Você está na página 1de 6

1.

A atividade económica e a Ciência Económica


 

1.1 Realidade social e ciências sociais


A realidade social designa o conjunto dos seres humanos e das
relações sociais que resultam da sua vida em grupo.
Para a melhor compreensão da realidade social e dos fenómenos
sociais que a compõem recorremos a um conjunto de ciências
sociais que, através das suas diferentes perspetivas de análise,
possibilitam uma análise mais completa e abrangente de
cada fenómeno social.
As ciências sociais são interdependentes e complementares, o que
significa que são todas necessárias para o entendimento de cada
fenómeno social.

Exemplo de um fenómeno social – consumo


O consumo pode ser estudado por diferentes ciências sociais, como:

 a Economia (que estuda a forma como o rendimento das


famílias e o preço dos bens condiciona a escolha dos
consumidores);
 a História (que estuda a evolução do consumo ao longo dos
tempos);
 a Geografia (que estuda a forma como o consumo se
distribui pelo território).
 

1.2 Fenómenos sociais e fenómenos económicos


Os fenómenos sociais são pluridimensionais, podendo ser estudados
por diferentes ciências sociais.

Os fenómenos económicos referem-se à vertente económica dos


fenómenos sociais.
 

1.3 A Economia como ciência – objeto de estudo


A escassez é o principal problema económico, resultando do facto de as
necessidades serem ilimitadas perante os recursos disponíveis, que
são escassos.
Por isso, é fundamental a realização de escolhas relativamente à
forma como são utilizados os recursos escassos para satisfazer as
necessidades ilimitadas. A escolha constitui o objeto de estudo da
Economia. Neste processo procura-se a resposta a questões como:
que bens produzir, em que quantidades, quando produzir e como
produzir.
A escolha implica necessariamente a opção por uma dada alternativa
em detrimento de outras. Como tal, surge o conceito de custo de
oportunidade, que se refere a todas as opções que sacrificamos para
obter algo.
Exemplo: durante a tarde, o João escolhe ir ao teatro em vez de ir ao
cinema; neste caso a ida ao cinema é o custo de oportunidade.

1.4 A atividade económica e os agentes económicos


Agente económico: qualquer individuo ou entidade que intervém na
atividade económica, exercendo pelo menos uma função.
São agentes económicos:

 as Famílias (função principal: consumir)


 as Empresas, que se subdividem as instituições financeiras
(prestam serviços financeiros) e empresas não financeiras
(produzem bens e prestam serviços não financeiros)
 o Estado (satisfação das necessidades da população e
redistribuição do rendimento)
 o Resto do Mundo (não residentes, que estabelecem
operações económicas com os agentes residentes).
 

Atividade económica: conjunto de procedimentos que têm por


finalidade a obtenção de bens e serviços necessários à satisfação das
necessidades dos indivíduos.
Engloba as atividades de produção, distribuição, repartição dos
rendimentos (salários aos trabalhadores; lucros aos empresários;
rendas aos proprietários de imóveis; juros aos detentores de capital) e
a utilização dos rendimentos (quer seja em consumo ou poupança).
2. Necessidades e consumo
 

2.1 Necessidades – noção e classificação


Necessidade: estado de carência que sentimos e que desejamos ver satisfeito.
 

Características das necessidades:


 Multiplicidade – as necessidades são ilimitadas e constituem um
processo contínuo, renovando-se ao longo do tempo (exemplo:
alimentação ao longo do dia; utilização contínua de telemóvel)
 Saciabilidade – à medida que satisfazemos uma determinada
necessidade, a intensidade sentida vai diminuindo até desaparecer
por completo (exemplo: diminuição da sede quando se bebe água)
 Substituibilidade – a satisfação de uma necessidade pode ser
substituída por outras alternativas (exemplo: em vez de ver um
filme, leio um livro)
 Variação no tempo (as necessidades no tempo dos nossos avós são
distintas das necessidades atuais)
 Variação no espaço (as necessidades em zonas quentes
diferenciam-se das necessidades em territórios frios)
 

Necessidades quanto à importância:


 Primárias – indispensável à nossa sobrevivência (alimentação,
vestuário)
 Secundárias – são-nos necessárias, mas não indispensáveis (ler um
livro, ir ao teatro)
 Terciárias – necessidades supérfluas (usar roupa de marca,
comprar carros de luxo)
 

Necessidades quanto à vida em coletividade:


 Coletivas – englobam todos os elementos da comunidade (ex:
policiamento, regras de trânsito, justiça)
 Individuais – referem-se a cada individuo
 

2.2 Consumo – noção e tipos de consumo


Consumo: ato de utilizar um bem com vista à satisfação de uma necessidade.
 

Tipos de consumo:
 Final – a utilização do bem leva à satisfação direta e imediata da
necessidade, o que implica a sua destruição imediata (no caso dos
alimentos) ou progressiva (vestuário, computador)
 Intermédio – o bem é utilizado para produzir outros bens,
desaparecendo no processo produtivo ou sendo incorporado
noutros bens.
 Individual – a utilização de um bem ou serviço impede o uso
simultâneo por outras pessoas (vestuário, telemóvel)
 Coletivo – bens e serviços utilizados para satisfazer necessidades
coletivas (utilização dos serviços de transporte público, de hospitais
e escolas públicas)
 Privado – efetuado pelas Famílias ou pelas Empresas
 Público – efetuado pelas Administrações Públicas
 

IMPORTANTE: os consumos efetuados pelas Famílias são sempre consumos


finais, enquanto os consumos efetuados pelas Empresas são sempre consumos
intermédios.

2.3 Padrões de consumo – diferenças e fatores explicativos


As despesas efetuadas pelas Famílias no consumo de bens e serviços são
influenciadas por um conjunto de fatores.
 

Fatores económicos:
 Rendimento
 Preços dos bens
 Inovação tecnológica
 

Rendimento
O consumo é uma função do rendimento, pois é o valor deste que determinará
a estrutura de consumo dos consumidores, isto é, a forma como o rendimento
é repartido pelos diversos consumos. 
 

Coeficiente orçamental: peso que cada classe de despesa ocupa no total das


despesas de consumo das famílias.
Coeficiente orçamental = (Valor da despesa efetuada / Total das despesas de
consumo) x 100 
 
Lei de Engel: à medida que o rendimento das Famílias aumenta, o peso das
despesas em alimentação diminui, aumentando o peso das despesas de cultura,
distração e lazer.
 

Preços dos bens


Uma variação do preço dos bens influencia as decisões de consumo. Se o
preço de um dado bem aumentar e o rendimento permanecer inalterado,
ocorrerá uma diminuição do seu consumo.
 

Fatores extraeconómicos:
 Moda
 Publicidade
 Tradição
 Modos de vida
 Estrutura etária dos agregados familiares
 

2.4 Evolução da estrutura do consumo em Portugal e na União


Europeia
(tópico de análise de informação de tabelas e gráficos; sem matéria adicional)

2.5 A sociedade de consumo


A sociedade de consumo caracteriza-se pela valorização das pessoas pelo que
têm e não pelo que são, tornando-se o consumo a finalidade última da vida do
ser humano. São características desta sociedade:
 a valorização do ter e não do ser;
 a produção em larga escala, onde a oferta é superior à procura;
 uso de marketing agressivo;
 massificação do consumo;
 redução do ciclo de vida dos produtos.
 

Evolução histórica da sociedade de consumo:


 1ª fase (1950-67), com a abundância na oferta de produtos
 2ª fase (1968-73), com a contestação dos ideais de abundância
 3ª fase (1974-90), marcada pelas consequências devastadoras dos
choques petrolíferos
 4ª fase (1991-95), que levou ao surgimento do consumidor
prudente e responsável
 5º fase (1996-atualmente), com o aparecimento do consumidor
empreendedor
 
Consumismo: consumo indiscriminado, impulsivo e perigoso.
 

Consequências do consumismo:
 Endividamento e sobre-endividamento das Famílias (em resultado
do acesso fácil ao crédito e às baixas taxas de juro)
 Degradação do ambiente e dos recursos naturais
 

2.6 Consumerismo e responsabilidade social do consumidor


Consumerismo: movimento de defesa dos direitos dos consumidores e que
promove a sua formação para um consumo refletido e responsável.
 

2.7 A defesa dos consumidores em Portugal e na União Europeia


Existe na União Europeia e particularmente em Portugal um conjunto de
organizações que se dedicam à defesa dos consumidores, como:

 a DGC (Direção Geral do Consumidor)


 a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor)
 a UGC (União Geral dos Consumidores)

Você também pode gostar