1
Economia 2º ano GAP
∆UT
Umarg Um arg =
∆x
Umarg
2
Economia 2º ano GAP
3
Economia 2º ano GAP
P2 A
B
P1
Q2 Q1 Qx
4
Economia 2º ano GAP
▪ Actividade de mão-de-obra intensiva – utiliza mais trabalho (L) que capital (K)
▪ Actividade de capital intensivo – utiliza mais capital (K) que trabalho (L)
3. Para quem?
Implica a escolha do mercado (este tem de existir para se produzir) e é a procura que
determina a oferta
4. Onde?
Relaciona-se com a afectação de recursos, com o espaço, podendo ter o objectivo de fixar
populações (proximidade das matérias-primas, da mão-de-obra, de transportes...)
5. Quando?
Relaciona-se com o tempo certo para se produzir, a curto ou longo prazo
TIPOS DE RESPOSTAS
Em resposta à questão da organização/funcionamento da Economia encontramos 2 princípios
fundamentalistas diferentes:
Economia de Mercado
Quando é o mercado e a iniciativa privada quem controla a Economia, equilibrando-se a si
próprio, sem interferência directa do Estado. A propriedade dos meios de produção é privada e
domina a liberdade contratual, sendo a maximização do lucro o móbil da actividade económica.
Economia de Direcção Central
Quando a Economia é planeada e dirigida, com a afectação de recursos. É o poder central
quem decide, limitando-nos nas nossas atitudes. A propriedade dos meios de produção é
colectiva e o móbil da economia é a satisfação do maior número de necessidades essenciais.
5
Economia 2º ano GAP
6
Economia 2º ano GAP
Procura
A procura corresponde à intenção de comprar, sendo o conjunto de bens e serviços que os
consumidores estão dispostos a comprar aos diferentes preços.
FUNÇÃO PROCURA
A procura do bem x é função do preço do bem x, do preço dos outros bens, do rendimento do
consumidor, do gosto deste e da oferta:
D(x) = f (Px, Py, Rend, G, S(x))
Fazendo a procura depender apenas do preço, vem que: P(x)
D(x) = f (P(x))
As quantidades procuradas variam então em função do preço do P(x3)
bem (variável independente), sendo que quanto mais elevado for
P(x2)
o preço, menores são as quantidades procuradas.
P(x1)
Q(x) = a + b P(x), sendo b = Q(x) (sendo b − e a +)
P(x) Q(x1) Q(x2) Q(x3) Q (x)
A função procura é decrescente, com declive negativo e as 2 grandezas (P(x) e Q(x)) relacionam-
se de forma inversa.
CURVA DA PROCURA
Preço Quantidade P(x)
120 10 160
Q(x) = a + b.P(x) 120
100 15
100
60 25
7
Economia 2º ano GAP
Deslocações da Curva
• Para a Direita – aumento das quantidades procuradas
A procura depende essencialmente dos preços, quer do seu próprio preço, quer do preço dos
outros bens:
Dependendo do seu preço, se P(x) aumenta, Q(x) diminui
Dependendo do preço de bens sucedâneos, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, o que faz
aumentar Q(x)
Dependendo do preço de bens complementares, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, diminuindo
também
Q(x)
Dependendo do preço de bens indiferentes, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, não provocando
qualquer consequência em Q(x)
Outro factor importante na procura é o rendimento do consumidor. O aumento de rendimento faz
aumentar a procura até à saturação do consumo. Após o ponto de saturação a procura desse
bem diminui. Segundo Engel, esta situação deve-se ao facto de que com o aumento do
rendimento, os produtos que eram entendidos como normais ou superiores passam a ser bens
inferiores.
8
Economia 2º ano GAP
0 Q1 Q2 Q1 + Q2 Q(x)
Oferta
A oferta corresponde à intenção de vender, sendo o conjunto de bens e serviços que os
produtores estão dispostos a vender, no mercado, para cada preço.
FUNÇÃO E CURVA DA OFERTA
A oferta do bem x é função do seu preço, dos factores de produção, da tecnologia, do nº de
empresas e dos objectivos do vendedor – ganhos:
S(x) = f (P(x), F, T, nºe, G)
Fazendo a oferta depender apenas do preço, temos que:
P As quantidades oferecidas variam em função do preço do bem,
P3 sendo que quanto mais elevado for o preço, maiores são as
quantidades oferecidas, já que a oferta é condicionada pelos
P2 objectivos do vendedor (lucro).
Q(x) = a + b P(x), sendo b = Q(x) (sendo b + e a −)
P1 P(x)
0 Q1 Q2 Q3 Q
A função oferta é crescente, tem declive positivo e as 2 grandezas relacionam-se no mesmo
sentido.
Q(x) = a + b P(x)
Preço Quantidade
b = (25-15) / (140-100) = 10/40 = 0,25
140 25 10 = a + 0,25.80 ↔ a = 10-20 = -10
100 15 Com P(x) = 0: Q(x) = -10+0,25.0 = -10
Com Q(x) = 0: 0 = -10+0,25. P(x) ↔ P(x) = 10/0,25 = 40
80 10
P
140 S
100
80
-10 0 10 15 25 Q
Movimentos ao Longo da Curva – variações nas quantidades oferecidas
9
Economia 2º ano GAP
Deslocações da Curva
• Para a Direita – aumento das quantidades oferecidas
A oferta do mercado corresponde à soma de todas as ofertas individuais para cada preço.
10
Economia 2º ano GAP
Equilíbrio de Mercado
• Equilíbrio de mercado (preço de equilíbrio e quantidade de equilíbrio)
11
Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
Elasticidades
ELASTICIDADE PREÇO DA PROCURA
A medição da sensibilidade (a resposta) da quantidade procurada de um bem relativamente a
variações no preço do bem faz-se pelo cálculo da elasticidade procura-preço directa, cuja
apresentação é sempre feita em módulo, dando sempre valores positivos.
Elasticidade no arco preço da procura
A elasticidade no arco é medida entre 2 pontos e corresponde então à variação percentual da
quantidade procurada sobre a variação percentual do preço.
ED = ∆% Q(x) = ∆ Q(x) / Q(x) = ∆ Q(x) . P(x) = ∆ Q(x) . P(x) , sendo:
∆% P(x) ∆ P(x) / P(x) Q(x) . ∆ P(x) ∆ P(x) Q(x) P(x) = (P1+P2)/2
a) e Q(x) = (Q1+Q2)/2
I ED I = (1−8)/(2−1) . (3/2)/(9/2)
b) = −7 . 1,5/4,5
= −2,3
= 2,3 (em módulo)
Q(x) = 100−10P(x)
13
Economia 2º ano GAP
14
Economia 2º ano GAP
E S = (8-1)/(2-1).(3/2)/(9/2)
= 7/1.1,5/4,5
= 2,3
15
Economia 2º ano GAP
Teoria do Consumidor
O consumidor necessita conciliar vários factores antes de consumir. Procurando a máxima
satisfação das necessidades (máximo de utilidade), o consumidor tem de relacionar o preço dos
bens com o seu rendimento.
Para tomar as suas decisões de consumo, o consumidor baseia-se na utilidade que tira de
determinado bem, sendo esta:
• utilidade total – satisfação acumulada
extraída do consumo de um bem e varia em
função do nº de unidades consumidas do
bem (crescente máximo decrescente)
Para se obter a maximização da satisfação, a Umarg de cada bem tem de se encontrar no ponto
óptimo. O óptimo de satisfação consegue-se então quando a Umargx ponderada pelo Px é igual à
Umargy ponderada pelo Py:
Umargx = Umargy ou Umargx = Px
Px Py Umargy Py
Umargx = 2.Umargy
Px = 10 Umargx = 2 e Px =1
Py = 10 Umargy Py
A situação não é óptima pois Umargx é diferente de Px
Umargy Py
Para obter a satisfação máxima, para cada bem x tem de consumir 2y. O que acontece é que,
para não gastar tanto dinheiro (y – 2.10 em vez de apenas 10 – x), o consumidor passa a
consumir mais de x, provocando a diminuição da Umargx .
16
Economia 2º ano GAP
Assim, o consumidor consome 2 bens (x, y) pois reconhece utilidade nesses bens e do consumo
deles vai obter uma determinada utilidade total. A UT pode ser representada por uma expressão
matemática:
UT = xα . y1−α , sendo que a soma dos expoentes será igual a 1
UT = x0,4. y0,6 (derivando a função)
Umx = 0,4.x−0,6 . y0,6 = 0,4.y0,6.y0,4 = 0,4.y1 = 0,4y
Umy x0,4. 0,6.y−0,4 0,6.x0,4.x0,6 0,6.x1 0,6x
O óptimo de consumo combina os aspectos mais elevados de utilidade com os aspectos menos
elevados do preço dos bens e do rendimento, sendo R = x.Px+y.Py a função da restrição
orçamental.
O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangencia entre a recta
orçamental e a Curva de Indiferença.
17
Economia 2º ano GAP
Alteração de Preços
A alteração do preço de um dos bens dá origem a uma rotação na recta do orçamento.
A diminuição do preço de um bem
significa que o consumidor fica a dispor
de mais poder de compra para gastar em
todos os produtos, aumentando o
consumo;
A diminuição do Px e Py faz com que a
curva de restrição orçamental se
desloque para a direita.
A Curva consumo-preço une os vários
pontos óptimos causados pela variação
de preço de um dos bens.
R/Py y
100/2 50
10
0 20 25 x
R/Px
100/4
18
Economia 2º ano GAP
Teoria do Produtor
Para produzir, o produtor necessita conciliar os factores de produção – trabalho (L) e capital (K).
No entanto, existe alguma substituição possível que depende da especificidade da actividade, da
tecnologia e do custo relativo dos factores, já que, em certos pontos de produção, é possível
substituir um dos factores por outro (aquisição de maquinaria que dispensa mão-de-obra).
A combinação dos factores de produção a fim de encontrar o óptimo de produção é então o
fundamento da teoria do produtor.
Factor Trabalho
O trabalho é o acto de criação de valor, sendo simultaneamente um esforço e um processo de
criação e é caracterizado e condicionado por factores demográficos (pela relação entre o emprego
e a zona de trabalho); económicos (pelo rendimento e custos); e jurídico-sociais.
Factor Capital
Capital (fixo ou circulante) é o conjunto de recursos não humanos, reconhecidos
economicamente, que a empresa necessita para produzir e obter um determinado rendimento:
• Capital Técnico – bens, equipamentos necessários para produzir;
• Capital Contabilístico da empresa – medido pelo valor monetário do mesmo;
• Capital Jurídico – representado pelos fundos próprios da empresa, sendo o conjunto
dos direitos sobre uma empresa que permitem aos seus detentores obter um determinado
rendimento (capital social e acções)
A formação de capital fixo pode ser Bruta (Investimento Bruto) – FBCF ou Líquida – FLCF:
FBCF = FLCF + amortizações, sendo as amortizações investimento de reposição
O investimento pode ser autónomo (investimento de reposição, tem de ser feito) ou induzido
(depende da produção e é induzido pelas expectativas do empresário).
Mas sozinho, o factor capital não acrescenta valor/riqueza, já que a produtividade depende de
várias condições:
• técnicas – quantidade e qualidade dos equipamentos;
• humanas – ambiente social na empresa, formação profissional;
• psicológicas – motivação das pessoas;
• económicas – relação custo-resultado.
A teoria do produtor baseia-se no estudo da função de produção, sendo a produção total igual à
combinação do factor trabalho com o factor capital:
Q = La.K1−a
Pelas diferentes combinações de factores, podemos
ter:
• Produção de trabalho intensivo: Q = L0,8.K0,2
• Produção baseada no capital intensivo: Q = L0,2.K0,8
O produtor, para combinar o trabalho com o capital
a fim de maximizar a produção, tem de ter presente
vários factores – orçamento, custo…
A Produtividade Marginal do trabalho é igual à
variação das quantidades produzidas, resultantes da
variação do trabalho: L = ∆Q/∆L, ou a derivada em
vez de ∆.
19
Economia 2º ano GAP
20
Economia 2º ano GAP
A produção pode ser feita em duas ópticas. Uma de curto prazo, que depende da Produtividade
Marginal do trabalho; e outra de longo prazo, que depende dos 2 factores.
Óptica de curto prazo
Sempre que acrescentamos uma unidade de trabalho, a
produtividade aumenta até ao ponto máximo de produção.
Após o máximo de produção, ao acrescentar uma unidade
de trabalho, a produtividade começa a diminuir.
Quando a produtividade marginal do trabalho é zero, o
produto total é máximo.
Para determinar a Produtividade Média do Trabalho, divide-
se o produto total pelo trabalho, sendo que será igual à
tangente do ângulo de uma recta que sai da origem para cada
um dos pontos:
PmL = Q/L = senx/cosx = tgx
Óptica de longo prazo
Nesta óptica procede-se então à combinação de K com
L, sendo que as diversas combinações se encontram
expressas numa curva denominada isoquanta.
Quanto mais afastada a isoquanta estiver da origem,
maior será a produtividade.
Segundo a Lei dos Rendimentos Marginais
Decrescentes, se aumentarmos a utilização de um dos
factores mantendo o outro constante, a produtividade
marginal será decrescente, diminuirá.
21
Economia 2º ano GAP
Rendimentos à Escala
Q = Lα.Kβ
α+β = 1 Rendimentos Constantes à Escala
Se os factores variarem, o resultado também varia,
sendo proporcional.
22
Economia 2º ano GAP
▪ Variáveis – dependem da
quantidade produzida. Estão
relacionados com a produtividade e com
as leis do rendimento decrescente.
Assim, à medida q "x" aumenta, os CV
aumentam. A partir de um determinado
ponto, os CV deixam de aumentar
menos proporcionalmente e passam a
aumentar mais proporcionalmente;
• Custos Unitários
Comparando os CTM com os CVM, temos que a tangente de CV será à esquerda da tangente
de CT, já que a primeira se inicia na origem e as 2 curvas tendem a igualar-se.
23
Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
RENDIMENTOS DA EMPRESA
Para apurar os rendimentos da empresa, é necessário, primeiro que tudo, saber se ela se
encontra num mercado de concorrência perfeita ou de monopólio.
Num mercado de concorrência perfeita:
– a empresa é um "price-taker", recebe os preços impostos pelo mercado através do livre
encontro da procura e da oferta, não tendo qualquer domínio neles;
– a empresa não tem liberdade de preço mas tem de quantidades, sendo estas o seu parâmetro
de acção – é um mercado ajustador de quantidades;
– existem "n" entidades do lado da oferta, bem como do lado da procura, e nem a oferta nem a
procura têm domínio sobre o mercado;
– o mercado é homogéneo, o bem transaccionado é homogéneo, não se distinguindo de empresa
para empresa;
– não há custos de investimento, há livre entrada e saída;
– tanto a oferta como a procura se caracterizam pela atomicidade, existem em muito pequenas
quantidades.
Num mercado de monopólio:
– a empresa é um "price-maker", domina sobre o mercado fixando o preço de acordo com as
próprias regras;
– o parâmetro de acção é o preço, sendo as quantidades o parâmetro esperado – é um mercado
ajustador de preços (para obter lucros em função das vendas);
– há mais quantidades de procura que oferta, sendo esta que domina;
– o mercado é homogéneo por natureza, não há comparatividade já que apenas uma empresa
domina;
– não se entra e sai livremente, havendo vários tipos de monopólio:
• "de facto" – a empresa domina o mercado, não permitindo a existência de mais
empresas a criar competitividade;
• "de jure" – conta com a existência de um alvará que protege a empresa da
concorrência, tornando-a a única empresa.
Calculo das receitas da empresa em concorrência perfeita
Cálculos auxiliares:
Para as mesmas
quantidades, uma variação do preço ditado pelo
mercado faz com que a curva das receitas se desloque para a esquerda.
O preço será tanto maior quanto maior for o ângulo:
25
Economia 2º ano GAP
Se Rmg > Cmg Lmg > 0, é positivo, sendo que a empresa deve continuar a produzir;
Se Rmg = Cmg P = Cmg Lmg =0, o lucro adicional deixa de aumentar, estando no ponto
máximo e não valendo a pena oferecer mais unidades;
Se Rmg < Cmg Lmg < 0, é negativo, a empresa gasta mais a produzir que a vender, não
valendo a pena continuar a produzir. Em vez de lucro adicional tem prejuízo adicional.
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
Lucros em Monopólio
O ponto óptimo encontra-se quando o Cmarg intersecta o Rmarg (x1). Cmarg cruza o CTM no
seu ponto mínimo.
28
Economia 2º ano GAP
Mercado de Duopólio
– mercado vezes 2, com 2 entidades no lado da oferta
Num duopólio coordenado há entendimento
entre as 2 empresas em que cada uma sabe a sua
dimensão de mercado e fixam em conjunto as
condições de mercado.
Num duopólio não coordenado as 2 empresas
estão descoordenadas nas decisões – uma decide
baixar o preço, vende mais quantidades, a outra
vai vender menos quantidades praticando o preço inicial, baixando também o preço com o
objectivo de recuperar quota de mercado.
Mercado de Oligopólio
– caracteriza-se pela existência de várias unidades de produção de grande dimensão
Pode ser oligopólio coordenado (colusão) em que tem comportamentos idênticos ao monopólio,
praticando todas as empresas o mesmo preço ou incoordenado, com a curva da procura
quebrada:
Se uma empresa decide subir o preço para P2, as
outras empresas não a imitam pois a sua curva da
procura vai ser inferior.
Se houver um abaixamento de preços, não haverão
modificações na curva de vendas já que todas
diminuem o preço.
Acima do preço de concertação vai haver uma nova
curva da procura que corresponde à empresa que
vende mais caro.
Abaixo do preço de concertação todas as empresas
seguem o preço.
Acima do preço de equilíbrio funciona a curva da
procura de P2>P1, abaixo do PE funciona a inicial.
Temos ainda que a curva do Rmarg é descontínua.
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Economia 2º ano GAP
Macroeconomia
A Macroeconomia estuda os fenómenos económicos numa perspectiva global, ligada aos
grandes conjuntos. Baseia-se na análise dos agregados através de índices que medem a
actividade económica (PIB, IPC…), nos macro-sujeitos.
A macroeconomia estuda então a Economia a partir dos seus agregados, os quais se podem
agrupar e identificar de acordo com a sua especificidade:
Agregados económicos de ordem institucional (representam instituições)
• Famílias – consumir
• Empresas – produzir bens e serviços não financeiros
• Estado – garantir a satisfação das necessidades colectivas
Agregados económicos de ordem funcional (só existem se houver
movimentação)
• Exterior – trocar bens, serviços e capitais (importações, exportações e investimento
estrangeiro)
• Capital – prestar serviços financeiros (poupança e financiamento)
A actividade económica é o somatório dos actos económicos praticados pelos agentes
económicos agregados. A Economia funciona assim a partir destes 5 agregados e pode
encontrar-se nas seguintes situações:
• Economia Fechada – não tem relações económicas com outras economias
• Sem Estado – forma simplificada com apenas 2 agregados: Famílias e Empresas
• Com Estado – aos agregados Famílias e Empresas junta-se o Estado, com as
funções de assegurar o equilíbrio/estabilidade macroeconómica e corrigir desequilíbrios
• Economia Aberta – tem relações económicas com outras economias: Famílias, Empresas,
Estado, Exterior e Capital
ECONOMIA FECHADA SEM ESTADO
Só pode haver mercado de bens e serviços se houver mercado de factores de produção e vice-
versa, sendo uma corrente circular.
A despesa da família advém do
consumo/aquisição de bens e serviços
produzidos pelas empresas. A despesa
das famílias neste consumo torna-se
receita de vendas das empresas, as
quais têm de pagar salários, rendas e
lucros em troca dos inputs que
receberam das famílias para a
produção – trabalho, terra e capital.
Estas despesas da empresa tornam-se
rendimento para as famílias, detentoras
dos factores de produção.
Existem 2 tipos de fluxos – fluxos
reais (factores de produção e bens e
serviços) e fluxos monetários (pagamento efectuado em moeda pela utilização dos factores de
produção e pelos bens e serviços/entrada e saída de moeda). Assim, todo o fluxo real tem a
contrapartida em fluxos monetários.
O valor do salário é determinado pelo mercado de trabalho; o do lucro pelo mercado de capitais;
e o das propriedades pelo mercado imobiliário.
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
ECONOMIA ABERTA
impostos directos pagos pelas famílias
investimento exportações
amortizações
importações
lucros repartidos
CAPITAL EXTERIOR
exterior
superavit
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Economia 2º ano GAP
Contabilidade Nacional
Para medir a actividade económica baseamo-nos nos fluxos monetários, os quais deduzem o
valor dos fluxos reais. Quanto mais valerem os fluxos reais, maiores serão os fluxos monetários.
O produto de uma Economia (valor dos bens e serviços produzidos pelos agentes económicos
num dado período e num dado espaço económico) pode ser determinado segundo 3 ópticas que
contribuem para a mesma leitura:
Óptica do Produto – valor da produção criada na Economia, traduzida pelo
somatório do valor de todos os bens e serviços produzidos num período. Pode
ser determinado segundo 2 métodos:
Método dos Produtos Finais (MPF) – determina-se o valor do produto através das vendas
de bens e serviços de consumo final, não contabilizando os bens de consumo intermédio
(considera apenas o valor final);
33
Economia 2º ano GAP
PB = PL + amortizações
Produto a Custo de Factores e a Preços de Mercado
O Pcf traduz os preços reais de produção dos bens e serviços, excluindo os impostos indirectos
e os subsídios à produção – lucros, outros custos, salários, bens intermédios e matérias-primas.
O Ppm traduz o valor de aquisição (transacção final) dos bens e serviços, incluindo os preços de
produção, os impostos indirectos e os subsídios à produção.
Ppm = Pcf + impostos indirectos (Ti) – subsídios à produção (Z)
Produto a Preços Correntes e a Preços Constantes
O PP Correntes é calculado quando os bens e serviços são valorizados aos preços verificados
no ano em causa (produto nominal).
O PP Constantes é calculado quando os bens e serviços são valorizados segundo preços de um
ano considerado como base, resultando da deflação ou valorização dos preços de um ano
relativamente ao ano base através do IPC (produto real).
Igualdades:
Produto = Rendimento = Despesa
Procura Interna: PI = C + G + I
Investimento: I = FBCF + Δ Stocks
FBCF = FLCF + amortizações
Procura Externa: PE = exportações
Procura Global: PG = PI + PE = C + G + I + X
Oferta Interna: OI = PIBpm = DI
Oferta Externa: OE = importações
Oferta Global: OG = OI + OE = PIBpm + M
PG = OG
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
OFERTA AGREGADA
A oferta agregada é o produto total (bens e serviços) que os agentes económicos estão
dispostos a produzir e vender durante um determinado período de tempo (normalmente um ano)
dado um nível de preços.
A curva da oferta agregada (AS) é uma função que
mostra o nível do produto que será produzido para
cada nível de preços, mantendo-se tudo o resto
constante.
No curto prazo tem inclinação positiva e no longo
prazo é vertical.
A oferta agregada é influenciada pelo nível de
preços que, quanto maior for, maior será a oferta
agregada.
Quanto mais se tenta controlar a inflação, menor o estímulo dado às empresas e menor a oferta
agregada.
Se os preços aumentam, o PIB real também aumenta até atingir o produto potencial. Depois do
produto potencial, o PIB real aumenta menos proporcionalmente que o aumento dos preços, até
ao ponto em que é vertical e o PIB real já não cresce.
Determinantes da Oferta Agregada
→ Produto Potencial
O produto potencial é um limite à expansão da capacidade produtiva, é a capacidade máxima
que uma Economia tem de gerar riqueza. E é
influenciado por:
•
Quantidades
Oferecidas
dos Factores
de Produção
(L,K) – o
crescimento
dos factores
de produção
aumenta o
produto potencial e a oferta agregada;
• Tecnologia e Eficiência
Um aumento do produto potencial leva a uma deslocação da curva da oferta agregada (AS)
para a direita. Assim, ao mesmo nível de preços, o a quantidade de produto oferecida é maior,
aumentando o PIB real.
→ Custo de Produção
Os custos de produção são influenciados pelos salários, preços de importação e custos de
outros factores.
Se os preços de importação estão elevados, valoriza-se a moeda para fazer para diminuir os
preços de importação. Contudo, a valorização também deixa as exportações mais caras, levanto à
sua diminuição. Por consequência o desemprego
aumenta.
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Economia 2º ano GAP
agregada (AS) para cima – as empresas estão dispostas a oferecer um dado nível de produto se
o nível de preços for superior.
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
Modelo Clássico
Modelo de explicação da actividade económica desenvolvido no séc. XVIII-XIX que parte do
princípio que o pleno emprego significa 100%
de emprego (mas com desemprego voluntário).
Isto é explicado pela total flexibilidade do
mercado de trabalho (total liberalização na
fixação do salário – tanto podia subir como
baixar; e liberalização do emprego – tanto podia
contratar como demitir).
Quanto mais elevado fosse o salário, mais
emprego se procurava e menos trabalho se Se o PIB
oferecia. baixasse, as
empresas
O modelo clássico (estrutural e de longo despediam –
prazo) não considera o desenvolvimento flexibilidade do
tecnológico, pelo que para aumentar a produção trabalho.
apenas considera necessário aumentar o
trabalho e o capital.
Segue a Lei de Say, pela qual a oferta cria a sua própria procura – quantos mais bens e
serviços se oferecer, mais bens e serviços serão procurados.
Mas os séc. XVIII-XIX foram caracterizados por uma Rev. Tecnológica, impulsionada pela
vontade das empresas de produzir cada vez mais para aumentarem os lucros e o modelo clássico
falhou porque não considerou o desenvolvimento tecnológico, não considerou que se podia
produzir mais com menos mão-de-obra, levando a uma crise de superprodução que culminou na
crise bolsista de 29.
Modelo Keynesiano
Com o final do modelo clássico, foi o modelo keynesiano (modelo de curto prazo e conjuntural),
no início do séc. XX, o responsável pelo crescimento económico do pós-guerra.
Foi então keynes que conseguiu controlar a Economia, produzindo uma nova lógica, com uma
visão global e macroeconómica. Dizia que a macroeconomia tinha crises contínuas mas uma
contínua procura de equilíbrio e defendia a intervenção do Estado na Economia como factor
dinamizador.
O equilíbrio corresponde à igualdade entre o PIB (y) e o consumo e
investimento (C + I), sendo este ditado pela poupança.
O consumo é sempre positivo (consumo autónomo) e se o PIB for
superior a (C+I) há excesso de produção.
No curto prazo deve-se produzir menos, o que implica despedimentos.
Assim, no CP existe desemprego (mesmo que a economia esteja
equilibrada), o chamado desemprego friccional – passagem de um
emprego para outro.
40
Economia 2º ano GAP
Modelo Keynesiano
ECONOMIA FECHADA SEM ESTADO
Numa Economia fechada sem Estado, o valor do PIB (rendimento disponível) será igual à soma
do consumo com o investimento, sendo este último ditado pela poupança:
Y = C + I, I=S
Consumo
Quanto ao consumo, existem dois tipos. Consumo autónomo (C), que não depende do
rendimento, é fixo; e consumo induzido (cY), que depende do rendimento – quando o rendimento
disponível aumenta, o consumo induzido também aumenta:
C = C + cYd
A função consumo mostra assim a relação entre despesas de consumo e rendimento disponível,
sendo este a parte do rendimento que pode ser usada em consumo e investimento, sendo "c" a
propensão marginal ao consumo (PMargC) que varia entre 0 e 1 – c% de Y é a para consumo.
Em termos macroeconómicos, o consumo é determinado pelo rendimento e por poupanças
anteriores.
Temos que:
Y=C+S
ΔY=ΔC+ΔS
ΔY=ΔC+ΔS
ΔY ΔY+ΔY
1 = PMargC + PMargP
PMargP = 1 – PMargC
Como propensão média ao consumo, temos:
PMC = C
Y
41
Economia 2º ano GAP
Poupança
A função poupança, por dedução:
Y=C+S
Y = (C + cY) + S
Y – C – cY = S
S = – C + (1 – c).Y
Sendo que (1 – c) é a
propensão marginal à
poupança.
Quanto maior o rendimento, menor o preço relativo do consumo, maior será a capacidade de
poupança. Desta mesma forma, o valor mínimo da poupança será quando o rendimento
disponível for igual a 0.
Como propensão média à poupança, temos:
PMS = S
Y
Investimento
Quanto ao investimento, existem também dois tipos. O investimento autónomo (I = I),
independente do rendimento (existente a CP); e o investimento induzido (I = I + iY), que depende
das taxas de juro, das expectativas dos investidores e da eficiência marginal do capital.
Um aumento do rendimento,
vai fazer a curva do investimento
deslocar-se para a direita,
enquanto que um aumento dos
impostos faz a curva do
investimento deslocar-se para a
esquerda:
Equilíbrio Macroeconómico
Y=C+I
Quando Y > C + I, o valor do rendimento é superior ao valor dos gastos em consumo e
investimento (despesa planeada), estando a Economia desequilibrada. Há acumulação de stocks,
pelo que as empresas tendem a reduzir a sua produção.
Quando y < C + I, a Economia está a gastar mais do que aquilo que gera, criando um défice, o
que mostra que a Economia está também desequilibrada. Há redução de stocks, pelo que as
empresas tendem a expandir a produção.
Em equilíbrio, o investimento é igual à poupança, sendo Y = C + I, o mesmo que Y = C + S. Se a
poupança for maior que o investimento, a Economia não está a utilizar a totalidade das suas
capacidades. Mas, se a poupança for inferior ao investimento, a Economia está a sobrecarregar
as suas capacidades.
42
Economia 2º ano GAP
Multiplicador
O multiplicador é o número pelo qual a variação no investimento tem de ser multiplicada de
modo a determinar a variação resultante no produto total.
O objectivo é de que o esforço do investimento seja multiplicado, pretendendo-se que o
multiplicador do investimento seja cada vez maior.
Para determinar o multiplicador do investimento parte-se do rendimento de equilíbrio:
Ye = C + I ↔ Ye = C + I ↔ ΔYe = C + ΔI ↔ ΔYe = C + 1 . ΔI
1–c 1–c 1–c 1–c 1–c 1–c 1–c
Temos que o multiplicador do investimento é 1/1 – c, dependendo então o seu valor da
propensão marginal ao consumo (c). Quanto maior a PMargC, maior o efeito multiplicador.
Como a PMargC varia entre 0 e 1, o valor do multiplicador será sempre superior a 1.
43
Economia 2º ano GAP
44
Economia 2º ano GAP
• Multiplicador do Consumo
ΔY=Δ C = 1 . ΔC 1 é multiplicador do consumo!
1–c 1–c 1–c
• Multiplicador dos Impostos
Δ Y = – Δ cT = – c . ΔT – c é multiplicador dos impostos!
1–c 1–c 1–c
Tem-se que o agravamento dos impostos produz um efeito contrário no rendimento!
• Multiplicador das Transferências
Δ Y = Δ cTr = c . ΔTr c é multiplicador das transferências!
1–c 1–c 1–c
• Multiplicador do Investimento
ΔY=Δ I = 1 . ΔI 1 é multiplicador do investimento!
1–c 1–c 1–c
• Multiplicador dos Gastos Públicos
ΔY=Δ G = 1 . ΔG 1 é multiplicador dos gastos públicos!
1–c 1–c 1–c
Temos que todos os multiplicadores estão associados à PMargP, que por sua vez está
associada à PMargC.
Economia Fechada com Estado com Impostos Induzidos
Neste modelo existem impostos induzidos, os quais variam em função do rendimento – se o
rendimento aumenta, os impostos induzidos (IVA) também aumentam; e vice-versa. Temos:
Y=C+I+G
C = C + cYd
Yd = Y – T + Tr
T = tY
Tr = Tr
I=I
G=G
Y = C + c(Y – tY + Tr) + I + G
Y = C + cY – ctY + cTr + I + G
Y – cY + ctY = C + cTr + I + G
Y.(1 – c + ct) = C + cTr + I + G
Ye = C + cTr + I + G
1 – c + ct
ou
Ye = C + cTr + I + G
1 – c.(1 – t)
À medida que t aumenta, o rendimento de equilíbrio diminui.
45
Economia 2º ano GAP
Multiplicadores:
Y= C + cTr + I + G _
1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)
• Multiplicador do Consumo
ΔY=Δ C = 1 . ΔC 1 é multiplicador do consumo!
1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)
• Multiplicador das Transferências
ΔY=Δ cTr = c . ΔTr c é multiplicador das transferências!
1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)
• Multiplicador do Investimento
ΔY=Δ I = 1 . ΔI 1 é multiplicador do investimento!
1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)
• Multiplicador dos Gastos Públicos
ΔY=Δ G = 1 . ΔG 1 é multiplicador dos gastos públicos!
1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)
Economia Fechada com Estado com Impostos Autónomos e Induzidos
Neste modelo, além dos impostos autónomos, existem impostos induzidos, sendo este o modelo
mais próximo da realidade dentro duma Economia fechada. Temos:
Y=C+I+G
C = C + cYd
Yd = Y – T + Tr
T = T + tY
Tr = Tr
I=I
G=G
Y = C + c [Y – (T + tY) + Tr] + I + G
Y = C + cY – cT – ctY + cTr + I + G
Y – cY + ctY = C – cT + cTr + I + G
Y.(1 – c + ct) = C – cT + cTr + I + G
Ye = C – cT + cTr + I + G
1 – c + ct
ou
Ye = C – cT + cTr + I + G
1 – c.(1 – t)
Quanto aos multiplicadores, são os mesmos que na economia fechada com estado com
impostos induzidos, acrescentando-se o multiplicador dos impostos:
M.T = _ – c _
1–c.(1–t)
46
Economia 2º ano GAP
ECONOMIA ABERTA
Numa Economia Aberta, o rendimento será igual à soma do consumo, com o investimento, com
os gastos públicos, somando ainda as exportações e subtraindo as importações:
Y=C+I+G+X–M
X – M formam a B.Comercial, sendo que um aumento do rendimento provoca um aumento das
importações (as importações dependem do rendimento), o qual se manifesta no saldo da B.C.
Temos que:
C = C + cYd
Yd = Y – T + Tr
T = T + tY
Tr = Tr
I=I
G=G
X=X
M = M + mY
Então:
Y=C+I+G+X–M
Y = C + c [Y – (T + tY) + Tr] + I + G + X – M – mY
Y = C + cY – cT – ctY + cTr + I + G + X – M – mY
Y – cY + ctY + mY = C – cT + cTr + I + G + X – M
Y (1 – c + ct + m) = C – cT + cTr + I + G + X – M
Ye = C – cT + cTr + I + G + X – M
1 – c + ct + m
Multiplicadores:
Y= C – cT + cTr + I + G + X – M _
1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m
• Multiplicador do Consumo, do Investimento, dos
Gastos Públicos e das Exportações
1_____
1–c.(1–t)+m
• Multiplicador dos Impostos
____– c____
1–c.(1–t)+m
• Multiplicador das Transferências
_____c____
1–c.(1–t)+m
• Multiplicador das Importações
– 1____
1–c.(1–t)+m
47
Economia 2º ano GAP
Estado
O orçamento de Estado compreende as receitas correntes, constituídas pelas receitas do capital
– receitas fiscais, vendas de bens e serviços e outras receitas correntes; e as despesas correntes,
sendo estas as despesas do capital – despesas com pessoal, consumos intermédios, juros da
dívida pública, transferências e outros subsídios.
Nas receitas fiscais, o Estado intervém ao nível dos impostos sobre o rendimento e o património
das famílias (IRS) e empresas (IRC); e ao nível dos impostos sobre os produtos (IVA) e
importações.
A curto prazo, todos os gastos públicos são fixos e as despesas do capital provêm de
investimentos e as receitas do mesmo provêm de desinvestimentos.
O saldo orçamental (receitas menos as despesas) pode ser superior a 0, existindo um superavit;
ou inferior a 0, gerando uma situação de défice público que agrava ainda mais a dívida pública – o
acumular do défice, constituída por tudo aquilo que o Estado deve.
A dívida pública pode ser:
• Curto Prazo – tem um horizonte temporal até 1 ano. Serve para tapar
desajustamentos orçamentais – Títulos do Tesouro;
• Moeda e Depósitos – pode ser reclamada no momento – certificados de aforro;
• Médio/Longo Prazo – tem um horizonte temporal superior a 1 ano – bilhetes do
tesouro de taxa fixa ou taxa variável.
O Estado não pode contrair dividas livremente, apenas a que está estabelecida no orçamento
de Estado. Assim:
a) Défice ≤ 3% e b) Dívida Pública ≤ 60%
PIB PIB
As necessidades de financiamento (NF) correspondem à soma do défice orçamental com as
amortizações da dívida pública subtraindo as receitas das vendas de bens públicos e receitas das
privatizações.
NF = Défice Orçamental + Amortizações Dívida Pública – Receitas venda Bens Públicos –
Receitas Privatizações
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Economia 2º ano GAP
Moeda
Quando as comunidades primitivas de auto-subsistência começaram a produzir maiores
quantidades de bens do que consumiam (devido ao desenvolvimento da divisão do trabalho e
especialização), originaram um excedente económico que levou ao sistema de trocas.
Este sistema de trocas era um sistema de troca directa, em que se trocavam produtos por
produtos. Contudo, a troca directa tinha alguns obstáculos – dificuldade de encontrar quem
estivesse interessado em trocar determinados produtos, atribuição de diferentes valores aos
produtos que não permitia um acordo quanto à sua transacção.
Assim, para resolver estes problemas, apareceu a moeda, um bem de aceitação universal
usada como meio intermediário nas trocas. Passa-se de troca directa para troca indirecta.
A moeda é então de aceitação geral, serve as trocas, tendo uma disponibilidade (i)mediata. É
divisível e fácil de transportar. Mantém o seu valor e deve ter uma reduzida procura não monetário
(para colecção).
FUNÇÕES DA MOEDA
A moeda é usada como:
• Unidade/Medida de Valor – a moeda expressa os
valores dos bens e serviços, mede o seu valor;
• Meio de Pagamento – a moeda é aceite por todos e
serve para liquidar qualquer dívida;
• Reserva de Valor – a retenção de moeda por tempo
indeterminado (confiando que o valor é mantido)
assegura a capacidade de adquirir bens ou serviços no
futuro – acumulação de poupança.
EVOLUÇÃO E TIPOS DE MOEDA
Nas comunidades primitivas de troca directa era usada a moeda mercadoria mas, devido às
suas desvantagens generalizou-se a moeda metálica (prata e ouro) como forma de pagamento.
A moeda metálica, apesar de apresentar vantagens comparativamente à moeda mercadoria, era
pesada e o seu transporte começou a ser perigoso, pelo que os cambistas e ourives se tornaram
uma "banca", guardando o ouro e emitindo certificados de depósito – moeda de papel, sendo que
a qualquer momento a moeda papel pedia ser convertida em ouro.
A moeda de papel começou por ser moeda representativa, sendo que à quantidade de notas em
circulação equivalia igual valor de ouro retido nos cofres dos bancos.
Contudo, pelo uso generalizado das notas de banco devido à confiança que os clientes
depositavam nos bancos, passaram-se a emitir notas de valor superior ao ouro existente nos
cofres – moeda fiduciária, sem contrapartida real.
Desta forma, os bancos não dispunham de forma de reembolsar em ouro e ao mesmo tempo
todos os seus clientes pelo que no séc. XIX o Estado interferiu no mecanismo de emissão de
moeda, confiando às instituições bancárias públicas a função de emitir moeda e aboliu a
contrapartida em ouro.
O Estado impôs então o curso forçado às notas (que podiam ou não coincidir com o valor do
ouro existente nos bancos) e dispensou o banco da sua conversão, aparecendo então o papel-
moeda.
Com o desenvolvimento da actividade bancária aparece também a moeda escritural que resulta
da circulação dos depósitos à ordem através de cheques, transferências bancárias e cartões de
débito e crédito.
Actualmente lidamos então com a moeda escritural e com o papel-moeda, sendo o número
máximo em circulação deste último ditado pelo BCE.
49
Economia 2º ano GAP
MERCADO MONETÁRIO
No mercado monetário encontram-se a procura e a oferta de moeda.
Procura de Moeda
A procura de moeda consiste na quantidade de moeda (riqueza) que os agentes económicos
desejam possuir, tendo 3 motivos base:
• Procura de moeda para realizar transacções de bens;
• Procura de moeda por precaução – poupar, fazer face à incerteza;
• Procura de moeda para especulação – expectativas de valorização.
Esta procura de moeda pode ser nominal (MD) ou real, compreendendo a inflação MD
P
50
Economia 2º ano GAP
Oferta de Moeda
A oferta de moeda no CP é um saldo (quantidade de moeda),
pelo que não depende da taxa de juro, assumindo portanto a
forma duma linha vertical.
Em cada momento e independente da taxa de juro, existe uma
determinada quantidade de oferta de moeda – quantitativo de
oferta de moeda.
Criação de Moeda
São os bancos (BP e BCE) que criam moeda ao conceder crédito (cedência temporária de
valores mediante uma determinada remuneração – juro).
O financiamento através do crédito baseia-se na multiplicação artificial das poupanças que
foram aplicadas sob a forma de depósitos. O montante aplicado não corresponde ao montante
oferecido devido ao multiplicador de crédito que permite ao sistema bancário oferecer mais fundos
que aqueles que obteve sob a forma de poupanças.
Os bancos são então instituições financeiras que captam depósitos
para conceder crédito por sua conta e risco. Mas não podem conceder
toda a moeda que têm, há uma reserva mínima obrigatória consoante a
conjuntura sócio-económica.
O rácio de solvabilidade divide o crédito concedido pelos fundos próprios e deve ser igual ou
inferior a 8. Ou seja, o crédito concedido não pode ser superior a 8 vezes os fundos próprios pois
é necessária garantia de reembolso dos depósitos.
O crédito concedido pelos bancos está condicionado pelo montante, taxa de juro, prazo de
vencimento e finalidade (crédito ao consumo, investimento, produção, importação, exportação…)
e baseia-se numa relação de confiança por parte dos bancos em como o devedor liquida a sua
dívida.
Assim, como garantias do pagamento do empréstimo, os bancos exigem garantias pessoais –
tomam como garantia o valor e a reputação da pessoa (fiança ou aval) e garantias reais –
constituídas por bens do devedor ou terceiros que ficam afectos ao cumprimento da obrigação
(penhor ou hipoteca).
O multiplicador de crédito ou multiplicador monetário (valor teórico e máximo) é igual ao inverso
da taxa de reserva.
Assim, quanto menor for a taxa de reserva, maior o será o
multiplicador de crédito, ou seja, o potencial de expansão de oferta
da moeda – se o banco reduzir a taxa de reserva possibilita a concessão de mais crédito.
No vencimento do crédito é feita a destruição da moeda pelo montante do crédito pago, sendo
que só o BP pode destruir moeda.
Temos um depósito
inicial de 1000 unidades
monetárias no banco A, o
qual tem uma reserva de
valor de 20% (200 u.m.),
ficando com um montante
de 800 u.m. para conceder
empréstimos. Estes serão
usados como depósitos
noutros bancos que
repetem o esquema.
A criação de moeda pode ser reduzida devido às taxas de reserva excedentárias e ao facto de
algumas pessoas guardarem o dinheiro em vez de o depositarem.
51
Economia 2º ano GAP
Agregados monetários
Os agregados monetários são indicadores que permitem contabilizar a quantidade de moeda na
posse do público, sendo classificados de acordo com o seu grau de liquidez (facilidade de
conversão em moeda):
M1 – moeda em sentido restrito
Consiste nos meios imediatos de pagamento, composta pela quantidade total de moedas e
notas em circulação (C) mais os depósitos à ordem (DO).
M1 = C + DO
M2 – moeda em sentido alargado
Consiste nos meios de oferta mediata, abarcando além do M1 os depósitos a prazo (DP)
inferiores a 2 anos que não estando imediatamente disponíveis são facilmente convertidos em
depósitos à ordem (quase-moeda).
M2 = M1 + DP
M3 – activos líquidos na posse do público
Consiste na totalidade dos meios de pagamento, compreendendo o M2 bem como as
aplicações financeiras de M/L prazo (bilhetes do tesouro e papel comercial) cujos montantes
podem não estar disponíveis antes do prazo estipulado pela aplicação.
M3 = M2 + Aplicações financeiras M/L prazo
Equilíbrio de Mercado Monetário
O equilíbrio do mercado monetário encontra-se pela
intersecção da procura de moeda com a oferta de moeda.
Na taxa de juro de equilíbrio a quantidade de moeda procurada
é igual à quantidade de moeda oferecida.
52
Economia 2º ano GAP
53
Economia 2º ano GAP
Escolas Monetaristas
O monetarismo corresponde a uma escola de pensamento que se debruça sobre questões
macroeconómicas e que considera que a moeda tem um papel fundamental ao nível das
flutuações macroeconómicas das economias.
Tem como principais aspectos:
• oferta de moeda como a principal determinante do
crescimento nominal do PNB, pelo que as principais
variáveis macroeconómicas dependem da política das
autoridades a esse nível e não tanto da política fiscal;
• preços e salários relativamente flexíveis, pressuposto
que vai contra a corrente económica dominante;
• economia privada relativamente estável, pelo que se
acentua mais o facto de as alterações no PNB nominal se
deverem a alteração na oferta de moeda;
• não intervenção do Estado nos mercados;
• inflação como um mal profundo que é necessário
combater, mesmo que o impacto no desemprego seja
mais forte, o que não é provável;
• as autoridades monetárias devem estabelecer regras
fixas relativamente à evolução da oferta monetária e não
usar a política monetária para fazer face a situações
conjunturais.
Como políticas monetárias, um conjunto de medidas económicas que as autoridades
económicas podem implementar para regularizar o sector monetário, temos:
• MMI (Mercado Monetário Interbancário) – mercado onde se compra e vende moeda,
sendo que este mercado apenas é acessível às instituições bancárias, e cujas regras
são ditadas pelo BCE/BP.
Este mercado existe para fornecer ou absorver liquidez ao sistema bancário, tendo um
objectivo de CP e funciona diariamente. Antes, os bancos dirigiam-se fisicamente ao MMI para
comprar e vender moeda, em 24h (overnight) ou em
menos (daylight).
Como mercado livre, é ele que dita o preço das
transacções, sendo o preço da moeda a taxa de juro.
Contudo, nem sempre o MMI consegue dar
resposta no momento (mercado desequilibrado pela
existência de mais procura que oferta).
• MIT (Mercado Interbancário de Títulos) – funciona na esfera do BCE/BP e tem
também como objectivo injectar ou absorver liquidez.
O MIT injecta liquidez nas empresas (lease back) mas em contrapartida recebe títulos de
dívida pública (obrigações do tesouro), os quais voltam a ser comprados com juros ao MIT.
Estabelece assim RECOS, acordos de venda e recompra.
No caso de haver mais oferta de procura, caso o mercado não interferisse dava-se uma
descida da taxa de juro. Para isso não acontecer, o MIT absorve liquidez vendendo títulos da
dívida pública.
• Fixação das Taxas de Juro – sempre que é necessário o Estado intervir no
mercado, impondo-lhe restrições são fixadas as taxas de juro para se controlar a
inflação. Esta medida pode ser acompanhada pela fixação de plafonds de crédito,
quantitativos máximos de crédito.
54
Economia 2º ano GAP
Inflação
Temos uma situação de equilíbrio macroeconómico em que se procura a estabilização dos
preços.
Os preços dos bens são a medida do seu valor expresso em u.m., sendo que este varia
consoante a sua escassez e sazonalidade.
Contudo, para além destas alterações normais de preços que decorrem do normal
funcionamento da Economia, assiste-se a uma subida contínua e generalizada dos preços dos
bens e serviços – inflação, a qual é o reflexo do desequilíbrio da Economia.
Para se medir a inflação usa-se normalmente o IPC, o qual vai traduzir a elevação ou não do
custo de vida da generalidade da população e calcula-se pela divisão do preço do cabaz no ano x
pelo preço do mesmo cabaz no ano anterior e multiplica-se por 100. Subtraindo 100 ao resultado,
encontra-se a inflação do ano x.
IPC2001/2000 = 1500€ x 100 = 107,1 → 7,1 seria a inflação em 2001
1400€
A Taxa de Inflação, representa a taxa de
crescimento do IPC entre duas datas, usando
principalmente a Taxa de Inflação Homóloga e a
Taxa Média de Inflação.
A intensidade dos processos inflacionistas é muito variável, existindo vários tipos de inflação:
•Inflação Rastejante – subida contínua e generalizada dos preços de forma muito reduzida e
quase imperceptível;
•Inflação Moderada – aumento lento da inflação que não distorce significativamente os preços e
rendimentos relativos;
•Inflação Galopante – inflação elevada, com taxas de 2 a 3 dígitos ao ano;
•Hiperinflação – inflação elevadíssima, com taxas de um milhão por cento ao ano;
•Desinflação – descida da taxa de inflação de ano para ano, ou seja, desaceleração do ritmo de
crescimento dos preços;
•Deflação – descida generalizada dos preços dos bens e serviços, associada a uma diminuição
da procura, produção e emprego (recessão económica).
Verifica-se inflação quando há um desajustamento entre os fluxos monetários e reais, em que os
monetários são superiores aos reais. Como consequência da inflação, os preços aumentam, o
consumo de bens não essenciais diminui, a competitividade dos produtos diminui, a produção
diminui, diminuem os salários e aumenta o desemprego.
A inflação não resulta de um factor específico, depende de várias circunstâncias, tornando-a um
fenómeno complexo e para o qual é necessário conhecer as causas para que possa ser
combatido de forma eficaz:
• Excesso de moeda – aumento extremamente rápido
da quantidade de moeda relativamente ao volume da
produção (emissão de moeda superior ao crescimento da
produção devido a uma redução do stock ou
impossibilidade de produzir);
• Aumento da procura – o excesso de procura com a
oferta constante por parte do Estado que aumenta os
gastos públicos e das famílias (consumo), pelo aumento
de crédito ou de salário;
• Aumento dos custos de produção – os custos
repercutem-se nos preços;
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Economia 2º ano GAP
O processo inflacionista pode decorrer pela inflação aberta (quando a inflação se manifesta
livremente) ou pela inflação deprimida (quando a inflação não se manifesta livremente mas acaba
por se tornar aberta).
A Taxa de Referência, fixada pelo BCE (EURIBOR), influencia:
MMI → euribor + spread;
Taxa de Juro do Crédito → euribor + spread;
Taxa de Juro do Depósito → euribor – spread.
Com a subida da taxa de juro, espera-se que o crédito fique mais caro, o que afecta o consumo,
diminuindo a procura. A moeda que tiver taxa de juro mais elevada, terá mais aplicação de
poupança e será valorizada, diminuindo os custos de importação.
Políticas anti-inflacionistas
Se uma inflação relativamente moderada pode impulsionar a economia – investimento com
expectativas de lucro, recurso ao crédito – a inflação elevada pode levar à recessão económica,
pelo que é necessário adoptar medidas anti-inflacionistas:
Políticas Globais
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
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Economia 2º ano GAP
Ciclos Económicos
A econometria é uma disciplina auxiliar da Economia que une a Economia e a matemática,
permitindo fazer uma análise mais rigorosa de um gráfico e dos seus factores.
A regressão linear (uniformização dos vários pontos numa única linha) é
utilizada para encontrar uma tendência, através da sua optimização.
O ciclo de tendências (trend) baseia-se nas observações individuais ao
longo do tempo.
Os ciclos (curvas) são variações no longo prazo constituídas por 4 fases:
ascendente – fase de expansão;
máximo relativo;
descendente – fase de retracção ou recessão a LP;
mínimo relativo.
Depois da 1ª crise petrolífera em 1973, passou-se a medir a Economia a nível infra-anual,
através de observações mensais. Com isto, as tendências deixaram de fazer sentido, já que estas
são de LP.
Começou-se então a fazer a dessazonalização, retirando-se sazonalidade às séries
económicas, sendo esta uma análise de CP.
A análise económica pode então ser feita na óptica da tendência (LP), do ciclo, e da
dessazonalidade (CP).
Mas uma série económica pode evoluir devido a factores
irregulares (valores aberrantes), os quais não são analisados ou
explicados por qualquer uma das anteriores ópticas:
Conclui-se então que todas as variáveis anuais se podem
representar de acordo com a sua tendência, ciclo,
dessazonalidade, e que temos que ter em conta que há sempre uma fonte de irregularidades.
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