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TEMA 1.

Introdução à Ciência Económica

 “Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida.” - Alfred Marshall, 1890

 “É a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios
escassos, que têm usos alternativos.” - Lionel Robbins, 1935

 “Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de vários recursos


escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los para
consumo, agora e no futuro, entre as várias pessoas e grupos na sociedade” - Paul Samuelson,
1948

As primeiras aceções da palavra Economia assumiram vários nomes e características. Na Grécia


Antiga a denominação restringia-se, exclusivamente, à gestão dos assuntos domésticos. Depois da
Idade Média, a economia era considerada um subdomínio da filosofia moral, e, no século XV,
começou a desenvolver-se uma corrente autónoma, mutante, denominada Aritmética Política. O
Século XVIII assistiu ao desenvolvimento de uma outra corrente, a Fisiocracia. A disciplina acaba por
assumir a sua forma contemporânea com o nome de Economia Política no final do século XVIII,
continuando a sofrer alterações ao longo do século XIX.

Na nossa vida quotidiana temos de tomar decisões sobre a parte do nosso rendimento que
afetamos ao consumo diário, a parte que reservamos para a poupança, que tipo de aplicações
financeiras selecionamos para os nossos rendimentos ou a preferência que atribuímos à satisfação
das nossas necessidades atuais em detrimento das necessidades futuras. O conhecimento de
problemas e raciocínio económico constitui, assim, um contributo da maior importância para a
compreensão e interação com a realidade que nos cerca.

 “Economia é uma ciência social que estuda a forma como as pessoas, individualmente, e a
sociedade, no seu conjunto, tomam decisões e interagem para utilizar os recursos produtivos
escassos de que dispõem, na produção de bens e serviços, que serão distribuídos entre os vários
indivíduos e grupos sociais, com o objetivo de satisfazer as necessidades humanas.”

Metodologia da ciência económica:

- ferramenta: método científico (comparação)

- instrumentos: experimentação, observação e análise

Nas denominadas ciências experimentais, como a física ou a química, é possível, em laboratório,


realizar experiências e testar hipóteses. Em economia, em consequência da natureza do objeto de
estudo, não é viável a experimentação laboratorial. Assim, a metodologia económica assenta no uso
sistemático da observação.

Nunca sabemos ao certo as consequências das várias alterações de política económica. Na


ausência desses grupos de controlo, os economistas utilizam vários métodos para analisar o impacto
das políticas no comportamento económico. A utilização dos métodos estatísticos sugere essa
possibilidade, ou mesmo a estimação econométrica. Econometria - a análise estatística dos dados
económicos, não repousa sobre o facto de perguntar às pessoas a sua opinião ou submetê-las a
experiências. Os efeitos das várias políticas são inferidos a partir da análise do comportamento
observado.

Outras fontes de erro que podem ocorrer no estudo dos fenómenos económicos estão
relacionadas com a possibilidade de ocorrência de falácias, de raciocínios enganadores.
- falácia da composição: trata-se de uma situação em que admitimos que o que é verdade
para uma parte do sistema é válido para o conjunto; generalizar algo válido apenas para parte

- falácia do post hoc: atribui um nexo de causalidade, de relação direta causa-efeito, entre
dois acontecimentos que podem apenas ser contemporâneos, que podem ter ocorrido em
simultâneo

A relação da economia com outras áreas científicas:

- a economia é uma ciência social e humana que se encontra em profunda


interdependência com outras ciências sociais (ex.: sociologia, história, demografia, etc.)

- ciências sociais estudam a realidade social (objeto real)

- a ciência económica tem o seu próprio código de leitura dessa realidade (objeto teórico), o
seu próprio conjunto de conceitos/relações conceptuais para interpretar essa realidade

- existem outras disciplinas, que, embora não sendo do campo das ciências sociais, são
bastantes utilizadas pelos economistas para desenvolver as suas análises, como são os casos da
matemática, da estatística ou da econometria, já que existem várias características do
comportamento humano que podem ser, parcialmente, expressas por funções matemáticas, por
recursos a gráficos ou a métodos marginalistas

- cada ciência analisa a realidade do aspeto material do seu objeto, de acordo com a sua
própria lógica formal, no entanto, as diferentes perspetivas sobre o mesmo objeto acabam,
naturalmente, por se inter-relacionar

O que é a Economia:

 relacionamento entre diferentes elementos

- recursos e agentes

- produção (para satisfação das necessidades)

 Consumidores retiram “utilidade” da produção

 Diferentes constrangimentos

- recursos escassos em relação às necessidades


- uso do tempo (custo de oportunidade)

- os recursos, quase todos, são escassos, ou seja, são limitados face às necessidades
manifestadas pelos agentes económicos (famílias, empresas, Estado), que não conseguem produzir
todos os bens e serviços que iriam assegurar a plena satisfação das necessidades

- o que determina a escassez de um recurso, de um bem ou de um serviço, é a procura que lhe é


dirigida

- as necessidades sentidas pelos seres humanos não são todas iguais, revestem-se de variados
contornos e não têm a mesma importância para todas as pessoas. Cada um de nós consegue, de
forma muito particular, hierarquizar as suas necessidades

- por um lado, precisamos de recursos para satisfazer aquelas necessidades. Por outro lado,
esses recursos não existem de forma ilimitada: são escassos (existem em quantidades finitas) e
podem ser utilizados de formas variadas (ou seja, têm utilizações alternativas)

- a escassez, em termos de recursos, deriva fundamentalmente de os mesmos não serem


suficientes para satisfazer todas as necessidades existentes. Se a escola de necessidades não existisse,
ou determinadas necessidades não fossem significativas para muita gente, a escassez dos recursos
deixaria de ser sentida

Perante a escassez dos recursos disponíveis, será necessário realizar escolhas, e serem tomadas
decisões. Cada uma destas escolhas tem um custo, que podemos medir como sendo o valor da
alternativa perdida, daquela que não escolhemos.
Custo de Oportunidade - sacrifício da alternativa que não selecionamos

- custo de utilização dos recursos de uma determinada forma, medido em


termos de benefício que deixamos de ter pelo facto de não os utilizarmos numa aplicação alternativa

- alternativa que se teve de sacrificar para se satisfazer uma necessidade, ou


seja, o preço que se teve de pagar quando, face à escassez de recursos, foi necessário fazer uma
opção

- corresponde ao valor da segunda melhor alternativa que sacrificámos ao


escolher utilizar os recursos de que dispomos de uma determinada forma

- ex.: curva de possibilidades de produção

Importa notar, que a grande maioria das decisões individuais que tomamos está relacionada
com a aplicação de um outro recursos escassos suscetível de usos alternativos: o tempo de que
dispomos. Sempre que tomamos uma decisão de realização de uma atividade que exige a aplicação
do nosso tempo existe um custo de oportunidade associado, que pode ser medido pela nossa
segunda alternativa (ou mais especificamente pelo benefício à mesma associado) para a utilização do
tempo que aplicámos na realização dessa atividade.

Assume-se que se o agente económico selecionou uma determinada alternativa é porque julga
que o benefício que obtém com a mesma é, pelo menos, igual ou superior ao custo de oportunidade,
ou seja, ao benefício que obteria com a sua segunda melhor alternativa.

Utilidade Marginal - é o acréscimo de utilidade que obtemos ao consumir uma unidade adicional
do bem

- ex.: se estamos a caminhar pelo deserte com muita sede, qual é a nossa
primeira preocupação ao chegar a um lago? Beber água, sendo que o primeiro copo vai saber
extremamente bem e nos próximos copos a nossa necessidade de beber água diminui, sendo que a
cada copo de água vai sabendo cada vez pior. A satisfação ainda é positiva, mas já não se sente o que
se sentia no primeiro copo

Utilidade Total - é a acumulação; vai somando a satisfação retirada de cada copo de água

- se a utilidade marginal diminui mas é sempre positiva, o que é que acontece à


utilidade total? Acumula, vai subindo

Problema Económico Fundamental: como utilizar da melhor forma possível, ou seja, de forma
eficiente, os recursos disponíveis (escassos e suscetíveis de usos alternativos) por forma a satisfazer
da melhor maneira um conjunto de necessidade ilimitadas

Questões fundamentais em Economia:

 o que produzir (tipo, quantidade e qualidade)

- o tipo de bens e serviços que irão ser produzidos deriva diretamente do problema da
escassez dos fatores de produção, e a a resposta deverá partir do conhecimento das possibilidades
produtivas de uma determinada sociedade

- escolha de opções que satisfaçam as necessidades sociais da melhor forma possível

 como produzir? (recursos, trabalho)

- afetação mais eficiente dos recursos produtivos disponíveis, de modo a maximizar o


aproveitamento das potencialidades do aparelho produtivo

 para quem produzir (distribuição da produção)

- tentar compatibilizar uma elevada eficiência produtiva com a equidade distributiva e


redistributiva, ou seja, assegurar que os frutos do crescimento económico estão disponíveis para a
generalidade da população

- distribuição equitativa (justiça social) dos frutos do crescimento económico

A resposta às três questões fundamentais em Economia depende, em grande medida, do tipo de


sistema económico que tiver sido adotado, ou seja, da forma política, social e económica de
organização da sociedade. A adoção de uma forma específica para o desenvolvimento das atividades
económicas vai condicionar, naturalmente, os modos de produção, distribuição e, também, o
consumo de bens e serviços.
Sistemas Económicos:

 Economias de Mercado (descentralizadas, capitalistas)

- concorrência entre os agentes/os mercados

- o mercado (através da atuação das famílias e das empresas) resolve os problemas


económicos fundamentais, através do livro jogo da oferta e da procura, quer no mercado de bens e
serviços, quer no mercado de fatores de produção

- mecanismos de preços regula a escassez

- o tipo de bens e serviços a produzir será decidido pela procura dos consumidores

- a quantidade a produzir será determinada pela atuação dos consumidores e dos


produtores no mercado, atingindo-se o equilíbrio entre a procura e a oferta através do ajustamento
automático do mecanismo de preços

- para quem produzir será determinado pela oferta e procura no mercado de fatores
de produção, que oferecem respetivas remunerações

- o mercado não tem, naturalmente, preocupações de justiça social, pelo que a


produção está destinada a quem tem rendimentos para a adquirir. O preço acaba por funcionar como
instrumento de exclusão ou de acesso aos bens e serviços transacionados

 Economias Planificadas (centralizadas)

- as questões económicas são resolvidas através de um órgão central de


planeamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, que englobam os bens
de capital, a terra, as matérias-primas, ou a tecnologia, entre outros

- o governo assume a maior parte das decisões fundamentais ao funcionamento


do sistema económico (produção e distribuição), possuindo a maior parte dos recursos e empregando
a quase totalidade da força produtiva disponível

 Economias Mistas

- o mercado assume um papel fundamental como produtor e distribuidor dos


bens e serviços, funcionando o sistema de preços como mecanismo de exclusão

- o Estado assume um papel regulador da atividade dos agentes de mercado,


tentando corrigir algumas das suas limitações e cumprir funções que, pela sua natureza, não cabem
aos mecanismos de mercado (redistribuição dos frutos de crescimento, a justiça social, a estabilização
macroeconómica e a correção de ineficiências)

- afetação de recursos

Economia Positiva - não requer juízos de valor, já que o seu propósito é meramente descritivo,
explicativo

- descreve-se o mecanismo, o resultado e não é dar a opinião

- é como as coisas são

- analisar factos
- quando os economistas tentam descrever e explicar, encontrando
justificações racionais, o mundo que os rodeia

- ex.: se estamos a apresentar uma exposição sobre dados concretos da


economia portuguesa, com recurso à análise estatística, uma relação positiva entre o aumento da
quantidade de moeda em circulação e a subida da taxe de inflação; se estudamos a evolução das
taxas de desemprego ao longo do vários anos

Economia Normativa - requer um enquadramento teórico, porque sem a existência do mesmo é


impossível dizer o que é bom e o que é mau

- emitir juízos de valor

- é discutível

- quando os economistas tentam melhor a realidade, intervir sobre ela,


recomendando a adoção de determinadas práticas ou medidas de política económica, estão a assumir
o papel de consultores políticos

- ex.: se emitirmos uma opinião sobre a injustiça do sistema fiscal numa


determinada economia ou sobre o nível de dívida pública sustentável e as medidas a tomar com vista
à resolução

Microeconomia - se estamos a analisar as características de um mercado individual, de bens ou


serviços; se pretendemos traçar o perfil comportamental dos consumidores de um determinado bem;
se pretendemos identificar a influência, separada, da variação dos preços ou do rendimento dos
consumidores sobre a quantidade procurada de determinado bem

- se na ótica da produção nos preocuparmos com a análise dos processos através


dos quais as empresas otimizam as suas decisões de produção em função de binómio custo-benefício
que enfrentam; se estudamos o impacto da política de subsídios e impostos do governo sobre um
determinado mercado, o efeito da fixação de preços mínimos no setor agrícola ou a política de preços
máximos no domínio dos serviços públicos

- olhar para os diferentes grupos e/ou indivíduos

Macroeconomia - questões mais vastas como a evolução da produção ou riqueza gerada numa
determinada economia, o ritmo de crescimento dos preços ou da taxa de desemprego, as assimetrias
regionais ou a equidade do sistema fiscal, as consequências de um aumento da dívida pública ou o
impacto da valorização do euro sobre as exportações dos países da União Europeia

- são analisados temas com uma amplitude e abrangência muito maior, já


que afetam a maioria dos agentes económicos, e implicam, igualmente, a definição de objetivos
e instrumentos de política económica, muitas vezes conflituantes

- olhar para os grandes agregados

Diagrama Circular de Fluxos:

O Diagrama Circular de Fluxos é um dos modelos económicos mais utilizados na ciência


económica. Se assumirmos, numa primeira etapa que não existe Estado e que a economia em causa
não tem relações com outras economias, então podemos construir um diagrama, muito simples, que
nos ajuda a perceber o modo de funcionamento da economia em causa, como ela está organizada e
como os indivíduos interagem mutuamente.

As empresas produzem bens e serviços (output) utilizando fatores de produção (inputs), como o
trabalho, a terra e o capital (edifícios e máquinas, por exemplo). As famílias são detentoras dos
fatores de produção e consomem os bens e serviços produzidos pelas empresas.

As famílias e as empresas relacionam-se através de dois mercados: o mercado de fatores e


produção e o mercado de bens e serviços (produtos). Nestes mercados, as famílias vendem o uso dos
seus fatores de produção às empresas por intermédio do mercado de fatores e recebem um
rendimento monetário.

As empresas compram ou alugam os fatores de produção no mercado de fatores e pagam pela


utilização dos mesmos, produzindo os bens e serviços finais que são vendidos às famílias no mercado
de produtos, recebendo um pagamento por essas vendas. As famílias compram os bens e serviços
finais das empresas no mercado de produtos, gastando o rendimento que obtiveram no mercado de
fatores.

Devido ao facto de as famílias obterem rendimento no mercado de fatores e o gastarem no


mercado de produtos e as empresas obterem rendimentos no mercado de bens e serviços e o
despenderem no mercado de fatores, vamos ter uma representação circular dos fluxos em causa: no
mercado de bens e serviços é gerado o Produto Nacional e no mercado de fatores de produção é
gerado o Rendimento Nacional, que acabam por ser duas medidas diferentes do mesmo fluxo.

O diagrama, o conjunto de setas externas representa os fluxos monetários da atividade


económica, enquanto o conjunto de setas internas representa os fluxos reais da mesma atividade.
Fluxos monetários - conjunto de fluxos correspondentes a trocas avaliadas em termos monetários;
Fluxos reais - conjunto de fluxos correspondentes a trocas reais/físicas.

Curva de Possibilidade de Produção (CPP):

A curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) é outro modelo económico utilizado
na ciência económica e é uma representação simplificada da realidade económica, que procura
evidenciar a importância da escola num contexto de recursos escassos.

Por definição, e recorrendo a instrumentos matemáticos, a CPP é um gráfico que representa as


várias combinações de bens e serviços que uma economia poderá produzir, dados os fatores de
produção e a tecnologia disponíveis num dado momento temporal.
Os dois casos apresentados são situações extremas, pouco prováveis, já que não é natural que a
sociedade empregue todos os seus recursos na produção de único bem, sem produzir nada do outro.
Na maior parte dos casos, a economia irá optar por repartir os recursos de que dispõe na produção
dos dois bens em causa (pontos A, B e C).

Além de todos os recursos estarem a ser utilizados, eles deverão estar a ser utilizados da melhor
forma possível, maximizando a eficiência dos mesmos.

Uma economia, em regime de eficiência máxima e com todos os recursos disponíveis empregues,
só poderá aumentar a produção de um determinado produto, ou dedicar-se à produção de novos
produtos, se abdicar, total ou parcialmente, da produção de outros. Por exemplo, a passagem do
ponto A para o ponto B, significa que a economia estaria disponível para disponibilizar recursos
produtivos que estavas afetos à produção de roupa, reduzindo assim a respectiva quantidade
produzida, para afetar esses recursos à produção de alimentos, aumentando a quantidade produzida
destes últimos. O mesmo se verifica na passagem do ponto B para o ponto C.

Todos os pontos ao longo da CPP representam as quantidades máximas sustentáveis de bens e


serviços produzidos numa dada economia, num determinado momento temporal, dados os recursos
disponíveis, numa situação de pleno emprego, e com a máxima eficiência. No entanto, cada ponto
situado em cima da CPP representa uma única combinação, uma única escolha, na produção de dois
bens ou serviços.

No ponto D, poderíamos ter maior produção de roupa sem abdicar da produção de alimentos,
mas uma economia que produz uma combinação de bens situada no interior da curva não está a
aproveitar da melhor forma possível os recursos disponíveis, já que poderia aumentar, em simultâneo,
a produção dos dois bens, empregando mais recursos ou reafetando-os de uma forma mais eficiente.

No ponto X, estaríamos perante uma situação aparentemente mais vantajosa, já que também
teríamos, em simultâneo, maior produção dos dois bens. O problema é que não conseguimos atingir
essa situação, pois não temos recursos disponíveis para tal.

Características da CPP:

- é decrescente, pelo facto de os recursos disponíveis serem, limitados, ou seja, dadas


como inalteradas as capacidades tecnológicas e de produção de uma economia e estando o
sistema a operar a níveis de pleno emprego, a obtenção de quantidade adicionais de
determinada tipos de bens implica necessariamente a redução das quantidades de outros bens,
o que traduz a existência de custos de oportunidade

- a concavidade da curva em relação à origem traduz um outro fenómenos económico,


a Lei dos Custos de Oportunidade Crescentes, ou seja, em resposta a constantes reduções
impostas aos bens dos quais estamos a abdicar, serão obtidas quantidade adicionais cada vez
menos expressivas dos bens cuja produção se pretende aumentar, devido à relativa e
progressiva inflexibilidade dos recursos de produção e em uso

Lei dos Custos de Oportunidade Crescentes - aumento dos custos de oportunidade na obtenção
de unidade adicionais de alimentos

- na prática, à medida que retiramos recursos à


produção de roupa e os transferimos para a produção de alimentos, iremos recorrer aos
recursos menos adequados à produção de roupa (por exemplo, trabalho menos qualificado para
essa função), pelo que o custo de transferência não será muito significativo; mas à medida que
aumentamos a produção de alimentos, iremos precisar de mais recursos, pelo que iremos
utilizar recursos que estariam mais aptos à produção de roupa, pelo que o curso de
oportunidade irá aumentar

Deslocações da CPP:

Se a economia conseguir obter maior quantidade de recursos (capital ou trabalho ou ambos), ou


se tiver à sua disposição um conjunto de inovações tecnológicas que melhorem a produtividade dos
fatores de produção, a CPP pode deslocar-se, paralelamente e para fora, traduzindo um aumento da
capacidade produtiva da economia no seu conjunto, ou seja, um processo de crescimento económico.

Se o aumento dos recursos ou as inovações tecnológicas apenas influenciarem a produção de


um determinado tipo de bens, a CPP também se desloca, mas representando apenas o efeito
provocado pelo tipo de bens em causa.

TEMA 2. MACROECONOMIA: OBJETO E GRANDES PROBLEMÁTICAS


2.1 A MEDIÇÃO DO PRODUTO E O CIRCUITO ECONÓMICO

Macroeconomia - estuda a economia como um todo, de forma agregada;

- “Análise que trata o comportamento da economia como um todo no que


respeita ao produto, ao rendimento, ao nível de preços, ao comércio externo, ao desemprego e a
outras variáveis económicas agregadas” (Paul Samuelson)
- agregação de atividades semelhantes levadas a cabo por agentes distintos
(famílias, empresas, Estado e resto do mundo)

- horizontes temporais: curto prazo (ciclos económicos - conjuntura), longo


prazo (crescimento económico - estrutura)

- este conhecimento e compreensão da evolução dos agregados económicos e


das relações que se estabelecem entre os mesmos, são importantes para a generalidades dos agentes
económicos e em especial para os governos que através dos instrumentos específicos que dispõem
podem influenciar os agregados macroeconómicos na prossecução dos objetivos macroeconómicos
por si estabelecidos

Objetivos Agregados Exemplos de indicadores

Crescimento económico e Produto Produto Interno Bruto (PIB)


nível adequado/elevado
Taxa de variação em cadeia do PIB real
de produto
PIB per capita

Hiato do Produto

Elevado nível de emprego Emprego Taxa de desemprego

Taxa de emprego

Taxa de variação trimestral da população desempregada

Estabilidade do nível de Nível Geral de Preços Índice de Preços no Consumidor (IPC)


preços
Taxa de variação homóloga do IPC

Taxa de inflação anual

Índice de inflação subjacente

Circuito Económico - quadro descritivo das operações económicas, que se realizam num certo
período de tempo, entre os agentes económicos

Agentes Económicos - toda a entidade com capacidade para deter valor económico, realizar
operações económicas e tomar decisões

- estão agrupados em agregados económicos institucionais

- os consumidores integram o agregado famílias, os produtores o agregado


empresas e as entidades públicas/setor público o agregado Estado

- dividem-se em: Famílias, Empresas, Estado, Sistema Financeiro e Resto do


Mundo (sendo estes dois últimos agregados de ordem funcional)

- o Sistema Financeiro da economia é gerador de capital por excelência,


tendo o papel de captar as poupanças e financiar o investimento; o Resto do Mundo regista todos os
movimentos comerciais, de exportação e de importação, com os outros países

Rendimento - remuneração dos proprietários dos fatores de produção (salários, lucros, juros e
rendas), pela produção de bens e serviços
Produto - valor dos bens finais e serviços produzidos pelas empresas para utilização final pelas
famílias

Despesa - despesas realizadas pelas famílias na aquisição de bens e serviços produzidos pelas
empresas

Relações dos agentes no circuito económico:

As Famílias relacionam-se com as Empresas, por via do consumo de bens e serviços (da despesa
realizada com a aquisição dos mesmos) e por via do fornecimento dos fatores de produção de que
são detentoras (trabalho, capital, terra); relacionam-se com o Estado, através do pagamento de
impostos e outras contribuições e taxas, e recebendo daquele transferências, sob a forma de abonos
ou subsídios e podem ainda fornecer a sua força de trabalho, recebendo as respetivas remunerações;
relacionam-se com o Resto do Mundo através da população migrante: os emigrantes enviam
remessas para o seu país de origem , os imigrantes enviam remessas do país de acolhimento,
aumentando ou diminuindo o rendimento disponível e, consequentemente, a poupança das famílias.

As Empresas relacionam-se com as Famílias porque lhes fornecem os bens e serviços que
produzem e lhes pagam as remunerações dos fatores de produção (salários, juros, rendas); pagam
impostos e contribuições ao Estado, e recebem dele subsídios à produção ou isenções fiscais; vendem
bens e serviços ao Resto do Mundo (exportações) e comprar outros bens e serviços (importações),
gerando uma poupança ou défice face aos restantes países, consoante as exportações seja de valor
superior ou inferior à importações.

O Estado relaciona-se com as Empresas e as Famílias das formas que já foram referidas. No final
de cada ano económico, são confrontadas as receitas e as despesas do Estado: se as receitas forem
superior às despesas, o Estado vai ter um excedente nas suas contas, e pode ajudar a financiar a
economia; se tiver um défice, poderá pedir capital emprestado ao Resto do Mundo e outros agentes.

O Sistema Financeiro, desempenha um papel fundamental no financiamento da economia,


recebendo a poupança das Famílias e, eventualmente, do Estado e do Resto do Mundo, e utilizando
essa poupança para financiar as necessidades de investimento e, por essa via, promover o
crescimento económico.

Critério de Residência - uma unidade é considerada residente num país quando possui um
centro de interesse no território económico desse país, isto é, quando realiza atividades económicas
neste território durante um período prolongado (um ano ou mais)
- este conceito não pode ser confundido com o conceito de
nacionalidade: uma pessoa pode ter nacionalidade portuguesa e não ser residente em Portugal, ou
pode ter uma nacionalidade estrangeira e ser residente em território português

- no caso português, o território económico é o território coberto pelo


sistema de Contabilidade Nacional, composto pelo Continente, Madeira e Açores

Produto Nacional - atividade económica que decorre do labor das unidades residentes

- quantifica a riqueza produzida por unidades residentes no território


económico nacional, quer essa produção tenha sido desenvolvida dentro ou fora desse território

Produto Interno - atividade económica que se desenrola dento do território,


independentemente da residência dos agentes que a realizam

- traduz a riqueza criada num determinado território económico, durante um


certo período de tempo (geralmente um ano), pelas unidade residentes e pelas unidades não
residentes nesse território

Produto Nacional Bruto (PNB) - valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos por
residentes durante um determinado período de tempo

Localização da produção

Portugal Estrangeiro

Residência económica Nacional SIM SIM


dos agentes
Estrangeira NÃO NÃO

Produto Interno Bruto (PIB) - valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos num
território durante um determinado período de tempo

- o que se produz ao longo do ano

- é originário do conceito de Produto Interno, ou seja, a este mesmo


juntamos a classificação de Bruto, o que significa que estamos a trabalhar com o Produto Interno que
engloba as denominadas amortizações do investimento realizado, ou seja, o montante de capital que
tem de ser descontado para compensar o desgaste dos equipamento utilizados no processo produtivo

Localização da produção

Portugal Estrangeiro

Residência económica Nacional SIM NÃO


dos agentes
Estrangeira SIM NÃO

As três óticas de medição do PIB:

A atividade desenvolvida por aquelas agregados, mais ou menos intensa, repercute-se no valor
do produto gerado num dado território económico, mas esse valor do produto pode ser perspetivado
de formas diversas.

 Ótica da Produção (ou do produto)

- apenas os bens e serviços finais são contabilizados


- permite-nos calcular o PIB tomando em conta o custo dos fatores que os produtores
suportam para produzir determinadas quantidades de bens

- dois métodos para evitar o problema da dupla contagem: método do valor


acrescentado e método dos bens e serviços finais

- método do valor acrescentado: o valor do produto é decomposto nos vários


contributos dos setores de atividade para a formação daquele produto, ou seja, o valor acrescentado
por cada setor de atividade, que acaba por ser igual ao valor do produto do setor em causa deduzido
dos respetivos consumos intermédios

- método dos bens e serviços finais (ou método dos valores/produtos finais): vamos
considerar apenas para o cálculo do produto os bens que já não vão sofrer mais transformações no
processo produtivo

- ex.: Pelo método dos produtos finais, se uma economia produzisse apenas pão, e
se o custo de cada pão fosse de 1 euro, então o PIB corresponderia à quantidade total de pães
produzidos multiplicada pelo preço unitário de cada pão. Pelo método dos valores acrescentados, o
valor do pão não seria contabilizado pelo seu custo final (1 euro), mas sim pelo seu valor em cada fase
do processo produtivo. Consideremos que a produção de pão se processa em quatro fases: produção
do cereal, moagem, panificação e venda. No final da primeira fase o cereal tem um valor de 0,30
cêntimos; a moagem aumenta o valor do cereal em 0,35 cêntimos. A mesma quantidade de cereal
que, antes de ser moído, valia 0,30 cêntimos, vale, depois de moído, 065 cêntimos, o que equivale a
afirmar que aumentou o seu valor em 0,30 cêntimos. A fase da panificação acrescenta um valor de
0,25 cêntimos; finalmente, a fase de venda (comercialização) acrescenta um valor de 0,10 cêntimos.
No final, somando os valores que foram acrescentados em cada fase (0,30 + 0,35 + 0,25 + 0,10)
obtém-se um resultado de 1 euro

- o valor obtido utilizando o método dos produtos finais é igual ao que se obtém
utilizando o método dos valores acrescentados

 Ótica do Rendimento

- remuneração dos fatores produtivos (trabalho e capital), ou seja, da riqueza


gerada pelos diversos fatores e correspondente contributo para o valor da produção: salários (w) e
excedente bruto de exploração (inclui todos os rendimentos gerados pelos fatores produtivos na
atividade económica interna, à exceção das remunerações do trabalho (w); inclui: juros (j), rendas (r)
e lucros (pi))

- o PIB, medido por esta ótica, é traduzido no conceito de rendimento interno,


ou seja, a riqueza gerada internamente

- rendimento interno/produto = remunerações salariais + EBE = w + j + pi + r

- PIB a preços de aquisição (ótica do rendimento) = remunerações salariais + EBE


+ impostos líquidos sobre a produção e importação

 Ótica da Despesa (ou da aplicação do produto)

- nesta ótica, o PIB designa-se por Despesa Interna (DI)

- consumo privado (C): despesas das famílias na aquisição de bens e serviços de


consumo final; valor de todas as transações de bens e serviços produzidos internamente e adquiridos
pelos consumidores privados

- investimento (I): despesas das empresas na aquisição de bens finais; valor


traduz a aquisição de capital por parte das empresas privadas e públicas (I = FLCF + A +VE)
» formação bruta de capital fixo (FBCF): despesas das empresas na
aquisição de bens duradouros para utilização em processos de produção por um período superior a
um ao; dividi-se em formação líquida de capital fixo (FLCF) que corresponde ao novo investimento
privado efetuado pelas empresas, e em amortizações (A) que correspondem ao investimento de
reposição da capacidade produtiva existente, entretanto depreciado

» variação de existências (VE) ou variação de stocks: diferença entre o


valor das existências no final do período e o valor das existências no início do período; diferença entre
o valor dos stocks no final do ano e o seu valor no início do ano

- gastos ou consumo público (G): despesas do setor público em bens e serviços


de consumo final

- exportações líquidas (X-M)

» exportações (X): bens e serviços produzidos internamente que são


vendidos no estrangeiro; valor considera as aquisições de bens e serviços produzidos internamente
por agentes económicos de outras economias

» importações (M): bens e serviços adquiridos ao estrangeiro

- PIB = C + I + G + X - M

Rendimento Líquido do Exterior (Rle) - rendimentos primários recebidos do Resto do Mundo por
unidades residentes menos os rendimento primários pagos ao Resto do Mundo por unidades
residentes

PNB = PIB + Rle

PIB = PNB - Rle

Rendimento Nacional Disponível = Rendimento Nacional + Transferências recebidas do Resto do


Mundo - Transferências enviadas para o Resto do Mundo

Equilíbrio Macroeconómico:

Procura Interna - toda a procura de bens e serviços por parte de agentes económicos internos
pertencentes aos agregados Famílias, Empresas e Estado

Procura Interna = C + I + G

Procura Externa - corresponde à procura de bens e serviços produzidos internamente, por parte
de agentes económicos externos

Procura Externa = X

Oferta Interna - corresponde à oferta de bens e serviços produzidos internamente, ou seja,


corresponde ao Produto Interno Bruto a preços de aquisição

Oferta Interna = PIB a preços de aquisição

Oferta Externa - é igual à oferta de bens e serviços produzidos noutros países

Oferta Externa = M

Oferta Global - é igual à soma da Oferta Interna com a Oferta Externa

Oferta Global = PIB a preços de aquisição + M


Oferta Global = Oferta Interna (PIB) + Oferta Externa (M)

Procura Global = Procura Interna (C + I +G) + Procura Externa (X)

Uma economia está em situação de equilíbrio quando a Procura Global é igual à Oferta Global.

Oferta Global = Procura Global (PIBpa + M = C + I + G + X)

Medida do Produto - valor dos bens e serviços finais produzidos numa economia, em
determinado período de tempo (normalmente um ano), medido em unidades monetárias

- para medir o produto de uma determinada economia em unidades monetárias


é necessário atribuir um determinado valor em unidade monetárias a cada um dos bens e serviços
produzidos. Ao utilizarmos os preços (ou outra medida de valor) de cada um dos bens e serviços
resolvemos o problema de agregação de milhares de bens e serviços diferentes numa medida única

- ex.: se pensarmos numa economia onde apenas são produzidos quatro tipos de
bens (A, B, C e D), se forem conhecidas as quantidades produzidas de cada um dos bens (Qa, Qb, Qc e
Qd) e os preços de cada um destes bens (Pa, Pb, Pc e Pd) o produto pode ser calculado da seguinte
maneira: Produto = Qa x Pa + Qb x Pb + Qc x Pc + Qd x Pd

- o valor obtido do produto depende quer das quantidade produzidas dos bens
quer do preço (ou valor atribuído) de cada um dos bens produzidos

PIB real - quando o produto é medido utilizando preços constantes de um determinado ano base

- só varia as quantidades

- quando os bens e os serviços são valorizados segundo preços de um ano considerado


como base

PIB nominal - quando o produto é medido utilizando os preços correntes

- pode variar as quantidades e os preços

- quando os bens e serviços são valorizados aos preços verificados no ano em causa

Ano Quantidade Preço PIB Nominal PIB Real


(ano base =2006)

2006 100 2 200 200

2007 100 3 300 200

2008 150 1,5 225 300

2009 110 3 330 220

2010 150 4 600 300

Taxa de Variação do PIB:

A taxa de variação é um indicador que nos permite conhecer a magnitude da variação de uma
determinada variável em percentagem do seu valor inicial.
Quando se observa uma variação anual positiva, significa que o produto aumentou
relativamente ano ano anterior; quando se verifica uma taxa de variação anual negativa, significa que
o produto diminuiu relativamente ao ano anterior; quando se verifica uma taxa de variação nula,
significa que o produto não variou relativamente ao produto do ano anterior.

Taxa de variação homóloga - compara o nível da variável num determinado período de


observado com um período homólogo (equivalente) do ano anterior

- a principal vantagem da utilização desta taxa de variação é que


esta não é influenciada por efeitos de natureza sazonal

Taxa de variação (em cadeia) - compara o nível da variável em dois períodos consecutivos

Produto Efetivo - produção de um país num determinado período de tempo, medida em


unidades monetárias (valor)

Produto Potencial - corresponde ao produto máximo que a economia pode alcançar, dados a
tecnologia, o capital, o trabalho e outros recursos disponíveis, na ausência de ciclos económicos
(fronteira de possibilidades de produção)

- não sendo uma variável diretamente observável, é “calculado com base num
conjunto de informação relativo a variáveis observáveis, através da utilização de técnicas que
combinam a teoria macroeconómica com a estatística e a macroeconometria”

- também designado de produto de pleno emprego ou ainda produto


tendencial

- possibilita, por via dos desvios registados relativamente ao produto efetivo,


constatar duas realidades agregadas com impactos determinantes, positivos ou negativos, no
bem-estar dos agentes económicos, que podem determinar a intervenção dos agentes
governamentais: desemprego e inflação

Ciclo Económico - flutuações da atividade económica em que as fases de expansão (fases que se
seguem à crise económica e que se caracterizam pelo crescimento do PIB) são seguidas por fases de
recessão (fases que se sucedem ao boom e que se caracterizam pelo decréscimo do PIB)

Fases dos ciclos económicos:

 recessão (contração)

- depressão: recessão particularmente severa ou prolongada

 ponto mínimo (cava)

 expansão

 - boom: uma expansão particularmente forte e prolongada

 crista (pico)
No curto e médio prazos: Estabilidade - controlo dos excessos dos ciclos económicos (flutuações
de curto prazo do produto, do emprego e dos preços).

No longo prazo: Crescimento Económico - aumento da capacidade produtiva (tendências de


longo prazo no produto e nos níveis de vida)

A existência de ciclos económicos leva a que, em cada período de observação, se verifique


normalmente um desvio entre o produto efetivo e o produto potencial, usualmente designado por
hiato do produto. Hiato do Produto - diferença entre o valor do produto efetivo e o produto potencial,
normalmente medido em % do valor do produto potencial

Os valores negativos do hiato do produto indicam que o produto efetivo esteve abaixo do
produto potencial. Os valores positivos do hiato do produto indicam que o produto efetivo esteve
acima do produto potencial.

Importância da manutenção de um nível elevado de emprego:

Por um lado, um nível elevado de emprego está associado à possibilidade de obter um nível
elevado de produto para distribuir pelos indivíduos. Note-se, que sendo o objetivo da atividade
económica a satisfação das necessidades materiais, uma maior produção de bens e serviços poderá
permitir um nível superior de satisfação dessas necessidades. Por outro lado, o desemprego,
traduzido numa situação de existência de indivíduos que estão dispostos a trabalhar (constituindo por
isso mão-de-obra disponível) mas cujo trabalho não está a ser utilizado, corresponde não só a uma
situação de desperdício de recursos (ineficiência), que se pretende evitar em contextos de escassez,
como também tem impactos diversos negativos sobre o bem-estar dos indivíduos.

Empregado - indivíduo com idade mínima de 15 anos que, no período de referência, se


encontrava uma das seguintes situações:

a) tinha efetuado um trabalho de pelo menos uma hora, mediante o pagamento de uma
remuneração ou com vista a um benefício ou ganho familiar em dinheiro

b) tinha uma ligação formal a um emprego, mas não estava ao serviço

c) tinha uma empresa, mas não estava temporariamente a trabalhar por uma razão específica

d) estava numa situação de pré-reforma, mas a trabalhar

Desempregado - indivíduo com idades dos 15 aos 74 anos que, no período de referência se
encontrava simultaneamente nas seguintes situações:

a) não tinha trabalho remunerado nem qualquer outro

b) estava disponível para trabalhar num trabalho remunerado ou não


c) tinha procurado ativamente um trabalho remunerado ou não ao longo de um período
específico (no período de referência ou nas três semanas anteriores)

População Ativa - população com idade mínima de 15 anos que, no período de referência,
constituía a mão-de-obra disponível para a produção de bens e serviços que entram num circuito
económico

- empregados e desempregados

População Inativa - população que, independente da sua idade, no período de referência não
podia ser considerada economicamente ativa, isto é, não estava empregada, nem desempregada

- reformados, crianças, estudantes, domésticos e aqueles que não procuram


emprego

Taxa de Desemprego - representa o peso da população desempregada na população ativa


(população disponível para trabalhar)

Taxa de Emprego - taxa que permite definir a relação entre a população empregada e a
população total em idade ativa (com 15 e mais anos)

Taxa de desemprego de longa duração - utilizada para observar o peso da população


desempregada há 12 ou mais meses (desemprego de longa duração) sobre o total da população ativa

A existência em Portugal de uma taxa de desemprego de longa duração relativamente elevada


tem sido associada, quer a uma legislação de trabalho com forte proteção ao emprego (reduz a
flexibilidade e a mobilidade no mercado de trabalho), quer a um regime relativamente generoso de
proteção ao desemprego, em termos dos montantes das prestações e da duração do subsídio de
desemprego.

Tipos de Desemprego:

 Desemprego Friccional

Ocorre porque os indivíduos procuram empregos com determinadas características e as empresas


procuram trabalhadores com determinadas características. Este tipo de desemprego pode existir
ainda que o número de indivíduos à procura de emprego seja igual ao número de empregos
oferecidos e é normalmente associado a desemprego de curta duração, e por isso mesmo não é visto
como alarme e é até considerado “produtivo”, uma vez que as atividades de procura melhoram a
afetação de recursos.

 Desemprego Cíclico (ou conjuntural)

Ocorre quando o número de empregos oferecido é inferior ao número de indivíduos à procura de


emprego. Estando relacionado com os ciclos económicos, este tipo de desemprego aumenta em
situações de recessão da economia e diminui em situações de expansão.
Lei de Okun - segundo esta lei, por cada 2% de quebra do PIB relativamente ao PIB potencial, a taxa
de desemprego aumenta 1%

 Desemprego Estrutural

Ocorre porque as características dos empregos oferecidos diferem das características dos indivíduos à
procura de emprego. Ainda que o número de empregos oferecidos seja igual ao número de indivíduos
à procura de emprego, existe um desencontro entre as competências que os trabalhadores estão a
oferecer e as competências procuradas pelas empresas. Este tipo de desemprego está associado a um
desemprego de maior duração e exige a formação e a adaptação dos desempregados às
competências procuradas no mercado.

“A definição oficial de desemprego não captura todas as formas de subaproveitamento de


recursos humanos” (Torres), daí existirem outros conceitos relativos a este tema.

Inativo Disponível - inativo com idade dos 15 aos 74 anos que, no período de referência, estava
disponível para trabalhar, mas não tinha procurado emprego ao longo de um período específico (no
período de referência ou nas três semanas anteriores), pelo que não são classificados como
desempregados

Inativo Desencorajado - inativos que pretendem trabalhar mas não procuram emprego no
período em referência (4 semanas anteriores) por razões relacionadas com o mercado de trabalho
(considerar não ter idade apropriada, considerar não ter instrução suficiente, não saber como
procurar, achar que não valia a pena procurar ou achar que não havia empregos disponíveis)

Subemprego de trabalhadores a tempo parcial - conjunto de trabalhadores a tempo parcial com


idade dos 15 aos 74 anos que, no período de referência, declaram pretender trabalhar mais horas do
que as que habitualmente trabalhavam em todas as atividades e estavam disponíveis para começar a
trabalhar as horas pretendidas num período específico (no período de referência ou nas duas
semanas seguintes)

Taxa de Atividade - permite aferir o peso da população ativa (população disponível para
trabalhar) no total da população

Estabilidade do Nível Geral de Preços:

A estabilidade no nível geral de preços permite garantir o poder de compra de uma determinada
soma de dinheiro, medido pelo volume de bens e serviços que podem ser adquiridos com essa
quantia de moeda. Este objetivo de estabilidade no nível geral de preços está associado ao facto de
quer a elevação acentuada e sustentada do nível geral de preços - inflação - quer a diminuição
sustentada do nível geral de preços - deflação - terem custo económicos e sociais significativos.

Índice de Preços no Consumidor (IPC) - mede, num dado período, o custo de um cabaz fixo de
bens e serviços adquiridos por um consumidor médio em relação ao custo do mesmo cabaz de bens e
serviços, nu, ano de referência (chamado ano base)

- um dos indicadores fundamentais para medir a variação


no nível geral dos preços

- um indicador que tem por finalidade “medir a evolução


no tempo dos preços de um conjunto de bens e serviços considerados representativos da estrutura
de despesa de consumo privado da população residente, num espaço geográfico delimitado”
O cálculo do IPC obriga à seleção dos bens a incluir no “cabaz fixo”, à determinação das
quantidades desses bens no “cabaz fixo” e à observação dos preços desses bens. A seleção dos bens a
incluir no cabaz e a determinação do seu peso relativo são realizadas, para o ano base, a partir dos
resultados dos inquéritos aos orçamentos familiares.

Taxa de variação do IPC (ou taxa de inflação) - é um indicador que nos permite conhecer a
magnitude da variação de uma determinada variável em percentagem do seu valor inicial

- é obtida através da observação do IPC em


diferentes períodos e calculando a sua variação percentual entre períodos

- é medida pela magnitude da variação do IPC,


entre dois períodos equivalentes, em percentagem do valor do IPC observado no período inicial

- nas comparações das taxas de inflação entre


países da UE é normalmente utilizado o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC)

- pode ser positiva, a que corresponde um


aumento do nível geral de preços entre os períodos comparados; ou negativa, a que corresponde
uma diminuição do nível geral de preços entre os períodos comparados

Taxa de variação do IPC mensal - são comparados os IPC de dois meses consecutivos

- embora permita um acompanhamento corrente do andamento


dos preços, o valor desta taxa é particularmente influenciado por efeitos sazonais e outros mais
específicos localizados num (ou em ambos) dos meses comparados

Taxa de variação do IPC trimestral - são comparados os IPC de dois trimestres consecutivos

Taxa de variação média dos últimos 12 meses - o IPC médio dos últimos 12 meses é comparado
com o dos 12 meses imediatamente anteriores

- tal como uma média móvel, esta taxa é menos


sensível a alterações esporádicas

Taxa de variação homóloga - compara o IPC observado num determinado mês com o IPC
observado no mesmo mês do ano anterior

- esta taxa de variação, perante um padrão estável de sazonalidade,


não é afetada por oscilações desta natureza podendo, no entanto, ser influenciada por efeitos
localizados num mês específico

Índice de Inflação Subjacente - exclui os preços dos produtos alimentares não transformados e
dos produtos energéticos do índice total. O objetivo principal destas exclusões é o de eliminar
algumas das componentes mais expostas a “choques” temporários e apresentar um indicador de
tendência da inflação. Exemplos destes choques incluem alterações das condições climatéricas e
variações bruscas e significativas no mercado internacional do petróleo

Política Macroeconómica:

Política Orçamental e Fiscal - decisões que determinam a quantidade e a composição das


despesas e receitas públicas: despesa pública (gastos e transferências do Estado) e impostos

- investimentos públicos, subsídios às famílias e empresas,


transferências para os particulares, aquisição de bens e serviços correntes
- taxas de impostos, isenções, deduções, critérios de amortização de
bens de investimento

Política Monetária - controlo da oferta de moeda para determinar as taxas de juro

- taxas de redesconto, intervenções no mercado aberto, coeficiente de


reservas

Política Comercial e Cambial - medidas tendentes a dinamizar relações equilibradas com o


exterior

Política Estrutural - políticas governamentais no sentido de reformar a estrutura subjacente, ou


as instituições da economia

Curva de Phillips:

Trade-Off: Continua a existir um problema de escolha, mas desta vez o conflito é entre a
inflação e o desemprego. O benefício de um representa o prejuízo do outro, ou seja, uma menor
taxa de desemprego representa uma maior taxa de inflação. No entanto, esta afirmação só é válida
em curto prazo.

Tempos de Crise - o papel do Estado:

- “Quanto Estado é que deve intervir?” é a pergunta chave

- a ideia de alguns economistas é que mesmo que não tivesse utilidade social, era melhor meter
as pessoas a trabalhar do que estar tudo no desemprego (utilidade social vs “cava buraco, fecha
buraco” no New Deal)

- é preciso que as pessoas não percam as suas competências

- só quando o setor privado começa a trabalhar é que saímos da crise

- capacidade de feedback, muitas vezes é a diferença entre o sucesso e o insucesso

- vantagens da intervenção do Estado no curto/médio prazo: rede contra indigência e formação


ou contribuição laboral

- perigo da intervenção do Estado no longo prazo: reduz incentivo de procura de emprego e


empregabilidade individual
- as empresas no setor privado vão criando necessidades,fazendo com que acabe por ser
necessário contratar, indo, assim, em direção do sucesso

TEMA 3. CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO


Principais componentes do consumo (despesa de uma economia):

- consumo privado

- investimento

Rendimento Disponível das famílias - corresponde ao rendimento que as famílias recebem


(remuneração dos fatores produtivos, prestações sociais e transferências do resto do mundo) menos
os impostos diretos, as contribuições para a segurança social e as transferências realizadas para o
resto do mundo

Consumo Privado - corresponde à despesa das famílias em bens e serviços finais

Poupança das famílias - a parte do rendimento disponível das famílias não aplicada em consumo

Existem apenas duas aplicações possíveis do rendimento disponível das famílias: o consumo e a
poupança.

Yd = C + Sf

Em que Yd é o valor do rendimento disponível das famílias, C é o valor do consumo privado e Sf é


o valor da poupança das famílias.

Determinantes do consumo privado - fatores (variáveis independentes) que influenciam o


consumo privado (variável dependente)

- rendimento disponível (curto prazo): função keynesiana

- tendência de longo prazo do rendimento disponível:


teoria do rendimento permanente (Friedman) e teoria do ciclo de vida (Modigliani)

- riqueza (variável de stock)

Função Consumo:

A função consumo descreve a relação entre a despesa total em consumo das famílias e as
variáveis que as determinam. Função consumo Keynesiana é uma função que relaciona o valor do
consumo privado com o valor do rendimento disponível, quando todos os outros determinantes do
consumo privado se mantêm constantes (hipótese ceteris paribus). É possível estabelecer uma
relação funcional estável no curto prazo entre o consumo privado e o rendimento, onde as variações
no valor do consumo são explicadas por variações no rendimento.
Existe uma relação direta entre o consumo privado e o rendimento disponível, ou seja, quanto
maior o rendimento disponível das famílias, ceteris paribus, maior o consumo privado na economia e
quanto menor o rendimento disponível, ceteris paribus, menor o consumo privado na economia.

Consumo Autónomo - parte do consumo privado que não depende do rendimento disponível,
representando a influência de outros determinantes que se mantêm constantes, e é constante

- graficamente é a interseção vertical da função consumo

Consumo Induzido - parcela do consumo privado que depende do rendimento disponível

Propensão Marginal a consumir (PmgC) - indica a variação no consumo privado provocada pela
variação numa unidade monetária do rendimento disponível, ou seja, é o valor adicional de consumo
privado quando o rendimento disponível aumenta uma unidade

- graficamente é o valor da inclinação da função


consumo

- é constante e assume sempre um valor positivo entre


0 e 1 (excluindo estes dois valores) e isto significa que quanto maior o rendimento disponível maior o
consumo privado, uma parte do rendimento disponível adicional é sempre gasto em consumo (valor
positivo e superior a zero), mas também que as unidades adicionais de rendimento disponível não são
totalmente aplicadas em consumo (valor inferior a 1)

Propensão Média a consumir (PMC) - indica o valor médio do consumo privado por unidade de
rendimento disponível

- ao contrário da propensão marginal a consumir, que é


independente do valor do rendimento disponível, a propensão média ao consumo varia com o valor
do rendimento disponível (com consumo autónomo constante), ou seja, variações no valor do
rendimento disponível dão origem a variações na PMC

- se o consumo autónomo tiver um valor positivo, a PMC


diminui com o aumento do rendimento disponível e é sempre maior que a PmgC; se o consumo
autónomo tiver um valor negativo, a PMC aumenta com o aumento do rendimento e é sempre menor
que a PmgC; se o consumo autónomo for nulo, a PMC é constante e igual à PmgC
A função consumo pode ser representada por uma reta crescente num gráfico em que no eixo
das abcissas representamos a variável independente - rendimento disponível - e no eixo das
ordenadas a variável dependente - consumo privado.

O valor da interseção vertical da reta é igual ao valor do consumo autónomo e a inclinação da


reta é igual ao valor da propensão marginal a consumir.

Quando o rendimento disponível se altera, passamos de um ponto para outro na mesma função
consumo. No entanto, o valor do consumo privado pode ser também afetado por variações noutros
determinantes. Estas variações provocam uma alteração na própria função consumo, graficamente
traduzida numa deslocação da mesma, originando uma variação no consumo privado para o mesmo
nível de rendimento disponível.

De facto, uma mudança no consumo autónomo, induzida pela alteração de um dos outros
determinantes do consumo privado, leva a uma deslocação paralela da representação gráfica da
função consumo. Um aumento do consumo autónomo leva a uma deslocação paralela para cima da
função consumo; para cada nível de rendimento disponível o consumo privado é maior, sendo que a
propensão marginal a consumir (inclinação da reta) permanece a mesma. Uma diminuição do
consumo autónomo leva a uma deslocação paralela para baixo da função consumo; a propensão
marginal a consumir (inclinação da reta) permanece a mesma mas para cada nível de rendimento
disponível o consumo privado é menor.

Uma bissetriz traçada no gráfico corresponde à igualdade entre consumo privado e rendimento
disponível, sendo possível distinguir:

a) poupança negativa: os pontos da função consumo acima da bissetriz em que o consumo


privado é superior ao rendimento disponível

b) poupança nula: o ponto de interseção com a bissetriz em que o valor do consumo privado é
igual ao valor do rendimento disponível

c) poupança positiva: os pontos de interseção com a bissetriz em que o consumo privado é


inferior ao rendimento disponível

Função Poupança:

A função poupança é uma função que relaciona o valor da poupança das famílias com o valor do
rendimento disponível, quando todos os outros determinantes se mantêm constantes.

A relação estabelecida entre poupança das famílias e rendimento disponível, ceteris paribus, é
uma relação direta. Ou seja, quanto maior o rendimento disponível das famílias, ceteris paribus,
maior a poupança das famílias, e quanto menor o rendimento disponível, ceteris paribus, menor a
poupança das famílias.

S= - c + sYd
Em que S representa o valor da poupança das famílias, c representa o valor do consumo
autónomos, s representa a propensão marginal a poupar e Yd o rendimento disponível das famílias.

Propensão Marginal a poupar (PmgS) - indica a variação na poupança das famílias provocada
pela variação numa unidade monetária do rendimento disponível, ou seja, é o valor adicional da
poupança das famílias quando o rendimento disponível aumenta uma unidade

- graficamente é o valor da inclinação da função poupança

- é constante, assume sempre um valor positivo entre 0 e


1 (excluindo estes valores) e é igual à diferença entre um e a propensão marginal a consumir

1 = c + s s = 1 - c

A função poupança pode ser representada por uma reta crescente num gráfico em que no eixo
das abcissas representamos a variável independente - rendimento - e no eixo das ordenadas a
variável dependente - poupança. O valor da interseção vertical da reta é igual ao valor simétrico do
consumo autónomo e a inclinação da reta é igual ao valor da propensão marginal a poupar.

Enquanto o consumo privado é superior ao rendimento disponível, a poupança assume valores


negativos; no ponto em que o consumo privado é igual ao rendimento disponível, a poupança é nula;
e quando o consumo privado é menor que o rendimento disponível, a poupança assume valores
positivos.

Investimento - componente da despesa que inclui a Formação Bruta de Capital Fixo e a Variação
de Existências

Determinantes do investimento - fatores (variáveis independentes) que influenciam o


investimento (variável dependente)

- receitas do investimento

- custos do investimento

- expectativas dos agentes económicos

As receitas (esperadas) terão uma relação direta com o nível de investimento, ou seja, quando
maior o nível de receitas esperadas, ceteris paribus, maior o nível de investimento que as empresas
desejarão realizar. Se existir capacidade produtiva não utilizada pelas empresas ou, no caso de as
empresas estarem a produzir ao nível da capacidade produtiva instalada, a procura esperada não for
superior à capacidade produtiva instalada, as empresas não terão incentivo para investir.

Os custos terão uma relação inversa com o nível de investimento, ou seja, quanto maior o nível
de custos, ceteris paribus, menor o nível de investimento que as empresas desejarão realizar.
Destacam-se três custos do investimento: o preço do bem de capital, a taxa de juro e os impostos que
as empresas pagam sobre o rendimento.

Função da Procura do Investimento:

A função da procura do investimento é uma função que se estabelece entre a taxa de juro e o
investimento, quando todos os outros fatores se mantêm constantes (hipótese ceteris paribus).

A relação estabelecida entre investimento e taxa de juro é uma relação inversa, ou seja, quanto
maior a taxa de juro menor o investimento, e quanto menor a taxa de juro maior o investimento.

I = I - br

Em que, I representa o valor do investimento, I representa o valor do investimento autónomo,


b representa a sensibilidade da resposta do investimento a alterações na taxa de juro (b>0) e r
representa a taxa de juro.

A função da procura de investimento pode ser representada por uma reta decrescente num
gráfico em que no eixo das abcissas representamos a variável independente - taxa e juro - e no
eixo das ordenadas a variável dependente - investimento.

O valor da interseção vertical da reta é igual ao valor do investimento autónomo e o valor


absoluto da inclinação da reta é igual ao valor da sensibilidade da resposta do investimento a
alterações na taxa de juro.

Quando a taxa de juro se altera, passamos de um ponto para outro na mesma curva da
procura de investimento. No entanto, o valor do investimento pode ser também afetado por
variações noutros determinantes. Estas variações provocam uma alteração na própria função da
procura de investimento, graficamente traduzida numa deslocação da mesma, originando uma
variação no investimento para o mesmo nível de taxa de juro.

Identidade entre poupança e investimento (numa economia fechada sem estado):

O papel determinante desempenhado pela procura ocorre porque, ao crescer, permite um


aumento de rendimento, que será aplicado em consumo (C) ou poupança (S), naturalmente
considerando o modelo sem Estado. Esse rendimento será novamente aplicado na procura de
bens e serviços, que pode ser utilizado em consumo (C) ou em investimento (I).

PIB (na ótica da despesa) = C + I

Aplicação do Rendimento = C + S

C+I=C+S  I = S ou seja, o investimento é igual à poupança numa economia onde só


existe setor privado (famílias e empresas)

Esta identidade (contabilística) entre investimento e poupança pode ser verificada para
uma economia aberta com Estado, neste caso: I = Sp + Sg + Sext
Equação de Equilíbrio:

O rendimento ou produto é igual à despesa. No entanto, o nível efetivo do produto pode


diferir do nível de despesa planeada. Neste caso, a economia não estará em equilíbrio porque os
agentes tenderão a ajustar os seus comportamentos, originando alterações no nível do produto
ou rendimento. O rendimento (ou produto) de equilíbrio corresponde assim ao valor que igual a
despesa planeada.

Y = Dp

O nível de produto (efetivo) é igual à despesa planeada


(Dp = consumo e investimento planeados)

Se a Dp<Y, existe acumulação de stocks, as empresas reduzem a produção no futuro. O


produto efetivo diminuirá.

Se a Dp>Y, existe redução de stocks, as empresas expandem a produção no futuro. O


produto efetivo aumentará.

O Princípio do Multiplicador:

Efeito Multiplicador - número pelo qual a variação no investimento tem de ser multiplicada
de modo a determinar a variação resultante no produto total

Um aumento das despesas de investimento causa uma reação em cadeia, levando a rondas
sucessivas de aumento de despesa e rendimento. No final do processo, a economia atinge um
novo equilíbrio em que a despesa total e o rendimento são consideravelmente mais elevados.

O valor do multiplicador, numa economia fechada sem Estado, depende do valor assumido
pela propensão marginal a consumir, sendo tanto maior quanto maior for o valor desta última.

TEMA 4. FINANÇAS PÚBLICAS E POLÍTICA ORÇAMENTAL


Para aqueles de inspiração mais keynesiana, é necessária uma maior intervenção do Estado em
determinados domínios da vida económica, já que o funcionamento dos mecanismos de mercado não
consegue, por si só, suprir algumas das suas naturais deficiências. Para os economistas de índole mais
liberal, o Estado deve limitar-se à atividade legislativa de regulamentação do funcionamento dos
mercados.

O certo é que, em todos os países industrializados, o Estado intervém na atividade económica


com determinadas funções específicas, para as quais utiliza as políticas económicas que tem ao seu
dispor (política monetária, orçamental, fiscal, cambial, etc.).

O Estado na Economia:

- economia de mercado (descentralizada, capitalista)

- economia planificada (centralizada)

- economia mista
Numa economia de mercado para que serve o Estado?

Falha da “Mão Invisível” Intervenção dos Poderes Públicos Exemplos

Ineficiência

Monopólios Intervenção nos mercados Leis anti-trust

Externalidades Intervenção nos mercados Leis anti-poluição

Bens Públicos Subsídios às atividades em causa Defesa nacional

Desigualdades

Rendimento Políticas de redistribuição Impostos progressivos

Riqueza (fiscalidade) Prestações familiares,


subsídios

Problemas macro-económicos

Ciclos económicos Políticas de Estabilização Política monetária

Crescimento económico fraco Políticas de estímulo ao crescimento Política fiscal

Política orçamental

Política cambial

Economia mista - o mercado é responsável pela maior parte da produção e aprovisionamento de


bens e serviços, mas também existe intervenção por parte do estado

Funções do Estado em economia mista:

- afetação eficiente de recursos: apropria-se de recursos pertencentes ao conjunto da


sociedade e utiliza-os para a satisfação direta das necessidades públicas, assim como utiliza os
mecanismos ao seu dispor para assegurar que a economia utiliza, com a máxima eficiência, os
recursos de que dispõe; na prática, significa que envidará todos os esforços para assegurar que a
economia se aproxima do funcionamento característico da concorrência perfeita (promoção da
eficiência)

- distribuição e redistribuição de rendimento (equidade, ou seja, justiça social e coesão):


utilização dos recursos de forma a produzir efeitos sobre a redistribuição da riqueza, de modo a
tornar os frutos do crescimento económico acessíveis a todos os membros da sociedade

- estabilização e crescimento económico: manutenção de um nível satisfatório da atividade


económica (evitar a inflação, reduzir o desemprego, dinamizar o investimento, ampliação do
potencial produtivo)

Orçamento do Estado - engloba um conjunto de previsões de gastos a fazer durante um ano com
a realização dos diferentes projetos integrantes dos vários setores da administração pública

- instrumento fundamental que os poderes públicos utilizam na gestão das


despesas e receitas ao desempenhar as suas funções
- documento onde são previstas as receitas e as despesas do Estado para
determinado período de tempo, geralmente um ano, sendo um instrumento económico e social do
governo

Funções do orçamento do Estado:

- afetação de recursos (eficiência)

- distribuição e redistribuição de rendimento (equidade)

- estabilização (estabilidade)

- crescimento económico

Despesas Públicas - gastos do Estado para a satisfação das necessidades coletivas

- podem dividir-se em despesas correntes e despesas de capital

- podem ter efeitos sobre: a produção e o rendimento

Despesas Correntes - incluem: despesas com o pessoal, despesas de consumo intermédio,


despesas com juros, despesas com transferências correntes e subsídios

- se ao total das despesas correntes deduzirmos as despesas relacionadas


com o pagamento dos juros da dívida pública obtemos a despesa corrente primária

Despesas de Capital - incluem: despesas com a aquisição de bens de capital (ex.: investimentos
em habitações, edifícios, construções diversas, equipamento informático, etc.), despesas com as
transferências de capital, despesas relacionadas com ativos financeiros (aquisição de títulos de
crédito e concessão de empréstimos), despesas relacionadas com passivos financeiros (pagamentos
decorrentes da amortização de empréstimos)

Receitas Públicas - ganhos do Estado

- para obter o financiamento que precisa para conseguir implementar o


conjunto de políticas que consubstanciam a sua ação política no cumprimento dos objetivos com que
se apresentou à população eleitoral, o Estado necessita de criar estas receitas

- podem dividir-se em: receitas correntes e receitas de capital; receitas


patrimoniais e receitas coercivas

Receitas Correntes - renovam-se em todos os períodos financeiros

Receitas de Capital - são receitas cobradas ocasionalmente e que, regra geral, estão associadas a
uma diminuição do património

Receitas Patrimoniais (ou voluntárias) - resultam da negociação entre os particulares e o estado:


rendimentos de propriedade, venda de bens e serviços correntes, venda de bens de investimento,
venda de ativos financeiros

Receitas coercivas (ou obrigatórias) - resultam de uma imposição do poder deliberativo do


Estado: impostos, taxas, multas, contribuições para a segurança social

Impostos - principal instrumento da política fiscal


- constituem a principal fonte de financiamento do Estado

- dividem-se em impostos diretos e impostos indiretos

Impostos Diretos - impostos que incidem sobre os rendimentos obtidos pelos contribuintes ou o
seu património

- têm carácter progressivo, ou seja, são tanto maiores (em termos da taxa
aplicada) quanto mais elevados forem os rendimentos sobre os quais incidem

- ex.: IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares), IRC (Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas), IMI (Imposto sobre o Património)

Impostos Indiretos - impostos que incidem sobre os consumos e despesas

- assumem um carácter regressivo, ou seja, como não fazem distinção entre


os rendimentos dos contribuintes, acabam por penalizar os que têm rendimentos mais baixos

- ex.: IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), IS (Imposto de Selo), IA


(Imposto Automóvel), ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos), ISV (Imposto sobre
Veículos), ITC (Imposto sobre o Tabaco)

Saldo Orçamental - diferença entre as receitas e as despesas públicas, ou seja, do agente


económico Estado, num determinado período de tempo, geralmente um ano

Se as receitas do Estado forem superiores às despesas do mesmo, as contas públicas registam


um excedente (superavit público), ou seja, estamos perante uma capacidade de financiamento do
setor público. Se as receitas não forem suficientes para financiar as despesas a realizar, as contas
públicas apresentam um défice (défice público), o que significa que o setor público demonstra uma
necessidade de financiamento.

Dívida Pública - representa os fundos que o Estado obteve, para financiar a sua atividade (e para
a qual não conseguiu geral receita suficiente) junto de entidades residentes ou estrangeiras

- outro conceito fundamental no domínio das finanças públicas

- contraída pelo Estado devido à existência de défices orçamentais

- pode ser interna ou externa consoante os financiadores sejam residentes ou não


residentes

Ao recorrer a empréstimos para financiar os saldos orçamentais negativos, o Estado tem de


suportar não só o empréstimo em si, mas também os encargos inerentes ao mesmo, que acabam por
gerar os juros da dívida pública.

A dívida acumulada no final de um determinado ano é composta pelo défice primário do mesmo
ano, acrescida da dívida que já vem do ano anterior e dos respetivos juros.

Défice  Dívida Pública


Défice - representa um fluxo, que é medido num determinado intervalo de tempo, e diz respeito
à situação das contas públicas nesse mesmo ano

Dívida Pública - é um stock, ou seja, é medida num determinado momento no tempo, e resulta
da acumulação dos vários resultados orçamentais, ao longo dos anos
Cada vez que as contas públicas registam um saldo negativo (défice), a dívida aumenta. Se
registam um saldo positivo (superativ), a dívida pública diminui.

Cada vez que cria dívida pública, o Estado tem de se preocupar também com o pagamento da
dívida, já que a mesma significa o aumento de impostos no futuro, pelo que o montante da dívida, e
em particular o coeficiente e a evolução do coeficiente da dívida pública (o peso da dívida pública em
relação ao produto gerado) são indicadores fundamentais da situação da economia.

Diferenças na fiscalidade (nível e estrutura):

- nível de desenvolvimento de um país

» país pobre ( < nível de fiscalidade; imposto indireto)

» exemplo: imposto automóvel

» desenvolvimento determina fiscalidade ou fiscalidade determina desenvolvimento?

- escolhas políticas

» menos despesa e menos fiscalidade

» mais despesa e mais fiscalidade

» eficiência vs equidade

Implicações dos tipos de receitas e das escolhas:

- impostos direitos vs indiretos

» progressividade vs taxa de consumo (por nível de rendimento familiar)

» consumidores com diferentes rendimentos

» qual o peso relativo do imposto?

- “distorções” nos preços (razões, utilidade)

» corrigir externalidade

» angariar receitas (maximização da receita: curva de Laffer)

Maximização da receita - Curva de Laffer


Externalidades - são efeitos positivos ou negativos decorrentes de certas situações que não
são contabilizadas

TEMA 5. DESENVOLVIMENTO
O que é o Desenvolvimento?

- Enquadramento Histórico

» discussão histórica antiga (ex.: Smith, Marx, Censo Português)

» reacende com processos de descolonização

- Enquadramento Conceptual

» quais são os países desenvolvidos (High Income - WDR; High Human Development)

» processo polémico

» razões do (sub)desenvolvimento (internas e externas)

Diferentes dimensões de desenvolvimento:

- holística

- económica

- ambiental

- social

1) Dimensão Económica

- bem estar material como pré-requisito

- riqueza vs produção (stock vs fluxo)

- indicadores: PIB e PIB per capita (para comprar países)

- setores de produção:

» agricultura, indústria, serviços

» países industrializados = desenvolvidos?

» desindustrialização = desenvolvimento?

Paridade de poder de compra:

- câmbio não reflete condições de vida

- poder de compra do dinheiro

» nível geral de preços

» não transacionáveis

» bens e serviços subsidiados (Estado)


- limitações: qualidade e bens disponíveis; hábitos de consumo; dados

- Índice Big Mac (The Economist)

Teoria da Paridade do Poder de Compra - defende que o euro deverá comprar a mesma
quantidade de bens e serviços em todos os países com os quais a União Europeia desenvolve relações
internacionais

Índice Big Mac - permite calcular o grau de sub ou de sobrevalorização de uma moeda face a
outras divisas do Sistema Monetário Internacional, com base no respetivo poder de compra

O PIB real não é sinónimo de bem-estar económico, mas está relacionado:

- tempo de lazer

- atividades económicas extra-mercado

- qualidade de vida

- qualidade do meio ambiente

- pobreza e desigualdade económica

vs

- disponibilidade de bens e serviços

- saúde e educação

2) Dimensão Ambiental

- medidas “defensivas” no PIB apenas repõem bem-estar

» remediação e redução de poluição (emissões)

» concentração urbana (commuting, barulho)

- esgotamento e degradação dos recursos naturais (capital natural) decorrentes da


atividade económica

- ter em conta as desutilidades, a sustentabilidade do desenvolvimento e a


degradação ambiental, exemplos:

» Index of Sustainable Economic Welfare (ISEW)

» The Genuine Progress Indicator (GPI)

- medição mundial: poucos países

3) Dimensão Social

- medição de pobreza

» linha de pobreza absoluta e relativa (países em desenvolvimento: BM = 1 e


2 dólares; países desenvolvidos: UE = 60% do rendimento mediano)

» medição agregada da pobreza (incidência, hiato, intensidade)

- medição de desigualdade
» coeficiente de Gini (varia entre 0 e 1, traduzindo a completa igualdade de
rendimentos entre a população e traduzindo a completa desigualdade, respetivamente; escala
crescente de desigualdade)

- pobreza  desigualdade; pobreza é algo mais absoluto, enquanto que


desigualdade remete para algo relacional

4) Dimensão Holística

- Millenium Development Goals (MDGs)

- Índice do Desenvolvimento Humano

» económica: rendimento nacional bruto

» saúde: esperança média de vida à nascença

» educação: média dos anos de escolaridade e anos de escolaridade


esperados

- indicadores e cálculo do índice têm variado

- a pergunta que se coloca é se é uma boa medida para distinguir entre países
desenvolvidos ou na realidade não

Como medir o desenvolvimento

Esfera: Conceito: Indicador:

Económica Produção PIB/PNB

Ambiental Sustentabilidade ISEW

Social Pobreza e Desigualdade Gini, FGT

Holística Produção, Saúde e Educação HDI, MDGs

Pessoal Felicidade

Outros indicadores:

- Índice de felicidade

- Stiglitz, Sen e Fitouss

- Better Life Index (OECD)

TEMA 6. EQUILÍBRIO EXTERNO: RELAÇÕES COM O EXTERIOR


O comércio enquanto atividade económica, pode ocorrer a nível doméstico, quando dois ou
mais indivíduos trocam bens e serviços dentro de um determinado território, ou pode revestir a
forma de comércio internacional, quando as trocas são conduzidas através de fronteiras nacionais.

Comércio Internacional - designação dada ao comércio entre diferentes países do mundo

Num contexto de globalização acrescida, o comércio internacional constitui uma componente


estruturante da abertura cada vez maior das economias à circulação de mercadorias, serviços,
capitais ou, em menor escala, pessoas. O comércio, assumido numa perspetiva de comércio livre, sem
barreiras, permitiu a muitos países beneficiar da especialização e de economias de escala,
aumentando a eficiência da escola de produção, a produtividade dos fatores de produção, a difusão
do conhecimento e das novas tecnologias e a disponibilização de uma maior variedade de produtos à
disposição dos consumidores.

A internacionalização das economias, que tradicionalmente se caracterizava fundamentalmente


pelos fluxos de comércio externo, traduz-se atualmente numa intensificação dos movimentos
internacionais de fluxos de capitais.

Vantagens do comércio (Krugman e Obstfeld):

- posses de recursos naturais

- clima (pois determinados climas são mais propícios a certas produções agrícolas)

- mão- de- obra (tendo em conta o preço e o grau de especialização, um país pode produzir
com custos mais baixos)

- posição geográfica (poderá determinar que esse países esteja mais perto dos centros
consumidores ou das fontes de matérias-primas)

Teoria da Vantagem Comparativa - se os países se especializarem nos bens onde têm vantagem
comparativa (em relação aos concorrentes) o comércio será benéfico para todos, mesmo que um dos
países seja mais eficiente na produção de todos os bens alvo do comércio (ou seja, tenha uma
vantagem absoluta)

A importância da Balança de Pagamentos:

Balança de Pagamentos - registo sistemático de todas as transações ocorridas entre residentes


de um país e o resto do mundo durante um determinado período de tempo (normalmente um mês,
um trimestre ou um ano)

- quadro-síntese onde se encontram inscritos os valores, em termos


monetários, dos diferentes tipos de trocas entre um país e o exterior

- baseia-se na compilação estatística de fluxos, que registam as


transações de um determinado território económico com o exterior, de acordo com o princípio
contabilístico das partidas dobradas, ou seja, a cada operação com o exterior está associado um duplo
registo nas estatísticas de igual valor: uma inscrição a crédito (um sinal positivo) e outra a débito (um
sinal negativo)

- crédito: permite ao país ganhar divisas ou ouro; débito: envolve a


despesa de divisas ou a saída de ouro

Território Económico - território coberto pelo sistema de contabilidade nacional

Residente - agente económico que detém um centro de interesse num território por um período
superior a um ano, ou seja, agente económico que efetua operações económicas no território em
causa por um período superior a um ano

A Balança de Pagamentos está, por definição, equilibrada depois de registarmos todos os


movimentos. No caso das entradas de capitais serem superiores às saídas, dá-se uma acumulação de
ouro e de divisas estrangeiras. No caso contrário, verifica-se uma saída de ouro e de divisas
estrangeiras.

A Balança de Pagamento está dividida em três grandes rubricas:


- Balança Corrente

- Balança de Capital

- Balança Financeira

Balança de Pagamentos Componentes Exemplos

Balança Corrente Bens Exportações e Importações de


produtos
São registadas transações
relacionadas com as trocas de Fluxos financeiros relacionados
Serviços
bens (mercadorias), serviços, com a prestação de serviços
rendimentos e transferências entre países (serviços
correntes. financeiros, comerciais,
telecomunicações, transportes,
No caso do valor das
turismo, seguros)
importações ser superior ao Rendimentos
valor das exportações, o saldo é Fluxos financeiros associados à
desfavorável e diz-se que se remuneração de operações de
verifica um défice orçamental. investimento (rendimentos
Pelo contrário, se o valor das decorrentes de operações de
exportações for superior ao Transferências Correntes investimento direto,
valor das importações, o saldo é investimento de carteira)
favorável e neste caso temos
Entradas e saídas de valores
um excedente comercial. Se
sem contrapartidas reais
tivermos uma igualdade entre o
associadas (remessas de
valor das exportações e o das
emigrantes/imigrantes,
importações estamos perante
transferências correntes da UE,
um equilíbrio da balança
doações obtidas e concebidas,
comercial.
subsídios comunitários
recebidos)

Balança de Capital Transferências de Capital Transferências públicas:


quando têm por origem ou
São registados os vários
destino o Estado (transferências
movimentos de capital e as
da UE para financiamento de
aquisições/cedências de ativos
infraestruturas ou o perdão de
não produzidos não financeiros.
uma dívida de um país terceiro)

Transferências privadas:
quando se referem a agentes
económicos particulares
(transferências de património
resultantes do regresso de
emigrantes)

Transferências sobre ativos


intangíveis como patentes,
licenças, copyrights, marcas,
franchises, transferências de
jogadores de futebol, aquisição
de terrenos por embaixadas

Aquisição/cedência de ativos
não produzidos não financeiros

Balança Financeira Investimento Direto IDE/IDPE

São registados os movimentos Investimento de carteira Aquisição por um residente de


de capital de curto e longo obrigações de Tesouro
prazo. note-americano, chinês, etc.

Registo das transações que Concessão de um empréstimo a


envolvam mudança de Outro Investimento um banco residente por um
titularidade entre residentes e banco não residente
não residentes.
Transações de derivados
financeiros
Derivados Financeiros Aquisição pelo Banco de
Portugal de títulos a entidades
fora da Zona Euro e emitidos
Ativos de Reserva em moeda diferente do euro

A situação da Balança de Pagamento permite-nos saber qual a dimensão da nossa poupança face
ao exterior ou, pelo contrário, das nossas necessidades de financiamento.

Um governo com um superavit na respetiva Balança de Pagamentos reduz os seus


compromissos face a terceiros ou aumenta as suas reservas oficiais. Um governo que apresenta um
défice na Balança de Pagamentos, apresenta uma situação de reforço da sua vulnerabilidade face ao
exterior, conduzindo a uma redução dos seus ativos de reserva.

Se uma dada economia não consegue reunir, internamente, a poupança necessária ao


investimento que pretende realizar, pode recorrer à poupança que é formada no resto do mundo
para financiar esse mesmo investimento. Simplesmente, este recurso não é ilimitado, nem
sustentável, pois significa que o país está a incorrer num processo de endividamento externo, que
terá de ser pago, com encargos financeiros acrescidos.

Os países que apresentam défices são sujeitos a maior pressão para a correção do desequilíbrio,
já que as suas reservas podem esgotar-se rapidamente, deixando as gerações futuras uma situação
muito delicada e de grande fragilidade. Neste contexto, um país com um défice na Balança de
Pagamentos é geralmente confrontado com duas opções: ou financiar esse défice ou tomar um
conjunto de medidas com vista à correção do mesmo.

Medição e ajustamento:

- Indicadores Comerciais

» saldo comercial

» coeficiente de abertura
» grau de abertura

- Taxa de Câmbio

» cotação ao incerto/certo

» câmbio flexível/fixo

Taxas de câmbio - representam os preços de moedas estrangeiras medidos em unidades de


moeda nacional, não se aplicando a notas e moedas, mas apenas a divisas

- nominais: taxas de câmbio observadas; representa a taxa a que um


determinado indivíduo consegue trocar a moeda de um país pela moeda de outro

- reais: são ponderadas pela evolução do nível de preços entre um país e os


seus parceiros comerciais; taxa a que um indivíduo consegue trocar bens ou serviços de um país por
bens ou serviços de outro país

- é a relação de troca entre uma moeda e outras. Representa o valor pelo qual
podemos adquirir ou vender uma moeda por outra

Trilema (Krugman e Obstfeld):

- câmbios fixos

- liberalização de circulação de capitais

- política monetária soberana

A Economia Portuguesa no contexto da Economia Mundial:

 Economia Portuguesa nas primeiras décadas do pós-guerra:

- industrialização, mercados coloniais e reticências face à Europa

- integração europeia (entrada na UE), transição política e estabilização económica

- anos 1990: a década da internacionalização pela via do IDE (Investimento Direto


Estrangeiro)

Grandes processos, mas algumas vulnerabilidades estruturais

 Portugal tem um peso diminuto na economia e no comércio internacionais

 Situação estrutural da Balança de Pagamentos: défice no comércio de mercadorias, excedente


no comércio de serviços

 A economia portuguesa apresenta:


- pontos fortes: serviço (turismo); vestuário e calçado; produtos florestais; material de
transporte, etc.

- pontos fracos: toda a área agro-alimentar, com exceção do vinho

- especialização forte em recursos naturais e produtos manufaturados de tecnologia


standard (evolução)

As grandes transformações da década de 1990:

Antecedentes: participação no Sistema Monetário Europeu

Participação
na União Problemas estruturais da
Económica e economia portuguesa
Monetária

Dilema: convergência nominal/convergência real, acentuado


num contexto de crise económica financeira
TEMA 7. MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA
Moeda - meio através do qual são efetuadas as transações monetárias e que permite ao agente
que a possui adquirir produtos ou serviços

- é um bem de troca geralmente aceite numa comunidade para fins de pagamento

- é um bem económico, pois é útil, escassa e satisfaz vários objetivos alternativos

- a sua importância é indiscutível para o funcionamento eficaz das sociedades atuais,


sendo impossível imaginar um sistema económico sem a existência de moeda

- não tem valor intrínseco, vale tipo de bens e serviços que nos permite adquirir

Funções da moeda:

- Unidade de medida: torna possível a indicação de todos os preços dos vários bens numa só
unidade, podendo ser comparados; permite expressar numericamente os ativos e os passivos dos
agentes económicos

- Meio de troca: funciona como um meio de pagamento utilizado pelos agentes económicos
nas suas transações no mercado de bens e serviços e como remunerações dos fatores de produção no
processo de criação do rendimento nacional; funciona também como meio de pagamento diferido, já
que permite ao agente económico comprar um determinado bem, no momento atual, combinando
com o vendedor a quantidade de moeda que dará no futuro

- Reserva de Valor: permite que os agentes poupem sob a forma de moeda, ou seja,
decidem não consumir no momento atual, parte do seu rendimento, podendo, no futuro, vir a
usufruir de um poder de compra reforçado; permite desfasar as trocas no tempo, possibilitando a
formação de poupanças e a atribuição de créditos, transferindo o poder de compra de um período
para o outro

Liquidez - termo usado para descrever a facilidade com que um determinado bem pode ser
convertido em meio de troca, e a moeda é o ativo mais líquido de todos

Características da moeda:

- Aceitabilidade Geral: é necessário que a generalidade dos agentes económicos aceite a


moeda como forma de pagamento; se não for reconhecida pelos agentes, a moeda não pode cumprir
as funções que lhe estão afetas

- Trocabilidade

- Disponibilidade/Liquidez

- Divisibilidade: pode ser divisível em unidades mais pequenas, o que se revela de uma
utilidade bastante grande, facilitando os trocos no pagamento das transações

- Durabilidade: tem uma grande longevidade, é feita de metais resistentes; se tal não
acontecesse, poderia haver muitos problemas, pois a degradação de um qualquer bem altera o seu
valor e dificulta a sua utilização como padrão de troca

- Dificilmente falsificável

- Manutenção do valor
- Prática de transportar

- Ter reduzida procura não monetária: não pode servir para mais nada senão para
desempenhar as suas funções básicas; daí deixar-se o sal, porque era usado para outras coisas; o
problema de usar um bem útil como moeda era exatamente a probabilidade de ser utilizado para
outras funções que não a moeda, e por isso, era muito frequente não haver moeda em quantidade
suficiente para denominar as trocas,gerando grande instabilidade na economia

Formas de moeda:

- Moeda metálica:

- Papel moeda: as notas são inconvertíveis, sendo a sua aceitação imposta pelas
autoridades monetárias

- Moeda escritural ou bancária: moeda totalmente desmaterializada, constituída pelos


depósitos à ordem, movimentados, atualmente, por via informática

Ao possuir moeda (que proporciona liquidez imediata e possibilidade de aquisição direta de bens
e serviços), o agente deixa de usufruir os juros que lhe proporcionaria uma aplicação em títulos. A
moeda é um ativo cuja detenção não proporciona qualquer tipo de remuneração, nomeadamente
juros. Assim, o custo de oportunidade de deter moeda define-se como os ganhos (juros) que
poderíamos obter se a moeda tivesse sido utilizada para adquirir ativos que oferecessem alguns
ganhos financeiros.

Procura de Moeda:

Procura de moeda - parte da riqueza que o agente entende possuir sob a forma de moeda

Fontes da procura de moeda:

- procura de dinheiro para transações

- procura como ativo

Determinantes da procura de moeda:

- rendimento ou produto real (PIB real)

- nível geral de preços (NP)

- taxa de juro nominal (i - custo de oportunidade de possuir moeda)

Procura nominal de moeda - diz respeito à procura dos agentes por uma dada quantidade (stock)
de moeda

Procura real de moeda - concerne o poder aquisitivo da moeda, os bens e serviços que podemos
efetivamente adquirir

- incorpora o efeito da subida geral do nível de preços de bens e serviços


A procura de moeda vai depender do nível de rendimento (Y) e da taxa de juro (i).

O rendimento varia positivamente com a procura de moeda, enquanto que a taxa de juro varia
negativamente. Ou seja, quanto maior for o nível de rendimento, maior será a procura de moeda;
quanto maior for a taxa de juro, menor será a procura de moeda.

Para cada taxa de juro teremos uma dada procura de moeda. Se a taxa for mais elevada a
procura de moeda será menos; se a taxa for menos elevada a procura de moeda será mais. Quanto
maior for a taxa de juro, mais penalizante será deter moeda, pois maiores serão as perdas de não
termos essa moeda utilizada em aplicações financeiras. Assim, a taxa de juro está negativamente
relacionada com a procura de moeda.

Se houver alguma oscilação da taxa de juro isso corresponderá a movimento ao longo da curva:
se a taxa de juro aumentar, deslocamo-nos ao longo da curva, para cima e para a esquerda,
traduzindo uma menor procura de moeda, já que o respetivo custo de oportunidade aumentou. Da
mesma forma, uma redução da taxa de juro originará um movimento, para baixo e para a direita,
também ao longo da curva.

No entanto, se considerarmos variações de rendimento, vamos estar a trabalhar com a


deslocação de toda a curva. Se se verificar um aumento do rendimento, a curva desloca-se,
paralelamente, para a direita, traduzindo um aumento da procura de moeda. Por outro lado, se o
rendimento diminuir, a deslocação ocorrerá, também de forma paralela, mas para a esquerda.

Oferta de Moeda:

Oferta de moeda - é representada por uma dada quantidade de unidades monetárias

- é provida através de duas vias: a emissão de moeda pelo Banco Central


(entidade monetária fundamental) e a criação de moeda pelos Bancos Comerciais

Agregados monetários:

- Moeda para transações


M1 = C + DO

M1 representa os meios imediatos de pagamento, em que C é a circulação monetária e inclui as


notas e as moedas emitidas pelo Banco Central que não se encontram nos bancos, ou seja, as notas e
moedas em circulação, e DO são os depósitos à ordem e outros depósitos mobilizáveis por cheque
(moeda bancária)

- Moeda em sentido lado

M2 = M1 + DP = C + DO + DP

M2 representa meios de pagamento que apesar de não serem imediatos, podem ser
rapidamente mobilizados, em que DP são os depósitos a prazo e de poupança e ativos similares que
são substitutos quase perfeitos da moeda para transações.

Outra forma de criação de moeda baseia-se no multiplicador monetário e está ao dispor da


Instituições de crédito. De facto, os Bancos ao receberem moeda, sob a forma de depósitos, e
concederem, por sua vez, crédito também possuem, na prática, a capacidade de criação de moeda.

Multiplicador do Crédito (ou multiplicador monetário) - dá-nos uma ideia do potencial de criação
de moeda numa dada economia ou território económico

Depósitos Aplicações Novos


Empréstimos
(moeda escritural) (empréstimos)

Aumento dos
meios de
pagamento

- o multiplicador do crédito é igual ao


inverso da taxa de reserva

- quanto menor for a taxa de reserva


legal, maior o potencial de expansão de moeda, já que a própria existência da obrigatoriedade da
reserva limita o potencial de criação de moeda

- duas fugas podem reduzir a criação de


moeda no sistema bancário: algumas pessoas deterão moeda em numerário em vez de a depositarem;
alguns bancos deterão reservas excedentárias
Sendo controlada pelas autoridades, a oferta de moeda apresenta-se fixa em cada momento e
não depende da taxa de juro de mercado.

Se o Banco Central decidir aumentar a oferta de moeda isso corresponderá a uma deslocação
para a direita dessa reta vertical, mantendo-se os mesmos valores para a taxa de juro. Da mesma
forma, uma deslocação da reta para a esquerda traduz uma redução na oferta de moeda em
circulação.

Equilíbrio no mercado monetário:

No ponto de equilíbrio (E), vai existir uma identidade entre a quantidade de moeda oferecida
pelo Banco Central e a quantidade de moeda procurada pelos agentes económicos, para uma taxa de
juro de equilíbrio de 6%.

Aumento da Procura de Moeda:

Se se verificar um aumento na procura de moeda, mantendo-se a oferta inalterada, vai


verificar-se um aumento na taxa de juro, uma vez que a moeda se torna mais escassa face à procura e,
consequentemente, mais cara.

Aumento da Oferta de Moeda:


O aumento no stock monetário faz deslocar a curva da oferta de moeda para a direita. Nesta
nova situação, para o primeiro ponto de equilíbrio, E, vai existir agora um excesso de oferta face à
procura pelo que a taxa de juro tenderá a baixar.

Como existe agora excesso de moeda em circulação, o custo de oportunidade a deter moeda
(dado pela taxa de juro) desceu, pelo que os agentes económicos são agora mais induzidos a deter
uma maior quantidade de moeda, em detrimento de outras aplicações financeiras.

Sistema Financeiro:

- Banco Central

- OIM (Outras Instituições Monetárias)

- IFNM (Instituições Financeiras Não Monetárias)

- Empresas e Particulares

Os instrumentos da política monetária:

- operações de mercado aberto

- taxa de juro aplicada aos empresários que as OIM pedem ao Banco Central

- taxa de reserva legal

Banco Central - Funções:

- emissão de moeda

- supervisão prudencial e comportamental

- fiscalização mercados monetário e cambial

- regulação dos sistemas de pagamentos

- gestão de ativos e reservas

- representação internacional e relações com o Estado

- recolha de estatísticas e análise económica

As crises financeiras - a evolução das finanças internacionais:

- extraordinária importância do setor monetário e financeiro para a riqueza global, ao longo


da história recente

- diversificação dos atores e liberalização dos movimentos capitais


- criatividade

- racionalismo funciona como pirâmide de promessas, que podem não ser cumpridas

- enfermidades

Sistema Financeiro - cérebro das economias de mercado

- palco de interação entre a microeconomia (finanças) e a macroeconomia


(políticas monetárias, cambial e orçamental)

As crises - encadeamentos nacionais e internacionais:

Globalização e Neoliberalismo

Desordem monetária internacional

Políticas (países asiáticos)


de acumulação de
Crises Financeiras anos 1990 reservas em divisas

TEMA 8. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA


Postulado da racionalidade dos agentes económicos:

- consumidor: maximização da satisfação (através do consumo de bens)

- produtor: maximização do lucro

Função Procura:

Quantidade procurada - quantidades de um bem que os consumidores estão dispostos a


comprar, dados todos os determinantes, num determinado período de tempo

Curva da Procura - é a relação que se estabelece entre o preço e a quantidade procurada,


quando todos os outros determinantes, à exceção do preço do bem, se mantêm constantes (hipótese
ceteris paribus)

- função que relaciona as quantidades de um determinado bem, que os


consumidores estão dispostos a adquirir num dado período de tempo, com os diferentes preços do
bem, quando todos os outros determinantes se mantêm constantes

- resulta da soma das curvas da procura individuais


- linha decrescente

A relação estabelecida entre as quantidades procuradas e o preço, ceteris paribus, é uma relação
inversa. Ou seja, quanto maior o preço menor quantidade os consumidores estão dispostos a adquirir,
e quanto menor o preço maior quantidade os consumidores estão dispostos a adquirir.

Lei da procura negativamente inclinada - ceteris paribus, à medida que o preço de um bem
diminui a quantidade procurada desse bem aumenta (e, inversamente, à medida que o preço do bem
aumenta a quantidade procurada desse bem diminui)

Efeitos da variação do preço:

- efeito rendimento: traduz-se no facto de uma diminuição do preço, quando o rendimento


se mantém constante, levar a um aumento do poder de compra dos consumidores, pelo que eles
podem adquirir mais unidades do bem com o mesmo rendimento; inversamente, um aumento do
preço, quando o rendimento se mantém constante, leva a uma diminuição do poder de compra dos
consumidores, fazendo com que eles possam adquirir menos unidades do bem

- efeito substituição: traduz-se no facto de um aumento no preço do bem, mantendo-se os


preços dos outros bens constantes, tornar o bem relativamente mais caro (e os bens que o podem
substituir relativamente mais baratos), pelo que o consumidor pretenderá então adquirir menos do
bem que ficou relativamente mais caro, substituindo-o pelos que ficaram relativamente mais baratos;
inversamente, se o preço diminuir (ceteris paribus) o bem ficará relativamente mais barato e o
consumidor pretenderá adquirir mais deste bem em substituição dos que ficaram relativamente mais
caros

O preço que um consumidor está disposto a pagar por unidades adicionais de um mesmo bem
estará associado à satisfação adicional que o consumidor obtém com o consumo dessa unidade. A
satisfação do consumidor depende dos seus gosto e preferências e é medida pela utilidade.

Utilidade total - traduz a satisfação total que um consumidor obtém com o consumo de um
determinado bem
Utilidade marginal - representa a satisfação adicional que um consumidor obtém com o
consumo de uma unidade adicional de um determinado bem

Lei da utilidade marginal decrescente - à medida que se consomem unidades adicionais de um


mesmo bem, num determinado período de tempo, a satisfação adicional que se obtém com cada uma
das unidades do bem vai diminuindo (ex.: beber copos de água quando se está com sede)

- quando temos uma necessidade ou um desejo, a


primeira unidade do bem que consumimos para satisfazer essa necessidade/desejo tem uma
utilidade elevada, no entanto, à medida que saciamos essa necessidade/desejo, a satisfação adicional
obtida com consumo de unidade adicional do bem vai diminuindo

Determinantes da procura:

- rendimento: é o rendimento disponível que dá aos consumidores capacidade para adquirir


os bens, quanto maior o rendimento disponível maior a capacidade dos consumidores adquirirem os
bens

- expectativas: se o consumidor tiver expectativas de que os preços irão aumentar num


futuro próximo, a procura do bem irá aumentar, uma vez que os consumidores desejarão antecipar a
aquisição do bem, antes do aumento do seu preço; inversamente se a expectativa for a diminuição
dos preços, a procura irá diminuir. Se os consumidores tiverem expectativas positivas relativamente
ao seu rendimento, a procura presente tenderá a aumentar; inversamente, se as expectativas forem
negativas, a procura tenderá a diminuir

- bens substitutos: se existirem bens que podem ser utilizados em alternativa para satisfazer
a mesma necessidade a procura do bem irá ser influenciada pelo preço desses bens substitutos

- bens complementares: existem alguns bens que satisfazem as necessidades quando


conjuntamente com outros bens (ex.: automóvel e gasolina), nestes casos o preço do bem
complementar vai influenciar a procura do bem

- gostos e preferências: uma alteração dos gostos e preferências a favor do bem levará a um
aumento da procura, a alteração inversa levará a uma diminuição da procura

Um aumento da procura origina uma deslocação da curva da procura para a direita, de D para D’
(aumenta a quantidade procurada para um dado preço). Uma diminuição da procura origina uma
deslocação da curva da procura para a esquerda de D’ para D’’ (diminui a quantidade procurada para
um dado preço).

Variação da Quantidade Procurada - quando o preço de um bem se altera, não existe qualquer
deslocação da curva da procura, mas sim apenas se passa de um ponto para outro na mesma curva da
procura
Variação da Procura - é uma alteração provocada por outros determinantes que não o preço do
próprio bem, traduzindo uma deslocação da própria curva da procura (que pode ser lida como
variação da quantidade procurada ao mesmo preço)

Função Oferta:

Quantidade Oferecida - é a quantidade de um bem que os produtores estão dispostos a vender,


durante um determinado período de tempo, dados todos os determinantes

Curva da Oferta - relação que se estabelece entre o preço e a quantidade oferecida, quando
todos os outros determinantes, à exceção do preço do bem, se mantêm constantes (hipótese ceteris
paribus)

- função que relaciona as quantidades de um determinado bem que os


produtores estão dispostos a oferecer, num dado quadro temporal, com os diferentes preços do bem,
quando todos os outros determinantes se mantêm constantes

- resulta da soma das curvas das ofertas individuais

- linha crescente

A relação estabelecida entre quantidades oferecidas e preço (sob a hipótese ceteris paribus) é,
uma relação direta. Ou seja, quanto maior o preço do bem, maior a quantidade oferecida, e quanto
menor o preço do bem menor a quantidade oferecida.

Lei da oferta positiva inclinada - estabelece que quando o preço de um bem aumenta e tudo o
resto se mantém constante, a quantidade oferecida do bem aumenta (e inversamente à medida que
o preço diminui a quantidade oferecida diminui)

A explicação da lei da oferta positivamente inclinada reside na lei dos rendimentos decrescentes.

Lei dos Rendimentos Decrescentes - a utilização de unidades adicionais de uma fator de


produção variável, quando existe um fator de produção fixo, origina acréscimos sucessivamente
menores na produção total, pelo menos a partir de um determinado número de unidades desse fator
variável
- a produtividade marginal do fator de produção variável no
curto prazo vai diminuindo à medida que vamos utilizando mais unidades desse fator

- resulta a verificação de custos marginais crescentes de no


produção no curto prazo

- se os custos marginais são crescentes, ou seja, se à


medida que se produzem unidades adicionais de um bem, no curto prazo, o custo de produzir uma
unidade adicional desse bem aumenta, os produtores só estão dispostos a oferecer maior quantidade
do bem se o preço do mesmo aumentar

Determinantes da oferta:

- custos de produção: um aumento no preço dos fatores produtivos leva a um aumento dos
custos de produção, esta alteração determina que os produtores só estejam dispostos a oferecer as
quantidades anteriormente oferecidas a preços superiores, o que configura uma diminuição na oferta;
inversamente, uma diminuição no preço dos fatores produtivos diminui os custos de produção,
levando a um aumento da oferta

- inovação tecnológica: pode permitir produzir mais com os mesmos, ou até com menos,
fatores produtivos, levando a uma diminuição dos fatores de produção, o que, por sua vez, origina um
aumento da oferta

- impostos e subsídios: um imposto sobre o bem eleva o preço a que o bem é oferecido no
mercado, ou seja, os produtores só estão dispostos a oferecer as quantidades anteriormente
oferecidas a preços superiores, situação que corresponde a uma diminuição da oferta; um subsídio
permite oferecer a quantidade anteriormente oferecida a um preço inferior, situação que
corresponde a um aumento da oferta

Um aumento da oferta origina uma deslocação da curva da oferta para a direita, de S para S’
(aumenta a quantidade oferecida para um dado preço). Uma diminuição da oferta origina uma
deslocação da curva da oferta para a esquerda, de S para S’’ (diminui a quantidade oferecida para um
dado preço).

Variação da Quantidade Procurada - quando o preço do bem varia, e tudo o resto é constante, a
curva da oferta não sofre qualquer deslocação, mas sim temos um movimento ao longo da própria
curva da oferta

Variação da Oferta - é uma alteração provocada por outros determinantes que não o preço do
próprio bem, traduzindo uma deslocação da curva (que pode ser lida como variação da quantidade
oferecida ao mesmo preço)
Equilíbrio de Mercado:

Da interação entre a procura e a oferta, num mercado em concorrência perfeita, resulta um


preço de equilíbrio e uma quantidade de equilíbrio. Este equilíbrio dá-se quando para um
determinado preço a quantidade procurada iguala a quantidade oferecida. Ao preço de equilíbrio, os
consumidores adquirem a quantidade que desejavam adquirir e os produtores oferecem a
quantidade que desejavam oferecer.

Se o preço estabelecido no mercado estiver abaixo do preço de equilíbrio, a quantidade


procurada é superior à quantidade oferecida - situação que se designa por excesso de procura (ou
escassez de oferta). A escassez do bem no mercado leva a um aumento do preço, uma vez que os
consumidores estão dispostos a pagar mais pelas quantidades que existem no mercado. Este
aumento do preço leva a um aumento da quantidade oferecida e a uma diminuição da quantidade
procurada e verifica-se até atingir o preço que iguala a quantidade procurada à quantidade oferecida.

Se o preço estabelecido no mercado estiver acima do preço de equilíbrio, a quantidade oferecida


é superior à quantidade procurada - situação que se designa por excesso de oferta (ou escassez de
procura). Perante um excesso de oferta, os preços tendem a diminuir. Esta diminuição do preço leva a
um aumento da quantidade procurada e a uma diminuição da quantidade oferecida e verifica-se até
se atingir o preço que iguala as quantidades procurada e oferecida.

As quatro leis da oferta e da procura:

1. o aumento da procura causa o aumento do preço e quantidade de equilíbrio

2. a diminuição da procura causa a diminuição do preço e quantidade de equilíbrio


3. o aumento da oferta causa a diminuição do preço de equilíbrio e o aumento da
quantidade de equilíbrio

4. a diminuição da oferta causa o aumento do preço de equilíbrio e a diminuição da


quantidade de equilíbrio

Desequilíbrio - Preço Máximo:

Quando o governo entende que o preço de um determinado bem não deve estar acima de um
determinado nível, impõe um teto para o mesmo, o designado preço máximo.

Se o preço máximo estabelecido estiver abaixo do preço de equilíbrio, a quantidade procurada


será superior à quantidade oferecida e o mercado encontrar-se-á numa situação de excesso de
procura (ou escassez de oferta). A escassez da oferta pressiona para o aumento do preço, mas como o
preço não pode aumentar acima desse nível, o desequilíbrio mantém-se.

Assim, os consumidores poderão obter o bem a preços mais baixos do que alguns que se
estabeleceriam se o mercado funcionasse livremente, no entanto, alguns consumidores não
conseguirão obter o bem (pelo menos na quantidade desejada).

Desequilíbrio - Salário Mínimo:

- Prós:

» empregados ganham mais

» dinamizar procura interna

» elevar standards (ciclo económico: expansão)

- Contras:

» custo de vida (via política social)

» diferenças regionais no custo de vida

» política pró-cíclica (recessão: mais desemprego)

» economia aberta (maior elasticidades)


Elasticidades - medida da sensibilidade de uma variável dependente relativamente a variações
na variável independente

- dependendo de quais são as variáveis depende e independente, temos várias


elasticidades diferentes

Elasticidade Procura:

- |  | = 0 procura perfeitamente rígida

- |  | < 1 procura inelástica ou rígida

- |  | = 1 procura com elasticidade unitária

- |  | > 1 procura elástica

- | | = 

Determinantes da :
- essencialidade do bem

- existência de bens substitutos

- peso relativo das despesas com um determinado bem no orçamento dos consumidores

- período de tempo considerado

Elasticidade da Oferta:
-  = +  oferta perfeitamente elástica

-  > 1 oferta elástica

-  = 1 elasticidade unitária

-  < 1 oferta inelástica ou rígida

-  = 0 oferta perfeitamente rígida

Determinantes da :
- custos de produção

- nível de utilização da capacidade de produção instalada

- especificidade dos fatores de produção utilizados no processo produtivo

- possibilidade de expansão da produção limitada por fatores de produção “raros”

- período de tempo considerado

Estrutura de Mercado - todas as características de um mercado que podem afetar o


comportamento e desempenho das empresas que dele fazem parte

Competição num mercado - grau de poder de mercado, que varia consoante a estrutura de
mercado

Formas de Mercado:

 Concorrência Perfeita

- homogeneidade do produto

- atomicidade do mercado

- livre entrada e saída no mercado

- existe informação perfeita

- mercado eficiente

- muitas empresas

- produz bens homogéneos

- a procura é tomadora de preços: procura perfeitamente elástica

- não existem barreiras à entradas e saída de empresas

- preço estabelecido através de oferta vs procura

 Concorrência Monopolística

- muitas empresas

- tipos de bens diferenciados


- procura elástica mas não perfeitamente elástica

- não existem barreiras à entrada e saída de empresas

 Oligopólio

- algumas, poucas grande empresas: interação estratégica

- produto homogéneo ou diferenciado

- dificuldade de entrada de novas empresas

- procura menos elástica do que a dirigida às empresas em concorrência monopolística

- sendo poucas empresas, a possibilidade de acordo é maior

- oligopólio: apenas um vendedor; oligopsólio: poucos compradores

- são os produtores que vendem ao retalho

- se houver uma nova empresa a tentar entrar no mercado, os preços voltam a baixar

- o impacto é maior nos produtores

 Monopólio

- uma única empresa

- produto sem substituto próximo, é único

- o mercado não é eficiente, então será necessário intervir para regular

- a procura dirigida à empresa é a procura de mercado

- falta de competição

- não faz sentido ter outro agente económico igual (ex.: outro distribuidor de água em
Lisboa não faria sentido)

- existem barreiras à entrada de novas empresas:

» controlo exclusivo de um fator fundamental

» economias de escala/custos de entrada elevados

» patentes

» licenças do governo

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