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Tradição e Revolução
A política económica interna vigente não limitava a iniciativa privada, o que facilitou o
aparecimento dos empreendedores.
A Inglaterra tem também um sistema financeiro desenvolvido que inclui empresas por
ações e cotas, um sistema bancário eficiente, hábitos de investimento à distância,
instituições de crédito, bancos, notas bancárias e cheques.
A produção é feita pelo domestic system, ou seja, a atividade agrícola combinada com
alguma manufatura, mas começam já a surgir um processo semi-capitalista de
distribuição de tarefas por um empreendedor.
A cultura plebeia segundo EP Thomson teria traços que são normalmente atribuídos às
culturas tradicionais:
A cultura tradicional do séc. XVIII é também rebelde porque defende o costume contra
a inovação. Os food riots do séc. XVIII são expressões de conceitos tradicionais de
justiça e direito e não apenas manifestações trazidas por uma maior dificuldade
financeira.
O enquadramento definido pelo Bill of Rights de 1689 e pelo Act of Settlement de 1701
limitava o poder dos monarcas.
Os Tories defendiam a causa Stuart, tendo mesmo apoiado a revolta jacobita de - por
conde de Oxford e Henry St John, visconde de Bolingbroke.
Algumas das medidas que foram tomadas neste período foram o Riot Act que permitia
ao exército intervir em levantamentos populares e o Septennial Act que estabeleceu a
legislatura por sete anos em vez de três.
O Partido Whig iria ser influenciado por Robert Walpole que dominou a política
britânica até 1742 tendo mantido um clima de estabilidade interno e externo que
permitiu a sua longa permanência.
O sistema eleitoral estava ainda longe de ser democrático, já que havia uma grande
diversidade de circunstâncias nos boroughs, tendo alguns uma população muito
extensa e outros muito poucos eleitores – estas desproporções, agravadas pelas
migrações provocadas pela industrialização levaram às reformas parlamentares, a
primeira das quais em mil oitocentos e trinta e dois.
Quando Jorge III subiu ao trono em 1762, a estabilidade política e social parecia
assegurada, mas o seu reinado iria ser perturbado pela Revolução Americana, pela
Revolução Francesa, pelo nascimento do radicalismo político, pela Revolução Industrial
e pela Revolução Agrária.
A primeira prioridade de Jorge III foi obter a paz na Guerra dos Sete Anos contra a
França e Espanha.
Ao fim da Guerra seguiu-se um período de instabilidade causado por maus anos
agrícolas e recessão económica nas zonas urbanas.
A divulgação das ideias de Wilkes ficou a dever-se ao aumento do público leitor que
permitiu a divulgação dos textos que apoiavam as suas reformas, mas também
porque as suas ideias tinham como objetivo a garantia dos direitos políticos do
eleitorado, aumentando o direito de sufrágio.
A perda da América foi interpretada como uma lição, já que só tinha ocorrido porque
os britânicos não tinham sabido adaptar-se a uma sociedade que atingia a maturidade
– assim, mudou a perspetiva inglesa face às colónias, já que surgiu a ideia de uma
missão moral e civilizacional combinada com fatores económicos e condições
estratégicas.
Os anos 80 foram ainda turbulentos entre as várias fações políticas como os dois
grupos whig dominados por Lord Rockingham que contava com o apoio do jovem Pitt.
Roy Porter no English Society in The Eighteen Century refere 3 aspetos sobre a
sociedade inglesa:
O governo tory subiu ao poder depois de 1815 e confrontou-se com a recessão depois
da guerra, mas as perturbações que iam surgindo nos centros industriais e com uma
imprensa popular cada vez mais protestante (Political Register e o Edinburg Whig).
A ala mais liberal do governo do Lord Liverpool ganhou mais relevo em 1820 quando
Jorge IV instalou um processo de divórcio contra a rainha Carolina.
O Reform Act de 1832 ficou aquém das expectativas dos liberais, já que a Inglaterra
com 54% da população do Reino Unido continuava a eleger 71% dos representantes à
câmara dos Comuns enquanto antes da reforma elegia 74%.
Na década de 30 foram levadas a cabo uma série de reformas sociais quase sempre
promovidas pelos tories e que levaram a uma diminuição do descontentamento dos
mais pobres.
A situação difícil das classes trabalhadoras começava a ser denunciada por escritores
como Mrs. Gaskell ou Charles Dickens, mas também por pensadores económicos como
Karl Marx e Friedrich Engels.
A industrialização continuava a avançar agora com a inovação do caminho-de-ferro
que revolucionou os transportes.
Os anos 50 seriam ainda coroados com a Great Exhibition de 1851 no Palácio de Cristal
que culminou o período vitoriano formativo.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Demográfi ca
A Revolução Agrícola
A revolução industrial foi pautada por uma série de inventos que permitiram um
substancial aumento de produtividade.
As inovações começaram por abarcar a indústria têxtil e as minas, sendo aplicadas
noutras indústrias como a do ferro, porcelana, estanho, cobre, vidro e chumbo.
A especialização de tarefas foi apontada por Adam Smith na sua obra, como uma
oportunidade de melhoria da eficiência apontando 3 razões:
o A especialização melhora a habilidade e a competência dos trabalhadores
o Princípio da rentabilização do tempo
o As máquinas permitem uma maior rentabilidade e exigem menos
trabalhadores.
Em 1708 Newcomen inventa uma máquina para escoar a água dos túneis.
Em 1765 James Wyatt inventa a máquina a vapor, aperfeiçoada por estudos de
professores da Universidade de Glasgow.
Entre 1764 e 1767 James Hargreaves inventou a Jenny, com a qual era possível fiar um
grande número de fios – esta máquina estava ainda adaptada ao trabalho doméstico
por ser pequena e fácil de manejar.
Em 1768 Richard Arkwright e John Kay desenvolvem a frame que já exigia uma fonte
de energia não doméstica.
Crompton iria desenvolver a mule aplicada à indústria Têxtil.
Em 1790 a máquina a vapor de Watt seria aplicada a estes engenhos.
Em 1784 Edmund Cartwright inventa o power loom, um tear accionado por cavalos,
pás aquáticas ou pela máquina a vapor – a generalização desta máquina é lenta devido
à oposição dos tecelões manuais.
Nas minas surgiram ainda outros desenvolvimentos como o da ventilação das galerias
resolvido por Carlisle, Spedding of Whitehaven e John Buddle e o da iluminação das
galerias solucionado por Sir Humphrey Davy e por George Stephenson.
O esgotamento das florestas devido à necessidade de carvão para as indústrias, leva a
desenvolvimentos como a substituição do charcoal por coke, ou carvão mineral
(Abraham Darby) que começou a ser utilizado, não apenas na fundição, mas também
no tratamento do ferro devido a um invento de Cort.
Os progressos na indústria siderúrgica possibilitaram a independência das ilhas
britânicas como produtor e exportador de ferro e equipamento pesado.
As indústrias localizaram-se em regiões perto das maiores jazidas de carvão:
Straffordshire; South Yorkshire, Clyde e South Wales.
A revolução científica no séc. XVII (encorajou o estudo científico da natureza,
mostrado pelo operário e pelo mecânico vulgar nos seus esforços para superar as
dificuldades práticas imediatas.
A revolução agrícola nos sécs. XVII e XVIII permitiu o espantoso aumento da taxa de
crescimento da população sem o que a rápida industrialização não teria sido possível.
A população duplicou entre 1760 e 1830.
Possuía amplos jazigos de carvão, que foi o carburante que, por meio da máquina de
vapor, forneceu energia para as indústrias mais importantes.
De facto, foi à volta dos grandes campos carboníferos que cresceram as novas cidades,
especialmente no Midlands inglês e no Norte, criando assim uma divisão cultural entre
o norte e o sul que permaneceu ao longo dos tempos.
O Banco de Inglaterra, fundado em 1694, e os ingleses, cresceram com o hábito de
tratar de ações e de papéis de crédito enquanto outros ainda olhavam com
desconfiança para coisas menos sólidas do que o ouro.
PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO
O sistema fabril criou uma nova sociedade em Inglaterra. No topo estava uma nova
classe de industriais poderosamente ricos e de empresários, por vezes homens de
origem económica pobre.
O proletariado industrial era formado pelo excesso dos trabalhadores agrícolas e dos
artesãos. Não tinham poder económico, nem político.
As classes abastadas pensaram em diversas regras ao longo dos anos para controlar a
população e encontrar uma solução ao assunto dos pobres.
Os pobres eram vistos como um fardo para a sociedade. Durante muito tempo falava-
se da existência de regulamentos fabris que limitavam as horas de trabalho das
crianças, mas a legislação foi largamente ignorada pois não havia qualquer autoridade
que a impusesse.
E assim acontecia com a maior parte das medidas feitas para melhorar as condições de
proletariado. Simplesmente não se aplicavam. A industrialização em marcha fraquejou
na década de 1840 mas, depois, a expansão dos caminhos de ferro e a adoção do
comércio livre reanimaram-na.
ÉPOCA VITORIANA
A Era Vitoriana iniciou-se com a subida ao trono da rainha Vitória, em 1837. A jovem
rainha representou uma agradável mudança como monarca, depois de uma sucessão
de cavalheiros gordos e idosos.
A Rainha Vitória casou com um primo alemão, Príncipe Alberto. Tanto ricos como
pobres preferiam que a Rainha tivesse casado com um nobre inglês. Desse modo, os
seus filhos seriam inteiramente ingleses. Mas o príncipe esforçou-se para ganhar a
admiração destes. Foi o principal promotor da grande exposição de 1851, albergada no
Palácio de Cristal, construído para a ocasião. Foi uma extraordinária mostra de
superioridade industrial britânica e da inovação técnica que se continha num grande
palácio de vidro, tão lato que possuía árvores de olmo totalmente crescidas e
plantadas no local.
Período de escassez geral. Foi agravada pela perda da cultura da batata, uma grande
calamidade para a Irlanda, onde a batata constituía a cultura principal. O resultado foi
a fome. Muitos morreram. Também foi uma das razões para forçar a extinção das leis
do trigo e a vitória decisiva do comércio livre.
A exposição de Paris de 1867 revelou que a tecnologia britânica já não era tão
avançada como surgira na exposição de Londres de 1851.
A morte da Rainha em 1901 pôs fim a uma era e significou a decadência e o fim do
Império.
A classe trabalhadora foi a mais prejudicada com a guerra, se tivermos em conta que
reclamavam uma infinidade de direitos trabalhistas, como horas de trabalho, melhores
condições, aumento de salário, entre outros, tendo somente conquistado as 48 horas
de trabalho semanal.
A grande guerra chegou ao fim em 1918 coma vitória dos aliados da França e a derrota
dos alemães.
BIBLIOGRAFIA
LEAL DE FARIA, Maria Luísa. Sociedade e Cultura Inglesas. Lisboa: U Aberta, 1996.