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ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA

AULA – 1
ABORDAGEM
ECONÔMICA

Caro (a) Estudante,

A economia lida com questões relacionadas à satisfação das


necessidades dos indivíduos e da sociedade. Para à satisfação das
necessidades materiais (alimentos, vestuário ou moradia) e não-materiais
(educação, lazer, entre outras) de uma sociedade, seus membros devem
realizar determinadas atividades produtivas. Mediante essas atividades,
obtêm-se os bens e os serviços necessários, entendendo-se por bem todo o
meio capaz de satisfazer uma necessidade, seja dos indivíduos, seja da
sociedade.
A economia se ocupa da maneira como se administram recursos
escassos, visando produzir diversos bens e distribuí-los para consumo entre
os membros da sociedade. Neste capítulo, você entenderá a economia e seu
conceito, conhecerá os problemas econômicos fundamentais e a abordagem
de custo-benefício.
➢ Conceituar a economia
➢ Descrever
Nesta aula, você vai conferir
o objetoos
decontextos
estudo daconceituais
economia. da psicologia entenderá
➢ Analisar
como ela alcançou o seu estatuto deproblema
o principal cientificidade. Além disso,
econômico: terá a oportunidade
a escassez.
de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e
Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.

▪ Compreender o conceito de psicologia


▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
1 ECONOMIA

Encontramos assuntos econômicos, diariamente abordados em canais de


comunicação como rádios, jornais, televisões, sites da internet, podcasts, entre outros,
apontando:

➢ Diferenças de renda entre as regiões do país;


➢ Desemprego;
➢ Aumentos de preços;
➢ Diferenças salariais;
➢ Períodos de crescimento ou de crise econômica;
➢ Crises no balanço de pagamentos;
➢ Setores que crescem mais que outros;
➢ Vulnerabilidade externa;
➢ Comportamento das taxas de juros;
➢ Valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
➢ Déficit governamental;
➢ Dívida externa;
➢ Elevação de impostos e tarifas públicas;
➢ Ociosidade em alguns setores de atividade
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).

Esses temas, são debatidos, frequentemente, por cidadãos comuns, opinando


sobre medidas estatais. Estudantes de economia, direito ou outras disciplinas, que
ocupem cargos de responsabilidade nas empresas ou administração pública,
precisam de conhecimentos teóricos mais profundo que os capacite a analisar os
empasses econômicos presentes no dia-a-dia. Portando, o objetivo da Ciências
Econômica é analisar os empasses e solucioná-los, visando melhorar a qualidade de
vida da população.

1.1 Conceito

A palavra economia tem sua origem etimológica na palavra grega, oikonomía


(oikos, casa; nomos, lei). Em princípio, seu sentido na interpretação original seria
“administração da casa” a qual, mais tarde, tornou-se “administração da coisa pública”
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Em sentido moderno, “A economia estuda como
as sociedades administram recursos escassos para produzir bens e serviços e
distribuí-los entre diferentes indivíduos” (MOCHÓN, p.1, 2007). Assim sendo, é a
ciência que analisa como a sociedade administra recursos produtivos escassos.
Segundo Tebchirani (p.15, 2012), “a economia é uma ciência social, pois
estuda o homem em sociedade, principalmente quando este atua na atividade
produtiva”. Conceitos como escolha; escassez; necessidades; recursos; ciência
social; produção; distribuição, entre outros, são considerados sua base e objeto de
estudo.
O estudo da teoria econômica, do ponto de vista de Ciência Social, está sob a
alçada das Ciências Humanas. Assim como, acontece com as decisões humanas, as
decisões econômicas envolvem juízos de valor, dando origem a várias interpretações
e, consequentemente, diversas correntes de pensamento econômico.
A economia surge da percepção que os recursos ou fatores de produção
(capital, trabalho, terra, matérias-primas, entre outros) são limitados em todas as
sociedades. Em contrapartida, os desejos e necessidades dos indivíduos são
ilimitados e estão em constante renovação, devido ao crescimento populacional e à
melhoria contínua dos padrões de vida. Nenhum país, independente do seu nível de
desenvolvimento, dispõe de todos os recursos necessários. Dessa forma, há um
problema de escassez: recursos limitados em contraste com necessidades humanas
ilimitadas. Conforme Mochón (p.2, 2007) “a escassez é um conceito relativo: refere-
se ao desejo de adquiri uma quantidade de bens e serviços maior do que à disponível”.
Devido essa escassez, as sociedades têm que escolher entre opções de
produção e distribuição dos resultados da atividade produtiva. Portanto, a questão
central do estudo econômico é como alocar recursos produtivos limitados para atender
ao máximo às necessidades humanas.

1.2 Empasses econômicos

A escassez de recursos e fatores de produção, referente às necessidades


humanas ilimitadas, leva a problemas de decisão que dão origem aos chamados
problemas econômicos fundamentais:
➢ O que produzir?

Considerando a escassez de recursos de produção, a sociedade deverá


escolher, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem
fabricadas, dentro do quadro de possibilidades de produção.

➢ Como produzir?

Dado o nível tecnológico existente, a sociedade terá que decidir quais recursos
serão utilizados para produção de bens e serviços. A concorrência entre os diferentes
produtores, decide a forma que serão produzidos. Entre os métodos mais eficientes,
os produtores escolhem aquele com o menor custo de produção possível.

➢ Para quem produzir?

A sociedade também deve decidir como seus membros participarão da


distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda será determinada
não apenas pela oferta e demanda de serviços produtivos no mercado, isto é, pela
determinação dos salários, das rendas de terras, juros e dos benefícios do capital,
mas também pela distribuição inicial da propriedade e como ela se transmite por
herança.
Para Vasconcellos e Garcia (2019), a Teoria Econômica fornece ferramentas
analíticas que auxiliam no equacionamento desses problemas, mostrando os custos
e benefícios associados a cada opção. Obviamente, a escolha racional, do ponto de
vista econômico, será aquela que apresentar a melhor relação custo/benefício.
A maneira pela qual as sociedades resolvem problemas econômicos
fundamentais é determinada pela organização econômica do país, isto é, pelo sistema
econômico de cada nação.

1.3 Os atores da economia capitalista

Enquanto o conceito de mercado envolve apenas vendedores e compradores,


há outro ator no sistema econômico capitalista que não atua muito que
é o governo. É seu trabalho interferir ou não na economia, criando algumas regras e
diretrizes para evitar o caos econômico, ou crise. Segundo O sistema de economia de
mercado, também chamado de sistema capitalista, consiste em três atores
econômicos:

• Famílias ou unidades familiares: são os consumidores de bens e serviços.


Mesmo quem mora sozinho também é apontado como família, já que, para a
casa funcionar, uma complexa estrutura de consumo tem de existir. A família
também tem outro papel além de consumir, pois os consumidores também são
os trabalhadores, que vendem sua mão de obra em troca dos salários.
• Empresas: são as entidades produtivas que geram bens e serviços a partir da
combinação de recursos, gerando renda (salários, lucro, juros, aluguéis).
• Estado (Governo): refere-se às instituições de serviços públicos e de
segurança e empresas estatais supridas pelos impostos e tributos. Pode, pela
gestão das políticas econômicas, intervir na economia e tentar mitigar as falhas
de mercado e instabilidades (SILVA, 2016).

1.4 Bens e serviços

O que são bens para você? Ao fazer essa pergunta, a resposta não demora a
chegar: são imóveis, carros, coisas caras, compradas ou herdadas ao longo da vida.
Entretanto, na realidade, o conceito é ainda mais amplo. Define-se “bem” qualquer
produto tangível resultante de atividades industriais, da agropecuária ou da
construção civil.
Os serviços, por outro lado, são produtos intangíveis originados no setor
terciário de produção. Algo que as pessoas desejam ou compram, mas não
conseguem efetivamente pegar em sua totalidade. Ao pagar por algo não palpável
(intangíveis), paga-se por serviços.

Os bens são classificados conforme sua destinação, em:

➢ Bens de consumo: são aqueles fabricados com o propósito de serem logo


usados pelo consumidor. Podem ser duráveis, como um fogão, ou de uso
imediato, como um bolo, por exemplo.
➢ Bens intermediários: são, na verdade, a matéria-prima que precisa ser
beneficiada para se tornar um bem de consumo ou de capital. É o caso do trigo
que se usa para fazer o bolo. O trigo, geralmente, não é vendido in natura,
somente depois de processado, quando vira farinha. Os bens intermediários
têm a função de abastecer o setor produtivo na fabricação de novos bens.
➢ Bens de produção: são os bens de capital envolvidos no processo de produção
de outros bens e serviços; como, o edifício, as batedeiras, os caminhões e o
forno da fábrica de bolos.

1.5 Setores da economia

Para Silva (2016), as atividades de produção e prestação de serviços são


classificadas em setores da economia conforme a intensidade no uso de seus
recursos naturais, humanos e de capital. Os setores de produção podem ser:

➢ Primário: compreende as atividades relacionadas à terra:


• Agricultura, plantações de todo tipo de planta e o cultivo de alimentos;
• Pecuária, criação de animais, pesca e caça;
• Extração vegetal, silvicultura e reflorestamento.
➢ Secundário: contempla atividades industriais, focados no capital:
• Indústria de transformação: fábricas de alimentos e bebidas, indústria
Metalúrgica, fábricas de móveis, tecidos, plásticos, indústria química;
• Indústria extrativa mineral: metálicos e não metálicos.
➢ Terciário: setor de serviços. Ao contrário dos setores primário e secundário,
que dependem da terra e do capital, um pré-requisito para as atividades
terciárias acontecerem é o trabalho. O trabalho do Poder Executivo, realizado
pelos governos federal, estadual e municipal, também é compreendido como
uma atividade terciária. As atividades que dependem quase exclusivamente de
mão de obra são:

• Comércio (atacado e varejo);


• Serviços de beleza (cabeleireiro, manicure);
• Transporte (rodoviário, hidroviário, ferroviário e aeroviário);
• Comunicações (televisão, rádio, correios, telecomunicações);
• Serviços financeiros (bancos, seguradoras, corretoras de
valores);
• Hospedagem e alimentação (lanchonetes, restaurantes, hotéis);
• Manutenção (de equipamentos, máquinas ou veículos);
• Serviços de saúde;
• Escolas e serviços de aprendizagem;
• Atividades físicas,
• Atividades culturais;
• Atividades religiosas,

1.6 Fatores de produção

Os recursos disponíveis para a produção de bens ou serviços, são


denominados fatores de produção, ou produtivos. Também chamados de recursos de
produtivos ou input, podendo ser segmentado em três grandes categorias:

• Trabalho: o tempo, a mão de obra e o intelecto investidos para produzir bens


de consumo e serviços.
• Capital: são os bens duradouros que não se destinam diretamente ao consumo
das famílias, mas sim à fabricação de novos bens, como maquinário de uma
indústria ou o prédio de uma fábrica.
• Terra: não se trata apenas da terra em si, mas também a tudo o que vem da
natureza, utilizado na fabricação dos produtos citados. Pode ser um minério
extraído da terra, uma planta usada como matéria-prima ou até mesmo a água
(SILVA, 2016).

1.7 Sistemas econômicos

Um sistema econômico pode ser definido como a estrutura política, social e


econômica dentro da qual uma sociedade funciona. É um sistema específico para
organizar a produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços utilizados
pelas pessoas, visando melhorar suas condições de vida e bem-estar. Os elementos
básicos do sistema econômico são:

➢ Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: um conjunto de


recursos produtivos ou fatores de produção: isso inclui recursos
humanos (trabalho e capacidade empresarial), capital, terra, recursos
naturais e tecnologia.
➢ Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas;
➢ Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: os
quais são a base da organização da sociedade.

Eles podem ser classificados como:

➢ sistema capitalista ou economia de mercado: regido pelas forças de


mercado, pela livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção;
➢ sistema socialista ou economia centralizada, ou, ainda, economia
planificada: nesse sistema as questões econômicas básicas são
resolvidas por um órgão central de planejamento, prevalecendo a
propriedade pública dos fatores de produção, conhecidos nessas
economias de meios de produção, englobando bens de capital, terra,
prédios, bancos, matérias-primas.

Vale salientar, que os países se organizam em torno desses dois sistemas, ou


de alguma forma de intermediação entre eles.
Nas economias ocidentais, o sistema de concorrência pura (mercado
perfeitamente competitivo), pelo menos até o início do século XX, em que
praticamente não havia a intervenção do Estado na atividade produtiva. Era a filosofia
do Liberalismo, (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).
Sobretudo a partir da década de 1930, começam a afirmar-se os sistemas de
economia mista, nas quais ainda permanecem as forças de mercado, porém com a
atuação complementar do Estado, seja na produção de bens públicos, nas áreas de
educação, saúde e saneamento, justiça, defesa nacional, entre outros, seja induzindo
investimentos do setor privado, principalmente para setores de infraestrutura, como
energia, transportes, comunicações.
A maioria dos preços dos bens e serviços e dos fatores de produção, em
economias de mercado, é determinada predominantemente pelo mecanismo de
preços, que atua por meio da oferta e da demanda de bens e serviços e dos fatores
de produção. Nas economias centralizadas, essas questões são decididas pelo órgão
central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção
disponíveis e das necessidades do país. Assim sendo, grande parte dos preços dos
bens e serviços, salários, cotas de produção e de recursos é calculada nos
computadores desse órgão, e não pela oferta e demanda no mercado.

1.8 Custo-benefício

A economia assume que os recursos são escassos, dada a demanda crescente


que deve ser atendida. Como essa ciência pode ajudar a sociedade a escolher os
melhores usos para esses recursos? Pode-se dizer que a chamada abordagem
econômica nada mais é que uma análise de custo-benefício aplicada às decisões da
sociedade. O papel da economia, portanto, é mostrar os custos e benefícios
associados a cada decisão.
Por exemplo, se uma empresa deseja decidir se lança ou não um novo produto,
ela precisa estimar os custos adicionais associados a esse projeto. Isso se deve à
necessidade de contratar mão de obra, adquirir mais insumos, matérias-primas, entre
outros. Além disso, a empresa deve garantir que os seus proprietários recebam pelo
menos um rendimento correspondente à melhor aplicação possível dos meios
financeiros investidos no lançamento deste novo produto. Conclui-se que, uma
empresa deve considerar como despesa, ainda que implícita, o custo de oportunidade
(implícito) de seu acionista.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), a empresa também deve analisar o
aumento da receita com a venda desse produto. Se os custos superarem os benefícios
adicionais, o produto não deve ser colocado no mercado e vice-versa se a relação
custo-benefício for positiva. Esse tipo de análise representa a conhecida análise de
viabilidade econômica de projetos, uma das aplicações práticas mais importantes da
abordagem de custo-benefício que caracteriza a economia.
No entanto, o uso da abordagem de custo-benefício não precisa se limitar
apenas às decisões econômicas individuais (microeconomia), podendo ser aplicado
também para analisar a adequação da implementação de políticas macroeconômicas
específicas.
Por exemplo, o aumento de imposto reduz o poder de compra das famílias,
inclusive daquelas que recebem as transferências, e o aumento dívida pública reduz
o crédito disponível para famílias e empresas, elevando a taxa de juros, constituindo-
se, portanto, em custos relevantes para a sociedade. Em suma, toda decisão, seja
microeconômica (individual) ou macroeconômica (coletiva), tem custos e benefícios
para a sociedade (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SILVA, A. O. Introdução à economia e gestão. 1.ed. São Paulo: Pearson, 2016.

MOCHÓN, F. M. Princípios de economia. 1.ed. São Paulo: Pearson, 2007.

TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. 1.ed. Curitiba;


InterSaberes, 2012.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 6ed. São


Paulo: Saraiva, 2019.

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