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A Industrialização

Tradição e Revolução

Enquadramento da Revolução Industrial no século XVIII

Várias circunstâncias contribuíram para as mudanças tecnológicas que caracterizaram a


Revolução Industrial:

 A revolução científica, embora indiretamente, ajudou a criar um clima de inovação e


promoveu o uso de medições e de rigor que ajudaram ao surgimento dos novos
instrumentos de trabalho.

 As descobertas marítimas favoreceram o aparecimento de novos mercados – o


consumo de chá generalizou-se no século XVIII e o de café também se divulgou
embora entre grupos mais abastados; registou-se de forma geral um aumento do
bem-estar e do consumo de produtos.

 A legislação inglesa protegeu os interesses britânicos ao proibir a importação e


exportação de produtos que não fossem transportados em embarcações nacionais.

 As matérias-primas necessárias para as indústrias vinham das colónias e mesmo as


americanas, depois da independência, continuaram a comercializar ativamente com a
Inglaterra.

 A ética protestante terá estado na origem da criação de uma mentalidade industriosa,


disciplinada e de poupança.

 A política económica interna vigente não limitava a iniciativa privada, o que facilitou o
aparecimento dos empreendedores.
 A Inglaterra tem também um sistema financeiro desenvolvido que inclui empresas por
ações e cotas, um sistema bancário eficiente, hábitos de investimento à distância,
instituições de crédito, bancos, notas bancárias e cheques.

 A mentalidade de liberdade, conduta moral e orientada para a produtividade e


enriquecimento favorecem também os desenvolvimentos tecnológicos – estas ideias
serão desenvolvidas por Adam Smith, David Ricardo ou T R Malthus e estarão na
origem do pensamento utilitarista e do sef-help do séc. XIX.

 A nível político, a liberdade também se vai afirmando ao nível das classes


trabalhadoras que começam a reclamar cada vez mais condições e mais
representação, o que levou à primeira Reforma Parlamentar de 1832.

 A produção é feita pelo domestic system, ou seja, a atividade agrícola combinada com
alguma manufatura, mas começam já a surgir um processo semi-capitalista de
distribuição de tarefas por um empreendedor.

 Os primeiros inventores e capitalistas também tinham por vezes atividades múltiplas:


James Hargreaves, o inventor da Jenny era tecelão e carpinteiro; Richard Arkwright era
barbeiro e fazia perucas, John Kay que o ajudou na construção da frame era relojoeiro,
Samuel Crompton, o inventor da mule era tecelão.

O costume e a cultura das classes populares

 No séc. XVIII assiste-se ao surgimento de uma cultura de características proletárias nos


novos ambientes urbanos e industriais e que se forma na rutura com os hábitos
tradicionais da vida rural.

 A cultura plebeia segundo EP Thomson teria traços que são normalmente atribuídos às
culturas tradicionais:

o Forte herança de definições e expetativas herdadas


o Resistência à mudança que reforça os costumes tradicionais

o A forma de controlo da gentry sobre as classes sociais reside na religião e no


carisma da monarquia.

 A cultura tradicional do séc. XVIII é também rebelde porque defende o costume contra
a inovação. Os food riots do séc. XVIII são expressões de conceitos tradicionais de
justiça e direito e não apenas manifestações trazidas por uma maior dificuldade
financeira.

 Mas a mudança de mentalidades vai acontecendo e começam a surgir reflexões


teóricas sobre os problemas sociais – as diversidades locais e regionais vão-se
esbatendo cada vez mais quer em movimentos de carater nacional quer na lei geral
que é vista como forma de garantir justiça uniforme.

A ascenção dos Whig no século XVIII

 O enquadramento definido pelo Bill of Rights de 1689 e pelo Act of Settlement de 1701
limitava o poder dos monarcas.

 Ao Parlamento cabiam decisões sobre o governo da nação, a definição das forças


armadas, o lançamento de impostos para a manutenção das forças armadas e era
ainda a instância perante a qual os ministros prestavam contas.

 Mas o rei ainda desempenhava um papel importante e quando os tories preparavam o


tratado de Utrecht, desfavorável a Hannover, o rei estendeu o seu apoio aos Whigs.

 Os Tories defendiam a causa Stuart, tendo mesmo apoiado a revolta jacobita de - por
conde de Oxford e Henry St John, visconde de Bolingbroke.

 Algumas das medidas que foram tomadas neste período foram o Riot Act que permitia
ao exército intervir em levantamentos populares e o Septennial Act que estabeleceu a
legislatura por sete anos em vez de três.
 O Partido Whig iria ser influenciado por Robert Walpole que dominou a política
britânica até 1742 tendo mantido um clima de estabilidade interno e externo que
permitiu a sua longa permanência.

 A legitimidade da dinastia de Hannover não estava ainda consolidada já que existiam


58 pretendentes ao trono com maior legitimidade do que Jorge I, mas apesar disso, a
estabilidade política foi mantida.

 O sistema eleitoral estava ainda longe de ser democrático, já que havia uma grande
diversidade de circunstâncias nos boroughs, tendo alguns uma população muito
extensa e outros muito poucos eleitores – estas desproporções, agravadas pelas
migrações provocadas pela industrialização levaram às reformas parlamentares, a
primeira das quais em mil oitocentos e trinta e dois.

 A Walpole sucederam outros ministros como Horace Cartet, o duque de Newcastle,


Henry Pelham e William Pitt.

 Quando Jorge III subiu ao trono em 1762, a estabilidade política e social parecia
assegurada, mas o seu reinado iria ser perturbado pela Revolução Americana, pela
Revolução Francesa, pelo nascimento do radicalismo político, pela Revolução Industrial
e pela Revolução Agrária.

Radicalismo Políti co e Império

 Jorge III promoveu a abertura da política aos tories voltando a aumentar a


importância de Oxford, mas apesar disso o reinado ficou marcado pela animosidade
entre os dirigentes políticos.

 A primeira prioridade de Jorge III foi obter a paz na Guerra dos Sete Anos contra a
França e Espanha.
 Ao fim da Guerra seguiu-se um período de instabilidade causado por maus anos
agrícolas e recessão económica nas zonas urbanas.

 Este clima de turbulência levou ao aparecimento de John Wilkes que apresentava


propostas de reforma políticas e que conseguiu ter bastante apoio.

 A divulgação das ideias de Wilkes ficou a dever-se ao aumento do público leitor que
permitiu a divulgação dos textos que apoiavam as suas reformas, mas também
porque as suas ideias tinham como objetivo a garantia dos direitos políticos do
eleitorado, aumentando o direito de sufrágio.

 Inglaterra começou a ver-se como a cabeça de um vasto império que incluiria:

o O Quebec com as suas peles e peixes e as colónias americanas serviriam como


mercado para os produtos europeus.

o As Índias Ocidentais serviam de entreposto do comércio de escravos e de local


de origem de produtos tropicais.

o A Índia ofereceria acesso a formas exóticas de cultura que tiveram expressão


na literatura da época como a presença do nababo, novo-rico com fortuna
feita na Índia.

 As colónias americanas tinham desenvolvido atitudes de independência embora ainda


existisse uma lealdade à coroa.

 Os problemas começaram com a imposição de um imposto de selo para custear a


defesa colonial sem que no Parlamento existisse uma representação dos colonos – daí
surgiu o protesto, no taxation without representation.

 A guerra eclodiu rapidamente e mobilizou contra a Inglaterra e a França, a Holanda e


a Espanha que viram uma oportunidade para debilitar a sua rival.
 Em 1776, no final da guerra, as colónias americanas estavam perdidas, mas a maioria
do império britânico permanecia.

 A perda da América foi interpretada como uma lição, já que só tinha ocorrido porque
os britânicos não tinham sabido adaptar-se a uma sociedade que atingia a maturidade
– assim, mudou a perspetiva inglesa face às colónias, já que surgiu a ideia de uma
missão moral e civilizacional combinada com fatores económicos e condições
estratégicas.

 Depois da guerra instalou-se a recessão que levou à formação de movimentos


associativos destacando-se o papel de Christopher Wyvill defendendo essas
associações, a revisão dos círculos eleitorais, a eliminação dos rotten boroughs, a
extensão do franchise e o voto secreto.

 Em meados dos anos 80 volta a prosperidade económica em parte pela intervenção


de Pitt, o Jovem, mas os receios das manifestações populares agudizam-se com os
Gordon Riots, que protestavam contra as medidas liberais tomadas a favor dos
católicos.

 Os anos 80 foram ainda turbulentos entre as várias fações políticas como os dois
grupos whig dominados por Lord Rockingham que contava com o apoio do jovem Pitt.

 Pitt conseguiu chegar a primeiro-ministro em 1784 com a derrota de Foxe e os


grandes objetivos dos seus governos foram moderar a corrupção na corte e abrir
caminho ao liberalismo económico.

 Na Irlanda, Canadá e Índia, as relações melhoraram com soluções de estabilidade e


continuidade.

 As preocupações humanistas de melhoria das condições dos mais desfavorecidos


começaram a impor-se mesmo no caso dos escravos com a defesa da abolição por
William Wilberforce.
 A política conservadora inglesa que defendia a Igreja e o Estado combinava-se com
uma poderosa agressividade económica e com uma seriedade moral característica do
espírito evangélico e da classe média.

 Roy Porter no English Society in The Eighteen Century refere 3 aspetos sobre a
sociedade inglesa:

o Força e maleabilidade da hierarquia social que foi mantida pelos valores


tradicionais.

o Embora a hierarquia social fosse desigual e existissem ainda privilégios, não


era uma hierarquia rígida.

o As classes dominantes procuraram encontrar consensos.

 Estas características teriam tornado a sociedade inglesa imune às perturbações sociais


responsáveis pela Revolução Francesa.

Refl exos da Revolução Francesa em Inglaterra

 Na segunda metade dos anos 80 as críticas à ordem estabelecida subiram de tom:

o O sistema eleitoral acentuava o seu desajustamento com a população.

o A sociedade polite fechava-se em salões e círculos restritos.

 A Revolução Francesa chegou ao público a partir das obras de Edmund Burke


(Reflections on the Revolution in France) e de Thomas Paine (Rights of Man)
 A execução de Luís XVI em 1792 trouxe reflexos de moderação ao público inglês, mas
mesmo assim Pitt tomou algumas medidas repressivas e de controlo acompanhadas
de medidas de assistência aos mais desfavorecidos para evitar o mesmo tipo de
reações.

 A guerra com a França começou em 1793 e embora gerasse condições de instabilidade


também permitiu grandes lucros com o crescimento da indústria têxtil e de construção
naval.

 Os exércitos ingleses apenas foram utilizados diretamente nas Guerras Peninsulares


entre 1811 e 1814.

 Nas possessões coloniais os ganhos foram grandes já que conseguiu a consolidação do


seu poder sobre vastas regiões.

De Waterloo ao Primeiro Reform Bill

 O governo tory subiu ao poder depois de 1815 e confrontou-se com a recessão depois
da guerra, mas as perturbações que iam surgindo nos centros industriais e com uma
imprensa popular cada vez mais protestante (Political Register e o Edinburg Whig).

 Surgiram ainda outros periódicos como o The Times ou o The Observer.

 A ala mais liberal do governo do Lord Liverpool ganhou mais relevo em 1820 quando
Jorge IV instalou um processo de divórcio contra a rainha Carolina.

 Em 1882 o ministro de Castlereagh que tinha ordenado o massacre de Peterloo


suicidou-se.

 Os anos 20 iriam dar lugar a algumas medidas reformistas pela administração do


duque de Wellington como o Catholic Emancipation Act de 1829 que devolveu os
direitos civis aos católicos.
 A morte de Jorge IV em 1830 levou a uma eleição geral na qual os whigs conquistaram
o poder e começaram a primeira reforma do Parlamento.

Da Reforma de 1832 à Grande Exposição

 O Reform Act de 1832 ficou aquém das expectativas dos liberais, já que a Inglaterra
com 54% da população do Reino Unido continuava a eleger 71% dos representantes à
câmara dos Comuns enquanto antes da reforma elegia 74%.

 Na década de 30 foram levadas a cabo uma série de reformas sociais quase sempre
promovidas pelos tories e que levaram a uma diminuição do descontentamento dos
mais pobres.

 Na década de 40 surgiram dois poderosos movimentos de contestação:

o Os cartistas que visavam recuperarem os princípios do sufrágio universal.

o Movimento pela abolição das Corn Laws – medidas protecionistas à produção


de cereais impediam a diminuição do preço do pão e a importação de cereais a
preços mais baixos.

 Umas sequências de maus anos agrícolas na Irlanda levaram à emigração de 2 milhões


de irlandeses para Inglaterra que reduziram os salários e pioraram as condições de
vida dos ingleses mais desfavorecidos acentuando uma clivagem que já existia a nível
religioso.

 A situação difícil das classes trabalhadoras começava a ser denunciada por escritores
como Mrs. Gaskell ou Charles Dickens, mas também por pensadores económicos como
Karl Marx e Friedrich Engels.
 A industrialização continuava a avançar agora com a inovação do caminho-de-ferro
que revolucionou os transportes.

 Os anos 50 seriam ainda coroados com a Great Exhibition de 1851 no Palácio de Cristal
que culminou o período vitoriano formativo.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Foi um processo contínuo

A Revolução Demográfi ca

 O aumento da população associado à Revolução Industrial é de tal forma importante


que os anos entre 1714 e 1815 são chamados por alguns autores o século vital.
 O crescimento demográfico começa a fazer-se sentir na segunda metade do século
XVIII e atinge taxas surpreendentes na primeira metade do século XIX.
 O primeiro censo foi realizado em 1801 e detetou 9 milhões de habitantes em
Inglaterra e País de Gales.
 Nas primeiras décadas do século XVIII a mortalidade chegou a ultrapassar a natalidade
e apenas na segunda metade do século se regista um aumento irreversível da
população.
 Diversas razões têm sido apontadas para justificar este crescimento:
o Decréscimo da mortalidade, em especial a infantil.
o Progressos feitos na medicina (estudos da anatomia e vacinas).
o Melhoramentos nas habitações e na higiene.
o Série de anos de boas colheitas leva à diminuição do preço dos cereais e ao
aumento da procura de trabalho.
o Declínio do sistema de aprendizagem que restringia a liberdade dos
trabalhadores e desincentivava os jovens de casarem mais cedo.
 T R Malthus ao observar o crescimento da população em 1798 definiu uma teoria que
relacionava o crescimento da população com o crescimento dos alimentos, sendo que
o primeiro se processava se processava a um ritmo superior, o que levaria a uma
situação de miséria e fome.
 Nesse sentido, Malthus propôs uma série de medidas intervencionistas para conter o
crescimento d população, medidas essas que incidiam essencialmente nas camadas
mais desfavorecidas.
 Por outro lado, a emigração irlandesa para Inglaterra também contribui para o
acréscimo populacional – essa emigração teria sido provocada pelos hungry forties, as
crises de fome na Irlanda.
 Por outro lado, registou-se ainda um fluxo migratório interno, das zonas rurais para a
zona do triângulo industrial formado por Birmingham, Liverpool e Newcastle upon
Tyne e esse movimento ficou a dever-se ao nascimento da agricultura em grande
escala e à Revolução Industrial.

A Revolução Agrícola

 A Revolução Agrícola e a Revolução Industrial passaram por 3 fases:


o Na primeira regista-se um alargamento de horizontes de produção quer no
tempo quer no espaço, ou seja, começa a produzir-se para o futuro.
o Na segunda fase, começa a praticar-se um regime de especialização de tarefas
com a substituição do pequeno proprietário rural pelo trabalhador sem terra.
o Por fim, regista-se a aplicação de métodos científicos e experimentais e
técnicas.
 No desenvolvimento da agricultura em Inglaterra, as enclosures tiveram um papel
fundamental.
 Embora fosse um processo com raízes longas, acelerou-se na primeira metade do
século XVIII levando ao desaparecimento do yeoman que é forçado a viver à custa das
poor rates ou então a migrar em busca de trabalho.
 A enclosure teve consequências sociais negativas, mas em termos económicos
permitiu uma maior produtividade que levou à adoção de processos e técnicas
experimentais.
 Alguns dos experimentadores mais famosos deste período são:
o Lord Lovell – Coke of Norfolk
o Visconde de Townshend – Turnip Townshend
 Estes proprietários esclarecidos formaram um grupo de gentleman farmer que
preferiam viver nas suas propriedades rurais que exploravam diretamente em
detrimento de uma vida de ócio na corte.
 Os novos processos agrícolas trouxeram consequências ao nível da alimentação e da
qualidade dos produtos.
 A agricultura foi adotando os métodos da produção em massa, espalhando os seus
produtos em vários mercados e promovendo a especialização do trabalho.
Transportes e Comunicações

 A produção em larga escala só foi possibilitada pelo desenvolvimento dos transportes


de mercadorias.
 No início do séc. XVIII os transportes eram ainda maioritariamente feitos a cavalo e as
estradas eram mantidas pelas paróquias ou pelos proprietários.
 Em meados do séc. XVIII começam a surgir os turnpike trusts, companhias privadas
destinadas à construção de estradas com portagem.
 Alguns engenheiros iriam contribuir para a melhoria da qualidade das estradas:
o John Metcalf – escoamento das águas e construção de valetas
o Thomas Telford – fundações das estradas
o John Loud Macadam – construção de superfícies
 Para as cargas mais pesadas o transporte marítimo era já muito utilizado tirando
partido dos recortes geográficos das costas inglesas.
 Surgiu ainda a ideia de alargar a rede hídrica com a construção de canais:
o O pioneiro destas obras foi Francis Egerton, Duque de Bridgewater que
construiu um canal das minas de Worsley até Manchester.
o James Brindley trabalhou também na construção de um canal no rio Mersey
o A maior obra foi o Grand Trunk, que ligaria o Mersey, o Trent e o Humber.
 A época dos canais durou de 1760 a 1830 e a partir desenvolveram-se outros meios
como o caminho-de-ferro que ganhou terreno devido à sua maior rapidez.
 Adam Smith foi dos primeiros economistas a relacionar o desenvolvimento de novas
indústrias com as inovações dos transportes e a explicar a localização de indústrias
junto a rios ou nas costas.
 Os transportes marítimos de longo curso eram também fundamentais para o
transporte de mercadorias, tendo-se desenvolvido a sua segurança e eficácia.

Divisão do trabalho e novos inventos

 A revolução industrial foi pautada por uma série de inventos que permitiram um
substancial aumento de produtividade.
 As inovações começaram por abarcar a indústria têxtil e as minas, sendo aplicadas
noutras indústrias como a do ferro, porcelana, estanho, cobre, vidro e chumbo.
 A especialização de tarefas foi apontada por Adam Smith na sua obra, como uma
oportunidade de melhoria da eficiência apontando 3 razões:
o A especialização melhora a habilidade e a competência dos trabalhadores
o Princípio da rentabilização do tempo
o As máquinas permitem uma maior rentabilidade e exigem menos
trabalhadores.
 Em 1708 Newcomen inventa uma máquina para escoar a água dos túneis.
 Em 1765 James Wyatt inventa a máquina a vapor, aperfeiçoada por estudos de
professores da Universidade de Glasgow.
 Entre 1764 e 1767 James Hargreaves inventou a Jenny, com a qual era possível fiar um
grande número de fios – esta máquina estava ainda adaptada ao trabalho doméstico
por ser pequena e fácil de manejar.
 Em 1768 Richard Arkwright e John Kay desenvolvem a frame que já exigia uma fonte
de energia não doméstica.
 Crompton iria desenvolver a mule aplicada à indústria Têxtil.
 Em 1790 a máquina a vapor de Watt seria aplicada a estes engenhos.
 Em 1784 Edmund Cartwright inventa o power loom, um tear accionado por cavalos,
pás aquáticas ou pela máquina a vapor – a generalização desta máquina é lenta devido
à oposição dos tecelões manuais.
 Nas minas surgiram ainda outros desenvolvimentos como o da ventilação das galerias
resolvido por Carlisle, Spedding of Whitehaven e John Buddle e o da iluminação das
galerias solucionado por Sir Humphrey Davy e por George Stephenson.
 O esgotamento das florestas devido à necessidade de carvão para as indústrias, leva a
desenvolvimentos como a substituição do charcoal por coke, ou carvão mineral
(Abraham Darby) que começou a ser utilizado, não apenas na fundição, mas também
no tratamento do ferro devido a um invento de Cort.
 Os progressos na indústria siderúrgica possibilitaram a independência das ilhas
britânicas como produtor e exportador de ferro e equipamento pesado.
 As indústrias localizaram-se em regiões perto das maiores jazidas de carvão:
Straffordshire; South Yorkshire, Clyde e South Wales.
 A revolução científica no séc. XVII (encorajou o estudo científico da natureza,
mostrado pelo operário e pelo mecânico vulgar nos seus esforços para superar as
dificuldades práticas imediatas.

 As inovações tecnológicas da revolução industrial não eram produto de investigadores


nos seus laboratórios, mas de homens práticos nas suas oficinas.

 A revolução agrícola nos sécs. XVII e XVIII permitiu o espantoso aumento da taxa de
crescimento da população sem o que a rápida industrialização não teria sido possível.
A população duplicou entre 1760 e 1830.

 A Revolução do transporte, efetuada pela construção de canais e melhoria de


estradas no séc. XVIII permitiu um transporte de mercadorias rápido e barato.

 Além da posição predominante do comércio ultramarino, a Inglaterra possuía o maior


mercado interno da Europa, pois a França tinha ainda tarifas internas e outros rivais
futuros não estavam ainda politicamente unidos.

 Possuía os recursos naturais para um trabalho de industrialização rápido. Gozavam das


vantagens legadas pelos numerosos rios de caudais amenos: transporte e energia
hidráulica.

 Possuía amplos jazigos de carvão, que foi o carburante que, por meio da máquina de
vapor, forneceu energia para as indústrias mais importantes.

 Em conjunto, a Inglaterra, a Escócia e Gales possuíam depósitos grandes e acessíveis


de carvão.

 De facto, foi à volta dos grandes campos carboníferos que cresceram as novas cidades,
especialmente no Midlands inglês e no Norte, criando assim uma divisão cultural entre
o norte e o sul que permaneceu ao longo dos tempos.
 O Banco de Inglaterra, fundado em 1694, e os ingleses, cresceram com o hábito de
tratar de ações e de papéis de crédito enquanto outros ainda olhavam com
desconfiança para coisas menos sólidas do que o ouro.

PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO

 Primeiro houve um período de aceleração de produção pelos métodos tradicionais.


Quando estes métodos estavam completamente expandidos e a procura continuava a
aumentar, foram feitas algumas inovações técnicas, permitindo maior produtividade e,
em compensação, encorajadas mais inovações para tornar processos ligados
comparavelmente eficientes.

 O exemplo clássico é a indústria têxtil, mais especificamente, o fabrico de algodão que


foi a primeira indústria a sofrer o processo de transformação de artesanal para a
produção mecânica em massa e, assim, abriu o caminho à expansão do comércio
externo britânico.

 No início do séc. XVIII, a manufatura do algodão estava a crescer rapidamente,


empregando cada vez mais fiadores e tecelões.

 A invenção da naveta móvel, em 1733, tornou a tecelagem um processo mais rápido,


de modo que um tecelão podia fazer uso da produção de cinco ou seis máquinas de
fiação.

 O aumento da velocidade da fiação pela fábrica de fiação de Hargreave em 1773,


significou um aumento da produtividade várias centenas de vezes.

 Os teares mecânicos de Cartwright, em 1775, trouxeram a tecelagem para linha da


frente.
 Em 1830 ainda eram em maior número os teares manuais do que os mecânicos. As
novas criações só eram aperfeiçoadas algum tempo depois da sua invenção e não se
introduziam imediatamente na indústria.

 Não obstante, a revolução na indústria do algodão estava virtualmente completa em


menos de cinquenta anos.

 O sistema fabril criou uma nova sociedade em Inglaterra. No topo estava uma nova
classe de industriais poderosamente ricos e de empresários, por vezes homens de
origem económica pobre.

 O proletariado industrial era formado pelo excesso dos trabalhadores agrícolas e dos
artesãos. Não tinham poder económico, nem político.

 A penosa lentidão dos melhoramentos sociais constituiu um chocante contraste com a


rapidez do progresso industrial.

 As classes abastadas pensaram em diversas regras ao longo dos anos para controlar a
população e encontrar uma solução ao assunto dos pobres.

 Os pobres eram vistos como um fardo para a sociedade. Durante muito tempo falava-
se da existência de regulamentos fabris que limitavam as horas de trabalho das
crianças, mas a legislação foi largamente ignorada pois não havia qualquer autoridade
que a impusesse.

 E assim acontecia com a maior parte das medidas feitas para melhorar as condições de
proletariado. Simplesmente não se aplicavam. A industrialização em marcha fraquejou
na década de 1840 mas, depois, a expansão dos caminhos de ferro e a adoção do
comércio livre reanimaram-na.

ÉPOCA VITORIANA
 A Era Vitoriana iniciou-se com a subida ao trono da rainha Vitória, em 1837. A jovem
rainha representou uma agradável mudança como monarca, depois de uma sucessão
de cavalheiros gordos e idosos.

 Os soberanos anteriores, os seus tios, Jorge IV e Guilherme IV, levaram a coroa à


decadência. Coincidiu com uma reforma parlamentar que muito pouco conseguiu e
não constitui uma grande mudança, exceto para a classe média urbana que ganhou o
voto.

 A Rainha Vitória casou com um primo alemão, Príncipe Alberto. Tanto ricos como
pobres preferiam que a Rainha tivesse casado com um nobre inglês. Desse modo, os
seus filhos seriam inteiramente ingleses. Mas o príncipe esforçou-se para ganhar a
admiração destes. Foi o principal promotor da grande exposição de 1851, albergada no
Palácio de Cristal, construído para a ocasião. Foi uma extraordinária mostra de
superioridade industrial britânica e da inovação técnica que se continha num grande
palácio de vidro, tão lato que possuía árvores de olmo totalmente crescidas e
plantadas no local.

 Período de escassez geral. Foi agravada pela perda da cultura da batata, uma grande
calamidade para a Irlanda, onde a batata constituía a cultura principal. O resultado foi
a fome. Muitos morreram. Também foi uma das razões para forçar a extinção das leis
do trigo e a vitória decisiva do comércio livre.

 Seguiu um período de grande e crescente prosperidade. Na geração posterior a 1850 o


valor do comércio externo subiu cerca de 400%. Depois dos distúrbios do início do
século, a segurança parecia assegurada. O povo britânico gozava de uma paz e
prosperidade sem paralelo, ou pelo menos, assim sucedia com a classe média.

 Os pobres continuavam a ser um estorvo para a pujante sociedade vitoriana. Algumas


das constantes tentativas das classes abastadas de procurar uma solução à “questão
dos pobres” foram a lei dos pobres, as tristemente celebres workhouses e a nefasta
Treadmill como método de castigo nas prisões.
 O escritor que melhor retratou a miséria e a pobreza numa sucessão de maravilhosas
novelas cheias de inventiva foi o Charles Dickens. Ele próprio sofreu as desgraças da
carência quando o seu pai foi encarcerado na prisão de devedores. Ainda era um
menino de 12 anos, mas teve de sustentar a sua família.

 Celebrou-se o 1º Congresso dos Sindicatos (Trade Union) em 1868.

 Sociedade do período médio vitoriano caracterizava-se por ser demasiado narcisista e


materialista. Acreditava-se no aperfeiçoamento da sociedade, ou antes, da natureza
humana, através dos meios de progresso material que caminhavam de mãos dadas
com o aperfeiçoamento moral.

 Em 1875 iniciou-se o declínio da Grã-Bretanha. Nunca mais retrocedeu.

 A crise económica dos anos 1870 foi o princípio do fim.

 A exposição de Paris de 1867 revelou que a tecnologia britânica já não era tão
avançada como surgira na exposição de Londres de 1851.

 Na década de 1880 a Grã-Bretanha já não era a potência mundial cimeira.

 A morte da Rainha em 1901 pôs fim a uma era e significou a decadência e o fim do
Império.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – Séc. XX – 1914 – 1918

 Um conflito armado que aconteceu na Europa num momento de plenas


transformações e que de um modo geral, deve-se a 3 fatores determinantes: o
Nacionalismo (os países tomavam consciência que precisavam preservar o que é seu,
procurando proteger as suas matrizes identitárias – no caso inglês, os movimentos
nacionalistas que se criavam à volta da Irlanda, India e Egipto contra a tutela britânica).
As Lutas Imperialistas, pois as nações ditas poderosas procuravam assimilar as suas
políticas de expansão sobre os territórios, a economia e a cultura do seu próprio país
como em outras regiões. Os Fatores Históricos, acontecimentos e inimizades,
incitados ao longo dos tempos.

 A mais gravosa consequência da guerra foram as perdas humanas e materiais,


principalmente as humanas, com cerca de 13 milhões de mortes e desaparecidos,
entre civis e militares.

 A classe trabalhadora foi a mais prejudicada com a guerra, se tivermos em conta que
reclamavam uma infinidade de direitos trabalhistas, como horas de trabalho, melhores
condições, aumento de salário, entre outros, tendo somente conquistado as 48 horas
de trabalho semanal.

 A grande guerra chegou ao fim em 1918 coma vitória dos aliados da França e a derrota
dos alemães.

 O ponto mais importante a se destacar quanto ao fim da guerra são as determinações


do Tratado de Versalhes, que veio mais tarde a originar a Segunda Guerra Mundial.

BIBLIOGRAFIA

LEAL DE FARIA, Maria Luísa. Sociedade e Cultura Inglesas. Lisboa: U Aberta, 1996.

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