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O método experimental de Francis Bacon

Como adquirimos o conhecimento?

De onde vem o conhecimento?

Da nossa experiência ou unicamente da nossa razão, ou dos dois?

Considerado pai do método experimental, Francis Bacon.

Além de filósofo, era político e ensaísta e defendeu a tese de que o


método indutivo era o mais eficiente para se compreender o
funcionamento da natureza.

Propunha um “novo” método indutivo, bem diferente ao de


pensadores que o antecederam. Bacon entendia que em seu método
indutivo, na análise de um número suficiente de casos particulares,
como um fenômeno acontece ou não, seria possível chegarmos a
uma verdade geral.

Como exemplo desse método, temos o que ele chamava de “tábuas


de investigação!

As tábuas de investigação de Bacon tinham como objetivo auxiliar o


intelecto a buscar, por meio da experimentação, a verdade sobre as
coisas ou fenômenos que acontecem diante de nós. Para isso, Bacon
fazia uso de três passos bem definidos, sendo eles, os três passos, ou
três tábuas.

A primeira tábua é a da afirmação ou da presença, onde se registra o


que se observa, todas as instâncias de um fenômeno que concordem
por apresentar as mesmas características. Por exemplo, se o
problema verificado é o calor, é necessário analisar os casos em que
ele se apresenta, tais como o fogo, o sol, e assim por diante.

A segunda tábua é a da negação ou ausência, onde se faz necessário


analisar também os casos em que o fenômeno não acontece, com
isso, é preciso encontrarmos os casos opostos ao exemplo anterior,
como os raios lunares. Por fim, o terceiro passo é o da comparação,
onde os fatores observados são os diferentes graus de variações
ocorridos no fenômeno.

Tais “tábuas de investigação” propostas por Bacon, formavam um


método para a compreensão da natureza, com o intuito de exercer
controle sobre ela, para utilizá-la a favor dos interesses humanos.
Logo, caberia à Ciência munir-se de instrumentos, recursos e
procedimentos capazes de auxiliar o intelecto na busca da verdade,
por meio da experiência.

Bacon entendia que o homem poderia conhecer a fundo própria


natureza e, a conhecendo, poderia domina-la por completo. Daí, lhe é
atribuída a frase “Saber é poder”. A ciência está, segundo Bacon,
objetivamente ligada à técnica, e seu valor se dava por sua utilidade
à vida prática.

Com suas ideias, Francis Bacon foi considerado o pai do método


experimental, isso porque defendia a utilização por completo de
métodos empíricos para se alcançar o conhecimento dos fenômenos,
das coisas, bem como das leis que dominam a natureza.

No contexto filosófico, Bacon defendia a possibilidade de um


conhecimento mais seguro, e afirmava que a verdadeira filosofia
deveria também ser algo prático, por isso, entendia que deveríamos
buscar também na filosofia a mentalidade científica que propunha,
deixando então as falsas noções que de certa forma condicionam
nossa reflexão.

Esses “ídolos” que Bacon propunha que deveriam ser abandonados


são classificados por ele em quatro géneros, sendo eles: ídolos da
tribo, ídolos da caverna, ídolos do foro e ídolos do teatro.

 De forma objetiva, Bacon entendia que “Os ídolos da tribo é o falso
entendimento de que os sentidos do homem são a medida das coisas.
Ocorrem devido as deficiências do próprio espírito humano que se
revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos
favoráveis, omitindo os desfavoráveis. São assim chamados porque
são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.

Quanto aos ídolos da caverna, destacamos os preconceitos pessoais


do próprio investigador; que resultam da própria educação e da
pressão dos costumes.

Nos ídolos do foro, Bacon afirmava que é “devido ao comércio e


consórcio entre os homens, isso porque, os homens se associam
graças ao discurso e suas palavras. E as palavras, impostas de
maneira imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto.
Ou seja, trata-se aos que se relacionam à tirania das palavras e à
influência dos hábitos verbais sobre a liberdade do espírito.

Por último, quanto aos ídolos do teatro, são assim chamados por
Bacon “por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são
outras tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram
mundos fictícios e teatrais.”
Bem, Francis Bacon marca de forma significativa o pensamento
moderno, e suas obras são consideradas muito importantes, lançando
bases para a ciência moderna.

Francis Bacon criou um método indutivo de investigação, isto é,


partindo de dados particulares e generalizando para o universal,
através da experiência, com o intuito de fazer uma ciência pura e
livre de qualquer erro, que ele chamou de ídolos, que são os pré-
conceitos que formamos sem nenhum dado de certeza e de
experiência.

MÉTODO EMPÍRICO INDUTIVO

- Experiência

- Observação

- Regularidade

- Análise

- Generalização

Resumo: Características e Contexto Histórico

O declínio do sistema feudal foi essencial para o surgimento de uma


nova ordem e mentalidade na Europa.

A Idade Média foi caracterizada pelo pelo sistema feudal, o


teocentrismo e uma sociedade estamental (rei-nobre-clero-servos), a
qual impossibilitava a mobilidade social.

Nesse contexto, poucos indivíduos tinham acesso ao conhecimento, o


qual era transmitido por meio dos livros e trancados nas bibliotecas,
tal qual tesouros.

Durante esse período de transição, a Europa passava por diversas


transformações como a expansão marítimo comercial, o surgimento
da imprensa e da burguesia.
Tudo isso levou os seres humanos questionarem o modelo da
sociedade medieval que se baseava na concepção que Deus deveria
estar no centro de tudo, o teocentrismo.

De tal modo, o Humanismo  (As principais características do


humanismo nas artes e na filosofia são:

Antropocentrismo: conceito filosófico que ressalta a importância do


homem como um ser agente dotado de inteligência e de capacidade
crítica. Avesso ao teocentrismo (deus como centro do mundo), esse
conceito permitiu descentralizar o conhecimento que antes era
propriedade da Igreja.

Racionalismo: corrente filosófica associada à razão humana que


foca na produção de conhecimentos sobre o ser humano e o mundo,
contestando o espiritualismo.

Cientificismo: associado ao racionalismo, esse conceito coloca a


ciência em um lugar de destaque. Através do método científico, ele
fomenta as descobertas desse campo a fim de entender os
fenômenos naturais.

e o Renascimento Cultural dão lugar ao antropocentrismo, onde


agora, o homem será o centro do Universo. O modo de investigar o
fenômenos naturais muda e, por consequência, os cientistas, passam
a ter uma atitude mais crítica e ativa em relação ao mundo.

Por fim, o Renascimento Científico causou grande impacto no


pensamento europeu da época e possibilitou o fim da Era Medieval e
o início da Idade Moderna.

Principais representantes

Os principais pensadores que fizeram parte do Renascimento


Científico foram:

 Francis Bacon (1561-1626): filósofo, político e


alquimista inglês, Bacon foi o criador do “Método Científico”
(nova maneira de estudar a natureza), sistematizando o
conhecimento humano, sendo considerado o fundador da
“Ciência Moderna”.

Francis Bacon nasceu na Inglaterra no ano de 1561, durante o


reinado de Elisabeth I. Foi considerado “o primeiro dos modernos e o
último dos antigos”, “inventor do método experimental”, “fundador da
ciência moderna e do empirismo”[1].

Francis Bacon vai descrever uma cidade fictícia onde existe uma
sociedade igualitária e justa em que a ciência é desenvolvida para o
controle da natureza e para o benefício e bem-estar humano. Esta
cidade é comandada pelos sábios da “Casa de Salomão” e nela não
existe fome, as doenças são controladas e a vida prolongada fazendo
uma mediação entre ciência e religião, pois se trata de uma
sociedade onde, apesar do desenvolvimento científico e tecnológico
ser seu fio condutor, os preceitos cristãos são amplamente seguidos e
respeitados. Bacon se utiliza de diversos símbolos cristãos como
sinos, arcas, anjos, etc.

2 – No texto de Francis Bacon, todo o acontecimento importante na


Cidade está relacionado com passagens bíblicas, através desse
dados, pode ser trabalhado a importância da Bíblia e da religião na
sociedade moderna, a importância da invenção da prensa e no
desenvolvimento cultural e de alfabetização na época e outros
inventos e descobertas científicas que caracterizaram o período
moderno.

Poderia ser dito, com justiça, que Francis Bacon foi verdadeiramente
o primeiro filósofo moderno. Sua visão geral era secular e não
religiosa (apesar de ele acreditar firmemente em Deus). Era racional
e não supersticioso; empírico e não um sábio preso à lógica. Na
política, era realista e não teórico, e, com seu conhecimento clássico
e grande habilidade literária, simpatizante e sintonizado na direção da
ciência e da tecnologia (Hart, 2001, p. 503-504).

Convencido de que o saber é um instrumento seguro para se


assenhorear da natureza, Bacon sugere que o mesmo precisa ser
classificado (ou, melhor, reclassificado), tomando-se por base as
faculdades humanas que o engendram, ou seja, trata-se de uma
classificação fundada não no objeto, mas sim no sujeito do
conhecimento, proposta da maneira como se segue e que, em termos
pedagógicos, constitui um guia para o ensino do saber metódico e
sistematizado: Poesia: conhecimento elaborado pela experiência da
fantasia ou da imaginação. História: conhecimento elaborado pela
experiência da memória; subdivide-se em: História natural: registro
dos acontecimentos do mundo físico ao longo do tempo e do espaço;
História civil: registro dos acontecimentos do mundo humano, ou
seja, das civilizações, ao longo das suas épocas e dos seus locais;
Ciência ou filosofia: conhecimento elaborado pela experiência da
razão; subdivide-se em: Filosofia primeira (Philosophia prima):
estudo dos princípios comuns às várias ciências;

Teologia natural: conhecimento racional de Deus, ou Teodiceia);


Ciência do homem: trata-se de uma espécie de antropologia
filosófica, já que lida com o conhecimento racional do ser humano;
bifurca-se em:  Filosofia da humanidade (Philosophia humanitatis):
ciência do homem individual; é o estudo da estrutura física e psíquica
do ser humano, algo como uma psicologia ou fisiologia humana; 
Filosofia civil (Philosophia civilis): ciência da sociedade humana; diz
respeito à arte de governar, bem como às relações e aos negócios
humanos; Filosofia natural ou física (conhecimento racional da
natureza), que, por sua vez, subdivide-se em:  Física especulativa:
24 estudo das causas naturais primeiras; bifurca-se em:  Física
especial: estudo as causas material e eficiente;  Metafísica: 25
estudo das causas formal e final;  Física operativa: estudo das artes
mecânicas.

Uma vez estabelecendo a sua classificação dos saberes, feita na


primeira parte da Instauratio, Bacon fará, na segunda parte do seu
ambicioso projeto inacabado, investigações que caminham no sentido
de consolidar as bases para a realização da ciência da natureza
(física), na qual tinha um interesse específico. Desse modo, ocupa-se,
no Novum organum, de fundamentar os princípios que, por sua vez,
sustentarão o método do qual se servirá a filosofia natural, método
esse que não é outro senão o método indutivo: Novum organum
talvez seja o livro mais importante de Bacon e consiste basicamente
num apelo para a adoção do método empírico de questionamento. A
prática de se basear completamente na lógica dedutiva de Aristóteles
não era confiável, e um novo método de questionamento, o indutivo,
se tornava necessário.

O conhecimento não é algo com o que se comece para dele deduzir


conclusões; é, na realidade, algo que finalmente se atinge. Para
entender o mundo, ele deve ser antes observado. Primeiro colecione
os fatos, disse Bacon, e então tire as conclusões desses fatos por
meio do raciocínio indutivo. Apesar de os cientistas não terem
seguido detalhadamente o método indutivo de Bacon, a ideia geral
nele impressa – a da importância crucial da observação e da
experimentação – é a medula do método científico desde então (Hart,
2001, p. 503; grifos do autor).

A indução baconiana contempla uma parte negativa e outra positiva;


na primeira, ocupase de remover da mente os obstáculos que se lhe
interpõem no caminho do conhecimento da verdade; na segunda, seu
escopo é construir modelos verdadeiros para a interpretação da
natureza. Com isso, constata-se que o método indutivo aqui proposto
bifurca-se em duas abordagens que serão aqui denominadas da
seguinte maneira: à primeira parte, chamar-se-á ‘a crítica dos ídolos’;
à segunda parte, ‘as tábuas de descoberta ou investigação’.
Conforme Bacon, tais etapas metodológicas constituem, em conjunto,
a orientação segura pela qual o intelecto ou a mente humana deve
pautar-se para atingir a apropriação da realidade, posto que:

O intelecto deixado a si mesmo, na mente sóbria, paciente e grave,


sobretudo se não está impedida pelas doutrinas recebidas, tenta algo
na outra via, na verdadeira, mas com escasso proveito. Porque o
intelecto não regulado e sem apoio é irregular e de todo inábil para
superar a obscuridade das coisas (Bacon, 1997, p. 36).

4.1. A crítica dos ídolos Bacon estava convencido de que o caminho


trilhado para a elaboração de um conhecimento filosófico e científico
sólido e seguro requeria, em primeira instância, a remoção de alguns
obstáculos que a mente humana teria de tirar de si própria a fim de
que, uma vez livre deles, se lançasse à reforma e à construção do
verdadeiro saber; tais obstáculos são por ele denominados ‘idola’,
isto é, ‘ídolos’. O termo é de origem grega ( ) e significa: imagem;
biblicamente, trata-se de um vocábulo utilizado para se referir às
falsas divindades, isto é, aos deuses pagãos, rejeitados pelo judaísmo
e pelo cristianismo, que são religiões monoteístas; destarte, Bacon
serve-se de tal significado, aplicando-o aos erros, às ilusões ou aos
enganos nos quais é susceptível de incorrer o intelecto humano,
razão pela qual urge desvencilhar-se deles, porquanto: Os ídolos e
noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham
implantados não somente obstruem a ponto de ser difícil o acesso da
verdade, como, mesmo depois de seu pórtico logrado e descerrado,
poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências,
a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais
que possam (Bacon, 1997, p. 39). No catálogo de Bacon os ídolos
podem ser de quatro espécies, a saber: 1. Ídolos da tribo (Idola
tribus): equívocos causados pelas limitações da própria espécie
humana, sendo-lhe, pois, inerentes, ou seja, trata-se de uma
propensão natural ao erro, a qual a educação tanto pode combater e
atenuar quanto perpetuar e ampliar, apesar de não ser a origem
deles: Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana,
na própria tribo ou espécie humana. É falsa a asserção de que os
sentidos do homem são a medida das coisas. Muito ao contrário,
todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam
analogia com a natureza humana e não com o universo. O intelecto
humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os
raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe (Bacon,
1997, p. 40; grifos do autor). 2. Ídolos da caverna (Idola specus):
erros provocados pelas limitações intrínsecas do próprio indivíduo
humano, o qual vive, em princípio, como que em uma caverna,
obscura e confusa; trata-se de uma alusão à alegoria da caverna de
Platão (428/7- 348/7 a.C.), segundo o qual a condição humana neste
mundo assemelha-se à de um prisioneiro no interior de uma caverna;
ao contrário dos ídolos da tribo, tais ídolos podem ter a educação por
uma de suas causas, conforme segue abaixo: Os ídolos da caverna
são os dos homens enquanto indivíduos. Pois cada um – além das
aberrações próprias da natureza humana em geral – tem uma
caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza:
seja devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à
educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros
ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram; seja pela
diferença de impressões segundo ocorram em ânimo preocupado e
predisposto ou em ânimo equânime e tranquilo; de tal forma que o
espírito humano – tal como se acha disposto em cada um – é coisa
vária, sujeita a múltiplas perturbações, e até certo ponto sujeita ao
acaso. Por isso, bem proclamou Heráclito que os homens buscam em
seus pequenos mundos e não no grande ou universal (Bacon, 1997,
p. 40; grifos do autor). 3. Ídolos do fórum ou do mercado (Idola fori):
uma vez que os seres humanos são seres que interagem, vivem
como que em um enorme mercado ou praça; 27 assim, enganos
decorrentes dos contatos ou das relações que travam entre si
tornam-se, logo, inevitáveis, porquanto as imperfeições e o mau uso
da linguagem, instrumento dessa sua interação, desviam-nos do
acesso à verdade, razão pela qual a educação, sendo uma atividade
interativa que se serve da linguagem para se realizar, não está isenta
de ser um foco de tais tipos de ídolos: 27 Em português, a palavra
latina fórum tem as seguintes traduções: fórum, foro, mercado e
praça. Apesar dos significados específicos que assumiram na história
do idioma, todas elas ainda possuem um núcleo semântico comum,
qual seja: todas elas se referem a um lugar de relações humanas
públicas. Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do
intercurso e da associação recíproca dos indivíduos do gênero
humano entre si, a que chamamos de ídolos do foro devido ao
comércio e consórcio entre os homens. Com efeito, os homens se
associam graças ao discurso, e as palavras são cunhadas pelo vulgo.
E as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta, bloqueiam
espantosamente o intelecto. Nem as definições nem as explicações
com que os homens doutos se munem e se defendem, em certos
domínios, restituem as coisas ao seu lugar. Ao contrário, as palavras
forçam o intelecto e o perturbam por completo. E os homens são,
assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias
(Bacon, 1997, p. 41; grifos do autor). 4. Ídolos do teatro (Idola
theatri): ilusões despertadas pelas teorias ou doutrinas filosóficas
e/ou científicas, as quais geram autoridade para si próprias e,
consequentemente, conduzem à submissão; como não estão isentas
de erros, provocam uma falsa compreensão da realidade, levando a
uma encenação da verdade, ao invés de revelarem a própria verdade,
tornando-se, pois, pura e simplesmente invenções, tal como em uma
peça de teatro; por tal razão, verifica-se que a educação, que
invariavelmente trabalha com inúmeras teorias, torna-se susceptível
de contaminar-se com os equívocos nos quais tais doutrinas podem
incorrer: Há, por fim, ídolos que imigraram para o espírito dos
homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas
regras viciosas da demonstração. São os ídolos do teatro: por parecer
que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas,
produzidas e representadas, que figuram mundos fictícios ou teatrais.
Não nos referimos apenas às que ora existem ou às filosofias e seitas
dos antigos. Inúmeras fábulas do mesmo teor se podem reunir e
compor, porque as causas dos erros mais diversos são quase sempre
as mesmas. Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos,
na sua universalidade, mas também nos numerosos princípios e
axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da tradição, da
credulidade e da negligência (Bacon, 1997, p. 41; grifos do autor).

A denúncia dos ídolos é um alerta no sentido de que é preciso estar


atento às reais e possíveis falhas às quais estão sujeitas aquelas
mentes que se dedicam à busca do conhecimento da verdade, razão
pela qual a atividade intelectual não envolve, somente, a produção do
saber, mas também a constatação daquilo que não representa o
autêntico saber, assim como diz respeito à correção ou à supressão
do conhecimento falso ou inválido. A educação, pensada em tal
contexto, pode atuar tanto a favor quanto contra a emancipação
intelectual humana, haja vista que ela é uma atividade que, ao
moldar o espírito humano, pode, simultaneamente, encaminhá-lo
tanto para a verdade e a virtude quanto para a falsidade e o vício.
Desse modo, um projeto educacional concebido segundo os
parâmetros baconianos contemplaria, concomitantemente, um
trabalho metódico, sistemático e efetivo para a tomada de
consciência em relação aos ídolos e um implacável combate a eles, já
que são os fautores da ignorância da humanidade. 4.2. As tábuas de
descoberta ou investigação Depois de discorrer sobre a parte
negativa do seu método indutivo, na sua parte positiva Bacon
empenha-se em construir, a partir dos registros das observações dos
fatos naturais, concretos e particulares, extraídos da experiência,
tabelas que lhe permitam passar dos efeitos às causas, dos
fenômenos às essências das coisas. A elaboração de tais tabelas tem
um objetivo bem claro e preciso: chegar ao enunciado das leis
abstratas e universais que regem os fenômenos ou os efeitos
observados no mundo natural, já que o conhecimento verdadeiro
consiste exatamente na apropriação das variantes e das constantes
verificadas a partir das experiências feitas, ou seja, as tábuas
permitem ao investigador extrair da contingência empírica a
necessidade lógica da estrutura e do funcionamento da natureza, o
que significa passar das naturezas (efeitos ou fenômenos) às formas
(causas ou essências); dito de outro modo: As naturezas são
precisamente os fenômenos experimentais, objeto da física especial
(luz, calor, peso, etc.); as formas são leis genéricas e organizadoras
das naturezas, as essências ou causas formais, objeto da metafísica
de Bacon (Padovani & Castagnola, 1978, p. 317). Graças às tábuas
de descoberta ou investigação, permite-se também distinguir a
experiência espontânea, própria do senso comum, da experiência
controlada, que é o experimento, a experiência científica por
excelência, haja vista que: “a melhor demonstração é, de longe, a
experiência, desde que se atenha rigorosamente ao experimento. Se
procurarmos aplicála a outros fatos tidos por semelhantes, a não ser
que se proceda de forma correta e metódica, é falaciosa” (Bacon,
1997, p. 55); este, por sua vez, é aquilo no qual o investigador tem
um interesse específico, posto que é o seu instrumento de produção
de ciência. Bacon classifica os experimentos em duas categorias,
quais sejam: a) Experimentos lucíferos (experimenta lucifera): são
aqueles que se prestam ao esclarecimento de questões universais de
ordem filosófico-científica; por exemplo: quando respondem por que
alguns metais são mais maleáveis do que outros; por tal motivo, são
eles as experiências científicas por excelência, já que trazem ao
intelecto humano o saber pelas causas; a) Experimentos frutíferos
(Experimenta fructiferorum): são aqueles que conduzem a resultados
palpáveis ou práticos; particulares, portanto; por exemplo: por que o
alumínio é um metal mais apropriado para construir utensílios
domésticos do que o estanho; por tal razão, são experimentos de
ordem científico-técnica. 28 Os experimentos, sejam eles lucíferos ou
frutíferos, uma vez realizados, ficam, pois, registrados nas tábuas de
descoberta ou investigação, as quais, por sua vez, dividem-se em:
tábuas de essência e de presença; tábuas de desvio (ou declinação)
ou de ausência em fenômenos próximos; tábua de graus ou de
comparação (cf. Bacon, 1997, p. 111 e 120). Tais tabelas, malgrado
o seu valor científico esteja um tanto quanto obsoleto ou
ultrapassado para os dias atuais, têm, em contrapartida, um valor
pedagógico inquestionável, porquanto revelam que o experimento só
terá utilidade para o homem se for devidamente registrado e
sistematizado para futuras consultas, não se perdendo, pois, o
trabalho dedicado à busca do conhecimento da verdade da natureza.
Desse modo, uma educação científica requer o trabalho metodológico
de consignação dos experimentos realizados, à guisa de ampliar e
aprofundar o saber humano, não o desviando da senda do progresso
ou do aperfeiçoamento. Logo, uma ciência, tanto para ser ensinada
quanto 28 No aforismo XCIX, Bacon discorre sobre os dois tipos de
experimentos da seguinte maneira: “Por sua vez, mesmo em meio à
abundância dos experimentos mecânicos, há grande escassez dos
que mais contribuem e concorrem para informação do intelecto. De
fato, o artesão, despreocupado totalmente da busca da verdade, só
está atento e apenas estende as mãos para o que diretamente serve
a sua obra particular. Por isso, a esperança de um ulterior progresso
das ciências estará bem fundamentada quando se recolherem e
reunirem na história natural muitos experimentos que em si não
encerram qualquer utilidade, mas que são necessários na descoberta
das causas e dos axiomas. A esses experimentos costumamos
designar por lucíferos, para diferenciá-los dos que chamamos de
frutíferos. Aqueles experimentos têm, com efeito, admirável virtude
ou condição: a de nunca falhar ou frustrar, pois não se dirigem à
realização de qualquer obra, mas à revelação de alguma causa
natural. Assim, qualquer que seja o caso, satisfazem esse intento e
assim resolvem a questão” (Bacon, 1997, p. 78-79). para ser
aprendida, requer uma formação metódica e sistemática, o que
significa que se trata de uma modalidade de conhecimento que
pressupõe, seja da parte do educador, seja da parte do educando,
responsabilidade, rigor e seriedade, considerando-se a facilidade com
a qual a mente humana tem de desviar-se do caminho da verdade, o
que ficou demonstrado com a exposição da crítica dos ídolos
É importante compreendermos o contexto histórico, político, social e
econômico, que Bacon estava inserido. Tais como: fortalecimento da
burguesia e do parlamento, Revolução Inglesa, Revolução Industrial,
Grandes Navegações, exploração da América e no racionalismo e
humanismo.

Foi influenciado pelo contexto histórico político da Inglaterra, cuja


ciência do momento era focada na experiência, observações e
julgamentos do senso comum, começou a questionar a mente
humana e as suas falhas, afirmando que "o entendimento humano,
de sua natureza peculiar facilmente supõe um maior grau de ordem e
igualdade nas coisas do que realmente encontra".

Bacon critica duramente muitos filósofos anteriores a ele a quem


considera estéreis por suas filosofias não se preocuparem em resolver
problemas práticos da vida das pessoas. Para ele os filósofos do
passado fizeram uma filosofia de palavras e o que os homens
precisam é uma filosofia de obras.

Para entender por que Bacon é tão importante, é preciso ter em


conta que, na época dele (século XVI), eram adotados os princípios
da física aristotélica, que desmentiam, muitas vezes, a experiência.
Por esse motivo, um sentimento de insatisfação com o método até
então usado, fez com que vários pensadores procurassem outro
modo de investigação.Em vez de uma contemplação estéril,
desejavam uma nova ciência, orientada para a técnica. E foi um
método para isso que Bacon propôs. Aristóteles escreveu o Organum,
conjunto de livros que criaram a lógica. Organum significa
“instrumento”. Como Bacon pensava que os instrumentos dos antigos
não serviam para a ciência que deveria ser inaugurada, ele escreveu
um Novum Organum.

A primeira coisa a se notar é que o Organum de Aristóteles era um


conjunto de escritos de lógica, tratando, assim, de dedução. Bacon,
por outro lado, propôs que a ciência só avançaria se investigasse
indutivamente. Assim, o método que Bacon propõe opera partindo de
exemplos empíricos particulares para chegar a axiomas gerais.
In those writings, he was the herald of the new age of science: the
first great philosopher to realize that science and technology could
transform the world, and an effective advocate of scientific
investigation.

A Idade Média, caracterizada pelo feudalismo, o teocentrismo e uma


sociedade estratificada (rei-nobre-clero-servos), a qual
impossibilitava a mobilidade social. Por estes motivos, eram poucas
as pessoas com acesso ao conhecimento, conhecimento esse
transmitido por meio de livros que se encontravam trancados nas
bibliotecas.

Com o declínio do feudalismo, surge uma nova ordem e mentalidade.


Dão-se diversas transformações, como a expansão marítimo-
comercial, o surgimento da imprensa e da burguesia.

Todas estas mudanças levaram as pessoas a questionar o modelo da


sociedade medieval em que viviam, com base no teocentrismo, onde
Deus deveria estar no centro de tudo, chegando-se ao
Antropocentrismo. Ao contrário do Teocentrismo, no
antropocentrismo, é ao homem que é atribuída a importância, como
um ser dotado de inteligência e de capacidade crítica. Este conceito
vem descentralizar o conhecimento que antes era propriedade da
Igreja.

Este Renascimento Científico vem causar grande impacto no


pensamento da época e dá assim início à Idade Moderna.

Um dos principais pensadores que integraram o Renascimento/


Revolução Científico foi Francis Bacon.

Principais representantes

Os principais pensadores que fizeram parte do Renascimento


Científico foram:

Antropocentrismo: conceito filosófico que ressalta a importância do


homem como um ser agente dotado de inteligência e de capacidade
crítica. Avesso ao teocentrismo (deus como centro do mundo), esse
conceito permitiu descentralizar o conhecimento que antes era
propriedade da Igreja.

Racionalismo: corrente filosófica associada à razão humana que


foca na produção de conhecimentos sobre o ser humano e o mundo,
contestando o espiritualismo.
Cientificismo: associado ao racionalismo, esse conceito coloca a
ciência em um lugar de destaque. Através do método científico, ele
fomenta as descobertas desse campo a fim de entender os
fenômenos naturais.

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