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Realidade social e ciências sociais

A realidade social designa o conjunto dos seres humanos e das relações sociais que resultam da sua vida
em grupo.

Para a melhor compreensão da realidade social e dos fenómenos sociais que a compõem recorremos a
um conjunto de ciências sociais que, através das suas diferentes perspetivas de análise, possibilitam uma
análise mais completa e abrangente de cada fenómeno social.

As ciências sociais são interdependentes e complementares, o que significa que são todas necessárias
para o entendimento de cada fenómeno social.

Exemplo de um fenómeno social – consumo

O consumo pode ser estudado por diferentes ciências sociais, como:

a Economia (que estuda a forma como o rendimento das famílias e o preço dos bens condiciona a
escolha dos consumidores);

a História (que estuda a evolução do consumo ao longo dos tempos);

a Geografia (que estuda a forma como o consumo se distribui pelo território).

Fenómenos sociais e fenómenos económicos


Os fenómenos sociais , podendo ser estudados por diferentes ciências sociais.

Os fenómenos económicos referem-se à vertente económica dos fenómenos sociais.

A Economia como ciência – objeto de estudo


A escassez é o principal problema económico, resultando do facto de as necessidades serem ilimitadas
perante os recursos disponíveis, que são escassos.

Por isso, é fundamental a realização de escolhas relativamente à forma como são utilizados os recursos
escassos para satisfazer as necessidades ilimitadas. A escolha constitui o objeto de estudo da Economia.
Neste processo procura-se a resposta a questões como: que bens produzir, em que quantidades, quando
produzir e como produzir.

A escolha implica necessariamente a opção por uma dada alternativa em detrimento de outras. Como
tal, surge o conceito de custo de oportunidade, que se refere a todas as opções que sacrificamos para
obter algo.

Exemplo: durante a tarde, o João escolhe ir ao teatro em vez de ir ao cinema; neste caso a ida ao cinema
é o custo de oportunidade.

A atividade económica e os agentes económicos


Agente económico: qualquer individuo ou entidade que intervém na atividade económica, exercendo
pelo menos uma função.

São agentes económicos:

as Famílias (função principal: consumir)

as Empresas, que se subdividem as instituições financeiras (prestam serviços financeiros) e empresas


não financeiras (produzem bens e prestam serviços não financeiros)

o Estado (satisfação das necessidades da população e redistribuição do rendimento)

o Resto do Mundo (não residentes, que estabelecem operações económicas com os agentes residentes).
Atividade económica: conjunto de procedimentos que têm por finalidade a obtenção de bens e serviços
necessários à satisfação das necessidades dos indivíduos.

Necessidades e consumo

Necessidades – noção e classificação


Necessidade: estado de desconforto que sentimos e que desejamos ver satisfeito.

Características das necessidades:

Multiplicidade – as necessidades são ilimitadas e constituem um processo contínuo, renovando-se ao


longo do tempo (exemplo: alimentação ao longo do dia; utilização contínua de telemóvel)

Saciabilidade – à medida que satisfazemos uma determinada necessidade, a intensidade sentida vai
diminuindo até desaparecer por completo (exemplo: diminuição da sede quando se bebe água)

Substituibilidade – a satisfação de uma necessidade pode ser substituída por outras alternativas
(exemplo: em vez de ver um filme, leio um livro)

Saciabilidade-a intensidade com que uma determinada necessidade é sentida diminui à medida que é
satisfeita, acabando por desaparecer por completo.

Necessidades quanto à importância:

Primárias – indispensável à nossa sobrevivência (alimentação, vestuário)

Secundárias – são-nos necessárias, mas não indispensáveis (ler um livro, ir ao teatro)

Terciárias – necessidades supérfluas (usar roupa de marca, comprar carros de luxo)


Necessidades quanto à vida em coletividade:

Coletivas – englobam todos os elementos da comunidade (ex: policiamento, regras de trânsito, justiça)

Individuais – referem-se a cada individuo

Consumo – noção e tipos de consumo


Consumo: ato de utilizar um bem com vista à satisfação de uma necessidade.

Tipos de consumo:

Final – a utilização do bem leva à satisfação direta e imediata da necessidade, o que implica a sua
destruição imediata (no caso dos alimentos) ou progressiva (vestuário, computador)

Intermédio – o bem é utilizado para produzir outros bens, desaparecendo no processo produtivo ou
sendo incorporado noutros bens.

Individual – a utilização de um bem ou serviço impede o uso simultâneo por outras pessoas (vestuário,
telemóvel)

Coletivo – bens e serviços utilizados para satisfazer necessidades coletivas (utilização dos serviços de
transporte público, de hospitais e escolas públicas)

Privado – efetuado pelas Famílias ou pelas Empresas

Público – efetuado pelas Administrações Públicas

IMPORTANTE: os consumos efetuados pelas Famílias são sempre consumos finais, enquanto os
consumos efetuados pelas Empresas são sempre consumos intermédios.

Padrões de consumo – diferenças e fatores explicativos


As despesas efetuadas pelas Famílias no consumo de bens e serviços são influenciadas por um conjunto
de fatores.
Fatores económicos:

Rendimento

Preços dos bens

Inovação tecnológica

Rendimento

O consumo é uma função do rendimento, pois é o valor deste que determinará a estrutura de consumo
dos consumidores, isto é, a forma como o rendimento é repartido pelos diversos consumos.

Coeficiente orçamental: peso que cada classe de despesa ocupa no total das despesas de consumo das
famílias.

Coeficiente orçamental = (Valor da despesa efetuada / Total das despesas de consumo) x 100

Lei de Engel: à medida que o rendimento das Famílias aumenta, o peso das despesas em alimentação
diminui, aumentando o peso das despesas de cultura, distração e lazer.

Preços dos bens

Uma variação do preço dos bens influencia as decisões de consumo. Se o preço de um dado bem
aumentar e o rendimento permanecer inalterado, ocorrerá uma diminuição do seu consumo.

Fatores extraeconómicos:

Moda

Publicidade

Tradição

Modos de vida
Estrutura etária dos agregados familiares

Produção de bens e serviços

Bens – noção e classificação


Quanto à natureza:

Bens materiais

Bens imateriais

Quanto à função:

Bens de produção

Bens de consumo

Quanto à duração:

Bens duradouros

Bens não duradouros (perecíveis)

Quanto à relação com outros bens:

Bens substituíveis

Bens complementares

Produção e processo produtivo. Setores de atividade económica


Fatores produtivos:

recursos naturais

fator trabalho

fator capital

Setores:

primário

secundário

terciário

Fatores de produção – noção e classificação


Recursos naturais

Renováveis Vs. Não renováveis

Fator trabalho (capacidade humana para produzir)

População ativa (empregados e desempregados) e População inativa

Desemprego de longa duração – desempregados que permanecem nessa situação há um ano ou mais.
Associado a períodos de estagnação económica

Desemprego tecnológico resulta do desenvolvimento tecnológico (automação e informatização)

Desemprego repetitivo tem origem na alteração da procura de bens e serviços na sociedade, associado
às flutuações sazonais
Qualificação dos trabalhadores: formação inicial e formação ao longo da vida

Terciarização – crescente importância do setor terciário na atividade económica

Fator capital

Capital técnico – conjunto dos meios de produção.

Capital natural – conjunto dos recursos naturais utilizados no processo produtivo.

Capital humano – capacidades produtivas dos indivíduos.

A combinação dos fatores produtivos

Variação de um dos fatores de produção – análise de curto prazo

Alteração de todos os fatores de produção – análise de longo prazo

Substituibilidade dos fatores de produção

Isoquanta – curva representativa do mesmo nível de produção

Em termos físicos:

Produtividade média do trabalho = quantidade produzida/nº trabalhadores


A produtividade medida em termos físicos apresenta desvantagens de medição e, como tal, calcula-se
habitualmente a produtividade média dos fatores de produção em termos monetários (também pode
ser calculada por trabalhador ou por hora de trabalho).

Em termos monetários:

Produtividade média do trabalho = valor da produção/valor do trabalho

Produtividade total

Produtividade total = valor da produção / valor dos fatores de produção

Produtividade marginal

Produtividade marginal do trabalho = acréscimo da quantidade produzida / acréscimo do nº


trabalhadores

Lei dos rendimentos marginais decrescentes – se adicionarmos unidades sucessivas de um fator variável
a um fator de produção fixo, os aumentos na quantidade produzida a partir de certo ponto são cada vez
menores, ou seja, decrescentes.

Custos de produção
Custos fixos – encargos que não variam com a quantidade produzida. Ex.: aluguer das instalações,
segurança social dos trabalhadores

Custos variáveis – encargos que variam consoante a quantidade produzida. Ex.: gastos com matérias-
primas

Custo total = custos fixos + custos variáveis

Custo médio total = custo total / quantidade produzida

Economias de escala existem em resultado do decréscimo do custo médio total à medida que a
quantidade produzida é aumentada.

Deseconomias de escala derivam do aumento do custo médio total de produção, por unidade
produzida, devido ao aumento da quantidade produzida. Associam-se a custos de ineficiência na gestão
dos recursos das empresas.

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