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Refira-se ao fenómeno de emigração, migração e imigração em Portugal.

Portugal tem sido historicamente um país de emigração. A emigração tem sido a principal
maneira como o país tem resolvido o excesso de mão de obra. Os portugueses têm saído do
país, à procura de melhores condições de vida, desde o tempo dos descobrimentos.

A História mais recente tem sido caracterizada por diferentes períodos de emigração. Se no
início do século XX, os portugueses iam principalmente para o Brasil e para África, foi nos anos
sessenta que houve uma grande migração para a Europa, principalmente para a França. Essa
migração foi inicialmente feita por jovens, do século masculino, rurais, com pouca
escolaridade, que tinham a emigração como saída da vida dura e pobre do trabalho no campo.
Alguns também o fizeram para escapar à guerra colonial. Depois, uma vez estabelecidos no
país de acolhimento, esses jovens chamavam para junto de si os seus familiares, namoradas,
esposas e filhos. Esta migração dos anos 60 resultou num decréscimo populacional no país e
na perda de muita mão de obra. No entanto também foi positivo para o país, na medida que
estes emigrantes enviavam muito necessárias divisas, que ajudavam a equilibrar a balança de
pagamentos de Portugal.

Foi após o 25 de Abril de 1974 que Portugal registou pela primeira vez um saldo migratório
positivo, ou seja, entraram mais imigrantes do que saíram emigrantes. Este saldo deveu-se à
independência das ex colónias portuguesas e o retorno de muitos portugueses e seus
descendentes, além de muitos africanos que tinham relações de proximidade com o regime
português, e que tiveram de abandonar esses países e voltar a Portugal com o receio de serem
perseguidos.

Foi nos anos 90 do século passado, até ao início do século XXI, que Portugal, pela segunda vez
na sua História moderna, se transformou num país de imigração. Depois da adesão à CEE/EU
Portugal recebeu muitos fundos estruturais para se desenvolver e modernizar. Parte dessa
modernização passou pela construção de infra-estruturas, como por exemplo, vias rodoviárias.
Foram anos de muito investimento em obras públicas. No entanto, devido à emigração,
Portugal era na altura um país com défice de mão de obra, e por isso foi necessário importar
essa mão de obra para trabalhar nas obras públicas, e que veio principalmente das antigas
colónias africanas (PALOPs – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), Brasil, e do Leste
da Europa, onde se destacou a Ucrânia.

No entanto, a partir de 2011 houve uma grande crise económica mundial, a “Crise do
subprime”, que atingiu muito duramente Portugal por ser um país muito endividado. Houve
grande cortes no estado que afectaram o resto da economia e muito desemprego. Novamente
os portugueses fizeram o que sempre fizeram, ou seja, exportar o excesso de mão de obra, e
por isso houve uma nova fase de emigração. Só que, apesar da maior parte dos emigrantes
continuarem a ser os jovens, desta vez eram de ambos os sexos e com escolaridade e muitos
deles com qualificações.

O processo de migração em Portugal é principalmente representado pelo êxodo rural. O êxodo


rural teve o seu auge nos anos 50 do século XX. Os jovens rurais vinham para o litoral,
principalmente para os dois principais polos urbanos, Lisboa e Porto, mais para Lisboa, à
procura de emprego e de melhores condições de vida. Muitas vezes os jovens do sexo
masculino vinham para Lisboa para cumprirem o serviço militar, e após a sua conclusão,
procuravam emprego e ficavam a viver em Lisboa e arredores. As jovens mulheres vinham do
interior rural para o litoral, Lisboa e arredores, para trabalhar como criadas em casas de
famílias mais abastadas, e até de classe média e média alta e mais tarde casavam-se,
constituíam família, e ficavam a viver nestes lugares e já não voltavam para as suas áreas de
partida. Estes movimentos migratórios resultaram numa distribuição desequilibrada da
população no país, sendo que Portugal é um país litoralizado, principalmente nos dois polos de
Lisboa e Porto, sendo que Lisboa tem uma maior concentração de população do que o Porto,
pois a Grande Lisboa conta com cerca de trinta por cento da população do país.

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