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Papel das Finanças Públicas na Integração Regional

A integração económica regional é definida como a “conexão de várias partes de um todo;


outros a consideram como sendo várias formas de cooperação internacional,
argumentando que a simples existência de relações comerciais entre economias nacionais
independentes, já é um sinal de integração” (Balassa, 1973).

A integração económica consiste na reunião de elementos para formar um todo ou


anunciar a coesão de um todo já existente, a integração económica regional, visa a criação
de uma nova unidade como a integração a interna ou nacional para o desenvolvimento da
coesão de um conjunto já constituído e para fazer da unidade económica nacional um
todo harmonioso.

Na liguagem corrente a palavra integração corresponde “ a junção das diversas partes no


todo”.Do ponto de vista econòmico, a expressão integração econòmica é utilizada em
múltiplas acepcões, cujo contéudo importa precisar, dado que cada autor acentua um ou
outro elemento que lhe parece mais relevante. É pois, no minimo curioso, passarmos em
revista alguns conceitos, a saber:

Para Bela Balassa separa-se a integração econòmica como processo e como situação.
Como processo, a integração será o conjunto de medidas tendentes a abolir a
discriminação. Como situação, a integração corresponde á ausência de formas
diversificadas de discriminação entre economias nacionais.

Segundo Senhoras e Vitte (2001), a integração regional prevê a supressão de algumas


discriminações existentes dentro das politicas comerciais dos Estados que aderem aos
acordos de integração económica. Entre as quais podem ser destacadas as tipologias no
quadro de Senhoras e Vitte (2001).

As Finanças Públicas tem um papel importante na sociedade, pois o Estado para cumprir
as suas funções que é promover o Bem-estar da sociedade precisa realizar gastos públicos
e estes gastos devem ser custeados pela receita pública. Para tanto, a atividade financeira
do estado implica no desempenho das atividades políticas, sociais, econômicas e
administrativas, consistindo em obter, criar, gerir e despender.

Dessa forma, o conceito de finanças públicas abordado por Matias-Pereira (2012, p.113),
pode nos esclarecer melhor, quando diz:
As finanças públicas de um país estão orientadas para a gestão das operações relacionadas
com a receita, despesa, o orçamento e o crédito público. Preocupa-se, portanto, com a
obtenção, distribuição, utilização e controle dos recursos financeiros do Estado. Registre-
se que a arrecadação dos tributos decorre de uma manifestação do poder de império do
Estado, impondo obrigações pecuniárias à, retirando-lhes parte da riqueza produzida, com
vista a realizar a atividade financeira. A atividade financeira é desempenhada pela
obtenção de receitas, pela administração do produto arrecadado e, ainda, pela realização
de dispêndios e despesas.

A receita pública advém principalmente dos tributos cobrados da sociedade, então


segundo J.B.Say (apud HUGH, 1972): “o melhor plano de finanças é gastar pouco e o
melhor tributo será aquele de menor vulto for”. Esta visão não é compartilhada por muitos
autores como o próprio HUGH ao comentar que imposto sobre bebidas alcoólicas não é
um imposto ruim. Bem como se não fossem os tributos o Estado não poderia promover o
Bem Estar Social, pois existem certos Bens ou Serviços que o particular não tem interesse
em investir, como Saúde e Educação dos mais necessitados e Justiça e Segurança Pública
e Nacional, que é interesse do Estado.

Mas de qualquer jeito sejam os tributos benéficos ou maléficos à sociedade, para fazer
frente aos gastos públicos o Estado, segundo REZENDE (2001) assim como outro agente
econômico tem que manter-se em equilíbrio: o fluxo de despesas tem que ser igual as
receitas, caso contrário pode ocorrer um déficit (despesas maior que as receitas) ou
superávit (receitas maiores que as despesas).

Se as receitas forem menores que as despesas, o Estado pode se financiar basicamente de


três maneiras:

1) Aumentando as suas receitas, os impostos são as maiores fontes;


2) Emitindo títulos públicos que é ofertado aos particulares; ou
3) Emitindo moeda.

Estas três formas causam impactos na sociedade, que se não forem bem administrados
causam enormes prejuízos a médio e longo prazos:

1) O aumento dos impostos retira dinheiro da sociedade, o que leva a uma


diminuição do poder de compra da população, o que levará a uma diminuição da
atividade econômica, que a depender da conjuntura econômica pode gerar como
consequência o desemprego e recessão;
2) A emissão excessiva de títulos públicos pode causar uma sensação de
desconfiança da sociedade, fazendo com que o Estado tenha que aumentar os juros
pagos. Este fato aumenta a despesa pública, o que torna um ciclo pernicioso de
cada vez mais aumentar os juros, despesas, juros indefinidamente;
3) Por fim a emissão desmedida provoca um aumento da inflação, pois a moeda
perde o seu valor real, o que prejudica toda a sociedade, principalmente os mais
necessitados.

Então, se as despesas forem maiores que as receitas por muito tempo, o Estado vai perder
seu poder de investir, bem como irá retirar dinheiro da economia.

Por outro lado, se as receitas forem maiores que as despesas, por muito tempo, também
pode ser prejudicial, pois demonstra que o Estado está tirando da sociedade mais do que
ele precisa para cumprir as suas obrigações, o que torna prejudicial à economia, já que o
agente privado é também um agente indutor do desenvolvimento.

Então, podemos deduzir que o ideal é o nível de equilíbrio nas finanças públicas, em que
as receitas são iguais aos gastos, de modo a interferir o mínimo possível no equilíbrio
econômico. HUGH (1972) comenta que o gasto público deve observar o princípio do
maior benefício social, pois assim compensaria de maneira eficaz a intervenção na
economia.

Além de que manter as contas do setor público ajustadas é parte crucial de um modelo de
crescimento econômico que se pretenda sustentável e capaz de ampliar o bem-estar social.
O Estado com as Finanças equilibradas adquire credibilidade ante a sociedade e os
agentes privados quanto ao cumprimento das suas obrigações e para realizar os
investimentos necessários á melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Por certo haverá momentos, em que, far-se-á necessário que o Estado gaste mais do que
arrecada, como no caso de uma guerra, catástrofe ou de uma recessão em que o gasto
público se faz extremamente necessário, já que os agentes privados não tem interesse de
alocar recursos nestes eventos, mas devem ser momentos passageiros e depois de
terminado estes eventos o Estado deve recompor o equilíbrio orçamentário-financeiro.
HUGH (1972) comenta que os déficits orçamentários, mesmo por breve prazo, não devem
ser excessivos, pois se assim o forem podem dar a impressão de descontrole na situação
financeira e os resultados poderão ser muito nocivos para a economia nacional

Tipologia de Integração Regional

1) Zona do Comércio - Livre, que resulta na ausência de barreiras tarifárias e não


tarifárias entre os países. Neste tipo de acordo, os países participantes podem
concordar em abolir totalmente todas as barreiras internas ao comercio entre eles. A
existência de uma livre circulação de mercadorias entre países apenas dos produtos
originários dos países pertencentes a essa organização, mas com algumas
características, livre circulação apenas dos produtos originários dos países
pertencentes à zona de comercio livre pelo que era necessário apresentar o certificado
de origem do produto e ainda uma livre circulação de apenas de um tipo de produto
e não de todos os produtos, se caracteriza pela existência de uma pauta aduaneira
comum. Os produtos originários é que podem circular livremente e não os outros
produtos de países terceiros, estes estão sujeitos a encargos aduaneiros, à livre
vontade dos Estados, nas relações com os Estados;
2) União aduaneira ou alfandegaria, é uma fase posterior à área de livre - comercio, pois
estabelece tarifas externas comuns para produtos importados de países terceiros. É
uma formula mais ambiciosa que a do comercio livre: comporta a livre circulação
das mercadorias em geral – originárias dos Estados –membros ou legalmente
importadas de terceiros países e colocadas em livre prática em qualquer deles; e,
eliminando os complexos problemas da definição das regras de origem, implica a
protecção do espaço aduaneiro da União em relação a países terceiros, mediante uma
pauta aduaneira comum - o que significa que os produtos importados do exterior
estão sujeitos a uma imposição do mesmo nível, seja qual for a fronteira da União
Aduaneira pela qual penetrem no respectivo território;
3) Mercado comum, segue-se a união aduaneira, uma vez que estabelece a livre
circulação de trabalhadores, serviços e capitais e implica uma maior coordenação das
politicas macroeconómicas, para além da harmonização das legislações nacionais
(trabalhista, previdenciária, tributária, etc). Comporta a noção de união aduaneira
mas pressupõe uma livre circulação que se estende a todos os factores de produção,
mas além desta livre circulação, a ideia de mercado comum pressupõe uma
coordenação/ harmonização das diversas politicas nacionais que implica desde logo
a adopção de politicas comuns aos diversos Estados-membros.
4) União económica, prevê uma moeda e um Banco Central único para os países do
bloco. Para o seu funcionamento efectivo, os países devem possuir níveis
compatíveis de inflação, deficit público e taxa de juros; as taxas de câmbio tornam-
se fixas entre esses países. É diferente da união monetária. Pressupõe que as diversas
legislações nacionais relativas ao sistema comunitário sejam uniformizadas ou pelo
menos harmonizadas, que estejam sob o controlo de uma autoridade comum e que as
politicas nacionais sejam substituídas por politicas comuns a todos os Estados.
5) União monetária, não significa a existência de uma moeda única, mas tem como o
culminar, a moeda única emitida pelo Banco Central da Comunidade, tal é o caso do
Banco Central Europeu. Uniãomonetária significa que os Estados não possam utilizar
determinados expedientes, nomeadamente retirar aos Estados a possibilidade de
recurso ao valor cambial da sua moeda para subverter as relações de concorrência.
Significa câmbios fixos e convertibilidade obrigatória das moedas nacionais.
6) Integração física, prevê a construção de infra-estruturas transnacional a partir de
redes integradas de base logística e energéticas compartilhadas entre os diversos
países de uma região.
7) União politica ou confederação, é o grau máximo de integração, onde os poderes
legislativo, executivo e judiciário dos estados membros são vinculados ao abdicar
das suas soberanias individuais para dar lugar a uma nova nação soberana que é o
somatório das nacionalidades.

As vantagens da integração económica

São muitos e das mais variadas naturezas os efeitos benéficos decorrentes da integração
económica:

 Economias em escala;
 Formulação mais coerente e rigorosa das políticas económicas;
 Transformação das estruturas económicas e sociais;
 Reforço da capacidade de negociação;
 Aceleração dos problemas da balança de pagamentos;
 Intensificação da concorrência uma variação na quantidade de bens produzidos;
 uma alteração no grau de discriminação entre produtos fabricados internamente e
no estrangeiro;
 uma redistribuição do rendimento entre os habitantes de diversos países;
 uma redistribuição de rendimentos dentro de cada país;

Desvantagens da integração:

 “Afogamento” das economias emergentes sem a cultura de competividade;


 A resistência dos aparelhos nacionais às regras de disciplina colectiva;
 A resistência psicológica das populações;
 A formação da opinião pública.

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