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UNIDADE 1: NOÇÕES DE ECONOMIA DE MERCADO

I.1 – Importância do estudo da Economia para o Curso de Direito.

A importância do estudo da Economia para o Curso de Direito é fornecer uma visão abrangente das principais questões
econômicas de nosso tempo procurando explicar com clareza conceitos e problemas econômicos fundamentais de tal forma
que se possa ter uma melhor compreensão da realidade econômica e suas relações com as Normas Jurídicas.
Questões de interesse prático que fazem parte do nosso cotidiano como alguns princípios legais que estão por trás das
medidas de política econômica que é parte integrante do nosso estudo. Como exemplo podemos citar a intervenção por parte
do governo em atividades econômicas como Oligopólios no caso da telefonia celular e Monopólios no caso do fornecimento de
energia elétrica.

Palavras-chaves como escolha, escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição fazem parte tanto do
direito como da economia.

Como essas palavras se relacionam com o campo do direito?

Qual a sua relevância e importância?

Estas são algumas das questões a serem abordas ao longo do curso.

Nunca devemos esquecer que toda decisão de intervenção seja ela política, econômica e/ou jurídica por parte de
qualquer agente da sociedade deve sempre visar o bem estar social.

I.1.2 – Fenômenos e Leis Econômicas.

Quando se observa a existência de fatos ou fenômenos econômicos como a troca, o trabalho, e a moeda, e quando
esses fatos ou fenômenos estão ligados entre si por relações constantes e conhecidas surgem às leis econômicas.
Observar, registrar fatos e fenômenos econômicos procurando estabelecer entre eles as relações constantes ou Leis
Econômicas é a finalidade própria da economia política.
Entretanto a verificação das Leis Econômicas não é perfeita como acontece com as Leis do mundo físico.
Com relação à constituição dos fenômenos sociais e jurídicos, vale ressaltar que a função social logra relevância na
seara jurídica, por envolver aspectos políticos, econômicos e sociais.

As desigualdades latentes no convívio em sociedade ao longo da história passaram a requerer soluções que fossem
capazes de reduzir o quadro de injustiças existentes em cada época, principalmente em virtude da distância entre o que
preceituava a lei e o que se verifica na realidade social atual.

Daí o fenômeno jurídico englobar todos os eventos, provenientes da atividade humana ou decorrente de fatos naturais
capazes de ter influência na órbita do direito por transferir, conservar, modificar ou extinguir as relações jurídicas.

I.2 – Conceituação básica

Definição

Economia é uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos
escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-lo entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de
satisfazer as necessidades humanas, ou seja, economia também pode ser definida como a administração da escassez dos
recursos de produção.
Essa definição contém vários conceitos importantes que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica:
Escolha, escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição.

Em qualquer sociedade, os recursos de produção são escassos; contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e
sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da
atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.

O quê esse conceito e essa definição têm haver com o Direito?

Quando definimos Economia como uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar
recursos produtivos estamos nos referindo ao direito que também é uma ciência social que através de suas normas regem as
relações econômicas.
Todos os ramos da ciência jurídica mantém pontos de contato com a economia : Direito Constitucional, Direito
Comercial, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito do Trabalho e o Direito Internacional
Podemos citar como exemplo a importância do Direito Financeiro que trata da captação e da gestão dos recursos
econômicos com que os órgãos públicos contam para o desempenho de sua missão. Da mesma forma que qualquer cidadão,
o Estado carece de numerário para satisfazer às suas necessidades de realizar obras e prestar serviços à sociedade. Daí a
importância do Direito Financeiro, cuja autonomia é implicitamente reconhecido na CF/88, tendo em vista o disposto nos arts.
145 a 169; e muitos outros ramos do direito.

I.3 – Sistemas econômicos e problemas econômicos fundamentais.

Sistemas econômicos

Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada
uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que
as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem estar.

Os elementos básicos de um sistema econômico são:

Estoques de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui inclui os recursos humanos (trabalho e capital empresarial),
o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia.

Complexo de unidades de produção: constituídos pelas empresas.

Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base de organização da sociedade.

CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS

Sistema Capitalista ou economia de mercado.

É aquele regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção.
Com relação à livre iniciativa e a propriedade privada esses conceitos podem ser visualizado no caput do artigo 170 da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Vale ressaltar que pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de
concorrência pura, onde não havia a intervenção do Estado na atividade econômica.
Porém em 1930 passou a predominar o sistema de economia mista, onde prevalecem as forças de mercado, mas com
a atuação e intervenção do Estado, através das idéias de John Maynard Keynes.
Sistema Socialista ou economia centralizada ou planificada.

É aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento,
predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção,
englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos e matérias-primas.
Os bens de produção são de controle direto do Estado.

I.4 – CONCEITOS BÁSICOS.

Microeconomia é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou
grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e vendedores de tais bens. Consiste na análise mais
individualizada dos agentes econômicos. Mercado é simplesmente, o lugar onde se realizam as transações, ou seja, onde
demandantes de mercadorias – bens ou serviços – se encontram com os ofertantes das mesmas com a finalidade de adquiri-
las.

Macroeconomia é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, sendo
responsável pelo estudo do relacionamento entre os grandes agregados – renda nacional, o nível de emprego e de preços, o
consumo, a poupança e o investimento da economia como um todo, de forma integrada.

A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deverá explicar os fatos da
realidade. Os argumentos positivos estão contidos na análise que não envolve juízo de valor, estando esta estritamente
limitada a argumentos descritivos, ou medições científicas.

I.5 – ESCASSEZ DOS FATORES, FATORES DE PRODUÇÃO , FRONTEIRAS DE PRODUÇÃO E CUSTO DE


OPORTUNIDADE.

Todo indivíduo precisa atender às suas necessidades, por mais elementares que sejam. Se observarmos bem,
verificaremos que tudo que existe ao nosso redor é finito. Nós mesmos, aqui presentes, temos um “quantum” de vida para
gastar.
Certos bens que encontramos na natureza com aparente abundância de reservas (tais como água potável, matas,
florestas, etc.) já se tornam escassos, representando um sério problema para as sociedades futuras.
Nesse sentido, preliminarmente, o estudo da economia nada mais é do que o estudo de como atender às necessidades
humanas observando-se o fenômeno da escassez dos recursos ou fatores de produção.

Mas, o que entendemos por necessidades humanas e recursos ou fatores de produção?

1-Entende-se por necessidades humanas tudo que o ser humano precisa (alimentos, vestuário, moradia, saúde, etc.) e
gostaria de possuir (brinquedo, educação, emprego, lazer, reconhecimento profissional, status, etc.) nas várias etapas de sua
vida.

É importante notar que essas necessidades possuem duas características bem nítidas, a saber:

a) são ilimitadas , no sentido de que é próprio de qualquer indivíduo querer possuir sempre mais do que já tem; e

b) são diversificadas, no sentido de que cada qual possui sua escala de prioridades e desejos;
2-Entende-se por recursos ou fatores de produção a tudo que, de uma certa forma, pode ser utilizado para a produção de um
bem ou de um serviço.

Esses fatores de produção subdividem-se em:

- Terra ou Recursos Naturais: o que dispomos da natureza (pastos, florestas, rios, oceanos, clima, etc.)
- Trabalho ou Mão-de-Obra: força de trabalho economicamente ativa - no Brasil, compreendido entre 14 e 65 anos.
- Capital: riquezas acumuladas pela sociedade utilizadas nas atividades de produção (máquinas, ferramentas, prédios,
galpões, estradas, etc.)
- Capacidade Tecnológica: conhecimentos e habilidades que dão sustentação ao processo de produção.
- Capacidade Empresarial ou Empresariedade: capacidade de administrar a utilização dos demais fatores (capacidade
de gestão)

Os fatores de produção também possuem duas características bem definidas, são elas:

a) são escassos – e, por conseguinte, tem preços


b) são versáteis – no sentido de que um mesmo fator de produção pode ser empregado em diversos processos
produtivos.

Para darmos um cunho objetivo ao nosso estudo, podemos resumir o que já foi visto, através do seguinte conceito:

“A Economia é o estudo da maneira pela qual os homens utilizam recursos produtivos (fatores de produção) escassos e
versáteis para produzir bens (mercadorias e serviços) para satisfazer as necessidades ilimitadas e diversificadas dos membros
da sociedade”.
Ao tentar resolver o que está contido nesta definição verificamos que o problema econômico fundamental resume-se
em: escassez X escolha.

Assim, em relação aos problemas econômicos fundamentais:

O que e quanto produzir?

A resultante do processo produtivo serão os bens (coisas físicas, tangíveis, concretas, como, por exemplo, o fogão, a
escola, o sapato, etc.) e os serviços ( coisas intangíveis, não concretas, como, por exemplo, os serviços de segurança, os
serviços hospitalares, etc.). Esses bens e serviços, por sua vez, poderão ser de consumo (duráveis e não duráveis) e de
capital.
Os bens de consumo duráveis são aqueles que não acabam no ato de consumo (geladeira, móveis, etc.) enquanto que
os bens de consumo não duráveis são os que terminam no ato de consumo (alimentos, bebidas, lazer, etc.)

Como e onde produzir?

Como e onde se dará se dará o processo produtivo implica em tentar adotar as melhores técnicas de produção
disponíveis que deverão ser utilizadas em três possíveis cenários (setores da economia), a saber: setor primário, setor
secundário e setor terciário.
No setor primário ocorrerão as atividades de lavouras, extração animal e extração vegetal.
No setor secundário ocorrerão as atividades de extração mineral, da indústria de transformação, da indústria da
construção e semi-industriais (energia elétrica, gás encanado, tratamento e distribuição de água, etc.).
No setor terciário ocorrerão as atividades do comércio, mercado financeiro, transporte, comunicação, lazer, saúde,
educação, etc. e do governo.
Obs: É importante notar que os bens (tangíveis, concretos, etc.) são produzidos nos setores primário e secundário e os
serviços (intangíveis, não concretos, etc.) no setor terciário.

Para quem produzir?

Responder a essa questão é o mesmo que tentar definir os critérios lógicos de como distribuir o que foi produzido.
Intuitivamente, é aceitável a idéia de que a distribuição de tudo que foi produzido se dará levando-se em conta dois aspectos:
- a quantidade e qualidade dos fatores que o indivíduo empregou no processo produtivo; e
- o preço que conseguiu receber pelo uso desses fatores.

I.6 NOÇÕES DE MICROECONOMIA

I-6.1 – MICROECONOMIA & MACROECONOMIA

Conceituação

A Microeconomia ou Teoria dos preços analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o
consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço e de fatores de produção em
mercados específicos.
Estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço é obtido pela
interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço.
Obs.: Não se deve confundir a Teoria Microeconômica com economia de empresas onde se estuda uma empresa
especificamente e prevalece a visão contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, tendo por base os
custos de produção.

I.6.2 Definição de mercado.

Mercado é simplesmente, o lugar onde se realizam as transações, ou seja, onde demandantes de mercadorias – bens
ou serviços – se encontram com os ofertantes das mesmas com a finalidade de adquiri-las.

Fatores determinantes da demanda, objetivo do consumidor e lei geral da demanda.

Introdução

O alicerce dos fundamentos da análise da demanda ou procura é o conceito de utilidade.


A utilidade é um conceito subjetivo, mas representa a qualidade e a satisfação que os consumidores atribuem aos bens
e serviços que se pode adquirir no mercado, a utilidade varia de consumidor para consumidor.
Lei geral da Demanda

Relação entre quantidade procurada e o preço do bem

A quantidade demandada é inversamente proporcional ao preço.


Vale ressaltar que a curva de demanda ou curva de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese
que estão maximizando sua utilidade ou grau de satisfação no consumo daquele produto.
Características da Curva de demanda

A curva de demanda é negativamente inclinada. Se o preço de um bem aumenta haverá a queda da quantidade
demandada.

Outras Variáveis que afetam a demanda por um bem

Renda dos consumidores;


Preços dos Bens substitutos ou preços dos Bens concorrentes;
Preços dos Bens complementares;
Preferências e hábitos dos consumidores.

Alguns Conceitos

Bem Normal
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, tem-se um bem normal.

Bem Inferior
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto diminuirá, tem-se um bem inferior.
Exemplo: carne de segunda versus carne de primeira.

Bens de consumo Saciado


Quando a demanda do bem não é influenciada pela renda dos consumidores.
Exemplo: arroz, farinha, sal, etc.

Bens Substitutos ou Bens Concorrentes


Quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade de outro, tudo mais constante.
Exemplo: Um aumento do preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante.

Bens Complementares
Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro.
Exemplo: quantidade de automóveis e preço da gasolina, ou seja, se o preço do automóvel aumentar a quantidade
demandada de gasolina diminuirá.

Preferências e hábitos dos consumidores


Os gastos com publicidade e propaganda objetivam justamente aumentar a procura de bens e serviços influenciando
suas preferências e hábitos.

I-6.2.2 Fatores determinantes da oferta, objetivo da firma e lei geral da oferta.

Oferta de mercado

Oferta de mercado são as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período
de tempo.

Fatores determinantes da oferta


A oferta depende de vários fatores dentre eles, do preço do bem em questão, dos demais preços, do preço dos fatores
de produção, das preferências dos empresários e da tecnologia.

Objetivo da firma
Partindo-se de uma análise tradicional e seguindo o princípio da racionalidade, o empresário sempre busca maximizar
o lucro total, otimizando a utilização de todos os recursos que dispõe.
Porém existem algumas correntes que dizem que o objetivo do empresário não é a maximização de lucro e sim fatores
como aumento da participação das vendas ou maximização sobre os custos de produção, independente da demanda.

Lei geral da Oferta

A função oferta mostra uma correlação direta entre oferta e nível de preços, tudo o mais constante.

Características da Curva de oferta

A curva de oferta é positivamente inclinada. Se o preço de um bem aumentar isto estimulará as empresas a produzirem
mais, aumentando sua receita, de outra forma se os custos de produção de um bem aumentam, a empresa deverá elevar seus
preços para continuar produzindo o mesmo que antes.

Outras Variáveis que afetam a oferta por um bem

Custos dos fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra);


Alterações tecnológicas;
Aumento do número das empresas no mercado.

Vale ressaltar que a relação entre a oferta e os custos dos fatores de produção é inversamente proporcional.
Exemplo: um aumento nos salários, deve provocar, tudo o mais constante, uma retração da oferta de um produto.
Porém, uma melhoria tecnológica é diretamente proporcional, ou seja, tudo o mais constante deve provocar uma
expansão da oferta.
I-6.2.3- Equilíbrio de mercado.

A Lei de Oferta e da Procura: tendência de equilíbrio

A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço
em um dado mercado.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio, teremos uma situação de escassez do produto.
Haverá uma competição entre consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão
filas, o que forçará a elevação de preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão.
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio, haverá um excesso ou excedente
de produção, um acúmulo de estoques não programado do produto, o que provocará uma competição entre os produtores,
conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio.
Como se observa, quando há competição tanto dos consumidores quanto de ofertantes, há uma tendência natural no
mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário – sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas.
Desse modo, se não há obstáculos para livre movimentação dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura
ou perfeita, será observada essa tendência natural de o preço e a quantidade atingirem um determinado nível desejado tanto
pelos consumidores quanto pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem do governo
nem de forças oligopólicas, que normalmente impedem quedas de preços dos bens e serviços.

I.7- Políticas de preços: congelamento, preços mínimos e tabelamento.

As imperfeições de mercado
Consiste na análise das imperfeições de mercado, onde analisam-se situações nas quais os preços não são
determinados isoladamente em cada mercado.

Interferência do governo no equilíbrio d e m e r c a d o

O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível microeconômico, quando fixa impostos e
subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas, decreta
tabelamentos ou, ainda, congelamento de preços e salários.

Política de preços mínimos na agricultura

Trata-se de uma política que visa dar uma garantia de preços ao produtor agrícola, com o propósito de protegê-
lo das flutuações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível queda acentuada de preços e
conseqüentemente da renda agrícola. O governo, antes do início do plantio, garante um preço que ele pagará após a
colheita do produto. Se, por ocasião da colheita, os preços de mercado forem superiores aos preços mínimos, o
agricultor preferirá vendê-la no mercado. Contudo, se os preços mínimos forem superiores aos preços de mercado, o
produtor preferirá vender sua produção para o governo ao preço anteriormente fixado. Nesse caso, com o preço
mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, teremos um excedente de produto adquirido pelo governo, que será
utilizado como estoque regulador em momentos subseqüentes do tempo.

I-8- Outras formas de intervenção do Estado no campo do abastecimento: estoques reguladores, incentivos
diversos à produção, quebras de patentes, e etc..

A preocupação internacional quanto a questão do meio ambiente foi enfatizada por ocasião da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992, onde na
declaração final foram divulgados vinte e sete princípios cabendo destacar o terceiro “ O direito ao desenvolvimento deve ser
exercido, de maneira a permitir que sejam atendidas eqüitativamente as necessidades de gerações presentes e futuras”
Uma série de normas jurídicas surge para nortear a atuação do Estado no tocante à preservação do meio ambiente.
A Constituição Federal prevê a situação em que o Estado pode intervir para garantir o abastecimento alimentar. O
caput e inciso VII do art. 23 dispõe que “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar”.
Na questão da regulação do abastecimento alimentar e o combate à fome e à miséria, cabe mencionar o art 1o da lei no.
9.077 de 10/07/1995 em que “É o Poder executivo autorizado a doar estoques públicos de alimentos, in natura ou após
beneficiamento, diretamente às populações carentes, objetivando o combate à fome e à miséria, bem como às populações
atingidas por calamidades ou emergências, mediante proposta conjunta do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da
Reforma Agrária e da Casa Civil da Presidência da República.
A intervenção do Estado na questão energética, para sua regulação e abastecimento, no art. 1 o. da lei no. 9.478 de
06/08/97 , dispõe sobre a Política Energética Nacional, e estabelece seus princípios e objetivos “ As políticas nacionais para o
aproveitamento racional das fontes de energia visarão os seguintes objetivos: I- preservar o interesse nacional; II- promover o
desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos; III- proteger os interesses do consumidor
quanto a preço, qualidade e oferta de produtos; IV- proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia; V- garantir
o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional, nos termos do $2o. do art. 177da Constituição Federal;
VI- incrementar, em bases econômicas, a utilização de gás natural; ..............IX- promover a livre concorrência; X- atrair
investimentos na produção de energia; XI- ampliar a competitividade do País no mercado internacional”.
O governo vem atuando na questão dos direitos e obrigações relativos à Propriedade Industrial. A quebra de patentes
na questão dos remédios junto à Organização Mundial de Saúde ( OMS ) tem sido um dos mecanismos utilizados pelo governo
para regular o mercado. A lei no. no. 9.279 de 14/05/96, estabelece a proteção dos direitos relativos à Propriedade Industrial,
considerado seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. O art. 3 o. e incisos da referida lei ,
garante o direito adquirido por patente ou registro proveniente do exterior assegurada por tratado ou convenção em vigor no
Brasil, bem como a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes. As invenções poderão ser patenteadas por vinte anos e os
modelos de utilidade empregados em unidades industriais por 15 anos( art. 40). As penas aplicadas aos crimes contra as
patentes estão previstas na mesma lei.

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