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INSTITUTO POLIVALENTE EDIK RAMON – I. P. E.

R
ENSINO PARTICULAR

APONTAMENTO DA DISCIPLINA DE DOCUMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO


FISCAL ( Ano Lectivo 2023/2024)
Dia 7/09/2023
Professor: Marcos Hipolito Graciano
12 Classe
Curso: CG/GE

O Papel do Estado na Sociedade


O homem é um ente que não vive isolado e como não consegue viver sozinho
aproximou;se de outros passando a viver em comunidade e para poderem viver
precisam de alimentos, vestuário, calçado, habitação, etc. constituindo aquilo
que se designa por necessidades básicas pois, sem a sua satisfação a existência
humana estária condenada ao desaparecimento.
As necessidades do homem são diversas e complexas. Estas necessidades estão em
constante mutação, em consonância com o grau de desenvolvimento
técnico~científico alcançado pela Humanidade.
Cada pessoa, para além das suas necessidades individuais indispensáveis ao
asseguramento da sua existência possui outras necessidades que são comuns ao
grupo social a que pertence, tais como a necessidade de defesa territorial ante
ameaças externas, asseguramento da ordem pública, Justiça, Saúde, Educação,
etc.
Este conjunto de necessidades comuns ao conjunto de indivíduos que partilham
um determinado espaço social, não pode ser satisfeito de forma individual ou
seja por cada pessoa de forma isolada. São pois assumidas pelo Estado e outras
entidades públicas que exercem um conjunto de actividades tendentes a
satisfação dessas necessidades.
É também da responsabilidade do Estado construir iníra-estnituras básicas de
apoio à produção como estradas, pontes, portos, aeroportos, barragens, centrais
de captação e tratamento de água, fornecimento de energia eléctrica, sistemas de
comunicação, etc.
O estado assegura também a protecção e defesa do meio ambiente, prevenindo
a destruição das espécies raras da flora e fauna nacionais, a repressão e
eliminação dos agentes poluidores dos rios, mares, lagos ou do ar.
Numa economia em que as decisões da produção são motivadas pelas Leis da
oferta e da procura (Economia de Mercado), o estado deve garantir também as
condições prévias de funcionamento do mercado, nomeadamente a
regulamentação da concorrência, a definição e protecção dos direitos de
propriedade dos meios de produção, do mercado do trabalho, da estabilização
dos preços e dar edistribuiçãojustado rendimento e da riqueza.

Até finais da década da 70 deste século, em muitos Países era muito definida a ideia
deque ao Estado deveria ser reservado o papel de principal agente interveniente
naeconomia cabendo-lhe satisfazer todas as necessidades dos cidadãos, quer em relação
à provisão de BENS PÚBLICOS, quer procurando orientar a sua actuação de detectar e
dar solução as suas preferências. Na verdade, o estado era comparado à um ditador
Benevolente que (teoricamente) tinha uma vasta informação das necessidades de todos
quantos viviam no seu território e consequentemente velava para que tais necessidades
fossem satisfeitas de uma forma planificada.

Varias criticas se levantaram contra esta corrente pois, não obstante as funções básicas que o
Estado desempenha na sociedade a sua intervenção directa apresenta várias reações e
ineficiências económicas resultantes da ausência de completa informação das dos cidadãos,
das opções politicas das expectativas dos operadores económicos, etc. Ou seja, o Estado ao
intervir na economia cria fracassos, os chamados Fracassos do
Governo.

Por outro, tem sido largamente defendida e propalada a ideia de que a produção e
provisão de bens e serviços de que a sociedade necessita deve ser feita por empresas
privadas, actuando num clima de livre concorrência pois só desta forma se estimula a
criatividade ( surgindo novos e melhores produtos), incentivada a inovação tecnológica
e obtida a eficiência técnica na utilização dos recursos económicos. Argumenta-se ainda
que uma maior participação da iniciativa privada na economia., colocará no mercado
mais bens e serviços , os serão baixos e competitivos e as opções de escolha dos
cidadãos serão maiores, aumentando o nível de satisfação das suas necessidades,
considerações que levam a concluir que a produção de bens e serviços e a afectação dos
recursos à economia devem ser realizados exclusivamente pela iniciativa privada
(Economia de Mercado).

Na realidade, a livre iniciativa privada intervindo sozinho no mercado também


cria fracassos resultantes do facto de existirem determinados bens cujos de
produção e distribuição não podem ser assumidos apenas por um operador
económico como é o caso das infra-estruturas básicas, de defesa, ordem publica,
etc. o mercado também fracassa quando são exercidas determinadas actividades
que criam externalidades positivas ou negativas ou quando existe uma empresa
ou grupo de empresas que têm a excluvidade de vender determinados produtos
, impedindo a existência de uma concorrência perfeita. De notar também que só
com intervenção da livre iniciativa privada os cidadãos com melhores condições
económicas terão sempre vantagem sobre a maioria da população criando
situações de injustiça e desigualdade cada vez mais acentuadas na distribuição do
rendimento Nacional. Uma vez que tanto a intervenção exclusiva do Estado na Economia
como a actuação também exclusiva da iniciativa privada criam fracassos que um e outro
reciprocamente corrigem, podemos concluir que, na verdade, não existem economias puras,
isto é economias em que o Estado é o único operador económico ou economias
completamente dominadas pela iniciativa privada (Economia de Mercado). Dai que a
ideia mais consensual na actualidade seja a da existência de Economias Mistas em que
tanto o Estado como os operadores económicos privados participa na promoção do
crescimento económico e bem-estar social.

De qual forma, é ponto assente que nos países em via de desenvolvimento cabe ao
Estado o papel de força motor do crescimento e desenvolvimento económico e social,
assegurando as áreas que vão desde a educação, saúde, assistência socia, investigação
cientifica, etc, a participação cada vez maior dos operadores económicos privados é
também muito importante e decisivo à quem deverá caber a responsabilidade da
produção, transportação, armazenamento, distribuição e comercialização de bens e
serviços mercantes em todos os ramos da actividade.

Resumindo, o Estado, em todas as sociedades, tem um importante papel na vida


económica e social da colectividade cujas funções vão desde a alocação de bens e
serviços que satisfazem as necessidades sociais até a criação de condições que permitam
aos operadores económicos privados realizarem cabalmente as suas actividades num
ambiente de livre iniciativa empresarial. Outra função do Estado, não menos importante, diz
respeito ao asseguramento da estabilidade e crescimento económico e da promoção
do desenvolvimento, da justiça e do bem-estar social.

Actividade Financeira do Estado


A satisfação das necessidades colectivas leva o Estado a ter que realizar avultados
gastos e, consequentemente, procurar os recursos monetários necessários para
cobrir estes gastos.
Actividade Fiancanceira do Estado: é o conjunto das actividades desenvolvidas
pelo Estado e que se caracterizam pela realização de despesas e mobilização de
recursos monetários com a finalidade de satisfazer as necessidades colectivas.
Ao conjunto de normas que regem a actividade financeira do Estado, dá-se o
nome de DIREITO FINANCEIRO.
O Direito financeiro é assim, constituido por um conjunto de normas que
disciplinam a acção do Estado na arrecadação das receitas e na realização das
despesas. Dele constam as normas que regulam a elaboração do orçamento do
Estado.
No último mês cada ano, o Estado apresenta um documento designado por
orçamento, onde é feita uma previsão das despesas e receitas para o ano
seguinte.
Como se compreende, o orçamento do Estado deve ser equilibrado, o que
pressupõe que as despesas para determinado ano não devem ser superiores às
receitas, sob pena de existir um défice que, mais tarde ou mais cedo, terá de ser
corrigido.
Orçamento do Estado: documento elaborado pelo Estado, onde é feita uma
previsão das despesas públicas e receitas públicas para o ano seguinte.

Com desenvolvimento actividade financeira do estado, ganharam


autonomia dois ramos do direito:
Direito Fiscal ou Orçamental:
É o conjunto de normas jurídicas destinadas à regulamentação do financiamento
das actividades do Estado.
FISCO= TESOURO do Estado, isto é Tesouro Público ou seja que
pertence a todos;
FISCAL = Agente responsável por “ policiar” a arrecadação tributária
num determinado País.
Direito Tributário:

Disciplina que se ocupa das relações jurídicas entre o Estado e as pessoas de


direito privado, respeitantes à instituição, imposição, escrituração, fiscalização e
arrecadação dos impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais.

A Associação Internacional de Direito Financeiro e Fiscal, com sede


em Haia, considera os dois conceitos, Direito Fiscal e Direito Tributário como
sendo sinónimos do ponto de vista científico jurídico, daí que se considere como
pontos de referência para este facto, a correspondência entre as expressões
internacionais “ Droit Fiscal”, “ Fiscal Law”, etc. Mas convém destacar e assumir
que Direito Tributário se refere a legislação sobre tributos, isto é receita tributária
ou receita orçamental enquanto; Direito Fiscal se torna mais apropriado quando
nos referimos a despesa pública (despesa orçamental), ambos como ramificações
do Direito Financeiro.
INSTITUTO POLIVALENTE EDIK RAMON – I. P. E. R
ENSINO PARTICULAR

APONTAMENTO DA DISCIPLINA DE DOCUMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO


FISCAL ( Ano Lectivo 2023/2024)
Dia 12/09/2023
Professor: Marcos Hipolito Graciano
12 Classe
Curso: CG/ e GE

As Fontes de Receitas do Estado


O Estado tem como finalidade última a promoção e realização do bem comum
de uma terminada colectividade. Para a consecução desse objectivo o Estado
exerce determinadas funções para as quais necessita de ter recursos
financeiros ou seja receitas.

As receitas do Estado provêm de actividades econômico-privadas dos entes


públicos, de empresas, de empréstimos, e principalmente da imposição
tributária (fiscal, parafiscal e extrafiscal).
De realçar que o Estado dispõe de várias fontes de receitas, desde logo porque
ele, é proprietário de todos os recursos naturais que existem no solo e
subsolo, rios e lagos (petróleo, diamantes, ouro, etc.) cuja exploração e
comercialização proporcionam importantes recursos monetários.

O Estado, também tem um património considerável, traduzido em imóveis,


empresas, instituições públicas que geram receitas que constituem
rendimentos. Alguns serviços públicos efectuados por instituições do Estado,
como são os casos de conservatórias, registos notariais e outros geram
receitas que são canalizados para os cofres do Estado.
Ainda, enquanto agente económico, pode contrair empréstimos junto de
instituições financeiras internas e externas, públicas ou privadas, para financiar as
suas despesas.
O Estado também pode receber ajudas e doações de Estados congéneres ou
instituições internacionais que canaliza para a satisfação das necessidades
colectivas da Sociedade.

Finalmente, em qualquer parte do Mundo, o Estado, usa o seu poder de


Império, aqui para cobrar impostos, taxas e outras contribuições aos cidadãos
que vivem no território sob sua jurisdição cujas receitas, Receitas Tributárias,
constituem a principal e mais importante fonte de receitas do Estado.
Resumindo, as fontes de receitas do Estado são:
o Os Impostos e Taxas;
o Os rendimentos do seu património;
o As operações de crédito (empréstimos);
o As doações e as ajudas internacionais.

Noções de Direito Fiscal


Por definição, Direito Fiscal e como já referido é o conjunto de normas
jurídicas que regulam o processo de lançamento e cobrança de Impostos.
Fiscalidade é a disciplina que estuda os princípios, as normas jurídicas e as
técnicas do lançamento e cobrança de Impostos.
A relação do Direito Fiscal outros Ramos do Direito
A crescente globalização, tem vindo a incrementar a necessidade de
celebração de acordos e convenções internacionais sobre as mais diversas
matérias, incluindo obviamente as de natureza fiscal. Como exemplo desta
cooperação realce para as convenções que têm como objectivo evitar a dupla
tributação internacional, isto é a tributação de um mesmo facto em mais de
um Estado.

O Direito Fiscal mantem assim e por esta via, uma relação com o Direito
Internacional.

Os princípios fundamentais que constituem a base da fiscalidade de qualquer


País, por via de regra, vêm consignados nas respectivas Constituições.
Ao conjunto de normas jurídicas que regulam a organização fundamental do
Estado e dos cidadãos dá-se o nome de Direito Constitucional.

O conjunto de normas que definem os factos qualificados como crimes


chama-se Direito Criminal. O Direito impõe deveres e o seu não cumprimento
implica a aplicação de sanções.
Finalmente dizer que o Direito Fiscal tem relação de afinidade com o Direito
Privado (Direito Civil e Direito Comercial). O Direito Fiscal busca no Direito
privado os factos, actos e Direitos Patrimoniais que utiliza na acção tributária.
Autonomia do Direito Fiscal

As relações que o Direito Fiscal estabelece com os demais ramos do Direito


permitem-nos concluir que não existe uma autonomia completa do Direito, até
porque em boa razão o Direito é apenas e só um. Porém o Direito fiscal é
considerado autónomo pelo facto de ter conceitos específicos que são utilizados
noutros ramos do Direito, nomeadamente o Direto Civil (normas que
disciplinam a condição normal da pessoa) e o Direito Comercial (normas
regulamos actos de comércio). O Direito Fiscal trata dos aspectos económicos
das situações independentemente da sua regularidade formal.
As Fontes do Direito Fiscal

A actividade tributária do Estado é realizada de acordo com as normas


consagradas
pelos órgãos do Poder Legislativo. Entende-se por Fontes de Direito a forma
como
são criadas e manifestas as normas jurídicas.

A Fonte primária do Direito Fiscal é a Lei, entendida no seu sentido amplo, de


acordo com as diferentes proveniências e funções dos órgãos que emanam a Lei.
A principal fonte do Direito Fiscal é a Constituição, no nosso caso concreto, a
Constituição da República de Angola (CRA) que consagra no Artigo 101.º o
seguinte:
“O sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras
entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do
Estado
e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional”.
E no artigo 102 (Impostos) refere:

1. Os impostos só podem ser criados por lei que determina a


sua incidência, taxa, benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes.
Fonte secundário do Direito fiscal temos as normas produzidas pela Assembleia
(Leis); as normas produzidas pelo Governo (Decretos e DecretosLei) e por
membros do Governo (Decretos Executivos Conjuntos, Decretos Executivos,
Despachos).
Princípios Fundamentais de Fiscalidade
O processo tributário assenta em determinados princípios de carácter geral e
universal que são:
o Princípio da Legalidade Tributária
Este princípio assenta no pressuposto de que os impostos devem sem ser
consentidos pelos cidadãos, por via dos seus representantes nas Assembleias
Legislativas, acautelando-se desta forma os eventuais abusos do executivo e a
veracidade do Fisco (Administração Fiscal). Com base neste princípio, os
contribuintes têm o direito de reclamarem ou recorrerem dos actos tributários
ilegais, resultantes da aplicação e interpretação das leis.
o Princípio da Tipicidade

Expressa que os elementos essenciais do Imposto (incidência, taxas, benefícios


fiscais e garantias dos contribuintes devem estar tipificados na Lei.
o Princípio da não Retroactividade da Lei

Este princípio assenta no pressuposto de que desde a constituição de uma


obrigação fiscal até à entrada do montante nos cofres do Estado existem vários
actos administrativos ou até mesmo surgir uma nova Lei que altere alguns
elementos do Imposto. No caso de aparecer uma nova lei que altere o imposto
tendo já a obrigação fiscal constituída, de acordo com este princípio, a nova lei
não pode ser aplicada aos factos já verificados se da sua aplicação resultar a
alteração dos elementos essenciais dos impostos, caso contrário, a nova lei pode
ser aplicada ao processo administrativo já em curso.
o Princípio da Anualidade:

Com este princípio estabelece-se a obrigatoriedade de os Impostos a cobrar aos


cidadãos terem de ser aprovados anualmente na Assembleia Nacional. Nesta
conformidade a Assembleia Nacional aprova todos os anos o Orçamento geral
do Estado (OGE) que como é sabido por todos é o documento onde estão
previstas as receitas (impostos) e as despesas a realizar nesse período.
o Princípio da Eficiência e Eficácia
A finalidade última dos Impostos é a mobilização de receitas para satisfazer as
necessidades financeiras do Estado.
o Princípio da Igualdade

Este princípio visa defender a equidade e a justiça tributária. De acordo com este
princípio todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos.
Não se trata de mera igualdade formal mas também material, isto é, tratar o
igual como igual e o desigual com o desigual. Daqui resulta a forma progressiva
de Tributação dos rendimentos para que o Sistema Fiscal contribua de forma
efectiva para uma justa repartição da riqueza e dos rendimentos entre os
cidadãos.
o Princípio da Territorialidade

De acordo com este princípio, as leis de um Estado aplicam-se no seu território e


apenas nele, o que quer dizer que a lei fiscal do Estado se aplica aos factos e as
situações tributárias que tiveram lugar no território de um Estado e aos
rendimentos que nele tenham sido obtidos.
o Princípio de tratamento igual a casos semelhantes

A integração de lacunas é processo mediante o qual se procura


resolver casos omissos mediante o tratamento igual a casos
semelhantes, isto é, se uma norma trata um caso de certa forma um outro caso
semelhante deve ser tratado da mesma forma.

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