destas medidas residia em alguns escritos de Lutero e Melanchton
que defendiam que como o poder dos reis provinha de Deus então a obediência
a ele era um dever e um exercício da consciência, o que significa que todos
devem obediência ao rei
Henrique VIII foi muito influenciado pela obra de Tyndale “The Obedience of a
Christian Man” que terá lido em 1529 influenciado por Ana Bolena
No ano seguinte saiu o Act of Supremacy que confirmava o rei como chefe
supremo da Igreja de Inglaterra
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maiores
A dissolução trouxe para a Coroa 100 mil libras por ano e levou à passagem
para mãos leigas de grandes propriedades católicas
Outros como Reginald Pole, fugiram para Itália tendo voltado para Inglaterra
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apenas no reinado de Mary
Em 1536 Paulo III convoca um concílio que faz oscilar a opinião pública a favor
da religião de Roma e que leva a uma segunda onda de literatura
propagandística como as obras de Thomas Starkey
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2.9. A conti nuação da Reforma
Com a morte de Henrique VIII sucedeu-lhe o filho, Eduardo VI, fruto do
casamento com Jane Seymour mas ainda menor
O Privy Council era o mais importante sendo os seus membros escolhidos pela
rainha e funcionando como um Conselho de Ministros enquanto o Parlamento
tinha sobretudo como função a votação sobre legislação fiscal; a corte tornou-
se um centro de mecenato e de protecção das artes
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O êxito da reforma dependeu da expansão da leitura que foi facilitada pela
invenção e divulgação da imprensa
A estrutura familiar
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No mundo rural a magia e as atividades propiciatórias das colheitas eram ainda
muito importantes tendo permanecido algumas manifestações religiosas
mesmo com a Reforma
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mundial
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Outros sectores da sociedade desempenhavam importantes papéis embora
não diretamente ligados às atividades produtivas como o clero ou as
profissões liberais
O clero secular antes da reforma dividia-se entre o clero educado e o clero das
paróquias sem estudos e sem rendimentos; depois da reforma desenvolveu-se
uma hierarquia que esbatia essa dicotomia: párocos locais, vigários e priores
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Também o exército e a marinha tiveram um grande desenvolvimento atingindo
um profissionalismo sem precedentes
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4 – Os Stuart e o pensamento político no século XVII
O descontentamento começa a ser declarado por homens como John Pym, Sir
Edward Coke, Sir Thomas Wentworth, Sir John Eliot e Dudley Digges
Entre 1629 e 1640 Carlos I decidiu governar sem o parlamento num período
que ficou conhecido como Personal Rule
Em 1640 o rei foi forçado a convocar o Parlamento, que ficou conhecido como
Short Parliament e foi um fracasso
Em 1641 a estabilidade foi colocada em causa por uma revolta na Irlanda que
levou á apresentação por Pym da Grand Remonstrance na qual acusava o rei
de governar com o auxílio dos católicos
A guerra arrasta-se sem uma batalha decisiva e o Parlamento opta por uma
remodelação no exército nomeado New Model Army e comandado por Sir
Thomas Fairfaix e por Oliver Cromwell
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Surgiu então a Segunda Guerra Civil em 1648 em sequência da impossibilidade
de firmar um acordo com Carlos I que satisfizesse todas as partes
O Parlamento dos primeiros anos ficou conhecido por Rump por ser composto
pelos membros do parlamento que restaram da purga mas as medidas
tomadas não foram suficientemente radicais e o exército comandado por
Oliver Cromwell expulsou o Rump em 1653
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A morte de Cromwell em 1658 precipitou uma série de mudanças rápidas no
plano político – o seu filho Richard sucedeu-lhe como Protector mas o atrito com
o Parlamento acentuou- se e o Parlamento foi dissolvido seguindo-se eleições
nas quais os monárquicos puderam votar
Titus Oates denunciou em 1678 uma conspiração católica para assassinar o rei
que ficou conhecida como Popish Plot e que levou ao surgimento do primeiro
partido político moderno: os Whig reunidos em torno de Anthony Asley
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Cooper, conde de Shaftesbury e que defendiam a exclusão do Duque de York
da sucessão
Carlos II nos últimos anos do seu reinado não voltou a convocar o parlamento
mas ao criar condições de prosperidade garantiu a satisfação de muitos e o
controlo dos protestos
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que garantia a sucessão à Casa de Hannover, mas garantia o protestantismo,
afastava os estrangeiros do Privy Council
Quando Guilherme III morreu, a coroa passou para Anne, filha de Jaime II, cujo
reinado foi influenciado pela Guerra da Secessão Espanhola que envolveu o
Duque de Marlborough
O reinado de Anne foi ainda marcado pela vitalidade dos partidos políticos e
de oradores como Addison, Swift, Steele e Defoe
O Tratado de Utrecht em 1713 veio por termo à guerra com a França mas a
rainha morreu em 1714 e com a nova dinastia Hannover assistir-se-ia à
ascensão do partido Whig
Assistiu-se ainda à tomada de medidas para a limitação do poder dos reis e para
garantir o aumento do poder do parlamento e a formação de exércitos
permanentes e de partidos políticos
Hobbes também tinha uma atração pela geometria euclidiana que contribuiria
para a clarificação de uma metodologia orientada pelo rigor, pela precisão
aritmética e pela decomposição do complexo em unidades mais simples
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corpo em movimento e o Cidadão que mostraria a direcção em que os
movimentos conduziriam
As teorias de Hobbes apoiavam o rei, o que o levou a Paris onde publicou a sua
obra mais conhecida em 1651: Leviathan – modernidade dos seus temas como a
paz, a análise sistemática do poder e o tratamento científico dessas matérias
A solução para evitar a guerra latente que este desejo de poder trazia era a
existência de uma autoridade reconhecida por todos e que estabelecia um
contrato com a sociedade
Sociedade de ricos e pobres mas em que todos têm direito a justiça igual e que
seria governada por uma autoridade que se devia auto-perpetuar
Algumas das suas obras mais famosas são o Essay on Human Understanding e
o Essay on Toleration e mais tarde Two Treatises on Government
Segundo Locke a mente vai-se mobilando: num primeiro plano através das
sensações, num segundo grau através das demonstrações e no plano mais
elevado pela intuição
Locke acreditava numa lei natural e em direitos naturais sendo que prestou
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mais atenção ao direito à propriedade
Tal como Milton, Locke dedicou uma importância especial à educação que seria
uma formação para a vida e não a simples aprendizagem de conhecimentos
5 – A Revolução Científica
Inicia-se uma tarefa de recuperação dos textos dos autores clássicos como
Lorenzo Valla, Marsilio Ficino, Pico de la Mirandola, Erasmo, Johanes Reuchlin e
Guillaume Budé
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humanos
Richard Hooker escreveu “The Laws of Ecclesiastical Polity” na qual defende dois
fundamentos para a constituição das sociedades: a inclinação natural do homem
para viver em sociedade, e a lei do bem comum
Surgem também academias também sob o patronato dos reis das quais se
destaca a Royal Society fundada na década de 60 do século XVII
O método indutivo
Bacon produziu ainda uma obra de ficção sobre uma sociedade orientada
para o conhecimento útil na sua obra New Atlantis na qual se destacava a
Society of Salomon’s House e embora a obra tenha ficado inacabada dá uma
imagem da ciência aplicada e da constituição de uma sociedade científica
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O mérito de Bacon está na separação da ciência da religião e da metafísica e
atribuiu ao cientista da natureza um estatuto digno que o distinguia dos
charlatães e dos mágicos
As principais críticas que lhe têm sido feitas relacionam-se com a negligencia
dada ao papel da criatividade na pesquisa científica e à deficiente apreciação
do papel da matemática
Nos séculos XVI e XVII o mundo ainda era visto como envolvido em mistério e
magia mas a legislação contra as práticas de bruxaria foi sendo posta em
causa e foi abolida definitivamente em Inglaterra em 1736
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5.4. Newton e a ciência positi va
Os estudos de filosofia natural nas principais universidades britânicas
continuaram apesar das guerras civis sendo que em Cambridge assumiu um
teor neo-platónico enquanto em Oxford assumiu uma tónica mais científica
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A Lei da Atracção Universal determina que a atracção mútua das massas
envolve numa só fórmula matemática os fenómenos cósmicos dos
movimentos dos planetas, dos cometas, da lua e do mar
Newton demonstrou que os corpos terrestres se regem pelas mesmas leis dos
corpos celestes destruindo a teoria aristotélica que afirmava o contrário
David Hume irá utilizar o seu conceito de atracção como modelo explicativo
para a associação das ideias tornando clara a ligação entre as ciências da
natureza e as ciências humanas
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mais conservadores da igreja anglicana quer de pensadores neo-platónicos
como Henry More
Apesar das críticas, as novas atitudes tiveram expressão noutras áreas como na
aritmética política defendida por William Petty ou Gregory King que foram
pioneiros dos estudos estatísticos
6 - A cultura popular
6.1. Problemati zação
O termo cultura popular assume uma homogeneidade que na realidade não
existe já que seria mais correcto falar em culturas ou sub-culturas
Por outro lado também as relações entre a cultura popular e erudita são
muito estreitas; por exemplo os autores Ben Johnson, Milton ou Marvell
defendem os festivais populares
Outras datas também começaram a ser celebradas como o dia de Guy Fawkes
em Novembro depois de 1605
Num plano mais privado, da família, existiam ainda rituais específicos como o
baptismo, o casamento ou a morte
O enterro dentro das igrejas era mais caro e era uma das fontes de receita
paroquial
Eram ainda executadas algumas formas de justiça popular como o charivari que
81
era uma difamação pública sob a forma de balada cantada por debaixo da janela
do culpado
Aumento da literacia
7 – A cultura erudita
7.1. A educação
Com a complexidade crescente da sociedade, aumentaram os níveis de
alfabetização
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que aumentaram exponencialmente
No princípio da guerra civil em 1643 dois terços dos homens e nove décimos das
mulheres não sabiam escrever os nomes mas essa informação podia não ser a
mais realista já que outros indicadores apontam um grau de literacia mais
elevado
Nos finais do século XVIII a presença das classes mais favorecidas nas
universidades reduz-se
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filhos da gentry começaram a ser substituídos por filhos de comerciantes e
profissionais mais orientados para a profissionalização
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e Westminster o que revelava o interesse da gentry por este tipo de escolas
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The Book Named the Governor – Thomas Elyot
Entender teologia
O retrato foi a forma de arte que recebeu mais protecção na corte Tudor
sendo alguns dos principais artistas Hans Holbein, Nicholas Hilliard e Isaac
Oliver
Thomas Tallis
William Byrd
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Orlando Gibbons
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As guerras civis vieram interromper a popularidade destes espetáculos tendo
apenas sobrevivido o Lord Mayor Show
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Em Inglaterra, Weber interpreta o espírito calvinista como oposto á
organização social do período Stuart
Outra crítica a Weber seria a omissão em verificar até que ponto a Reforma teria
sido uma resposta a necessidades sociais bem como em investigar as causas e
consequências da mentalidade religiosa – o puritanismo moldou a ordem social
e foi moldado por ela
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mais desfavorecidas e que podiam já existir há algum tempo mas que
ganham importância neste período
A liberdade religiosa só foi atingida com os decretos Test and Corporations Act
(1828) e Catholic Emancipation Act (1829)
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